Álvaro Dias acusa o governo federal de ter destruído o Bamerindus



O senador Álvaro Dias (PDT-PR) acusou, nesta quarta-feira (19), o governo federal de ter destruído, premeditadamente, o Bamerindus, que era o segundo maior banco do país, "para vendê-lo aos ingleses do HSBC quase de graça."

- Objetivamente, o governo, através do Proer, negou R$ 700 milhões que permitiriam ao Bamerindus superar suas dificuldades, para conceder, posteriormente, mas na mesma operação, R$ 5,8 bilhões ao HSBC, que adquiriu o Bamerindus.

Álvaro Dias recomendou aos senadores que lessem o depoimento "detalhado" do ex-dono do Bamerindus, José Andrade Vieira, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Proer da Câmara dos Deputados, que, segundo afirmou, mostra como o Tesouro e o povo brasileiro "foram vítimas de uma gigantesca sangria de recursos e de riquezas, num drama que se desenrolou entre 1995 e 1997".

- O que realmente passou a pressionar o banco e que finalmente o derrubou foi uma decisão consciente e deliberada no seio do governo federal, centrada no ministro da Fazenda, Pedro Malan, e no então presidente do Banco Central, Gustavo Franco, de que só deveriam restar no Brasil dois grandes bancos brasileiros de varejo e que um grande banco brasileiro deveria ser repassado a um banco estrangeiro - acrescentou.

Antes de descrever como foi a operação que redundou no fim do Bamerindus, o senador esclareceu que essa instituição financeira tinha 50.000 acionistas e 28.000 empregados e atuava por meio de 1.240 agências e 4.000 postos de serviço, em todo o território nacional. Além disso, pagava anualmente R$ 200 milhões em tributos, era um banco atualizado tecnologicamente e, das instituições financeiras privadas, a que mais se dedicava ao fomento agrícola, conforme informou.

De acordo com Álvaro Dias, para atingir o seu fim, "o governo recorreu a dois truques maquiavélicos" : primeiro, deixou vazar para a imprensa boatos malévolos sobre a suposta irrecuperabilidade do banco, de tal modo que as manchetes e textos da imprensa destinados a solapar a confiança do público no Bamerindus constituem um dossiê de 200 páginas. O segundo truque, prosseguiu, foi negar ao Bamerindus o pagamento de títulos governamentais que eram devidos, no total de R$ 3,4 bilhões. No entanto, de acordo com Álvaro Dias, esses créditos foram pagos ao comprador estrangeiro do Bamerindus tão logo houve a desnacionalização do banco.

Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) cobrou explicações ao presidente da República pelo desdobramento do episódio. Ele lembrou que Andrade Vieira, sócio majoritário do Bamerindus, havia sido tesoureiro da campanha de Fernando Henrique Cardoso e ministro da Agricultura escolhido pelo próprio presidente, e que, sem nenhuma razão pública, foi preterido em benefício do HSBC.

- É preciso que o presidente da República nos revele o que aconteceu. Ou, então, ele teve uma atitude triste, para não dizer mesquinha, para com seu ex-tesoureiro - afirmou Simon.

19/12/2001

Agência Senado


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