Antonio Carlos quer melhor tratamento tributário a estados e municípios



A discrepância no tratamento dispensado à União e aos estados e municípios pela proposta de emenda à Constituição (PEC nº 41/2003), que insere mudanças no sistema tributário nacional, foi alvo de protestos do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Embora admitindo que a reforma tributária -é necessária e tem pontos positivos-, o parlamentar afirmou nesta terça-feira (2) que a União soube defender seus interesses, ampliando e garantindo exclusividade na receita de alguns tributos, enquanto os demais entes da Federação teriam ficado à míngua quanto à repartição do bolo tributário nacional.

No seu ponto de vista, a União introduziu na PEC 41/2003 -tudo aquilo que lhe interessava-. Ele citou, por exemplo, a extensão do prazo de desvinculação de 20% de suas receitas; a prorrogação e transformação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) em permanente; a incidência do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre produtos importados; e a possibilidade de criação de empréstimos compulsórios por lei ordinária.

- Se observarmos o conjunto da obra, a União soube se defender - afirmou, referindo-se, também, à desvinculação de receita da União (DRU).

Em contrapartida, observou Antonio Carlos, a proposta de reforma tributária não concede aos entes da federação a desvinculação de suas receitas. Além disso, retira a autonomia dos estados sobre o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), determina o fim da política de concessão de incentivos e benefícios fiscais e prevê o repasse da arrecadação do Imposto Territorial Rural (ITR), considerado um -presente de grego- pelo senador, pois seria insuficiente até para custeio da máquina pública.

Após contabilizar os prejuízos de estados e municípios com a PEC 41, Antonio Carlos passou a apontar medidas para equilibrar a repartição de receitas tributárias. Inicialmente, sugeriu a compensação das perdas com o fim da -guerra fiscal- com a partilha da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e a criação de um fundo, destinado às Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, não com 2%, mas com 4% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Renda (IR). A destinação de 0,8% e 0,2% da receita da CPMF a estados e municípios, respectivamente, é outra reivindicação do senador, ao lado da proposta de estender a prática de desvinculação às receitas estaduais.

O senador pefelista disse ainda que a reforma não pode se resumir ao acerto das contas públicas da União, sustentando que estados e municípios não podem seguir -dependendo do governo federal, da verba orçamentária, da contingência do orçamento, da vontade política ou das definições ou indefinições do cenário político e econômico-.

O líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), considerou a reflexão do parlamentar baiano -madura e de grande responsabilidade-, admitindo serem necessárias mudanças no sistema tributário, mas preservando a capacidade de custeio das políticas públicas da União.



02/09/2003

Agência Senado


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