Appio anuncia CPI das Ocupações



Proposta foi apresentada durante debate na sessão plenária,quando a invasão de fazenda do Grupo Ana Paula foi condenada pela oposição e defendida por representante da bancada do governo

A recente ocupação feita pelo MST na Estância Invernada, do Grupo Agropastoril Ana Paula, em Hulha Negra, Sul do Estado, motivou o anúncio de mais uma CPI na Assembléia Legislativa: a CPI das Ocupações. A proposta surgiu ainda ontem, durante a visita feita à área pelos deputados Onyx Lorenzoni e Germano Bonow (PFL), Frederico Antunes, Érico Ribeiro e Otomar Vivian (PPB), Luis Augusto Lara (PTB), Mário Bernd e Paulo Odone (PPS) , que lá estiveram, acompanhando as movimentações dos sem-terra e dos fazendeiros.

Hoje, o deputado Francisco Appio (PPB) retomou a proposta, durante o debate na tribuna. Disse que, diante das declarações do secretário da Segurança, atacando o Poder Judiciário, não resta ao Legislativo outro caminho, senão o da instalação da nova CPI. Antecipou que a Comissão deve apurar quem financia o MST, quem estabelece as diretrizes das invasões, quem responde por seus atos, quando o MST se torna atualmente um braço político quase armado no Rio Grande do Sul.

O deputado Onyx Lorenzoni (PFL), por sua vez, manifestou sua solidariedade aos proprietários da Fazenda Ana Paula, afirmando que a propriedade faz pesquisa de ponta na área da genética, permitindo rastrear a origem de suas cabeças de gado. Ele considerou a fazenda um exemplo de propriedade rural produtiva e indagou o que faz o MST ali dentro. Ele acredita que o MST não tem preocupação com a reforma agrária, mas que quer simbolizar a vanguarda do PT. Onyx Lorenzoni disse que a imagem do presidenciável petista Luis Inácio Lula da Silva mostrada na mídia dá a entender que os produtores podem produzir em paz, para enganar e iludir os incautos. O parlamentar pefelista comentou que invadir a Fazenda Ana Paula serve para mostrar que a revolução está em curso.

Em defesa da ação do MST manifestou-se o deputado Dionilso Marcon (PT). Ressaltou que o Grupo Agropastoril tem 170 mil quilômetros quadrados, conseguindo ser maior do que muitos municípios gaúchos. Disse que os animais de ponta, criados naquela fazenda, também são produzidos em pequenas propriedades.

Defendeu a reforma agrária na área invadida, já que o local, segundo ele, pode assentar mais de 600 famílias. Disse que o governo federal faz discurso para a população, mas não assentou sequer 100 famílias no Estado, nos últimos 18 meses.


05/07/2002


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