Aprovada em primeiro turno PEC que permite dois empregos públicos para profissionais de saúde



Com 59 votos favoráveis e 6 contrários, o Plenário do Senado aprovou proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite a acumulação de até dois cargos públicos por profissionais da área de saúde. A permissão do acúmulo, hoje, é restrita a médicos e professores. A PEC foi aprovada em primeiro turno nesta terça-feira (27) e será novamente apreciada em novo turno de votação, como determina a Constituição federal.

Para o relator da matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senador Osmar Dias (PDT-PR), o ideal seria o vínculo único, com dedicação exclusiva do profissional de saúde, mas essa meta não é alcançável, devido à situação administrativa de vários estados e municípios. Além disso, acrescentou o relator, "o Sistema Único de Saúde caracteriza-se pela pluralidade de instituições públicas de saúde operando numa mesma área geográfica, o que reforça a necessidade de abrir oportunidades de vinculação dos profissionais da área a mais de uma instituição".

A PEC gerou intenso debate em Plenário. O senador Roberto Freire considerou a medida nociva para o serviço público. Ele disse ter pronto um anteprojeto que extingue a duplicidade de empregos públicos permitida aos médicos, englobando os salários das duas fontes, para que o médico não tenha prejuízo e, "como ganho, tenha-se um serviço público organizado".

O senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) defendeu a medida, afirmando que a maioria dos municípios do país não tem profissionais de saúde. A senadora Heloísa Helena (PT-AL) votou favoravelmente, mas ressaltou a necessidade de o país ter verdadeiramente uma política nacional para o setor de saúde.

O senador Sebastião Rocha (PDT-AP) afirmou que a proposta que estava sendo votada já é "uma realidade no cotidiano no Brasil", havendo casos de pessoas com até três empregos públicos na área da saúde. O senador Tião Viana (PT-AC) lembrou que o Brasil já tem 362,9 mil médicos, o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, que é um médico para cada grupo de mil habitantes. Disse que, se o Senado aprovar a PEC, imediatamente proporá que todo profissional possa ter duplo vínculo empregatício no setor público.

Na presidência da sessão, Ramez Tebet respondeu a Viana que, votada a PEC, será considerada prejudicada outra proposta de emenda à Constituição em tramitação no Senado, que concede apenas aos dentistas - também profissionais de saúde e, portanto, englobados na proposta ora votada - o direito ao duplo vínculo.

O líder do Bloco Oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE) disse ser perigoso modificar a Constituição para aumentar o que era considerado uma exceção, ou seja, a duplicidade de emprego público para os médicos. Já o líder do PFL, José Agripino (RN), afirmou que votaria a favor já que, quando governador de seu estado, encaminhou para votação na Assembléia Legislativa projeto de teor semelhante.

27/11/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Profissionais da saúde vão poder acumular dois empregos públicos

Aprovada emenda constitucional que permite acúmulo de cargos públicos por profissionais de saúde

Depois de dois meses de incerteza, PEC paralela é aprovada em primeiro turno

Aprovada, em primeiro turno, PEC que cria Fundo para Revitalização do rio São Francisco

PEC que muda regras para pagamento de precatórios é aprovada em primeiro turno

PEC aprovada em primeiro turno transfere da União para o DF manutenção de Defensoria Pública