Assembléia comemora aumento de votações









Assembléia comemora aumento de votações
Apreciação de projetos começa na terça-feira

O crescimento no volume de votações de matérias na Assembléia Legislativa no primeiro semestre deste ano foi comemorado ontem pelos deputados durante a primeira reunião da Mesa Diretora depois do recesso.

O índice de aumento foi de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.

Representantes das bancadas afirmaram que o ritmo das votações neste semestre será superior ao do semestre anterior, mesmo com o período eleitoral e levando em consideração que a maioria dos parlamentares está em campanha. Para tanto, a Mesa Diretora e os líderes estabeleceram que todos os projetos de origem parlamentar poderão ser votados a partir da próxima semana, desde que apresentado e aprovado pedido de preferência em plenário.

A regra poderá agilizar a apreciação das matérias dos próprios deputados, quando a ordem do dia não estiver obstruída por matérias do Executivo com regime de urgência.

A Mesa e os líderes também acertaram que as votações serão retomadas na terça-feira. Dois vetos e três projetos de lei do Executivo entram na pauta, pois começam a trancar a ordem do dia, depois de vencerem os prazos para apreciação. Um dos vetos é parcial ao projeto do próprio Executivo que determina medidas socioeducativas de internação e semiliberdade e cria a Fundação de Proteção Especial do Rio Grande do Sul. As emendas vetadas, três do deputado Bernardo de Souza (PPS) e duas do deputado José Ivo Sartori (PMDB), estabelecem critérios para ocupação de cargos de direção e contratação de cargos de confiança, e uma delas cria a corregedoria-geral para a nova instituição.

O outro veto é total e refere-se ao projeto de autoria do deputado Elmar Schneider (PMDB) que define critérios para a instalação de pardais nas rodovias estaduais. O objetivo da proposta, conforme o parlamentar, é permitir que os motoristas tomem conhecimento com antecedência do local exato de instalalação dos pardais controladores, assim como ocorre com as lombadas eletrônicas.

Os projetos do governo que estão em regime de urgência são os que criam o Conselho Estadual dos Povos Indígenas, o Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra e o Conselho Estadual do Idoso.


Candidatos ao Piratini debatem projetos para o setor primário
Quatro dos 13 candidatos ao Palácio Piratini estiveram ontem apresentando suas propostas para a Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa.

A audiência pública reuniu Celso Bernardi (PPB), Germano Rigotto (PMDB), Aroldo Medina (PL) e Júlio Flores (PSTU).

No primeiro bloco eles expuseram seus projetos para o setor primário e depois responderam a perguntas dos parlamentares.

A defesa da paz no campo dominou as explanações de Bernardi e de Medina. O pepebista afirmou que um eventual governo seu não irá tolerar invasões de terras “como as que vêm acontecendo no interior do Rio Grande do Sul”. A mesma bandeira foi defendida pelo candidato do PL, que acrescentou que sua política será voltada para evitar a ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em ocupações de fazendas.

Agregar renda ao agricultor, com o objetivo de estimular a cadeia produtiva do setor, é outra meta de Bernardi, assim como o incentivo fiscal para os produtores.

– Os pequenos agricultores poderão contar no governo do PPB com o apoio financeiro e técnico para ter acesso à terra – declarou.

Medina ressaltou a necessidade de uma parceria com o governo federal para o fomento de recursos para a agricultura.

Rigotto utilizou o seu espaço para fazer críticas à política adotada para o setor primário pelo governo do Estado. O peemedebista falou também que o seu governo promoverá a reforma agrária, com a parceria do governo federal e com os municípios gaúchos.

O candidato do PSTU se manifestou contrário à proposta da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

– Essa iniciativa não é positiva para o setor primário, pois trará o empobrecimento da agricultura no Estado. Com isso os produtores irão deixar o campo para rumar aos grandes centros urbanos – disse.

Flores destacou que a reforma agrária é uma das propostas apresentadas pelo seu partido. Linhas de crédito e políticas de incentivos aos pequenos agricultores farão parte das suas iniciativas para o setor.


Britto promete respeitar prefeitos
O candidato manteve encontros na região de Santa Rosa

Ao criticar a forma como o governo do Estado trata os prefeitos, o ex-governador Antônio Britto (PPS) arrancou aplausos da platéia, ontem, em Santa Rosa.

Em reunião com prefeitos e líderes comunitários de 20 municípios da Grande Santa Rosa, o ex-governador afirmou que irá “respeitar os prefeitos, que não precisarão passar pelo Orçamento Participativo para poder cumprir com dignidade seu mandato”.

Britto ressaltou os feitos de seu governo na região e apresentou suas propostas, caso seja eleito. O candidato também se reuniu ontem com representantes de associações ligadas à agricultura no Mercado Público de Santa Rosa e ouviu relatos dos produtores presentes sobre as dificuldades que o setor enfrenta.

– Com a experiência que tivemos, não precisamos contratar técnicos ou fazer diagnósticos. Precisamos fazer o balanço do que funcionou em cada região. Temos de pensar em programas voltados para cada localidade – afirmou Britto.

O ex-governador citou o programa Troca-Troca, que teria sido ampliado durante seu governo.

Em Santa Rosa, Britto também visitou a sede da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), as cooperativas Cotrirosa, Copermil e Sicredi e a empresa Agco. O roteiro do candidato prosseguiu nos municípios de Três de Maio e Crissiumal.


PDT fica sem candidato
Fortunati, ex-representante da sigla na corrida ao Piratini, disputará vaga na Câmara dos Deputados

A elaboração de um programa comum de governo para o Rio Grande do Sul poderá ser o pretexto para a aproximação entre o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, e o candidato do PPS ao Palácio Piratini, Antônio Britto.

A idéia ganhou força na tarde de ontem depois da confirmação da desistência do vereador José Fortunati de disputar o governo do Estado, motivado pela falta de recursos e de respaldo político para tocar a campanha. Fortunati confirmou que disputará uma das 31 cadeiras gaúchas na Câmara dos Deputados. Durante mais de quatro horas, Brizola esteve reunido com o alto comando do partido na sede do diretório estadual.

Depois de receber aplausos de deputados e dirigentes do PDT ao afirmar que o apoio à candidatura do ex-governador “é uma chance praticamente inexistente”, Brizola repetiu ontem à noite, em Porto Alegre, que a prioridade do partido agora é o apoio à candidatura à Presidência da República de Ciro Gomes (PPS) e a definição de um programa para o Estado. Na cúpula do partido, no entanto, há a interpretação de que a negativa de apoiar Britto foi apenas um recuo tático de Brizola para baixar a poeira. O anúncio seria feito mais tarde por ele próprio.

Brizola deixou uma porta para Britto:
– Amanhã, se surgir gente à direita e à esquerda querendo ajudar a empurrar esse caminhão, nós não vamos nos recusar.

O líder trabalhista estaria determinando como fundamentais para o programa três pontos específicos: a duplicação da Estrada da Produção – a BR-386 –, um projeto de desenvolvimento para a Metade Sul e a adoção das escolas de turno integral. No encontro com a imprensa, o líder trabalhista jogou para segunda-feira a definição sobre o futuro do PDT estadual na campanha eleitor al:
– Por enquanto, a única coisa que podemos descartar é eu vir a ser candidato no Rio Grande do Sul.

Na segunda-feira, Brizola retorna a Porto Alegre para reunir-se com a direção do PDT gaúcho e examinar a hipótese de manter a candidatura própria, depois da renúncia de José Fortunati na disputa pelo Piratini. A única possibilidade é se o deputado federal Alceu Collares, que faz campanha à reeleição, aceitar substituir Fortunati na disputa pelo Palácio Piratini. Desde que foi sondado pelo chefe, na reunião de terça-feira no Rio de Janeiro, Collares tem rejeitado a idéia.
– Nós estamos resolvendo essa questão ainda. Segunda-feira posso dar essa resposta – disse Brizola, que tinha Collares sentado a sua direita durante a entrevista.

Enquanto Brizola ensaia uma aproximação a Britto, a base do partido e prefeitos pedetistas do Interior protagonizam uma rebelião contra tal possibilidade. Manifestos contrários a um possível apoio ao candidato do PPS no Estado chegaram por fax ontem à sede estadual do PDT, na Capital.

Num deles, encabeçado pelo prefeito de Sarandi, Reinado Nicola, o repúdio a Britto é claro. “O PDT é grande demais para ser comandado por um conselho político e para ser um departamento submisso a um partido que surgiu ontem e cujo líder maior combatemos até poucas horas”, diz o texto dos militantes.

Em outro documento, assinado pelos prefeitos de Arambaré, José Carlos Rassier, de Ijuí, Valdir Heck, e de Carlos Barbosa, Fernando Xavier, é rejeitada a substituição de Fortunati por qualquer outro representante do partido.


PPS vê com ceticismo a eventual adesão de pedetistas
A possibilidade de o PDT vir a apoiar o candidato Antônio Britto é vista com ceticismo pelo comando da campanha do PPS.

O presidente do partido, deputado federal Nelson Proença, garante que até agora não houve qualquer conversa com o PDT.

Assim que soube da renúncia de José Fortunati à candidatura a governador, Proença tentou conversar com o presidente estadual do PDT, Vieira da Cunha. O deputado não pôde atendê-lo. Proença deixou um recado:
– Por favor, diga a ele que estarei sentado ao lado do telefone.

Até ontem, Vieira não tinha dado o retorno. Proença não pretende fazer qualquer movimento nos próximos dias, embora considere importante o apoio do PDT a Britto e admita discutir a inclusão, no programa de governo, de pontos que o ex-governador e presidente nacional do PDT Leonel Brizola considera importantes.

Proença acredita, no entanto, que a tendência é o PDT concorrer apenas com candidatos a deputado estadual e federal e liberar os filiados no primeiro turno. Pelos seus cálculos, com ou sem apoio formal a maioria dos votos do PDT irá para Britto.

O PPS está aliviado com o desfecho da crise no PDT porque, com a renúncia de Fortunati, deixam de existir os problemas que impediam a vinda de Ciro Gomes ao Rio Grande do Sul. Nos últimos dias, Proença vinha procurando o PDT para propor um acordo pelo qual Ciro viria ao Estado, participaria de algum ato da campanha de Fortunati e, em outro dia, acompanharia Britto em um encontro com pequenos agricultores.


Empréstimo derruba Martinez
Coordenador se afasta em razão de denúncias, e Ciro comandará campanha

O coordenador-geral da campanha de Ciro Gomes (PPS) à Presidência, José Carlos Martinez (PR), pediu afastamento do cargo na madrugada de ontem. Ele entregou uma carta para Ciro, em São José do Rio Preto (SP), explicando o pedido.

Apesar de afirmar que pretende se dedicar a sua campanha para reeleição, o deputado, na prática, como presidente nacional do PTB – partido que dá a maior sustentabilidade a campanha de Ciro, inclusive financeira –, irá continuar integrando o comando político da Frente Trabalhista.
– Vamos só tirá-lo do tiroteio. Ele vai continuar atuando, de maneira discreta – revelou um influente integrante do núcleo da campanha de Ciro.

A situação de Martinez se tornou insustentável após as revelações de que teria contraído um empréstimo com Paulo César Farias, o PC, ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello. Desde então, Martinez tem caído em contradições, apresentando diferentes versões para o empréstimo, estimado em US$ 15 milhões, que teria sido usado na compra da TV Corcovado, no Rio.

– A situação está tensa com o cerco. Como não há como atingir o Ciro, ficam batendo em volta – reconheceu o líder do PTB na Câmara, deputado Roberto Jefferson (RJ).

Ontem, em Varginha (MG), Ciro evitou falar sobre o assunto, mas confirmou que vai assumir, ele próprio, a coordenação de sua campanha, atendendo a uma sugestão do presidente do PDT, Leonel Brizola.

– Eu sou o chefe dessa campanha. Eu posso, uma vez por semana, reunir a equipe e dar as diretrizes – disse Ciro, negando a informação de que seu irmão, o empresário Lúcio Gomes, iria assumir a coordenação.

A intenção de Martinez era a de ter se afastado antes, mas Ciro e Brizola não aceitaram. A situação começou a mudar na segunda-feira, quando o petebista divulgou uma nota em que tentava explicar o empréstimo com PC. Martinez usou sete vezes o nome de Ciro para se justificar, o que teria irritado o candidato. Pesquisas encomendadas pelo núcleo da campanha também apontam que o episódio está influenciando o eleitorado. Havia ainda a preocupação que o assunto dominasse o primeiro debate na TV entre os principais candidatos, no domingo.

Com a renúncia, Martinez também se afasta das tarefas de arrecadação de fundos para a campanha e na interlocução com o empresariado, missão que ficará a cargo de Lúcio. O núcleo da campanha de Ciro deve convidar o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, para auxiliar na tarefa.


Brindeiro desengaveta processo
A situação do presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez (PR), que renunciou o cargo de coordenador-geral da campanha do presidenciável Ciro Gomes (PPS), se agravou ainda mais ontem.

O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, determinou o prosseguimento de um processo penal baseado numa investigação da Receita Federal que denuncia Martinez por sonegação e falsidade ideológica. O processo se iniciou em 1998, na 2ª Vara Criminal do Paraná, mas foi remetido a Brasília, já que Martinez se elegeu deputado federal e ganhou foro privilegiado.

Depois de três anos na gaveta de Brindeiro, o processo foi despachado finalmente na última quarta-feira. Para justificar a medida, Brindeiro destacou a norma constitucional – modificada em dezembro do ano passado –, que alterou a questão referente à imunidade dos parlamentares e eliminou a exigência de licença prévia do Legislativo para instauração e prosseguimento de inquérito de membros do Congresso.

Além de dar prosseguimento às investigações, o procurador-geral da República pediu ainda que fosse designada uma data para o interrogatório de Martinez e outros dois envolvidos no mesmo processo. A origem do processo é o mal explicado empréstimo contraído por Martinez com Paulo César Farias, o PC, ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello.


PT quer arrecadar R$ 36 milhões
Para atingir esse valor, a sigla prevê visitas a empresas e pedidos por correio e Internet

O PT lançou ontem a maior campanha de arrecadação de fundos de sua história. A meta é obter R$ 36 milhões para bancar a propaganda eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva e dos outros candidatos.

Para alcançar o objetivo, foi montada uma estratégia que inclui visitas a empresas, pedidos pelo correio e até um sistema que aceita doações pela Internet.

– Lula sempre foi prejudicado nas eleições anteriores porque seus adversários dispunham de muito mais dinheiro. Pretendemos trabalhar para que a questão financeira não atrapalhe nossa candidatura – diss e Delúbio Soares, coordenador de Finanças da campanha petista.

O valor de R$ 36 milhões consta do planejamento de gastos que o partido enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O montante é oito vezes superior ao orçamento da disputa de 1998, quando Lula gastou R$ 4,5 milhões.

O principal alvo petista para obter recursos serão os grandes empresários. Soares explica que o partido montou uma lista com as 2 mil maiores empresas do país e irá enviar representantes para conversar pessoalmente com os seus presidentes e diretores. Cada arrecadador irá presentear os empresários com uma caixa vermelha, contendo uma carta assinada por Lula, uma fita de vídeo com declarações do candidato e peças de propaganda criadas pela equipe do publicitário Duda Mendonça. Como brinde, será oferecido um broche dourado em forma de estrela.
Ele ressalta que nenhum setor foi excluído:
– Nossa campanha é aberta. Só não vamos aceitar dinheiro do jogo do bicho, do narcotráfico e do trabalho escravo.

Além de tentar arrecadar fundos “no atacado”, o PT também vai trabalhar “no varejo”. Por isso, preparou uma mala direta que será enviada aos filiados pedindo doações. O PT pede que quem ganha até R$ 600 contribua com R$ 10, quem recebe entre R$ 600 e R$ 1,2 mil doe R$ 20, e quem tem salário superior a R$ 1, 2 mil, R$ 50.

Para incrementar a arrecadação, os petistas estão apostando na Internet. Os sites do partido e de Lula vão trabalhar com um sistema que possibilitará o recebimento de doações on-line, por meio de transferências bancárias. Além disso, o PT montou uma loja virtual.


A portas fechadas, recriminações. Em público, sintonia
Nas mais de quatro horas de reunião do conselho político do PDT gaúcho com o presidente nacional da sigla, Leonel Brizola, a tensão envolveu quem estava dentro e fora da sala da presidência do partido.

Dois bate-bocas envolvendo o deputado estadual e presidente da comissão provisória do PDT gaúcho, Vieira da Cunha, principal defensor da candidatura própria do partido, só foram encerrados com gritos de Brizola.

A primeira discussão de Vieira foi com o deputado federal Alceu Collares, que o acusou de ser “um laranja do PT dentro do PDT”. A acusação, motivada pela polêmica sobre ter ou não candidatura própria diante da desistência de Fortunati, provocou uma reação imediata de Vieira da Cunha.
– Eu não voto no PT. Até parece que agora não se tem outra alternativa que não seja a de apoiar o PT. O Vieira é mesmo um laranja do PT aqui no PDT – atacou Collares.

– Isso não é verdade, Collares. Com a renúncia de Fortunati não temos que apoiar nem Antônio Britto e nem o PT – esbravejou Vieira.

Pouco mais tarde, Vieira voltou a alterar a voz, dessa vez com o deputado federal Pompeo de Mattos, que acabou sendo apoiado por Brizola.

– Sem candidato a governador, neste momento o melhor é nos dedicarmos às candidaturas a deputado e a senador – sugeriu Pompeo.

– Tu estás faceiro porque o PDT está sem candidato a governador, não é, Pompeo?

– Vieira, eu tenho história dentro do partido e não estou faceiro, não. Eu disse que não tendo opção diante da renúncia o melhor é investirmos nas candidaturas a deputado e senador. Só isso.
Brizola acabou dando razão a Pompeo, argumentando que dentro do atual contexto essa seria a melhor saída. Do corredor, assessores, jornalistas e militantes apenas ouviam gritos sem identificar o que motivava as discussões. Por volta das 17h, mais de uma hora antes do fim da reunião, já circulava nos corredores da sede do partido a informação de que a renúncia de Fortunati à candidatura a governador era irreversível.

Foi nesse momento que Vieira autorizou a entrada na sala de fotógrafos e cinegrafistas para registro das imagens da reunião, quando todos tentavam aparentar um clima de tranqüilidade. Brizola, sentado na cabeceira da mesa, tinha a seu lado José Fortunati abraçado por sua mulher, Regina, e logo ao lado, Collares. Todos sorriam.

Na saída da reunião, alguns pedetistas já tinham um discurso adaptado ao de Brizola sobre a necessidade de apoiar a candidatura a presidente da República de Ciro Gomes (PPS), mas poucos ousaram admitir a possibilidade de apoiar o candidato do mesmo partido no Estado, o ex-governador Antônio Britto. A decisão final ficou adiada para os próximos dias. Collares, que tem se negado a aceitar a proposta de Brizola para que dispute o Palácio Piratini, foi um dos poucos a admitir uma aproximação com Britto.


Serra promete 8 milhões de empregos até 2006
Tucano se comprometeu a aumentar investimento em pesquisa

Com lançamento previsto para os próximos dias, o programa de governo do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, prevê a criação de pelo menos 8 milhões de empregos em quatro anos.
O anúncio ocorreu ontem durante visita à sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília. O tucano assumiu compromisso de aumentar os investimentos em pesquisa de R$ 1,4 bilhão para R$ 2,5 bilhões anuais. Serra afirmou que a política econômica de seu governo estará voltada para aumentar as oportunidades de trabalho e implicará estímulos às exportações, à agricultura familiar, à agricultura irrigada, ao turismo e à construção civil na área habitacional.

– Creio que de forma conservadora nós podemos, nos próximos quatro anos, pensar em gerar no Brasil cerca de 8 milhões de empregos – disse Serra.

Ao apresentar sua meta de geração de empregos, o candidato evitou criticar a proposta do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que fala da necessidade de criar 10 milhões de empregos. Serra diz que essa seria uma meta desejável, mas que sua projeção era mais realista diante das condições da economia do país e dos cenários possíveis de crescimento. Os técnicos que trabalham no programa de governo de Serra estimam crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4,5% e 5%.

Ao lado do ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, Serra usou a visita à Embrapa para fazer um aceno Ao setor agrícola. O tucano reafirmou que quem sustentou o Plano Real foi a agricultura brasileira, via preços dos produtos da cesta básica, e que hoje quem sustenta a balança de pagamentos do país é o agronegócio, que gera um superávit anual de US$ 17 bilhões. Por isso, garantiu que os empreendedores do setor agrícola terão tratamento privilegiado em seu governo por sua capacidade de gerar divisas em dólar para o país e de oferecer oportunidades de trabalho.
– O impacto da agricultura no emprego é muito importante. O investimento de R$ 1 milhão na agricultura rende em média 202 empregos. O mesmo investimento gera 149 empregos no comércio, 111 na construção civil e 85 na indústria automobilística. A agricultura irrigada gera 10 vezes mais empregos que as montadoras.

Após falar sobre a importância da Embrapa para garantir a segurança alimentar do país, para diretores e pesquisadores da empresa, o tucano passeou por uma horta experimental. A candidata a vice, Rita Camata (PMDB), deu uma demonstração de conhecimento, dando o nome de cada um dos vegetais cultivados. Quando a comitiva chegou em um canteiro de nabo, ela agachou-se, e com as mãos puxou a base do caule de uma das plantas, arrancando o fruto que estava embaixo da terra.

Quando eles deixavam a horta, Rita pegou uma faca nas mãos e desbastou os ramos do tubérculo, entregando ao candidato o nabo na forma em que ele é encontrado à venda nas feiras. Serra também colocou no bolso de seu paletó ramos de uma variedade de manjericão.


Ibope mede tendência em três Estados
O Ibope divulgou ontem pesquisas encomendadas pela Rede Globo com a preferência dos eleitores em São Paulo, Rio e Pernambuco.

Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, o candidato do PP B ao governo, Paulo Maluf, aparece em primeiro lugar, com 32%, seguido pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), com 22%. Em simulações para o segundo turno, o ex-governador e ex-prefeito da capital paulista seria o vencedor. Para o levantamento, o Ibope ouviu 1,2 mil em 66 municípios de São Paulo, entre os dias 28 e 31 de julho. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais para mais ou para menos.
Conforme a pesquisa, no Rio, a candidata do PSB, Rosinha Matheus, está na frente, com 32%. Os candidatos Jorge Silveira (PDT) e Benedita da Silva (PT), estão tecnicamente empatados em segundo lugar, com 16% e 14%, respectivamente. Num eventual segundo turno, Rosinha seria eleita. O Ibope ouviu 1,2 mil em 35 municípios do Rio, entre os dias 28 e 31 de julho. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais para mais ou para menos.

Em Pernambuco, o candidato à reeleição ao governo, Jarbas Vasconcelos (PMDB), lidera a preferência dos eleitores, com 65% das intenções de voto. Em segundo lugar está Humberto Costa (PT), com 10%. O Ibope ouviu mil eleitores em 45 municípios, entre os dias 27 e 30 de julho. A margem de erro é de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos.


Tucano aposta em associação com FH
A aproximação com o presidente Fernando Henrique Cardoso é uma das principais apostas do candidato tucano à Presidência, José Serra, para chegar ao segundo turno.

Desde a terça-feira, a página oficial da candidatura tucana traz notas intituladas Você Sabia?, ressaltando as características consideradas positivas pelo governo FH.

A divulgação das notas no site do candidato (www.joseserra.org.br) ocorreu depois do almoço ocorrido no domingo no Palácio da Alvorada com a presença de José Serra, Rita Camata, Fernando Henrique e Ruth Cardoso, considerada uma reação à queda do desempenho tucano nas pesquisas.

A estratégia de “colar” em FH e tê-lo como cabo eleitoral mais atuante vem sendo defendida por integrantes do comando da campanha de Serra, como o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP). O texto das notas ressalta os benefícios dos oito anos do governo Fernando Henrique e serve como críticas às freqüentes declarações dos adversários políticos que enaltecem em seu discurso os aspectos negativos do Executivo federal.

O conteúdo de algumas delas trata de temas como o programa federal de açudes e barragens utilizado no combate à seca, crescimento de residências com energia elétrica, queda no desmatamento da Floresta Amazônica e outros.


Lula defende mudanças na economia
Ao visitar um centro de crianças carentes mantido pela Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), o candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu ontem uma mudança imediata da política econômica do governo.

Segundo Lula, o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) será paliativo, caso não haja a recuperação de crédito do Programa de Financiamento às Exportações (Proex) e a aprovação da minirreforma tributária no Congresso para desonerar a produção e acabar com o efeito cascata de alguns impostos.

– Gostaria que nós procurássemos outro remédio que não fosse o FMI porque, se pegarmos US$ 10 bilhões ou US$ 15 bilhões agora, esse dinheiro pode durar só quatro ou cinco meses, se o governo não fizer o que precisa ser feito – disse.

De acordo com Lula, o Executivo precisa admitir que “a única saída agora é mudar o modelo econômico”.

– Se você está na linha do trem e vê que o trem está vindo, seja esperto e saia desse trilho – disse.

Os apelos por uma ação imediata do governo para lidar com a crise foram reforçados pelo candidato a senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Além das medidas sugeridas por Lula, Mercadante indicou outras propostas que a legenda vê como prioritárias na atual situação:
– O Brasil precisa negociar o restabelecimento de linhas de crédito comercial, que nem nas moratórias dos anos 80 foram cortadas como estão sendo agora.

Ao falar sobre a experiência do Centro Francisco Solano Trindade, que atende a 53 crianças carentes com projetos culturais e de lazer, além de dar ocupação e ajuda financeira para as mães dos beneficiados, Lula ironizou a equipe econômica do governo Fernando Henrique Cardoso.
– Seria maravilhoso se o presidente da República pegasse toda sua equipe econômica e visitasse pelo menos umas 20 experiências como essa para que ela percebesse que o Brasil não é apenas especulação, não é apenas agiotas nem quem manda os dólares para fora – afirmou.


Recursos de candidatos serão centralizados
A Receita Federal começou a divulgar ontem os números de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) dos candidatos e dos comitês de campanha.

Com esse número, eles terão prazo de cinco dias úteis para abrir uma conta bancária específica, na qual serão centralizadas todas as doações financeiras.

Recursos de campanha que estejam depositados em outras contas deverão ser transferidos para essa conta específica. A utilização de uma única conta para pagar despesas de campanha eleitoral é uma novidade criada neste ano, a partir de um convênio entre a Secretaria da Receita Federal e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de controlar a movimentação dos recursos, reduzindo as chances de ocorrer o uso de caixa 2.

O TSE já enviou para a Receita a relação dos candidatos às eleições de outubro. Com base nessa lista, a Receita inscreveu os candidatos no CNPJ. Para saber qual é seu número de inscrição, o candidato deve entrar no site da Receita na Internet (www.receita.fazenda.gov.br) e informar o Estado pelo qual concorre, seu partido e o registro de sua candidatura na Justiça Eleitoral. Essa consulta pode ser feita também por qualquer cidadão.

Fazer doações e pagamentos de despesas de campanha fora das contas específicas será considerado crime eleitoral. A Receita utilizará informações sobre o recolhimento da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) para detectar movimentações fora da conta.
A Receita informou também que investigará denúncias de movimentação de recursos de campanha fora das contas específicas. Nesses casos, não só haverá fiscalização da Receita como também comunicação ao TSE.


Declaração polêmica faz Marta se explicar
Ao criticar a “utilização descarada da mulher para servir aos propósitos políticos do marido” em entrevista publicada ontem pelo jornal O Globo, a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), gerou polêmica e foi obrigada a se explicar.

Segundo o jornal, a declaração é uma crítica à participação da atriz Patrícia Pillar na campanha do marido, o candidato da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) à Presidência, Ciro Gomes. Marta, porém, nega que tenha se referido a Patrícia.

Marta deu a declaração ao ser questionada sobre se existe hoje um reconhecimento tardio da força da mulher. A prefeita não citou nomes ao responder à pergunta, mas na capa de O Globo e no título da entrevista, o jornal interpreta a declaração como uma referência a Patrícia.

– Não fiz uma referência a Patrícia Pillar, de quem gosto e a quem admiro, mas sim a Anthony Garotinho. A citação do nome de Patrícia Pillar em chamada de primeira página, com interpretação equivocada de minhas palavras, me deixou indignada – disse a prefeita de São Paulo em comunicado.

Segundo Marta, ao ter criticado a utilização da mulher para servir a propósitos eleitorais do marido, se referia ao candidato da Frente Brasil Esperança, Anthony Garotinho (PSB-PGT-PTC). A mulher de Garotinho, Rosinha Garotinho (PSB), disputa o governo do Rio.

Ainda ontem, Rosinha rebateu as críticas de Marta. A candidata ao governo do Rio disse que a prefeita de São Paulo se aproveitou do ex- marido, o senador Eduardo Suplicy (PT), para chegar ao poder, e “depois o descartou”.

– Sou casada há 20 anos e estou à disposição dos propósitos do meu marido, sim. Pior é quando a mulher usa o marido para atingir seus propósitos políticos e depois o descarta – afirmou Rosinha.
A candidata ressaltou ainda que “sempre esteve ao lado do marido” e que “ao lado dele ficará”.

– Tem sido sempre assim. Ou o senador Eduardo Suplicy não pediu votos para Marta em São Paulo? Ou ela nunca pediu votos para ele para o Senado? – indagou.

A candidata acha, no entanto, que a prefeita de São Paulo tentou mesmo atingir Patrícia Pillar na declaração que fez ao jornal O Globo. Segundo ela, Marta mudou de foco depois da repercussão negativa da entrevista.

– É lamentável a declaração da prefeita Marta Suplicy, que sempre se disse defensora da ampla participação das mulheres em todos os setores da sociedade – resumiu.


A declaração

Trecho de entrevista de Marta Suplicy ao jornal O Globo:

Pergunta – A maioria do eleitorado é feminino. Roseana Sarney surgiu disputando competitivamente a Presidência. Serra buscou uma mulher para vice. Ciro tem sua mulher como cabo eleitoral. É um reconhecimento tardio da força da mulher?
Marta – A mulher é hoje um grande eleitorado, principalmente nas regiões do país nas quais ela adquiriu maior autonomia em relação ao pai e ao marido. Ela é mais ponderada na sua escolha, o que é freqüentemente confundido com insegurança ou indecisão. Essa mulher, tanto quanto a mais submissa, quer ver mulheres assumindo cargos de responsabilidade e poder. Percebendo essa tendência do eleitorado, os candidatos têm procurado a figura feminina, porém mais como objeto de marketing eleitoral do que em reconhecimento do papel diferenciado da mulher. Ter uma mulher como candidata a vice, apesar de significativo, não muda mais o status da mulher do que, como disse Benedita da Silva, ter uma família negra no palácio muda a condição da população negra.

Não estamos num torneio de simpatia e muito menos de quem tem a mulher mais bonita: escolhe-se o presidente de um país. E de um país em situação extremamente frágil economicamente. Existe caso mais acintoso que a utilização descarada da mulher para servir aos propósitos políticos do marido? Dá uma sensação de terrível manipulação.


TSE divulga ordem na propaganda eleitoral
Anthony Garotinho (PSB) foi sorteado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o primeiro dos seis candidatos à Presidência a aparecer na propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, que estréia em 20 de agosto e irá durar 45 dias.

Depois de Garotinho, aparecerão José Maria (PSTU), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rui Costa Pimenta (PCO), José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS). Essa ordem só valerá para o primeiro dia, porque depois haverá rodízio, com o primeiro sendo transferido para o último lugar. A propaganda será veiculada em dois blocos de 25 minutos cada, às terças, quintas e sábados, além de inserções ao longo da programação das emissoras.

O TSE também aprovou o registro das candidaturas dos candidatos citados, com exceção da de Pimenta, porque o relator desse processo, Sepúlveda Pertence, estava ausente. O sorteio e a aprovação dos registros ocorreram ontem à noite, na primeira sessão plenária do TSE depois do recesso de julho.


Petista diz que em 1998 economia era pior
As condições da economia brasileira estão hoje melhores do que as de 1998, quando o Brasil foi contagiado pela crise russa, afirmou um dos principais economistas do PT, Guido Mantega.

– Os indicadores econômicos atuais são mais favoráveis que no passado – disse.

Essa foi a principal mensagem que Mantega tentou passar para um grupo de grandes investidores com o qual se reuniu em Londres e Frankfurt nos dois últimos dias. O economista do PT tentou convencê-los de que a reação às pesquisas eleitorais do mercado no Brasil é exagerada.

O primeiro argumento de Mantega diz respeito ao tipo de câmbio. Em 1998, o câmbio ainda era controlado pelo governo. Foi em janeiro de 1999, no início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, que o Banco Central passou a deixar o preço do dólar ser determinado pelo mercado. Segundo ele, quando é o mercado que determina o preço da moeda estrangeira, o país não precisa queimar suas reservas internacionais para sustentar a cotação. Ao economizar reservas, o BC também pode evitar um aumento nos juros para atrair capital.

Mantega também chamou a atenção para o déficit publico. Em 1998, o déficit do governo foi de cerca de 11% do PIB. Este ano, Mantega espera que o déficit fique em torno de 8% do PIB.


Projeto muda a data de posse do próximo presidente
Aécio propõe que sucessor de FH assuma no dia 6 de janeiro

Por sugestão do Itamaraty, o presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), tentará votar no Congresso até o final do ano uma proposta de emenda constitucional que adie para o dia 6 de janeiro a posse do futuro presidente.

O objetivo é facilitar a presença de políticos brasileiros e chefes de Estado e de governo de outros países que têm dificuldade para viajar no primeiro dia do ano.

Aécio diz não ver nenhum problema de governabilidade que possa ser causado por esse adiamento:
– A Lei de Responsabilidade Fiscal nos dá garantias de que um governante não poderá tomar nenhuma medida que cause problema para o futuro administrador.

No primeiro dia de trabalho da Câmara depois do fim do recesso de julho, Aécio disse que, a partir da semana que vem, a prioridade será votar medidas provisórias que estão “trancando a pauta”. Entre 27 e 29 de agosto, o deputado espera um “esforço concentrado”.


Justiça manda prefeitura readmitir funcionários
Cargos ocupados por servidores exonerados foram extintos

A prefeitura de Carazinho, no Planalto Médio, terá de recontratar 28 funcionários concursa-dos que foram exonerados em junho de 2001.

A decisão foi tomada pela juíza Geneci Ribeiro de Campos, da 3ª Vara Cível de Carazinho, na quarta-feira.

Conforme a decisão judicial, os funcionários deverão ocupar novamente os cargos e receber pagamento de salários e vantagens do período em que estiveram afastados, com correção monetária. De acordo com o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Carazinho, Jair Rosa dos Santos, os funcionários foram demitidos sem aviso prévio e sem possibilidade de defesa.

Santos disse ter havido discriminação e favorecimento nas repartições. O presidente acusa a prefeitura de manter excesso de cargos de confiança atuando no lugar de servidores concursados. Atualmente, há 950 funcionários e cerca de 90 cargos em comissão (CCs).

– Tem CCs exercendo funções de funcionários que tinham sido concursados e outros em setores que não são de responsabilidade da prefeitura, como associações de moradores – acusou.

Os cargos ocupados pelos funcionários exonerados foram extintos no ano passado pela Câmara de Vereadores e abrangiam todas as secretarias.


Português elogia ação do Brasil contra Aids
A 4ª Conferência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa se encerrou ontem

No dia do encerramento da 4ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em Brasília, o presidente de Portugal, Jorge Sampaio, destacou o esforço brasileiro no combate à Aids.

Segundo ele, as demais sete nações que integram a CPLP “têm muito a aprender e se beneficiar da audaciosa e precursora estratégia brasileira”.

Sampaio ressaltou que são necessárias medidas urgentes para combater a Aids nos países-membros da comunidade de língua portuguesa.

– Urge pois que, no seio da CPLP, mobilizemos todos aqueles que, pela sua notoriedade pública, possam influenciar positivamente o comportamento das populações, alertando-as para uma realidade que muitos tendem ainda a ignorar – afirmou o presidente de Portugal.

A difusão de tecnologia e uma maior parceria entre os países que compõem a CPLP foram temas abordados pelos participantes da conferência.

– O combate à Aids é um entendimento coletivo dos presidentes dos países da CPLP – afirmou Sampaio.

Já o presidente Fernando Henrique Cardoso ressaltou a conquista brasileira da quebra da patente de medicamentos para o combate à Aids e disse que a transferência dessas tecnologias pode vir a ser uma importante parceria entre os países membros da CPLP.

– Nós quebramos patentes, fizemos acordos de patentes e dispomos hoje de capacidade de produção desses medicamentos – disse.

Ele informou que os governos brasileiro e de Moçambique têm conversado para viabilizar a construção de uma fábrica de medicamentos de combate à Aids naquele país.

Os chefes de Estado e de governo dos países que integram a CPLP participaram ontem da inauguração das mostras Objetos da Lusofonia, com arte popular dos países de língua portuguesa, Retrospectiva de Malangatana e Um Olhar Fotográfico sobre a CPLP, no Salão Negro do Congresso Nacional. A inauguração da mostra encerrou a conferência.


Ex-filiados do PPS aderem a Tarso
Grupo diz ter convicções socialistas

Em encontro que reuniu lideranças da Frente Popular e do PC do B, ontem, em Porto Alegre, ex-filiados do PPS de Gravataí apoiaram oficialmente a candidatura de Tarso Genro (PT) ao governo do Estado.

O grupo critica a atuação de Nelson Proença na presidência da sigla no Rio Grande do Sul e discorda da escolha de Antônio Britto para a disputa pelo governo estadual.

– Quem assumiu o PPS tem perfil antidemocrático e totalitário. Eles nos afastaram de nossas tendências, que são socialistas – disse a ex-presidente do diretório do PPS em Gravataí, Isabel Diefenbach.

Do total dos 167 filiados do PPS em Gravataí, 154 deixaram o partido. Já entre os 27 ex-integrantes do diretório municipal da cidade, 23 expressaram o apoio a Tarso.

– Este apoio é extremamente importante. Acolhemos a militância de pessoas que têm muita afinidade com o PT e não apóiam o projeto neoliberal que arrasou o país – disse Tarso.


Reivindicações da Ospa são apresentadas a Olívio
Carta pede mudança na direção

Funcionários da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) entregaram ontem ao governador Olívio Dutra carta aberta relatando as dificuldades que a fundação estaria enfrentando.

O documento foi lido durante a posse dos novos procuradores do Estado, na sede da instituição.

Antes do início do concerto da orquestra, o presidente da Associação dos Funcionários da Ospa (Affospa), Secundino Cimadevila, leu as reivindicações feitas à Secretaria Estadual de Cultura. Na carta, consta a necessidade “de mais músicos, de uma lei específica que dê condições de um bom desenvolvimento para a orquestra e de um plano que contemple a dignidade de todos os seus profissionais”.

– A orquestra está se inviabilizando por falta de músicos e de condições de trabalho. Não temos horários fixos e não ganhamos horas extras – disse o presidente da Affospa.

A carta defende ainda a necessidade de uma nova administração.

– Queremos dirigentes que gostem da música clássica, que amem a instituição e que busquem recursos para torná-la grande e poderosa como sempre foi – disse Cimadevila.

Criada em 1950 pelo maestro Pablo Komlós, a orquestra conta hoje com 99 músicos – o quadro ideal comportaria 114 integrantes. Em julho, mais de 50 deles levaram à Assembléia Legislativa um documento afirmando não existir sintonia entre a fundação e a Secretaria da Cultura. Desde janeiro de 1999, a Ospa já empossou três presidentes.

A assessoria do secretário de Estado da Cultura, Luiz Marques, informou que ele convocará uma reunião na próxima quarta-feira com a direção da Fundação Ospa e da Affospa. No encontro, serão discutidas medidas que possam sanar a falta de pessoal.


Artigos

A política e o cidadão comum
Roberto Velloso Eifler

O importante é reconhecer que o Brasil é constituído por pessoas de bem. Se alguém achar exagerada essa afirmação, asseguro por outro lado que isso não é nenhum privilégio, pois todos os países são constituídos por pessoas de bem. Mas não só os países. Também as associações humanas. As Farc e o PCC são constituídos por pessoas de bem. Até o governo do Estado do Rio Grande do Sul é constituído por pessoas de bem.

O político não pode ser igual a nós.Ele tem que ser melhor do que nós

Antes que me acusem de estar jogando com as palavras, quero dizer que pessoa de bem é aquela capaz de distinguir o bem do mal. Excetuando-se os psicopatas, que são poucos (apesar de influentes), a esmagadora maioria dos seres humanos é composta de pessoas de bem. A consciência moral faz parte da natureza humana. Então por que, perguntarão vocês, existe tanto mal, tanta corrupção, tanta bandidagem? Tentarei explicar em dois parágrafos.

Infelizmente, ao contrário do que a gente deseja, o mundo funciona de forma tal que não existe correspondência automática entre nossa consciência moral e nossas ações. Nossos atos dependem de uma série de razões que vão desde nossa posição na engrenagem social, passam por nossos desejos e incluem nossas crenças. O presidente que bloqueia a intervenção federal num Estado corrupto tem uma razão política. O governador que não cumpre o que prometeu tem uma razão dialética. O funcionário que aceita propina tem uma razão prática. O empresário que suborna tem uma razão administrativa. O traficante que fuzila tem uma razão didática. O ladrão de galinhas tem uma razão social.

Todos esses sabem muito bem a diferença entre o bem e o mal. O que então os faz agir de forma tão errada? As circunstâncias. O ser humano é muito sensível às circunstâncias. Por isso devemos ter cuidado ao julgar os políticos, porque provavelmente no lugar deles faríamos a mesma coisa. Como também faríamos no lugar do ladrão de galinhas. Todos somos pessoas de bem. As circunstâncias é que nos são favoráveis ou desfavoráveis. Em circunstâncias desfavoráveis a consciência moral esmorece, encolhe, reduz-se quase a uma virtualidade. Mas fica lá. É inextirpável. Um caso típico é o do ex-senador Luís Estevão, envolvido no escândalo do juiz Nicolau e cassado pelos colegas. Como foi bonito assistir à sua consciência moral aflorar com força assim que ele percebeu seu time, o Brasiliense, ser prejudicado pelo árbitro.

Donde se conclui que nós, cidadãos comuns, que não temos cargos no governo, que não ocupamos posições-chave na sociedade, que não trabalhamos com Fernandinho Beira-Mar, que não passamos fome, nós possuímos a hegemonia da consciência moral. Somos a reserva moral da nação. Temos todo o direito de cobrar retidão e dignidade de quem quer que nos represente. O político não pode ser igual a nós. Ele tem que ser melhor do que nós. É assim que funciona a democracia. Ao mesmo tempo em que reconhecemos a falibilidade de nosso representante, não podemos perdoar as suas falhas. A gente sabe que o político não é perfeito, mas ele não tem o direito de ser imperfeito. Para isso servem as eleições.

É evidente, também, que eleições não resolvem todos os problemas de uma nação. Na democracia moderna há várias formas de o cidadão comum participar sem comprometer sua prerrogativa moral. Mas isso é tema para outro artigo.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Sair da crise
Consumidores, empresários, produtores rurais, trabalhadores e investidores começam a fazer contas para enfrentar a crise financeira que já desvalorizou o real em relação ao dólar em 50% neste ano. Não há muito espaço para administrar a crise. A saída para a economia será de médio prazo e dependerá de decisões do Congresso Nacional. No curto prazo, a decisão depende do Fundo Monetário Internacional e do tamanho do empréstimo que será fechado rapidamente, como pretendem as autoridades monetárias.

Com a possibilidade de chegar ao poder, a oposição se prepara para respaldar ações políticas do governo e, dessa forma, evitar que a transição seja traumática. O candidato favorito, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, por exemplo, já anunciou que sua bancada apoiará a aprovação do fim da cumulatividade do PIS/Cofins.

O presidente da Câmara Federal, Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à sucessão de Itamar Franco, decidiu promover esforço concentrado na próxima semana para que o fim da cumulatividade possa ser aprovado. Também deu prioridade às medidas de combate à violência urbana. Essa medida é importante porque vai desonerar a produção e, especialmente, as exportações. Governo e oposição concordam em que o aumento das exportações é a melhor alternativa para aumentar o volume de reservas cambiais, exauridas com a crise especulativa.
Quanto mais rápido o Banco Central conseguir debelar a pressão de desvalorização do real, tanto mais tranqüila será a transição para o governo que será eleito nas eleições de outubro. Na economia globalizada, a solução não depende apenas de ações internas, mas também do cenário internacional e do apoio que os países ricos derem ao Brasil. Para aumentar a exportação, por exemplo, não basta apenas capacidade da produção brasileira, mas da abertura dos mercados lá fora. A crise no Mercosul mostra claramente essas dificuldades.


JOSÉ BARRIONUEVO

Retirada do PDT pode antecipar segundo turno
O movimento feito por Brizola, retirando o candidato a governador, endossa a polarização existente hoje no Estado e pode antecipar a decisão para o primeiro turno, num confronto entre Tarso Genro (PT), candidato da situação, e Antônio Britto (PPS), de oposição. Ao retirar o candidato, mesmo sem se acoplar formalmente ao projeto do ex-governador, Brizola está sinalizando a sintonia que deve haver entre Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, e Britto, filiados ao mesmo partido (PPS) e que têm no PT o adversário comum.
Neste contexto, fica reduzida a força dos setores mais à esquerda, que optariam num segundo turno por Tarso Genro.

PDT pretende ser fiel da balança mais uma vez
A exemplo do que aconteceu no segundo turno em 1998, quando o PDT assegurou a vitória de Olívio Dutra, Brizola acredita que os trabalhistas podem muito mais este ano desequilibrar a eleição. Situado mais à esquerda, o apoio do PDT provocaria, na avaliação do líder maior do partido, um estrago maior no PT. Na hipótese remota de uma decisão em primeiro turno favorável a Britto, Brizola despontaria como padrinho do vitorioso. Este resultado no RS é fundamental para o projeto de implantação do novo trabalhismo, legado de Getúlio, Jango e Pasqualini que, aos 80 anos. Brizola pretende passar para Ciro Gomes, que seria ungido como legítimo herdeiro. É a última cartada do velho caudilho, 55 anos depois de ter conquistado o primeiro mandato, como constituinte estadual em 1947.

Liberado, PTB apóia Britto
O PTB gaúcho sente-se liberado para restabelecer a aliança que pregava desde o início, tendo Antônio Britto para governador, Sérgio Zambiasi e José Fogaça para o Senado. Fica faltando apenas José Fortunati, que era o nome para vice-governador numa frente trabalhista formada por PPS, PTB e PDT. O presidente nacional do PDT, José Carlos Martinez, que, ajudado por Roberto Jefferson, enfiou goela abaixo a coligação com o PDT, está sendo afastado da coordenação da campanha de Ciro.

Produção e Metade Sul
Pelo menos três prioridades devem ser incorporadas ao plano de governo de Britto se o PDT decidir apoiar formalmente sua candidatura. A primeira é a escola em tempo integral no ensino público estadual, algo sagrado para Brizola. Mais duas: a duplicação da Estrada da Produção, construída no governo Brizola, e um projeto arrojado de desenvolvimento da Metade Sul. Estes em parceria com Ciro Gomes.

Aproximação em plenário
A primeira sessão do semestre, ontem, na Assembléia Legislativa serviu como um ensaio para uma provável convivência entre PPS e PDT, independentemente da posição oficial a ser adota por Brizola. Cézar Busatto, do PPS, circulou com desenvoltura entre os pedetistas e foi chamado de companheiro pelo deputado Kalil Sehbe. Médico, Ciro Simoni já era lembrado para ocupar a Secretaria da Saúde na hipótese de uma vitória da oposição.

Restrições também para a TV Assembléia
A TV Assembléia, canal 16 da NET, está atrelada às mesmas regras da televisão aberta, sujeita a multas pesadas e retirada do ar na hipótese de propaganda eleitoral. Esta é a orientação da Justiça Eleitoral transmitida ontem durante a primeira reunião da Mesa na abertura dos trabalhos do semestre. Alguns deputados, como Flávio Koutzii (PT), interpretam esta possibilidade como “uma quebra da inviolabilidade do mandato” assegurada na Constituição.

Sendo a Casa representativa de todas as tendências, termina havendo equilíbrio nas transmissões ao vivo.

De qualquer forma, a Mesa está orientando os deputados para que não levem buttom, adesivos ou cartazes para a tribuna – o que já é vedado pelo Regimento Interno. Também recomenda que, nos discursos, os deputados se fixem no exame de questões do interesse do Estado, sem proselitismo eleitoral explícito.

Esta é a primeira eleição com funcionamento da TV Assembléia, que desde junho é transmitida para 18 grandes municípios do Interior.

Rigotto rejeita Tarso e vê mais transparência em Olívio
Na hipótese de um segundo turno contra Britto (ou Celso Bernardi), Germano Rigotto (PMDB) dispensaria qualquer parceria com Tarso Genro, a quem vê desde já como oposição a seu governo, se chegar ao Piratini.

– Temos projetos diferentes. O ex-prefeito é o meu grande adversário, não ele, mas o projeto que ele representa, o mal que seu partido está fazendo ao RS – disse, em resposta a uma pergunta de Antônio Pires, ex-superintendente da Sudesul (hoje extinta), no encerramento de um debate, ontem.

A declaração foi feita em reunião-almoço da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE), que promove rodízio entre os candidatos. Perante duas centenas de empresários, Rigotto alertou para a postura do candidato do PT.

- Não se iludam com Tarso. Ele representa tudo o que está aí e muito mais. Olívio tem uma coisa que mais admiro, é transparente. Tarso não é.

Rigotto também não poupou Britto, “sem negar os acertos de seu governo”. Acha que o ex-companheiro de partido foi derrotado pelo “isolamento e falta de diálogo”.

– O maior erro de um homem público é se isolar, e se sentir dono de todas as verdades – cutucou ao encerrar, avisando que vai romper a polarização existente.

Mirante
• Convocado para concorrer a deputado federal, José Fortunati vai examinar esta possibilidade de reforçar a nominata do PDT. Assume mais um desafio, a apenas dois meses e cinco dias da eleição.

• A deputada Maria do Rosário (PT) está debatendo a construção do Plano Estadual de Enfrentamento e Combate ao Tráfico e Exploração Sexual.

• Houve forte adesão da comunidade cultural em apoio a Tarso Genro e Miguel Rossetto, demonstrando que a Secretaria da Cultura é a área mais ág il, mais criativa e com melhor poder de mobilização. Detalhes na edição de amanhã.

• Hostes petistas impressionadas com o desempenho de Vieira da Cunha na reunião com Brizola. Foi um gigante. Tarso não teria sido mais contundente na crítica ao governo anterior. Chegou a levar caderninho com anotações.

• A reunião foi muito tensa. Só a liderança de Brizola evitou uma cisão.

• Brizola cortou de plano a lembrança de seu nome para vice de Ciro. Depois da experiência com Lula não titubeou:
– Aos 80 anos? Não!

• De Celso Bernardi, candidato do PPB, no debate na Comissão de Agricultura: “O governo petista olha para os grandes e pensa pequeno, olha para os pequenos e continua pensando pequeno”.


ROSANE DE OLIVEIRA

Nas entrelinhas
Perspicaz como convém a um homem com a sua bagagem, o ex-governador Leonel Brizola veio ao Rio Grande do Sul, ouviu o PDT, terminou de implodir a candidatura de José Fortunati e preparou o terreno para a decisão que será tomada nos próximos dias sobre o futuro. Brizola auscultou os trabalhistas e concluiu que não era hora de impor nada, nem mesmo de tirar por completo a esperança dos que ainda sonham com a candidatura própria. Deixou para liquidar o assunto na segunda-feira, quando Alceu Collares reafirmará que não aceita ser candidato a governador.

O que o PDT fará na eleição de 6 de outubro depende da reação dos líderes e dos filiados às idéias lançadas ontem como balão de ensaio. Usando metáforas, Brizola apresentou ao PDT a idéia de apoiar a candidatura do ex-governador Antônio Britto (PPS). Como sabe das resistências que o nome de Britto enfrenta em setores do PDT, teve o cuidado de não avançar o sinal. Chegou a dizer que essa é uma hipótese remota e foi aplaudido pelos que querem distância do ex-governador.

Arauto da aliança com Britto, o deputado Pompeo de Mattos cometeu uma frase de efeito para explicar por que o apoio só deve ser anunciado mais tarde: “Não se anuncia o casamento da viúva durante o velório do marido”. Descontado o gosto duvidoso da comparação, resta a constatação óbvia: há um grupo no PDT louco para subir ao palanque de Britto.

Sem ser explícito, Brizola deu três passos na direção de Britto. Primeiro, elegeu a sucessão presidencial como prioridade para o PDT, o que implica remover todo e qualquer obstáculo à candidatura de Ciro Gomes no Rio Grande do Sul. Segundo, passou a dizer que o importante é ter um plano de governo com aval de Ciro para o Estado – e fez saber ao PPS que suas prioridades incluem a escola de tempo integral, a duplicação da BR-386 e um plano de desenvolvimento para a Metade Sul. São projetos caríssimos, que o Estado não tem como bancar sem ajuda federal. Por fim, parou de fazer críticas a Britto e renegou até as que fizera no passado recente.

Seja qual for a decisão da cúpula, as bases do PDT tendem a se dividir sem candidato próprio. O que nem Brizola sabe é qual o tamanho da fatia que irá para o lado de Tarso Genro, candidato do PT.


Editorial

UM CHAMADO À RAZÃO

O presidente da República condenou ontem, ao encerrar a Reunião dos Chefes de Estado dos Países de Língua Portuguesa “a imprevisibilidade total” da economia mundial e comparou determinados mecanismos de auxílio a países em desenvolvimento a “um esparadrapo para cobrir uma ferida”. Já na abertura da cúpula, na quarta-feira, um dos dias mais nervosos já vividos por seu governo no campo financeiro, fizera ele o que definiu como “um chamado à razão e à sensatez”. Em tom enfático, o senhor Fernando Henrique Cardoso advertiu que “os povos e as nações valem mais do que os mercados. Sem povo e sem nação não existe mercado”. Num recado direto aos investidores e aos especuladores, disse que “nada abalará” sua confiança nos rumos traçados e nos fundamentos sólidos da economia brasileira. Criticando o protecionismo, o primeiro mandatário voltou a defender mudanças nos mecanismos mundiais de proteção e regulação financeira, pregando uma globalização de caráter solidário.

Sua conclamação é oportuna e relevante. Nesse particular, é preciso fazer justiça ao chefe do Executivo, pois foi ele provavelmente o primeiro governante a cobrar da comunidade internacional regras para conter a volatização dos capitais e os ataques especulativos a moedas de países periféricos. Cumpre recordar ainda que nenhum outro mandatário enfrentou tantas crises de origem predominantemente externa como ele, a começar pela do México em 1995, mal se iniciara sua administração. Mas é necessário também ter em mente que o momento requer menos retórica e mais ação, exige mesmo uma vigorosa investida brasileira para assegurar a pronta liberação de recursos substanciais do Fundo Monetário Internacional (FMI) com vistas a tranqüilizar um mercado que não raro, nos últimos tempos, dá mostras de completa irracionalidade.

Declarações irresponsáveis de candidatos projetarão uma
imagem negativa da conjuntura

A esse propósito, é evidente que não se irá cobrar dos candidatos ao Planalto alinhamento com o oficialismo ou subscrição de pacotes de ajuda cujos termos desconhecem. Mas certamente é seu dever patentear algum tipo de compromisso com a estabilidade, a governabilidade e as instituições democráticas. É fato consabido que qualquer declaração irresponsável de um dos concorrentes pode projetar uma imagem extremadamente negativa da conjuntura, e que lá fora será inevitavelmente extrapolada por analistas bancários com pouca ou nenhuma familiaridade com a realidade nacional. De outra parte, soa pelo menos estranho que homens públicos que visam a assumir o poder demonstrem animosidade em relação ao acordo com o FMI, pois essa parece ser a única saída para impedir que convivam, no Planalto, com a continuidade da crise cambial. Inquieta também a maneira como combatem o novo acerto, quando deveriam estar preocupados, isto sim, com um acerto que, já que inevitável, onere o menos possível a sociedade brasileira, a começar pela exigência de metas fiscais inalcançáveis, pois ou acarretarão aumento de impostos ou erguerão mais obstáculos à retomada do crescimento.


Topo da página



08/02/2002


Artigos Relacionados


Sarney comemora aumento da aprovação pública do Congresso e prevê votações de reformas em 2004

Assembléia define as votações

Assembléia encerra período de votações ordinárias

Assembléia retoma votações na terça-feira

Assembléia retoma votações na próxima terça-feira

Assembléia aceita vetos do Executivo e define votações da semana