Bancos de dados organizam informações de hemocentros
O projeto se chama REDS, do inglês Retrovirus Epidemiology Donor Study, e iniciou em 2006
Transfusões de sangue são procedimentos delicados que necessitam de uma série de informações sobre o material utilizado, a fim de evitar contaminações, rejeições e outros diversos problemas de saúde. A fim de elaborar estudos que aumentem a eficácia da segurança transfusional por meio do tratamento e análise de dados, o Instituto Norte-Americano de Saúde (NIH) financia um projeto que envolve três bancos de sangue brasileiros e o Grupo de Pesquisas em Bancos de Dados e de Reconhecimento de Padrões do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP.
O projeto se chama REDS, do inglês Retrovirus Epidemiology Donor Study, e iniciou-se em 2006, com previsão para ser concluído no ano de 2011. O REDS foi elaborado por três hemocentros brasileiros – A Fundação Pró-Sangue, do estado de São Paulo, a Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais (Hemominas), presente em sete cidades mineiras, e a Fundação Hemope, de Pernambuco – e pelo Blood Systems Research Institute, de São Francisco, Califórnia (Estados Unidos). A coordenação geral do projeto é de Ester Sabino, da Fundação Pró-Sangue. A idéia é elaborar um banco de dados que permita “identificar padrões de doadores, não-doadores e doadores pontuais”, de acordo com João Eduardo Ferreira, professor do IME e coordenador da parte computacional do projeto.
A tecnologia de bancos de dados nos hemocentros é utilizada para coletar dados que permitam a identificação de padrões de resposta e séries temporais, ou seja, indicações, baseadas em formulários de coletas, de como se comportam os doadores, com o intuito de “melhorar a qualidade do doador e da doação”, afirma o professor.
Etapas
O REDS se constitui de três grandes etapas. Primeiramente, é necessário o trabalho de limpeza e tratamento de dados, que Ferreira denomina “tratamento automatizado”. É utilizada uma técnica de limpeza de dados para os cerca de 400 mil registros obtidos mensalmente nos três hemocentros. Nenhum dado é descartado, ao contrário do que o termo “limpeza” pode vir a sugerir. “Quando não há qualidade (de informação), há a caracterização do dado, conferindo um grau de confiabilidade a ele, mas nada se joga fora”, reitera o professor. Esta primeira fase é onde se encontra o projeto atualmente.
A segunda fase é a de análise de dados de séries temporais. Por meio dos dados, já tratados, serão analisados o comportamento do doador ao longo de tempo e com base em sua classe social e região onde vive, entre outros cruzamentos de informações possíveis. Ferreira cita um exemplo: “Mulheres, em especial de pouco peso, tendem a ficar anêmicas após a doação. Se esse comportamento é detectado, recomendações serão dadas a fim de evitar o efeito colateral e aumentar a freqüência e a qualidade da doação”.
Outro comportamento que pode ser detectado a partir de um banco de dados sólido sobre o doador é se a pessoa está doente, previamente incapaz de fazer doações, e faz uso do sistema de exames fornecido a quem se propõe a doar sangue, cujo custo é elevado se feito em outra situação. Nessa segunda fase, surgirão as respostas dos hemocentros em relação à construção do banco de dados.
A terceira fase consiste na finalização do projeto. “A meta é captar dados de outros hemocentros, além de melhorar a resposta dos já inclusos no projeto”, garante o professor. Um hemocentro no estado do Rio de Janeiro já tem planos concretos para inclusão no projeto, com direito a verbas alocadas. Ao fim do projeto, a base de dados será alocada junto aos Grupos de Pesquisas de Banco de Dados e de Reconhecimento de Padrões do IME, que também conta com a participação de outros professores da Unidade, Nina Hirata e Roberto Marcondes.
12/13/2007
Artigos Relacionados
CCJ DISCUTE SIGILO DE INFORMAÇÕES CONTIDAS EM BANCOS DE DADOS
CCJ APRECIA SIGILO DE BANCOS DE DADOS
CCJ EXAMINA PROJETO QUE DISCIPLINA USO DE BANCOS DE DADOS
USO DE BANCOS DE DADOS SERÁ EXAMINADO PELA CÂMARA
LÚCIO ALCÂNTARA PROPÕE .NORMAS PARA BANCOS DE DADOS
Taques quer responsabilizar bancos que não enviarem dados solicitados em investigação