BENEDITA PEDE MAIS ATENÇÃO PARA SAÚDE DA MULHER



Com dados alarmantes sobre a mortalidade materna, a senadora Benedita da Silva (PT-RJ) cobrou hoje (28), Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, uma maior atenção do sistema de saúde brasileiro para o problema.

Citando dados do próprio Ministério da Saúde, Benedita informou que a taxa de mortalidade materna no Brasil corresponde a 134 mortes para cada 100 mil nascidos vivos. Isto equivale a uma morte a cada duas horas. Morte materna é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após seu término.

A OMS considera aceitável um índice de até 20 óbitos de mães para cada 100 mil nascidos vivos. Nos Estados Unidos, esta taxa é de oito a cada 100 mil, e chega a cinco por 100 mil no Canadá. A complicar mais ainda as coisas, segundo a senadora, está a grande subnotificação e sub-registro das mortes. Isto faz com que as taxas oficiais sejam de duas a quatro vezes menores que os índices reais.

Benedita ainda afirmou que a OMS considera que as principais causas de mortes maternas são a falta de assistência médica, a falta de informação sobre métodos contraceptivos, a realização de abortos clandestinos em péssimas condições e a desnutrição, a fome, o excesso de trabalho e o péssimo estado de saúde geral.

Outros dados sobre a saúde da mulher trazidos pela senadora mostram que o câncer de colo do útero mata entre cinco mil e dez mil mulheres por ano no Brasil. É o segundo tipo mais comum de câncer ginecológico, superado em incidência apenas pelo câncer de mama. Este matou 6,7 mil mulheres no Brasil no ano passado, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

A senadora qualificou de "constrangedoras" as taxas referentes à saúde da mulher. Ela chamou também a atenção para os índices de esterilização das mulheres, que alcança 59,5% na região Centro-Oeste e 46,3% no Rio de Janeiro. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a média de idade de esterilização de mulheres é hoje de 29 anos. Há 10 anos, esta média era de 34 anos de idade.

Benedita afirmou que a maioria das esterilizações ocorre durante o parto, e 60% das mulheres foram esterilizadas após uma operação cesariana. Este tipo de operação é também um dos abusos constatados pela senadora: enquanto a OMS recomenda um máximo de 10% de cesarianas para o número total de partos realizados, no Brasil este índice chega a 36%.

A senadora relatou ainda que esteve ontem (dia 27) com o ministro da Saúde, José Serra, a quem pediu apoio para as iniciativas do ministério referentes à melhoria da saúde da mulher. A senadora reconheceu que houve efetivamente um esforço para implementar algumas políticas públicas para o início de uma garantia de saúde preventiva para as mulheres.



28/05/1998

Agência Senado


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