Bernardi promete valorizar Polícia









Bernardi promete valorizar Polícia
Programa de governo inclui divisão da Secretaria da Justiça e da Segurança e respeito à hierarquia

O candidato do PPB ao Palácio Piratini, Celso Bernardi, lançou ontem programa de governo que enfatiza cinco pontos específicos: o compromisso com a palavra, a realidade do Estado, a superação dos falsos dilemas, a redução dos custos administrativos e a supressão de ideologias partidárias do governo e da administração. A segurança pública também aparece como prioridade. A Secretaria da Justiça e da Segurança deverá ser dividida em duas. Uma pasta ficaria responsável pela justiça e pelos direitos humanos e a outra pela política de segurança. 'Essa questão depende apenas da posição adotada pelo governador. É preciso respeitar a hierarquia e valorizar as polícias', afirmou. O candidato salientou a importância da apresentação de propostas de governo, justificando que 'não adianta querer tirar o PT do poder, mas saber o que colocar no lugar dele'.

Para Bernardi, o desenvolvimento deve acontecer a partir das estruturas de produção local e da atração de investimentos de fora do Estado através de incentivos fiscais. Destacou que a redução das despesas da administração sem demitir servidores pode acontecer diminuindo em 25% os cargos em comissão e reorganizando e extingüindo secretarias. Avaliou que é essencial descentralizar o governo para que ele fique mais perto da sociedade. 'O Estado deve ter as pessoas como objetivo principal. A proteção à família e a inclusão social são pontos fundamentais', destacou. Bernardi também ressaltou a importância de investimentos na agricultura a nas indústrias, não importando se elas são pequenas, médias ou grandes. Ele afirmou que os maiores problemas do Estado são o déficit de R$ 4 bilhões, a pouca qualidade do serviço público, os baixos salários de servidores, como policiais e professores, a falta de investimentos e a situação do IPE, que considerou um risco de governabilidade.

O candidato lembrou que participou do governo anterior, mas foram as diferenças de pensamento que fizeram o PPB lançar candidatura própria. Informou que foi enviado documento ao candidato à Presidência da República da aliança PSDB-PMDB, José Serra, propondo parceria nas mudanças para o Rio Grande do Sul.


PSTU acusa governo de dar calote
Presidenciável chama encontro com adversários de 'encenação' para manter atual política econômica

O candidato ao Palácio do Planalto e fundador do PSTU, José Maria de Almeida, criticou ontem o encontro do presidente Fernando Henrique Cardoso com os seus adversários. Disse que não foi procurado por FHC, mas que não aceitaria o convite. Classificou como 'encenação' que tem como objetivo dar 'calote social' na população, formando pacto de transição de governo com os candidatos para que seja mantida a atual política econômica. José Maria esteve em Porto Alegre, onde realizou panfletagem contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e se reuniu com apoiadores de sua campanha. Salientou que o acordo com o Fundo Monetário Internacional tem o objetivo de salvar os bancos americanos que irão receber os 30 bilhões de dólares.

José Maria declarou que as atitudes do candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, demonstram que ele mudou. Ressaltou que propôs ao partido a formação de frente de trabalhadores, mas que Lula preferiu se coligar ao PL e defender programa que mantém os acordos com o FMI e as negociações com a Alca. Acusou o candidato e a direção do PT de desprezarem a opinião da população, abandonarem as suas origens e defenderem compromisso com projetos capitalistas.

O programa de governo de José Maria tem como prioridades a ruptura com o FMI, o não-pagamento da dívida externa e a estatização dos bancos. Defendeu a cobrança de impostos progressivos aos que recebem mais de 20 salários mínimos e classificou como absurda a CPMF. Revelou que entre os dias 1º e 7 de setembro o PSTU irá realizar plebiscito em todo o país sobre a Alca. A população poderá responder se o governo deve assinar acordo com o bloco e ceder a base espacial de Alcântara, no Maranhão, ao governo dos EUA.


Agenda dos candidatos

HOJE
11 Celso Bernardi (PPB)
8h: gravação de programas de rádio e TV. 20h: Santa Cruz do Sul.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
9h: reunião com Movimento Tradicionalista Gaúcho. 12h: ato de arrecadação de fundos para a campanha. 14h: gravação de programas de rádio e TV. 19h: reunião com direção da Fiergs e do iergs. 21h: ato dos operadores do Direito, na Capital.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
Tribunal de Contas do Estado, reunião com coordenação de governo e Federação das Indústrias do RS.
22 Aroldo Medina (PL-PSD)
17h30min: comício, na Esquina Democrática. 20h30min: comício, em Alvorada.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
Tribunal de Justiça e gravação de programas de rádio e TV.
40 Caleb de Oliveira (PSB)
Avaliação de programas de rádio e TV.


Ciro diz a Mello que é mal interpretado
No encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio de Mello, na tarde de ontem, o candidato ao Palácio do Planalto pela Frente Trabalhista, Ciro Gomes, tentou passar a imagem de homem sereno, democrata e que respeita as instituições. Ciro disse a Mello que algumas das suas frases vêm sendo interpretadas equivocadamente, como na semana passada, quando teria afirmado que 'o mercado que se lixe', durante jantar com empresários. 'Ele tornou a ressaltar que foi governador e prefeito e que sempre manteve nível de compreensão maior com o Legislativo e o Judiciário', contou o presidente do STF.


Bingo de bode no Piauí ameaçou primeira-dama
A primeira-dama do Piauí, Leda Napoleão, quase foi presa por agentes federais, domingo. Com ordem da Justiça Eleitoral, foram verificar se procedia a denúncia de que Leda e assessores estariam promovendo o bingo de um bode e distribuindo brindes ao povo, em Teresina, durante comício do seu marido, Hugo Napoleão, candidato à reeleição pelo PFL. A denúncia não foi confirmada.


Aécio faz 18 pontos a mais que Cardoso
Aécio Neves, que concorre ao governo de Minas Gerais pelo PSDB, lidera, com a folga de 18 pontos percentuais sobre Newton Cardoso, do PMDB, a pesquisa de intenções de voto realizada pelo instituto Datafolha nos dias 15 e 16 deste mês. O presidente da Câmara dos Deputados tem 38% contra 20% de Cardoso. Há a possibilidade de o tucano vencer ainda no 1º turno, pois a soma das intenções de voto de todos os adversários é de 33%. A simulação do Datafolha para o 2º turno mostra Aécio com 51% e Cardoso com 32% dos votos. O instituto ouviu mil eleitores em 60 cidades mineiras. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.


Começa o horário de rádio e TV hoje
Enquanto os dois primeiros colocados nas pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e Ciro Gomes, do PPS, terão de manter os eleitores dispostos a votar neles e tentar conquistar novos adeptos, a equipe de José Serra, do PSDB, enfrenta o desafio de recuperar a desvantagem e garantir uma vaga no 2O turno. Esse é o cenário da disputa presidencial, que hoje ganha o palanque eletrônico, com o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. 'A televisão tem importância vital para a nossa campanha', disse o publicitário Nelson Biondi, um dos coordenadores de marketing dos tucanos. O marqueteiro de Ciro, Einhart Jacome da Paz, considera a propaganda 'uma espécie de canhão'. O secretário de Comunicação do PT, Ozéas Duarte, acha que o horário eleitoral fará os eleitores indecisos optarem por alguma candidatura.


Datafolha aponta Rosinha com 44%
A candidata do PSB ao governo do Rio, Rosinha Matheus, lidera com folga a disputa de acordo com o levantamento feito pelo instituto Datafolha nos dias 15 e 16 deste mês. Rosinha conquistou 44% das intenções de voto, 25 pontos percentuais a mais do que o segundo colocado, o ex-prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira, do PDT, que tem 19%. A governadora Benedita da Silva, do PT, conta com 12% das preferências. Nas simulações de 2º turno, Rosinha ganharia de Benedita por 60% contra 25% e de Jorge Roberto por 56% contra 31%. O Datafolha realizou o levantamento com 1.078 eleitores de 40 cidades fluminenses. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.


Deputados recebem apelo para votação
O presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, do PSDB, apelou ontem para que os parlamentares compareçam a Brasília na próxima semana devido à votação do fim da cumulatividade do Programa de Integração Social (PIS), que faz parte do projeto de minirreforma tributária em tramitação no Congresso Nacional. O governo pretende votar o fim da cobrança em cascata do PIS dias 27 e 28 na Câmara, o que tem a concordância da maioria dos partidos, mas esbarra na resistência de os deputados terem de se deslocar para Brasília por causa das campanhas eleitorais nos estados. Segundo Aécio, o esforço significa contribuição à tranqüilidade da transição presidencial.


Gaúchos do PT surpresos com exclusão do OP
A coordenação do programa do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou domingo que 'não há perspectiva de implementar o Orçamento Participativo (OP) no país sem antes haver o fortalecimento das instituições democráticas e sem a redefinição do pacto federativo'. O coordenador-geral do programa, Antônio Palocci Filho, chegou a dizer que ele não pode ser mantido em nível federal. As declarações foram recebidas com surpresa por líderes do PT no Estado. O ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont disse que a interpretação da coordenação do programa é um equívoco e descaracteriza a identidade do PT. 'Abrir mão do Orçamento Participativo é ficar refém de um Congresso marcado pelo clientelismo. O partido não pode cair nessa armadilha', enfatizou. Para ele, há plenas condições de criar o OP nacionalmente, apesar da complexidade. 'É preciso estabelecer elementos compensatórios', explicou.

O presidente estadual do PT, David Stival, afirmou que é preciso rever a forma de aplicação do OP no país. Segundo ele, será mantida em eventual governo de Lula a idéia de democratização do acesso aos recursos, mas com outra metodologia. 'Lula não está abandonando o princípio que sempre defendemos de transparência na aplicação de recursos, mas é difícil mantê-lo da mesma forma que a aplicada no Estado, especialmente no começo do governo', avaliou Stival.

A secretária do Governo Municipal, Helena Bonumá, salientou que a boa experiência do OP em Porto Alegre e no Estado indica que deverá ser estendido para a União. 'A fragilidade e a desorganização das finanças públicas que Fernando Henrique deixa como herança trazem enormes dificuldades iniciais de operação ao novo governo', observou. Segundo Helena, o programa nacional do PT não exclui o OP e ele será criado nacionalmente.


Lula receberá apoio de Sarney semana que vem
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e o senador José Sarney, do PMDB, acertaram encontro para a próxima semana, quando o ex-presidente vai formalizar o apoio. Eles conversaram ontem por telefone momentos antes de o candidato se reunir com o presidente Fernando Henrique. A aproximação é negociada pelo presidente nacional do PT, José Dirceu.


Maluf chega a 40% e Alckmin tem 24%
O ex-governador e ex-prefeito Paulo Maluf, do PPB, lidera a disputa ao governo de São Paulo, segundo pesquisa do instituto Datafolha. Maluf tem 40% das intenções de voto e o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, segundo colocado, 24%. O candidato do PT ao governo, José Genoino, atingiu 10% das intenções de voto. Os eleitores que declararam aos pesquisadores que pretendem anular o voto, votar em branco ou que não têm candidato somaram 6%. Outros 8% disseram que ainda não fizeram a sua escolha. O Datafolha ouviu 1.181 eleitores em 61 cidades paulistas nos dia 15 e 16 deste mês. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos.


PMDB de SP troca o candidato
O escritor e ex-deputado estadual Fernando Morais, do PMDB, renunciou ontem à candidatura ao governo de São Paulo. Disse que tomou a decisão porque 'não concordaria em participar de farsa'. Em nota, informou que há uma semana se surpreendeu com comunicado da produtora de TV encarregada da propaganda eleitoral do PMDB comunicando-lhe que o seu tempo no horário eleitoral gratuito teria de ser cedido ao candidato do partido ao Senado, Orestes Quércia. 'Para esclarecer a questão, falei com Quércia. Ele insistiu que essa era a decisão do partido', afirmou. Morais foi procurado domingo pelo ex-deputado Airton Sandoval e pelo deputado Marcelo Barbieri. 'Informaram que estavam ali por orientação do presidente do partido, Quércia, para reiterar o que ele havia me dito. A prioridade é a eleição de Quércia e essa atitude se refletirá em toda a campanha', acrescentou.

Morais comentou que, se aceitasse essa condição, estaria negando a sua militância política: 'Passei anos lutando pelo sagrado direito do voto e não poderia participar dessa farsa'. Garantiu que o PMDB nunca havia mencionado a cedência de espaço. 'Atribuía as insinuações de que eu era candidato laranja a fofocas da imprensa', revelou.

O PMDB escolheu o deputado federal Lamartini Posella para substituir Morais. Quércia disse que nunca houve imposição do seu nome para os programas, só da apresentação das realizações da sua gestão.


PPB abrirá propaganda ao governo amanhã
Os candidatos ao governo do Estado começarão amanhã as campanhas no rádio e na TV. Serão 20 minutos por bloco (dois em cada veículo) dedicados às propostas, às ações de governos passados ou do atual e à troca de acusações. Celso Bernardi, que concorre pelo PPB, abrirá a propaganda eleitoral gratuita. Ele foi beneficiado por sorteio feito pelo Tribunal Regional Eleitoral.

Segundo Bernardi, seu programa insistirá que o Estado não tem apenas duas opções de poder, o PT ou o PPS. Disse que enfatizará os equívocos cometidos pelo atual governo, as promessas feitas e não-cumpridas pelo então candidato Olívio Dutra, do PT, em 1998. 'Apesar de enfatizar essas questões, meu programa não será de críticas, mas de apresentação de propostas e do compromisso de que cumprirei minha palavra com os eleitores', garantiu. De acordo com o coordenador de marketing da coligação Rio Grande em Primeiro Lugar (PPS-PFL-PSL-PT do B), Valdir Loef, o programa do candidato Antônio Britto será voltado a ações futuras no governo. 'Queremos olhar pra frente, com um programa alegre e propositivo', afirmou, ao dizer que serão secundárias as comparações e as críticas ao atual governo.

A propaganda de Tarso Genro, que concorre pela Frente Popular (PT-PCB-PC do B-PMN) irá priorizar as comparações entre o governo Olívio e a administração anterior. 'Até porque os números são muito favoráveis ao PT', disse o coordenador-geral da campanha, José Eduardo Utzig. A imagem de Tarso também será bastante trabalhada porque, segundo Utzig, em determinadas regiões do Estado não o conhecem como em Porto Alegre. Nos primeiros programas haverá apresentação de Tarso. O candidato da aliança União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS), Germano Rigotto, afirmou que não fará programa agressivo aos adversários. Acrescentou que irá criticar quando necessário, mas vai enfatizar as propostas de governo e apresentará alternativas p ara o Estado, admitindo aproveitar as boas iniciativas realizadas pela atual administração.


Tarso quer 29 mil na Brigada
Tarso Genro, candidato do PT ao governo, defendeu ontem a criação da Secretaria da Segurança Pública, que seria desmembrada da área da Justiça, e o aumento do efetivo da Brigada Militar para 29 mil policiais. Ele falou à noite na Associação de Cabos e Soldados da Brigada Militar, detalhando pontos do seu programa de governo para a área da segurança pública. Durante a manhã, Tarso se encontrou com 200 diretores de hospitais filantrópicos do Estado na Santa Casa de Porto Alegre. Prometeu investir mais na descentralização dos serviços de alta complexidade como forma de reduzir a concentração de pacientes que buscam determinadas especialidades em alguns pólos hospitalares. Afirmou que se empenhará pessoalmente para garantir o saneamento do IPE e acusou o governo anterior de ter planejado a extinção do atendimento médico do instituto, o que deixaria 1 milhão de pessoas desassistidas. Reuniu-se ao meio-dia com representantes do setor jovem da Fetag, no Colégio Anchieta, e à tarde gravou para a televisão.


Temer acredita que Serra vai subir daqui a 20 dias
O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, afirmou ontem que 20 dias seriam um 'bom prazo' para que o candidato do PSDB à Presidência da República, senador José Serra, supere a desvantagem nas pesquisas. A expectativa de Temer é que o crescimento ocorrerá como resultado dos programas do horário eleitoral gratuito de rádio e TV, que começam hoje.


TRE impede PDT e PTB de fazer parte da aliança
O Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) manteve a decisão da juíza Sulamita Cabral, negando pedido do PTB e do PDT para participar da coligação Rio Grande em Primeiro Lugar. Também foram rejeitados 11 recursos da Frente Popular solicitando anulação ou redução de multa por propaganda irregular. Os desembargadores decidiram manter o valor da multa em 5 mil Ufirs (R$ 5.320,50) a candidatos infratores.


Tribunal vai lacrar urnas 1 mês antes
O lacre final do sistema das urnas eletrônicas ocorrerá em 4 de setembro. Segundo o relator das instruções do TSE, Fernando Neves, antes do lacre, serão apresentadas aos partidos as mudanças no software das urnas sem módulo impressor para aproveitamento parcial da votação, caso haja interrupção do eleitor. Após o fechamento dos sistemas de segurança, a programação será levada aos estados.


Artigos

O sim ou o não
Maria do Carmo Bueno Garcia

Inicia-se hoje o horário político, com propaganda obrigatória. Embora se saiba que a TV e o rádio têm uma força extraordinária, não se tem certeza de que venham a influenciar conclusivamente a opção do eleitorado. Por força da legislação restritiva, a própria imprensa enfrenta dificuldades em noticiar e analisar os fatos. Os candidatos, por sua vez, utilizam uma linguagem 'trabalhada' que dificulta a avaliação da opinião pública. Há socialistas fazendo a apologia do capitalismo e vice-versa. Resulta daí uma situação contraditória, uma espécie de desinformação numa época em que todos deveriam estar bem informados.

Temos uma Justiça Eleitoral articulada, um invejável sistema informatizado de votação, um eleitorado numeroso e respeitável, mas não dispomos ainda de meios seguros para garantir a transparência das propostas políticas. É natural que as pesquisas indiquem que mais de metade dos eleitores está indecisa. O cidadão que em sã consciência quer acertar no momento sagrado em que pratica a democracia direta, a hora do voto, percebe que está cada vez mais distante o ideal recomendado no Sermão da Montanha: 'Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não'.

É fundamental, por isso mesmo, que se tenha muita atenção na procura do candidato ideal. Ele deve refletir a verdade, a sinceridade e estar dotado de prudência para nos governar. O dia de amanhã depende da decisão de hoje. E a boa decisão depende da clarividência com que se julga o contexto político. O sucesso ou o fracasso futuro pode estar sendo construído agora. No entanto, é preciso ter confiança na democracia e na capacidade de escolha dos brasileiros. Eles sabem que o Brasil precisa crescer anualmente a percentuais elevados, o que é difícil, mas possível e necessário, como diz o professor Hélio Jaguaribe. Diferentemente do que se fez na Argentina, chegou a hora de os brasileiros superarem as divergências para garantir ao país a sobrevivência que todos desejam e precisam. Chegou a hora de falar a verdade e mostrar ao povo aquilo que se pode realmente realizar. Chegou a hora do sim ou do não.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

CÂMERAS, LUZES, AÇÃO
Senhoras e senhores, o espetáculo vai começar hoje. Maquiadores, técnicos de som, câmeras, redatores, estrategistas, marqueteiros, cenaristas, teóricos, oportunistas, todos se recolhem diante do sinal de 'silêncio no estúdio'. Horários nobres em rádio e TV passam a ser ocupados por candidatos, os atores políticos, na derradeira cartada para convencer o eleitor-telespectador ou ouvinte ainda indeciso. Dependendo da performance, haverá identificação com um ou outro. Até ontem, todos declaravam que farão uma campanha limpa e propositiva. Vamos conferir quem resistirá à primeira provocação. De qualquer forma, preparemo-nos para monólogos ou depoimentos gravados com quem as assessorias querem ouvir, numa autêntica farsa.

DEU O ESPERADO
Os encontros do presidente FHC com candidatos à sucessão deram-se em clima cordial e civilizado. Prevaleceu a velha experiência do professor Cardoso na conversa para acalmar e tentar espantar a zebra.

NÃO DECOLA
A candidatura de José Serra no Estado é levada de forma amadora por meia dúzia de pessoas que quiseram se cacifar em Brasília. Fecharam o acesso aos puxadores de votos dos partidos que o apóiam.

DEVE E NÃO NEGA
Os precatórios do IPE vão a R$ 391 milhões. Somados aos R$ 450 milhões da administração direta do governo do Estado, totalizam R$ 841 milhões. O governo do Estado de São Paulo foi adiante: deve R$ 3,5 bilhões em precatórios. Tudo empacado sem pagamento previsto. É a confissão: os cofres andam na pior. Sem saída fica o devedor dos estados: acaba processado e executado com a perda do seu patrimônio.

VELHO DILEMA
Vários municípios se dividem entre o voto partidário e nome da região para Câmara e Assembléia.

ÔNUS
O deputado estadual João Luiz Vargas põe o dedo na ferida do PDT: 'Estamos pagando o ônus por não termos preparado com antecedência necessária uma candidatura ao governo do Estado. Que o episódio sirva de ensinamento para 2006'.

TORTURAS
Os vereadores ficaram horrorizados ao assistirem, ontem, a vídeo trazido pela veterinária Ana Maria Brenner de Lima, com torturas em animais como elefantes, tigres, leões, que são submetidos a maus-tratos. Depois que os adestradores os consideram educados, passam a se apresentar em circos. Ao final, surgiu a proposta de lei de proibir animais em circos. Será votada logo.

AO PÉ DO OUVIDO
Com destino a Montevidéu, Leonel Brizola fez escala ontem em Porto Alegre das 10h45min às 13h30min. Almoçou com Pedro Ruas e fez telefonemas. Costurou o megaevento do dia 24 em São Borja, com a presença de Ciro Gomes.

PREVIDÊNCIA
A Câmara decidirá na quinta-feira se a comissão especial que trata da previdência dos municipários terá 13 ou 11 integrantes. O relatório do vereador Luiz Braz é pela composição de 13. O PT quer apenas 11 e ameaça entrar na Justiça se não obtiver êxito. O prazo final para votar o projeto será no começo de setembro.

NÃO É FROUXO
Cantor Sérgio Reis, que esteve há uma semana em Porto Alegre, defende Ciro Gomes da pecha de pavio curto e lhe disse: 'Você não é frouxo. É só nervoso quando precisa ser'.

APARTES
Lula: 'O Brasil não quebrou, não está quebrando nem vai quebrar'.

Assaltado, às 20h30min de ontem, o comitê do candidato ao Senado Paulo Paim, na Farrapos.

Ciro Gomes veste, literalmente, camiseta de Brizola. Desfila no Rio com propaganda do presidente do PDT.

Pesquisa Câmera 2: você gostaria de que fossem colocadas câmeras de TV para vigiar sua rua 24 horas? Resultado: 77% sim; 23% não.

Candidatos a suplente de senador pelo PT consideram-se satisfeitos com a divulgação que o partido lhes dá.

Certo vereador de Porto Alegre repete jogador Kaká, do São Paulo: 'Não vão me parar com pontapés'.

TV Bandeirantes fez o que pôde, mas candidatos a vice para o Planalto não ajudaram. Sofríveis no debate.

Deu no jornal: 'Presidente FHC apelará por reformas'. Pois apelou.

Ioiô surgiu em 1929. Mesmo ano da quebra da Bolsa de Nova Iorque, que fez sobe-e-desce com o dinheiro.


Editorial

A PROTEÇÃO DO CONDOMÍNIO GLOBAL

A Organização das Nações Unidas (ONU) elaborou um preocupante relatório acerca das condições de vida na Terra, documento intitulado 'Desafio Global, Oportunidade Global'. Segundo ele, 40% da população mundial já sofre a escassez de água, 2,2 milhões de pessoas morrem anualmente por ingerir água contaminada e 3 milhões são mortas pela poluição gerada dentro de seus próprios lares. Acresce ainda que aumenta a procura por alimentos ao passo que a sua produção diminui e que a metade dos grandes primatas, animais próximos do homem em suas origens, está perto da extinção.

Com tais descrições sombrias e presságios nada promissores, o relatório abrange igualmente questões sobre água, saneamento, energia, produtividade agrícola, biodiversidade e saúde. Todos esses temas estarão em debate na conferência de cúpula da ONU, com a participação de mais de cem países, marcada para o período de 26 de agosto a 4 de setembro em Johanesburgo, África do Sul, que tratará sobre desenvolvimento sustentável. Não obstante se saber de antemão que essa conferência não produzirá nenhum tratado legal, espera-se que as nações participantes se comprometam efetivamente com as suas resoluções, de modo a empreender medidas que salvaguardem a natureza e que criem condições para erradicar a pobreza no mundo, atendendo às necessidades das populações mais desfavorecidas.

É de se esperar que nosso país possa ser um dinâmico participante da conferência e que se beneficie desse intercâmbio com as demais nações. Parte da preservação do ecossistema mundial é responsabilidade nossa, sobretudo porque a maior parte da Amazônia se encontra em território brasileiro. Neste mundo globalizado, fica a impressão de que somos todos habitantes de um grande condomínio mundial, no qual temos concomitantemente direitos e deveres perante um patrimônio comum. Há que se semear imediatamente uma consciência de que chega de agredir a natureza, buscando-se meios de barrar a sanha do lucro fácil e irresponsável. É necessário que os países pobres se desenvolvam para atender a suas necessidades básicas sem depredar, sem molestar a fauna e a flora. O planeta pede socorro e seu grito precisa ser ouvido. Lembremo-nos das palavras do cacique indígena que dizia que tudo que acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra.


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08/20/2002


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