Bloco PPS/PDT adverte esquerda



Bloco PPS/PDT adverte esquerda Partidos formalizam união para 2002 e mandam recado para as demais legendas de oposição no Estado, principalmente o PT e o PSB Os diretórios regionais do PPS e do PDT demonstram interesse em ampliar o leque de aliados para montar a chapa que concorrerá às eleições no Estado, em 2002. O espaço estaria reservado às demais legendas de oposição ao Governo Jarbas Vasconcelos (PMDB), desde que as siglas interessadas fiquem desprovidas de “vaidades” ou “hegemonias pré-estabelecidas”. O recado foi transmitido, ontem, durante o encontro que selou a aliança entre os dois partidos. Diplomático, o senador Roberto Freire (PPS) fez questão de livrar todas as legendas dessa advertência e reforçar o discurso da união. Mas ficou claro que o recado foi endereçado ao PT, que já lançou o nome do secretário municipal Humberto Costa (Saúde) para a disputa pelo Palácio das Princesas, e ao PSB, que também não nega o interesse de investir num candidato próprio. “Esses dois itens não são uma indireta ao PT ou qualquer outro partido. Até porque os petistas, por exemplo, foram nossos aliados nas eleições de 1996 e 98 e, no entanto, não eram o centro da aliança. É legítimo que eles se considerem capazes de levar um nome para a disputa de 2002 e achar que têm força sozinhos. Mas, em 2000, o PT só ganhou a Prefeitura do Recife porque nós estávamos todos juntos”, discursou Freire. Seguindo a orientação das executivas nacionais, o palanque PPS/PDT no Estado funcionará como o pilar da candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (PPS) à Presidência da República. Pensando na possibilidade das esquerdas em Pernambuco cultivarem outro palanque, a idéia dos dois partidos é proporcionar a harmonia na esfera regional e dar carta branca para que cada um defenda seus postulantes em nível nacional. “É possível que militantes e dirigentes das forças de oposição no Estado não se entendam, mas vamos conversar para que possíveis palanques duplos tenham uma relação respeitosa”, propôs Freire. Segundo os líderes dos dois partidos, a prioridade agora é estreitar as conversas com o PTB e fechar os nomes que integrarão a chapa proporcional. A elaboração de uma plano de Governo para o Estado aparece como a terceira tarefa Moderados do PT se fortalecem com eleições internas do partido A ala moderada do PT deve consolidar a maioria na correlação de forças do diretório nacional e a tendência é que o deputado José Dirceu (SP) seja reeleito presidente do partido para o quarto mandato, sem necessidade de segundo turno. Os números que indicam a vitória do grupo light, capitaneado por Luiz Inácio Lula da Silva, ainda são extra-oficiais, uma vez que houve pane de dez horas no sistema de transmissão de dados das seções estaduais para a sede, em Brasília. “A avaliação que temos, com base em informações dos Estados, é que a eleição será resolvida no primeiro turno, conforme previsto”, afirmou o deputado José Genoíno (SP), presidente em exercício do PT. Cálculos preliminares apontam ainda que perto de 200 mil petistas, de um universo de 861.953 filiados aptos a votar, compareceram às urnas no domingo para escolher o presidente nacional do partido e renovar suas direções, em todo o País. Pelas informações, Dirceu e a chapa Um outro Brasil é possível, que prega um programa de Governo mais ameno para a Presidência da República, obtiveram cerca de 55% dos votos. A pane que está atrasando a totalização dos votos no PT ocorreu por causa do congestionamento de dados no sistema. “Não prevíamos que todos enviassem os números apurados tão rapidamente”, disse o coordenador da votação eletrônica, Moacir Casagrande. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cedeu 1.100 urnas eletrônicas para a eleição petista, mas em 2.834 municípios (incluindo o Recife) a votação foi feita de forma convencional. Apesar da esperada vitória dos moderados, o número de votantes ficou abaixo das expectativas. O grupo de Dirceu estimava o comparecimento de 300 mil filiados. Além disso, cidades importantes não atingiram o quórum mínimo. Foi o caso de Belo Horizonte (MG), Juiz de Fora (MG), Contagem (MG) e Santos (SP). A eleição no Recife, capital administrada pelo PT, teve problemas com listas complementares de votação, com muitos nomes em duplicata. A tendência é que a comissão eleitoral anule os votos de uma urna, do núcleo Primavera (Casa Forte). O resultado oficial da eleição em Pernambuco só deve ser divulgado amanhã ou quinta-feira. Números extra-oficiais, no entanto, apontam o prefeito de Camaragibe, Paulo Santana, como o vitorioso na disputa pela presidência regional. “A nossa chapa tem mantido o percentual de 55,30% dos votos. Já passamos, inclusive, o quórum mínimo, uma vez que foram apurados os votos de 59 das 93 cidades habilitadas”, explicou Santana, referindo-se ao regulamento petista. Já falando como novo presidente do partido, Santana adiantou que seu principal desafio no cargo será “eleger Humberto Costa governador do Estado”. “Minha tarefa agora é coordenar a eleição de Humberto, sendo ele o candidato das forças de oposição no Estado. Pelo menos é isso o que aponta o caminhar da carruagem”, disse. Itamar decide ficar no PMDB e frustra o PDT O governador ligou para o líder pedetista Leonel Brizola para comunicar a decisão de permanecer no PMDB. Itamar também anunciou que vai disputar a prévia para a escolha do candidato do partido à sucessão de FHC BRASÍLIA – O governador de Minas Gerais Itamar Franco comunicou ontem à tarde, por telefone, ao presidente do PDT, Leonel Brizola, que vai permanecer no PMDB. Itamar disse a Brizola que pretende disputar a prévia do PMDB que vai escolher o candidato do partido à Presidência da República, marcada para janeiro. A notícia frustou os pedetistas. Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) comemorou a decisão de Itamar. A direção do partido, por sua vez, recebeu com frieza o anúncio. “O governador Itamar Franco tomou a melhor decisão”, comentou, lacônico, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer(SP). “Agora, as prévias de janeiro estão garantidas”, afirmou Simon. Os aliados de Itamar disseram que a decisão foi tomada depois de uma avaliação da fragilidade eleitoral do PDT; da necessidade de tempo de televisão para tornar viável a candidatura presidencial; e da resistência do candidato do PPS, Ciro Gomes, em formar uma chapa comum. Ao permanecer no PMDB, os itamaristas dizem que o governador optou por uma situação confortável, que lhe permitirá tanto ser candidato ao Palácio do Planalto, quanto ao Senado, por Minas. “A candidatura do Itamar enfrentaria dificuldades maiores do PDT, pois o partido tem pouco tempo de televisão”, disse o ex-deputado Israel Pinheiro (MG). A decisão surpreendeu Brizola que pretendia utilizar a candidatura Itamar para reerguer o PDT. O partido tem perdido muito espaço político nos últimos anos e está reduzido até mesmo em seus principais redutos: Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Mesmo assim, os trabalhistas dizem que não há hipótese de apoiarem Itamar, mesmo que ele consiga ser o candidato do PMDB. Com a decisão de Itamar o PDT volta à estaca zero e fracassa a articulação iniciada por Brizola para criar um pólo alternativo ao PT na oposição. Os trabalhistas têm como alternativas apoiar Ciro Gomes ou se reaproximar do PT. Mas nenhuma delas será adotada sem provocar novos problemas internos. Jáder renuncia hoje à Presidência do Senado BRASÍLIA – O presidente do Congresso, senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) confirmou ontem que renunciará hoje à Presidência do Senado. Jáder se sentará na cadeira de presidente do Senado, passando o cargo, em seguida, para o vice-presidente, Edison Lobão (PFL-MA). Irá então à tribuna, de onde fará o discurso de renúncia, que pretende transformar num marco. Jáder passou o dia todo em sua casa, no Lago Sul, para estudar os termos do pronunciamento. Ele disse, por telefone, que deverá falar de improviso, pois acredita que, assim, conseguirá dar força e emoção ao discurso. Ele não pretende falar a respeito do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), maior desafeto dele e um dos principais responsáveis pelas denúncias que o levaram uma situação insustentável, que culminará com a renúncia. O senador afirmou que, da tribuna do Senado, examinará o momento político do País e as circunstâncias que o levaram a se decidir pela renúncia. Jáder dirá que aceitou a renúncia porque “vislumbrou pelo menos dois benefícios com o gesto: o projeto de poder do PMDB, partido que, por ser majoritário, tem direito de dirigir o Senado, e o respeito à instituição”. “Ao deixar a Presidência da Casa, poderei contribuir para evitar que a imagem do Senado se desgaste cada vez mais”, afirmará o senador. Deputado Orisvaldo Inácio sofre acidente no Sertão O deputado estadual Orisvaldo Inácio (PMDB) sofreu traumatismo craniano e teve um pulmão perfurado quando seu veículo Pajero capotou, ontem à tarde, no município de Sertânia, interior do Estado. Amigos do parlamentar disseram que ele voltava para o Recife com mais três pessoas no carro e todos os ocupantes saíram feridos no acidente. Os médicos informaram que o estado de saúde do deputado é .... Informações dão conta de que o motorista do parlamentar identificado apenas como Heraldo dirigia o veículo na PE- 275, próximo ao Trevo de Sertânia, quando o carro virou. Além do deputado e o motorista, as estudantes Erivânia Santos e Renata Alves – que pegavam carona para o Recife – também ficaram feridas. Todas as vítimas foram levadas para o Hospital de Sertânia e transferidos para o Hospital de Arcoverde. A estudante Erivânia Santos sofreu arranhões e acabou liberada. A sua colega Renata Alves fraturou o fêmur e permanece em observação. O motorista Heraldo quebrou a clavícula. Mas, de todos os feridos, quem mais exigia cuidados era o deputado. Mesmo estando consciente, ele foi trazido para o Hospital Português do Recife num avião fretado pela Assembléia Legislativa de Pernambuco que pôs a disposição do parlamentar todo o seu quadro médico. A mulher do parlamentar, a prefeita de Afogados da Ingazeira, Gizelda Simões está acompanhando o marido Colunistas Pinga-Fogo - Inaldo Sampaio Vetado pelo PFL No Brasil, se fosse possível escolher o próximo presidente da República, por concurso, o favorito absoluto seria o ministro José Serra. Forjado na luta contra o autoritarismo, ele tem estatura para o cargo, visão dos problemas nacionais e internacionais e já foi testado nas urnas várias vezes, primeiro como candidato a deputado federal, depois a senador, e finalmente a prefeito de São Paulo. Faz uma verdadeira revolução no Ministério da Saúde, apesar de isso ainda não estar sendo reconhecido pela maioria do povo brasileiro. Não obstante, o PFL não o quer como candidato, a julgar por recentes declarações dos seus principais líderes políticos. O veto mais forte é o de ACM, maior eleitor individual do partido. Além de considerar que o ministro da saúde representa apenas os interesses da alta plutocracia de São Paulo, ele diz ter outro motivo para não querê-lo como candidato: Serra é filiado ao PSDB, que é controlado na Bahia pelo seu adversário político, deputado Juthahy Magalhães Júnior. Na mesma linha do ex-senador, o líder na Câmara Inocêncio Oliveira também externou publicamente o veto do PFL ao ministro tucano. “É o melhor ministro da saúde que o Brasil teve nos últimos anos, só que não decola”, disse ele. Conclusão: o PFL não sabe quem quer mas já sabe quem não quer. Serra faz parte dessa última lista. Em louvor da vida Já refeito do susto em Nova York, aonde se encontrava na última terça-feira quando se deu o ataque terrorista ao World Trade Center, o deputado Severino Cavalcanti (PPB) viaja hoje para Brasília. Sábado passado, dia do seu retorno ao Recife, ele foi homenageado com um jantar pelo prefeito de Jaboatão, Fernando Rodovalho (foto). Levou consigo a mulher, D. Amélia, que encontrava com ele nos Estados Unidos, todos os filhos, genros e noras. Esquerda, volver! A julgar por suas últimas declarações, o senador Roberto Freire (PPS) desistiu de esperar pelo apoio de Jarbas Vasconcelos ao ex-ministro Ciro Gomes. Está declaradamente na oposição e disposto a contribuir para que seja formada em Pernambuco, no próximo ano, uma grande frente de esquerda para disputar o governo estadual. O problema não é sair e sim achar para onde ir Soube-se ontem que o deputado Armando Monteiro Neto estaria quase decidido a continuar no PMDB. Sua motivação seria semelhante à de Joaquim Francisco (PFL): as siglas disponíveis na praça não seriam do seu agrado. Só perderia para dois na sua coligação O deputado Severino Cavalcanti voltou otimista dos EUA. “Se sair a coligação do meu partido (PPB) com o PSDB”, disse ele, “eu serei o 3º mais votado. Só perco mesmo pra Roberto (Magalhães) e Sérgio (Guerra)”. Volta às origens A aproximação Brizola-Ciro facilitou a união PDT-PPS em Pernambuco. Os “costureiros” dessa unidade foram Pedro Eugênio (PPS) e Wôlney Queiroz (PDT). O pai de Wôlney, José Queiroz, poderá ser candidato a governador ou ao Senado, pelas oposições, dependendo do apoio que possa receber do PSB, PTB e PT. Roberto Magalhães (PSDB) não aposta um réis na candidatura de Roseana Sarney a presidente da República, e muito menos a vice. “Entre o Senado certo e uma vice duvidosa, é óbvio que ela fará opção pela primeira alternativa”, disse o ex-prefeito do Recife, que foi cogitado para vice de Covas, Brizola e Maluf na campanha de 89. Aquilo que parecia ter sido uma omissão foi em boa hora corrigido. Por decisão de Romário Dias (PFL), presidente da Assembléia Legislativa, a ex-deputada Adalgiza Cavalcanti já foi incluída na série dos ex-parlamentares que fizeram história em PE. O seu perfil está sendo escrito por Luzilar Gonçalves Ferreira. Se foi para “enciumar” Sérgio Pinho Alves (PSDB), seu antigo aliado e hoje adversário, o deputado Eduardo Campos (PSB) seguiu à risca o figurino. Foi ao Clube Municipal de Paulista na última sexta-feira e, lá, fez rasgados elogios ao prefeito Antonio Speck (PMDB), que um dos “xodós” do Governo do Estado. De um graduado diretor da Secretaria da Fazenda sobre a nova assembléia geral extraordinária do Sindifisco que está marcada para hoje: “Tô doido que esse greve-tartaruga se acabe porque não aguento mais ir para a Secretaria para fazer de conta que estou trabalhando. Chega de ócio!” Editorial Nova lei de arborização O plantio de vegetais nativos, no Recife, foi previsto na Lei municipal 16.348, sancionada em 1997. Ela estabelece que 50% da vegetação nova em praças e logradouros públicos devem ser de espécies da Mata Atlântica pernambucana. Imposição mais difícil de executar do que imaginavam os legisladores. Um novo dispositivo legal sobre o mesmo assunto foi assinado pelo prefeito João Paulo. Nele, estão inseridas normas necessárias para que o plantio de árvores em praças e ruas da cidade siga as determinações de um novo Plano de Arborização Urbano, a ser subsidiado por informações da engenharia florestal. Ultimamente, a pretexto de evitar zonas de escuridão em ruas e praças, e com isso o aumento dos assaltos, diante da economia forçada de energia elétrica, vêm sendo cortadas árvores (ou, pelo menos, sua copa), que durante os dias ensolarados dão sombra generosa aos transeuntes e às fachadas das casas, diminuindo o calor de nossa cidade tropical. Assim, necessária e mais urgente ainda se torna a nova regulamentação do assunto. Mas, claro, não basta haver um plano bem elaborado. Faz-se necessário também um programa permanente de educação ambiental, para toda a população. Os cortes (poda) parecem ser feitos, hoje, sem nenhum critério técnico. Empresas contratadas nem sequer utilizam sempre os equipamentos adequados. Quando a derrubada de galhos é feito apenas num dos lados, para proteger a fiação elétrica, pode mesmo provocar a queda da árvore, ameaçando os transeuntes descuidados e, sobretudo, os veículos estacionados junto ao meio-fio. Por outro lado, dizem os especialistas que os cortes em “U” e “V”, para fazer os fios elétricos passarem pelo meio, pode ser danoso, pois mata o “olho”, ou broto, impedindo que o vegetal volte a se desenvolver. Em 1995, o Programa Pernambuco Verde implantou campos de plantação municipais que produziram cerca de 1,7 milhões de mudas. Aproximadamente, 40 municípios fizeram seus viveiros, que passaram a ser mantidos pelas prefeituras ou associações comunitárias. Outros nove vieram a funcionar em batalhões da Polícia Militar, sobretudo para atender a apicultores das regiões próximas, unindo à iniciativa ecológica um bem econômico. Não se sabe se todos funcionam de forma conveniente, mas, felizmente, outras medidas vêm sendo tomadas no sentido de suprir de novas mudas florestais os que têm consciência da importância do reflorestamento. É necessário insistir na educação da população, que está comercializando seus antigos quintais, um símbolo do Recife de séculos passados, para atendimento à construção de novos edifícios. Os recursos da mídia, num processo de sensibilização, são inumeráveis e funcionam, desde que atendam a critérios pedagógicos elementares. Uns poucos edifícios conservam algumas árvores. Reportagem do JC nos deu conta da existência de 418 árvores para cada grupo de 6,5 mil habitante por quilômetro quadrado, na capital pernambucana. Fomos uma das primeiras cidades arborizadas da América. Não podemos mais pensar em grandes solares cercados de árvores frutíferas, mas podemos manter nossas ruas e praças arborizadas nos nossos dias. Isso contribui para tornar mais agradável a vida no nosso centro urbano e na periferia da cidade. Há capitais cercadas de florestas, como Rio Branco, no Estado do Acre, em que a área urbana foi quase completamente desmatada. Já Belém se orgulha de suas mangueiras e outras plantas (não nativas, geralmente) que dão sombra e embelezam as largas avenidas. A diferença de temperatura é notável, entre elas, ainda que a capital paraense esteja bem mais perto da linha do Equador. Como disse o poeta Neumanne Pinto, nascido na Amazônia, falando como se fosse ele próprio uma árvore: “Olha bem pra mim,/ transeunte urbano./ Enquanto me encontrares/ teu pulmão de cristal/ não vai se estilhaçar”. Topo da página

09/18/2001


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