Brizola ameaça romper com Ciro Gomes



Brizola ameaça romper com Ciro Gomes PORTO ALEGRE – O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, disse ontem, durante uma visita a Porto Alegre, que o ingresso do ex-governador do Rio Grande do Sul Antônio Britto no PPS representa “um complicador” para o apoio pedetista à candidatura do ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes à Presidência da República. Principal promotor de uma aliança envolvendo Ciro Gomes e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), o líder pedetista descarta o suporte à possível candidatura de Britto no Estado, por causa das diferenças ideológicas entre os dois. Enquanto Brizola estatizou as telecomunicações no Rio Grande do Sul, na década de 60, Britto privatizou a estatal telefônica durante a gestão dele. “O posicionamento do ex-governador Antônio Britto pode abalar os entendimentos nacionais, porque seria uma incoerência o palanque num estado de uma maneira e em outros estados de outra maneira”, afirmou Brizola, durante a visita. O PDT gaúcho deve lançar o vereador José Fortunatti, ex-fundador do PT e recém-filiado ao PDT, candidato a governador, e o PPS, possivelmente, escalará Britto para as eleições, embora o pré-candidato hoje seja o deputado Bernardo de Souza. De acordo com o líder do PDT, Itamar também se afastou de uma aliança com as oposições, na medida em que decidiu permanecer no PMDB e disputar as prévias do partido, que acontecerão em janeiro. “O governador Itamar Franco assumiu outro rumo, afastou-se da sucessão”, avalia Brizola. “O PMDB só tem uma saída para restaurar sua imagem, que é a candidatura do Itamar”, completou o ex-governador. Além de Itamar, o senador Pedro Simon (RS) disputará a indicação do partido à Presidência da República. O governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos também foi convidado pelo presidente nacional da legenda, Michel Temer (SP), para participar das prévias. Na próxima semana ele anunciará de aceita ou não o convite. PSB garante palanque próprio Ato de filiação ao PSB se transforma em novo ensaio para a candidatura de Eduardo Campos. Não faltaram críticas a Jarbas e à “arrogância” de setores da esquerda A festa de filiação do PSB, ontem, na Câmara Municipal, refletiu as intenções do partido para a disputa eleitoral do próximo ano. O anúncio das novas adesões e o lançamento da chapa proporcional à Assembléia Legislativa e à Câmara dos Deputados – composta por 70 postulantes – foram o combustível usado por líderes socialistas em defesa de um palanque próprio, encabeçado pelo deputado federal Eduardo Campos. Os socialistas justificaram o otimismo destacando, ainda, que a legenda está resgatando seus redutos eleitorais no interior. Além de enaltecer os nomes da disputa proporcional, os socialistas abriram espaço para críticas à “arrogância” de outros partidos de esquerda, em mais um sinal de que a unidade não passa de sonho. Na ótica de alguns membros do PSB, o PT se precipitou ao sinalizar a candidatura do secretário municipal de Saúde, Humberto Costa, ao Governo do Estado. O PSB não viu com bons olhos, também, a formação do bloco PPS/PDT. Para o deputado federal Djalma Paes (PSB), os três partidos “isolaram as forças”, no momento em que adiantaram os seus projetos. “Temos uma chapa de peso na disputa e um potencial enorme para arcar com uma candidatura própria. Estávamos precisando disso para reafirmar o partido. Eduardo Campos é um nome fortíssimo, principalmente no interior, e isso mostra que não estamos amarrados a ninguém. O PT nos assustou quando lançou um nome ao Governo de forma precipitada, da mesma forma que o PPS e o PDT nos engessaram, quando firmaram um pacto”, resumiu Djalma. Antecipando a essência da campanha, os socialistas criticaram a política do Governo Federal e o Governo Jarbas Vasconcelos (PMDB). O líder do PSB na Assembléia Legislativa, deputado Carlos Lapa, foi um dos mais ofensivos. “Pernambuco nunca teve uma administração tão corrupta. Nós, do PSB, vamos mudar isso e pôr um fim às obras superfaturadas”, provocou. O discurso de Eduardo Campos também foi recheado de ataques à aliança PMDB/PFL/PSDB. O parlamentar também elogiou as proposições do governador Anthony Garotinho (PSB-RJ) na briga pela Presidência da República. “Aqueles que acabaram com Pernambuco são os mesmos que disseram que o PSB estava no fim. Estamos aí para mostrar o contrário, para provar que temos força do Sertão à Região Metropolitana e juntos vamos lutar pela candidatura do Garotinho à Presidência. O único que apresentou uma proposta consistente de Governo, comprometida com o povo”, afirmou. A empolgação foi tanta que até a polêmica sobre a filiação do vereador Clóvis Corrêa (ex-PSDB) foi deixada de lado. Os setores que haviam prometido a entrega de uma carta à executiva, repudiando a adesão do parlamentar, não compareceram à solenidade, entre eles o vereador Pedro Mendes (PSB), principal crítico da filiação de Clóvis. Jarbas faz suspense sobre prévias BONITO – Apesar da proximidade do encerramento do prazo dado pelo PMDB para decidir se disputará ou não as prévias internas do partido para a eleição presidencial, o governador Jarbas Vasconcelos está guardando a sete chaves sua decisão. Na próxima quarta-feira (03), ele vai a Brasília conversar com a direção nacional do partido. “Estou dentro do prazo que me foi dado. Sei que existe uma inquietação na aliança, mas isso é natural”, afirmou o governador, que esteve ontem nos municípios de São Joaquim do Monte e Bonito, no Agreste do Estado, autorizando o início de obras na região. No início da semana, Jarbas procurou políticos do Estado para discutir a possibilidade de aceitar a disputa das prévias do PMDB. “Falei sim com algumas pessoas, mas não vou divulgar os nomes de ninguém”, afirmou. De acordo com integrantes da aliança, mesmo viajando na quarta-feira Jarbas pode adiar a divulgação de sua decisão. “Ele já sabe o que vai fazer, mas pode ser que prefira esperar alguns dias para anunciar”, avaliou uma fonte ligada ao Palácio. Jarbas afirmou que apesar das declarações do presidente do PMDB, Michel Temer, que no início da semana afirmou que iria procurá-lo para conversar sobre a possibilidade da indicação do secretário de Governo, Dorany Sampaio, para o Ministério da Integração Nacional, não recebeu nenhuma informação oficial sobre o tema. “Não recebi nada oficial, mas acredito que apesar da veiculação do nome de Dorany para ocupar o cargo a tendência natural é mesmo que fique com algum representante da legenda no Senado. Afinal, o PMDB tem 25 senadores e essa é uma vaga natural daquela Casa. Isso não significa que Dorany foi preterido. Até porque nem eu pedi, nem Pernambuco pediu sua indicação”, avaliou. A renúncia do senador Jáder Barbalho é dada como certa pelo governador. “Ele já deveria ter tomado uma decisão. O processo está muito lento. Quem está sofrendo o maior desgaste com isso não é o Senado e nem Jáder. É o País”, concluiu. Jáder lançado candidato ao Governo e ataca ACM Senador partcipou da filiação de cerca de 200 pefelistas ao PMDB, atacou o ACM e afirmou que “desmontará a palhaçada” montada contra ele. Também disse que pode ser candidato ao Governo do Pará ou ao Senado BELÉM – Cerca de 200 vereadores, prefeitos, secretários municipais e líderes políticos de 11 municípios do Oeste do Pará deixaram o PFL e assinaram ontem a ficha de filiação ao PMDB, lançando com faixas e cartazes o nome do senador Jáder Barbalho ao Governo do Estado no ano que vem. O próprio Jáder, recebido festivamente por 400 pessoas ao desembarcar no aeroporto de Santarém, foi quem abonou as fichas de seus novos correligionários. Em resposta aos apelos para que dispute o Governo contra o candidato a ser lançado por seu grande adversário, o governador Almir Gabriel (PSDB), Jáder afirmou: “Ainda não decidi se irei para o Senado ou se voltarei ao Governo pela terceira vez”. O ex-governador paraense Hélio Gueiros, que presidia o PFL no Estado, e o prefeito de Santarém, Lira Maia, foram as mais expressivas adesões obtidas pelo PMDB. “O PFL, para mim, acabou no Pará. Não dava mais para ficar no comando do partido e aceitar a supremacia do soba (chefe de tribo africana) nordestino”, afirmou Gueiros, referindo-se ao ex-senador Antônio Carlos Magalhães. A filiação ao PMDB, segundo Gueiros, era apenas o “retorno ao velho aconchego partidário, mas o motivo principal era prestar solidariedade a Jáder pelas calúnias e difamações” que o senador estaria sofrendo. O ex-governador disse que entrava no partido “como soldado” e que não tinha pretensão de “voar alto” na próxima eleição. “Eu só ainda não fui presidente da República, mas essa maluquice não passa pela minha cabeça.” O prefeito Lira Maia bateu na mesma tecla, acrescentando que Santarém e o Pará recebiam “de braços abertos o homem que enfrentou e venceu e os representantes da elite deste País”. Jáder fez um discurso inflamado para sua platéia de velhos e novos seguidores. Voltou a se definir como vítima e discriminado por ter chegado à Presidência do Senado pelo fato de ser “um caboclo paraense”. À certa altura, o senador mandou um recado para seus algozes, afirmando que “ainda tem muita munição para queimar em sua defesa no Conselho de Ética”. “Se a perícia que eu pedi nos documentos do Banpará chegarem a tempo, eu vou desmontar toda a palhaçada que armaram contra mim e provarei minha inocência. Mas, se não houver tempo para isso, terei que optar por outro caminho (a renúncia) para não ser afastado da vida pública.” Artigos Um filme de terror JURACY ANDRADE É aterrador. A própria desordem estabelecida foi desestabilizada. O chamado establishment (indústria bélica + plutocracia = donos do poder) já não está tão established como antes, nos ‘bons’ tempos da Guerra Fria e do Pensamento Único. Bush 2º, o Caubói Aloprado, declarou sua guerra santa contra os infiéis, bradando, qual novo messias, que ‘quem não está comigo está contra mim’; empurrou os Estados Unidos de volta ao macartismo (um retrocesso de 50 anos) e, com isso, ganhou uma aprovação assombrosa da população americana, tão teleguiada e politicamente manipulada como as dos países que seu governo se julga no direito de oprimir. Muito além da dor legítima do povo dos Estados Unidos, dos parentes e amigos dos mortos, mutilados e feridos, de todos os homens que acreditam na vida e na felicidade para todos, foi ferido e desmoralizado o poder ilegítimo (usurpado da humanidade) daquele establishment ora desestabilizado. Essa desmoralização (não a tragédia) é boa para quem quer um mundo decente e justo, para quem quer uma verdadeira ordem, e não uma desordem, estabelecida. Mas a reação, que era esperada, do gigante ferido, lembra aqueles filmes de terror e ficção mórbida produzidos em Hollywood. Bush 2º e seus trogloditas bem que poderiam se contentar com faroeste. Em levantamento feito há dez anos, a parafernália da morte contava com 50 mil bombas nucleares (o equivalente a 13 bilhões de toneladas de dinamite), mais 70 mil toneladas de gás venenoso, 2 mil navios e submarinos nucleares, e por aí vai. Já aumentou o poder de morte. E tudo isso não está sob o controle ‘competente, altruísta e pacifista’ da águia americana. Atualmente, há 300 toneladas de plutônio. Não sei para que tanto plutônio, como diria Luiz Gonzaga homenageando seu pai Januário. O governo dos EUA, sempre preocupado com o ‘bem-estar’ da humanidade, comprou plutônio da ‘redemocratizada’ Rússia. Mas ninguém sabe quanto plutônio, armas nucleares, químicas e biológicas andam rolando por aí, inclusive em mãos de terroristas. Um ataque irresponsável dos EUA seria um filme de terror. Curioso é o repentino abandono do triunfalismo liberal. Estado mínimo já era. Bush 2º socorre, com bilhões de dólares, setores prejudicados com a tragédia de 11 de setembro. O conjunto de instrumentos de política econômica adotado por Washington reabilita paradoxalmente dinossauros e jurássicos. Quem acreditou no Consenso de Washington e nas virtudes do liberalismo vai ter que arranjar outra fé. E os fabricantes de armamentos estão morrendo de rir, zombando do luto dos cidadãos americanos. Nosso bravo xogum Fernando 2º, sempre tão atento ao ‘moderno’, já providenciou um Plano Nacional de Mobilização, que intervém no sistema produtivo do País. Que heresia! PS - José Nivaldo Júnior internacionalizou-se como escritor com seu Maquiavel, o Poder traduzido em romeno, com o título Machiavelli Puterea, editado pela maior editora daquele país eslavo de língua neolatina, a Editura Economica. * De amanhã até 3 de outubro, realiza-se o I Congresso de Direito Tributário, no Centro de Convenções da UFPE, promovido pelo Instituto Pernambucano de Estudos Tributários e a Editora Business, com apoio do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários. * Muito obrigado a Patrícia Bandeira de Melo, de quem recebi estimulante e-mail. Ela foi minha estagiária e hoje é jornalista gente grande. Vou ver se arrumo espaço para transcrevê-lo no outro sábado. Colunistas Pinga-Fogo - Inaldo Sampaio O recado de Arraes A vitalidade física de Miguel Arraes não impressiona apenas os seus adversários. Os correligionários também a admiram. Dias atrás, num encontro com políticos recifenses, Roberto Magalhães se disse impressionado com o vigor físico e intelectual do ex-governador, que apesar de já ter rompido a barreira dos oitenta faz peregrinações pelo interior praticamente todas as semanas, preparando-se para disputar no próximo ano uma cadeira na Câmara Federal. Ontem, no ato de filiações ao PSB de líderes rurais e metropolitanos, na Câmara Municipal do Recife, ele fez um discurso com aquela mesma empolgação de quem debuta nos palanques aos 20 anos, reafirmando históricos compromissos com os “excluídos” da sociedade. Os seus seguidores deliravam. O ex-deputado arenista Alfredo Coutinho, que o ouviu atentamente num canto do plenário, elogiou a sua coerência quando ele se reportou à situação crítica da zona canavieira de Pernambuco: “Um velho discurso, porém muito atual”. Todavia, a parte política do discurso propriamente dita foi a que o ex-governador se referiu à unidade das nossoas esquerdas. O PSB, segundo ele, jamais contribuiu para a divisão dessas forças e vai se manter nesta mesma posição. “Mas ajuntamento não é unidade”, ressalvou. Os destinatários do recado seriam o PT, o PDT, o PPS e o PTB. Agenda de candidato Garotinho (foto) caiu nas pesquisas mas não arquivou ainda o seu projeto de ser candidato a presidente da República. Sua agenda neste final de semana foi mais carregada que a de FHC. Quinta esteve em Cajazeiras (PB) e Juazeiro do Norte (CE) e ontem passou o dia em Belém do Pará. Hoje estará em Fortaleza para assistir à filiação ao PSB do presidente da Assembléia Legislativa, Wellington Landim (ex-PSDB), e na próxima 2ª em São Luís (MA). Cadê a aliança? Políticos que se filiaram ao PTB pelas mãos de Carlos Wilson sob a promessa de que esse partido se coligaria com o PT nas eleições proporcionais começam a dar sinais de inquietação. Eles querem uma declaração pública dos petistas de como esta aliança será celebrada. Do contrário, a chapa de estaduais do PTB poderá sofrer defecções. PSB faz festa hoje em Caruaru e em Petrolina O ex-prefeito de Caruaru, Anastácio Rodrigues, filia-se hoje ao PSB. Estarão no ato de sua filiação o deputado Eduardo Campos, o presidente do partido Jorge Gomes e o vereador João Arraes. De lá o trio segue para Petrolina. Após o PSB e o PMDB, próxima parada é PSDB Depois da deputada Malba Lucena e do seu filho, Charles, que será candidato a deputado federal, o próximo reforço que o PSDB pernambucano receberá será o deputado Joca Colaço (ex-PMDB). Ele se filiará nesta 2ª feira. Longe do PT Ao decidir abrigar em seus quadros o ex-prefeito de Camaragibe João Lemos e o deputado estadual Nélson Pereira, o PCdoB sinalizou concretamente que não irá marchar com o PT em 2002. Motivo: os novos comunistas são desafetos do secretário Humberto Costa (PT). A sua provável aliança é com o PSB. Total indiferença Dorany Sampaio não moveu uma palha até agora para que o deputado federal Armando Monteiro Neto permaneça no PMDB. Trata-o com absoluta indiferença. Já o deputado José Chaves, que é o coordenador da bancada federal, disse que lutará até a última hora “para que ele continue em nosso partido”. O ato por si só é emblemático. A próxima assembléia-geral dos delegados de polícia será no auditório do Sindifisco, na próxima segunda-feira às 15h. A Addepe irá formatar uma proposta de reajuste salarial para ser enviada a Maurício Romão (administração), que promete dar uma resposta à categoria até a sexta-feira, dia 5. Certo de que pelo PMDB não tem a mínima chance de se eleger deputado estadual, o vereador Jorge Chacrinha pediu autorização a Jarbas Vasconcelos para se candidatar pelo PSDC. O governador deu-lhe o “aprovo” mas o presidente do partido, vereador Luiz Vidal, recusa-se a aceitá-lo. Pressionado pelos servidores de Paulista para dar aumento de salário, o prefeito Antonio Speck (PMDB) disse que não pode e deu os motivos: encontrou a máquina inchada (3 mil funcionários) e um “rombo” de R$ 1,6 milhão no fundo previdenciário dos servidores. O Sindicato contratou uma auditoria para checar a veracidade dos dados. Do prefeito Fernando Rodovalho (PSC) sobre a sua atitude inusitada de, com uma canetada só, demitir todo o secretariado e a totalidade dos ocupantes dos “cargos comissionados”: “Muitos vão voltar. Mas terão primeiramente que vir falar comigo e assumir compromissos claros com a população de Jaboatão”. Editorial A hora é de ação O tema exportação volta à ordem do dia, na esteira dos vagalhões provocados pelos atentados terroristas em Nova Iorque. Não é por falta de órgãos e programas, anunciados para aumentar nossas exportações e melhorar, assim, o balanço do comércio exterior, que o desempenho do Brasil nesse campo continua ruim. Agora, o governo anuncia, pelo ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral, mais uma iniciativa nesse sentido, que é a criação de uma Comissão Executiva de Comércio Exterior. Ela funcionaria nos moldes (parece que o governo gostou do molde) da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica, conhecida como ‘ministério do apagão’. Seria um ‘ministério da exportação’. A diferença é que, ao contrário do caso da energia, que criou uma duplicidade de ministros (José Jorge e Pedro Parente), Sérgio Amaral vai acumular o ministério e a comissão. Segundo o ministro, a intenção do governo ao criar o novo órgão é desburocratizar o comércio exterior, “tirar as amarras da exportação”. Quem ou o que estaria amarrando as exportações? Aliás, essa conversa de desburocratização já é bem antiga. Quando o real perdeu a inocência, sendo desvalorizado, no início de 1999, após garantida a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, isso foi visto como bom para melhorar o desempenho das exportações brasileiras. A expectativa não se concretizou. A economia nacional, indubitavelmente, tem razões que a própria razão desconhece. Mas há também quem acredite que a desvalorização da moeda não tem efeitos mágicos sobre a exportação. Agravaria, inclusive, as despesas das indústrias com importação de máquinas e insumos. Além do mais, não basta ter produtos exportáveis e querer exportar. É preciso que haja compradores interessados. E os grandes mercados internacionais, como os da Europa e Estados Unidos, continuam criando todo tipo de obstáculos aos produtos brasileiros, com pesadas taxas alfandegárias, sobretaxas, exigências sociais e ecológicas, que não ocorreram aos países hoje desenvolvidos na sua vitoriosa arrancada colonialista. Os ministros da área econômica garantiram a FHC que a saída para a crise da alta do dólar não passa por nenhum tipo de controle cambial. Em seu imediatismo na abordagem dos nossos problemas, eles estavam mais animados com um pequeno recuo da moeda americana e o anúncio de ligeiro superávit na balança do comércio externo. A equipe econômica já esquecera a sexta-feira, 21.09, quando o governo viveu momentos de muito nervosismo por não conseguir travar a subida desenfreada do dólar (pico na cotação do dia de R$ 2,8350). O que os ministros disseram a FHC foi desmentido, dois dias depois, com a imposição aos bancos de severo controle cambial. Na reunião ministerial que anunciou a criação da Comissão Executica de Comércio Exterior, nada de concreto foi adiantado quanto a providências e ações para melhorar o nosso desempenho no mercado internacional mundializado. O País já está cansado de reuniões e discursos com pretensões a tornar mais dinâmico seu comércio exportador. O presidente da República já chegou a proclamar ‘exportação ou morte’. Discursos iluminados por spots, nos belos cenários palacianos, não resolvem nenhum dos nossos graves problemas. Nós já sabemos disso e os governantes também. Depois de tantos anúncios e promessas, a hora é de ação. O panorama mundial está ainda mais desalentador após a tragédia de Nova Iorque e seus desdobramentos. Para que as exportações brasileiras deslanchem, faz-se necessário, com urgência, que o governo passe a dar à obtenção de superávits comerciais pelo menos a mesma importância que dá ao superávit fiscal. Na opinião de empresários de peso do setor de exportação, os que ainda conseguem exportar não contam com uma política de exportação. A comissão será bem-vinda se fizer mudanças para melhor dotar o Brasil de uma política para o setor. Topo da página

09/29/2001


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