CABRAL DEFENDE EXPLORAÇÃO DE MADEIRA SUBMERSA NA AMAZÔNIA
A imediata implementação do projeto de exploração de madeira submersa na Amazônia foi defendida hoje (dia 3) pelo senador Bernardo Cabral (PFL-AM). Ele afirmou que os lagos das usinas hidrelétricas de Balbina e Pitinga, no Amazonas; Tucuruí, no Pará; Uatumã, em Roraima; e Samuel, em Rondônia, acomodam quantidades incalculáveis de madeiras nobres.
Para Cabral, a exploração de madeira submersa terá grande impacto na redução do desemprego na região. O senador citou o biólogo e professor Philip Fearnside, para quem a única alternativa para acelerar o desenvolvimento da região é o aproveitamento racional dos recursos submersos.
A proposta, para o senador, é progressista e ambientalista. No primeiro caso, por transformar os abundantes recursos em produto econômico com alto valor de troca; e, no segundo, por empregar a racionalidade extrativista sem ferir a preservação da floresta.
Bernardo Cabral destacou o caso da construção da hidrelétrica de Balbina, onde a Eletronorte considerou lixo florestal aproximadamente 6,8 milhões de metros cúbicos de madeira nobre, no lago que ocupa 2,36 mil quilômetros quadrados. Estima-se que a quantidade de matéria orgânica seca por hectare atinja 600 toneladas em Balbina e 300 toneladas em Tucuruí, cujo lago tem tamanho semelhante.
Em Tucuruí, ressaltou o senador, já há o aproveitamento de toras submersas, mediante o trabalho de mergulhadores equipados com motosserras especiais. Mesmo com uma utilização muito aquém do desejável, o exemplo de Tucuruí ainda constitui caso excepcional como forma inteligente e lucrativa de exploração de produtos na Amazônia, opinou Cabral.
A concentração de madeiras no fundo dos lagos provoca ainda uma progressiva acidez das águas e a conseqüente corrosão das turbinas das barragens, além da redução de peixes. O senador acrescentou que a decomposição da floresta, que gera maciça liberação de carbono para a atmosfera, aumenta ainda mais o efeito estufa.
Por fim, concluiu Cabral, o aproveitamento dos recursos submersos servirá ainda como medida de intimidação junto às madeireiras asiáticas. O senador afirmou que estas empresas já adquiriram, em curtíssimo tempo, 8,6 milhões de acres na Amazônia brasileira, o correspondente a mais de 2% da floresta explorada.
O senador citou duas entidades internacionais não governamentais, a WWF for Nature e o Greenpeace, segundo as quais as madeireiras malaias "cultuam a desleal prática de se instalarem clandestinamente nas poucas florestas tropicais ainda sobreviventes".
- Elas não hesitam em propor manejo criminosamente hostil à continuidade da reprodução de diversas árvores em extinção, como é o caso do mogno no Brasil. Para as madeireiras asiáticas, não há moralidade ecológica que as convença da necessidade imediata de uma exploração inteligente e não suicida dos recursos das florestas - acusou Cabral.
Em aparte ao colega amazonense, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) qualificou a não utilização dos recursos naturais submersos como "um atentado que se comete até contra a soberania do Brasil". Já o senador Leonel Paiva (PFL-DF) reconheceu o prestígio das entidades ambientais citadas, mas ressalvou que há outras que causam desconfiança.
03/04/1998
Agência Senado
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