Cabral: Senado saiu na frente e já aprovou projeto do "pacote ético"
O Senado saiu na frente e aprovou um dos mais importantes projetos do chamado "pacote ético" do Congresso, acabando com a imunidade dos deputados e senadores que cometerem crimes comuns, afirmou em discurso o senador Bernardo Cabral (PFL-AM). A proposta depende agora de votação dos deputados para entrar em vigor e, no geral, só mantém a imunidade para as opiniões, palavras e votos dos parlamentares.
A emenda constitucional aprovada pelos senadores foi resultado da fusão de vários projetos, inclusive um do próprio senador Bernardo Cabral. Os senadores também já aprovaram outros três projetos que integram o "pacote ético", mas o Senado "é tido, em toda a imprensa, como uma Casa cuja vidraça precisa ser estilhaçada a toda hora", observa Bernardo Cabral.
O senador pediu à Mesa do Senado que tome medidas para acabar com a "campanha de difamação" contra a Casa, mesmo que sejam respostas jurídicas. "Os tribunais precisam ser convocados para que não se enlameie dessa forma o Congresso e, em particular o Senado", recomendou Bernardo Cabral.
- Precisamos dar um basta nisso. O Parlamento é uma das coisas que mais deve ser amada pelo povo. Parlamento fechado é sinônimo de que se pôs uma tábua, uma placa à sua porta, dizendo que a ditadura reina neste país - acrescentou. Para ele, o povo brasileiro "precisa aprender a amar o Parlamento, a distinguir os parlamentares bons e a punir, nas eleições, os que são maus".
Bernardo Cabral lamentou que "a honra, a dignidade, a postura dos senadores esteja toda nivelada ao que há de pior".
- Dizem, inclusive, que existem colegas que nem se identificam como senadores, pela frase que corre por aí: que esta é uma Casa à qual os palhaços não querem sequer ser assemelhados, que aqui se cometem os piores crimes. E todos os senadores - salvo exceções honrosas - são colocados no mesmo plano - lamentou.
Depois de lembrar que foi cassado pelo regime militar pós-64, perdeu dez anos de direitos políticos e a cadeira de professor universitário, o senador pelo Amazonas assinalou que se orgulha de ser senador.
- Custou-me muito chegar até aqui, desde os bancos acadêmicos, para que, de uma hora para outra, não se façam as exceções e se enxovalhem o Parlamento, que é a casa de ressonância do povo, onde vêm desaguar todos os clamores populares.
16/08/2001
Agência Senado
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