Capiberibe defende mudança no modelo de desenvolvimento e queda dos juros



Na véspera da reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), nesta terça (20) e quarta-feira (21), o senador João Capiberibe (PSB-AP), defendeu a redução da taxa básica de juros da economia, atualmente de 26,5% ao ano. Na visão dele, o que o país precisa é a retomada do crescimento da produção para poder fazer a inclusão social prometida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E para tanto, considerou fundamental a queda dos juros.

Capiberibe disse que o modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil está esgotado. Chamou a atenção para a gravidade da crise social e para o espaço estreito que o presidente Lula tem na gestão do orçamento público da União.

- O governo só pode dispor de 12,5% do orçamento federal. E política é feita através do orçamento público - salientou.

O senador mostrou, repartindo uma folha de papel, que a maior parte dos recursos federais é destinada ao serviço e amortização da dívida pública, uma outra parte está comprometida com pagamento de pessoal ativo e inativo, e ainda existe o compromisso com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de obter um saldo positivo nas contas do governo, depois de excluído o pagamento de juros e da parcela a amortizar anualmente ( superávit primário).

Capiberibe lembrou ainda que o modelo atual é intensivo no uso dos recursos naturais e sugeriu que o país mudasse o seu planejamento, colocando como questão central o meio ambiente e conhecesse de perto a experiência que vem sendo desenvolvida em algumas regiões da Amazônia. Citou o exemplo do Amapá, que construiu um modelo sustentável que respeita a natureza e pediu que fosse colocado um mapa no Plenário para que fosse possível localizar onde estão algumas dessas experiências bem-sucedidas.

Escola ambiental

Uma delas é a escola-bosque do Arquipélago do Bairi, na Foz do Amazonas, que já foi premiada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Capiberibe lamentou que uma experiência tão importante como a da escola sócio-ambiental esteja ameaçada com as mudanças de orientação que ocorreram no atual governo.

O conselho comunitário, que segundo o senador era parceiro nas decisões com o governo, foi substituído por uma cooperativa. Além de estar sob um comando único, considerado muito estranho pelo senador, a cooperativa decidiu reduzir o salário dos professores pela metade, provocando uma evasão dos docentes especialistas e com formação ambiental que foram contratados de outros estados.

- A escola está parada pela falta de professores - denunciou, acrescentando que está encaminhando requerimento ao ministro da Educação, Cristovam Buarque, para que o governo federal estude essa experiência antes que haja o encerramento das atividades daquela instituição.



19/05/2003

Agência Senado


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