CARLOS PATROCÍNIO TEME QUE CORTES NA EDUCAÇÃO AUMENTEM A VIOLÊNCIA.



O senador Carlos Patrocínio (PFL-TO) manifestou hoje (dia 14) a sua preocupação com a possibilidade de que as medidas de contenção do déficit público venham recair sobre a educação no momento em que a violência cresce justamente entre a juventude. Patrocínio informou que nas correspondências recebidas das secretarias de educação dos estados tem identificado um acentuado aumento da demanda por vagas no ensino médio e a forte pressão que os sistemas estaduais de ensino sofrem para expandir suas redes. "Os estados reivindicam compensação proporcional ao valor deduzido das respectivas cotas do salário-educação pela incidência do FEF (Fundo de Estabilização Fiscal)", alertou o senador.Patrocínio qualificou a violência como uma tragédia dos dias atuais e disse que ela tem várias origens, como a desigualdade social, o desemprego, a impunidade, a decadência de valores morais e a insegurança geral. Além disso, continuou, a violência absorve recursos que teriam destinação mais nobre. O senador revelou que, segundo relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a violência é verdadeiramente o "antinegócio" porque força gastos e entrava o crescimento de um país.- Afirma a revista Rumos, em sua edição de julho, que, embora o governo federal e os empresários discordem, estudo inédito do BID frisa que a violência reduz os investimentos e o desenvolvimento na América Latina. A região despende 14% de seu PIB (US$ 170 bilhões) em programas relacionados ao problema, como atendimento médico às vítimas e aparato policial. São recursos que poderiam estar gerando investimentos produtivos. No caso do Brasil, este custo alcança US$ 85 bilhões por ano, ou 10,5% do PIB - assegurou Patrocínio.Em aparte, o senador Paulo Guerra (PMDB-AP) disse que, sem dúvida, a educação é o caminho para extirpar a violência, mas que também é preciso aumentar a oferta de vagas e a qualidade do ensino, além de incrementar o ensino profissionalizante. O senador Osmar Dias (PSDB-PR) revelou que no Paraná a violência tem crescido de forma assustadora em Curitiba, principalmente na faixa etária entre 15 e 20 anos.Ressaltando que não é um especialista em sociologia ou desenvolvimento, o senador Carlos Patrocínio acredita que a maioria concorda que qualquer ação que vise ao progresso econômico e social no Brasil deve tomar como ponto de partida a educação. "Há algum tempo, os economistas vêm alertando que a educação constitui matéria estratégica, insumo fundamental para o desenvolvimento. É preciso que o trabalhador brasileiro possa ler e entender um manual de instruções, aprender novas técnicas, esteja preparado para freqüentes atividades e cursos de reciclagem e atualização, desenvolva habilidades diferenciadas que lhe permitam maior capacidade de adaptação e de respostas criativas", afirmou o senador.Patrocínio entende que da mesma forma que a medicina preventiva impede os gastos e os sofrimentos da medicina curativa, os procedimentos preventivos impedirão que a maioria dos nossos jovens descambe para a marginalidade. Dentre esses procedimentos preventivos, o senador considera a educação o mais importante em todos os sentidos. "Se alguma dúvida ainda resta, permitam-me lançar uma pergunta para reflexão. O que cada um de nós preferiria ter nas vizinhanças de sua residência, um centro de ensino ou uma penitenciária?", concluiu.

14/10/1998

Agência Senado


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