CCJ pode votar regras para controle e divulgação de gastos com publicidade nas estatais



Despesas com publicidade e patrocínio realizadas pelas empresas estatais federais serão submetidas a rígidos mecanismos de controle e transparência se convertido em lei projeto pronto para votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Pela proposta (PLS 82/2009), os gastos anuais não deverão exceder a 15% sobre o valor médio dos quatro exercícios anteriores. Ainda pelo texto, os valores deverão ser consolidados e publicados a cada três meses no Diário Oficial da União e em pelo menos três jornais de circulação nacional.

O projeto é de autoria do ex-senador Raimundo Colombo (DEM-SC), que atualmente governa o estado de Santa Catarina. Na justificação, ele afirma que os mecanismos de transparência e o controle dos gastos públicos ainda não alcançam as despesas com publicidade e patrocínio das estatais. Segundo o autor, os gastos vêm crescendo há muito tempo e atingiram "números alarmantes" nos últimos anos.

Pelo texto, a publicação das informações deve ser feita de modo detalhado, com separação das despesas com publicidade das que se relacionam a patrocínios, registrando as entidades contratantes e as patrocinadas, o valor de cada contrato, a justificação, finalidade e vigência. A proposta exige ainda que conste informação se houve licitação prévia e, em caso negativo, a razão da sua dispensa ou inexigibilidade.

A matéria está sendo examinada em decisão terminativa. Nesse caso, se aprovada, poderá seguir diretamente para análise na Câmara dos Deputados, a menos que seja apresentado recurso para que a decisão final no Senado seja no Plenário.

Vazio informativo

O autor salienta que os gastos com publicidade e patrocínio não constam do Orçamento Fiscal nem do Orçamento de Investimento das Estatais - peças do Orçamento Geral da União. Colombo diz que as estatais desfrutam de autonomia administrativa e financeira, mas ainda assim considera que elas não podem ser encaradas como se fossem empresas privadas. Como a União detém a maioria do capital votante, ele diz ser preciso "transparência e fiscalização redobradas".

O relator, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), em análise favorável ao projeto, observa que é função do Congresso fiscalizar os atos do Poder Executivo, inclusive os da administração indireta. Para isso, como diz, há a necessidade de conhecimento e fácil acesso a informações sobre quaisquer assuntos de interesse nacional, como seria o caso dos gastos com propaganda, publicidade e patrocínio.

Eunício sugeriu a aprovação nos termos do parecer aprovado antes pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Lá foi incluída no texto uma emenda para possibilitar a proteção de informações “reservadas e estratégicas” consideradas imprescindíveis para a competitividade. Assim, as estatais federais vão ficar autorizadas a divulgar apenas valores agregados das despesas (sem detalhamento) nos casos em que a legislação já traga previsão nesse sentido ou em razão de reserva ou sigilo comercial.

Dados incompletos

No relatório apresentado à CAE, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) destacou a ausência de informações sobre despesas de publicidade e patrocínio no balanço anual do Departamento de Coordenação e Controle das Estatais (Dest), do Ministério do Planejamento. Haveria apenas dados da Secretaria de Comunicação da Presidência da Republica, sem regularidade de tempo, que também são considerados incompletos. A conclusão é de que o detalhamento das despesas fica "fora do conhecimento do cidadão e do Congresso".

Pelos dados da Secretaria de Comunicação, colhidos à época do relatório, ao fim de 2011, o pico dos gastos com patrocínio ocorreu em 2006, com cerca de R$ 1,09 bilhão. Depois disso, as despesas se mantiveram estabilizadas, próximo de R$ 900 milhões, cabendo a apenas três estatais (Banco do Brasil, Caixa e Petrobras) 70% desse total. Na área de publicidade, o valor anual chega a R$ 2,2 bilhões.



30/01/2014

Agência Senado


Artigos Relacionados


Comissão vota projeto que amplia controle sobre gastos com publicidade e patrocínio nas estatais

Comissão pode votar novas regras para contratos de publicidade prestados ao poder público

CCT pode votar projeto para dar transparência à publicidade governamental

Projeto que prevê divulgação dos gastos públicos na Internet pode ser votado na CCT

Senado pode solucionar disputa nas regras de publicidade de alimentos

CAE define controles para despesas com publicidade e patrocínio de estatais federais