Ciro demonstra desânimo por causa de boatos sobre renúncia
Ciro demonstra desânimo por causa de boatos sobre renúncia
As especulações sobre uma eventual renúncia do candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes, voltaram a ganhar força ontem. A possibilidade do presidente do PDT, Leonel Brizola apoiar o candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já no primeiro turno, frustou a campanha de Ciro Gomes (PPS). O candidato da Frente Trabalhista à Presidência passou a maior parte do dia ontem na produtora que faz os seus programas do guia eleitoral, em São Paulo e, apesar de oficialmente dizer que não vai renunciar e que ainda aposta numa recuperação, os seus principais assessores já não escondem o desânimo de Ciro.
Na noite de sábado, Brizola disse que a Frente Trabalhista está em momento de reflexão sobre uma possível renúncia de Ciro em favor de uma vitória de Lula já no primeiro turno. “Esse tipo de declaração poderia ter sido feito por qualquer pessoa da Frente Trabalhista, menos por Brizola”, disse um assessor do candidato do PPS, que pediu anonimato.
Para tentar afastar as especulações sobre a renúncia de Ciro, o líder do PPS na Câmara e um dos coordenadores da campanha da Frente Trabalhista, deputado João Herrmann (SP), divulgou ontem nota conclamando os aliados a se unirem para tentar garantir a presença de Ciro no segundo turno. Herrmann aposta tudo no último debate entre os presidenciáveis, quinta-feira. “O dia 3 de outubro é um dia de festa, porque o debate vai mostrar que temos o candidato mais estruturado para governar o País e maior capacidade de aglutinar forças políticas”, diz a nota.
Ciro e o candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, se encontraram por acaso no hangar da TAM, ontem, no Rio de Janeiro. De acordo com assessoria de imprensa de Ciro, Garotinho tomou a iniciativa de cumprimentar o candidato do PPS. “Ciro, nós temos chance de fazer um segundo turno de esquerda”, teria dito Garotinho, ao se despedir do candidato da Frente. “Claro que sim, vamos lutar”, teria respondido Ciro Gomes.
Lula, Serra e Garotinho continuam a subir na pesquisa Sensus/CNT
BRASÍLIA – A pesquisa CNT-Sensus sobre intenção de voto para as eleições presidenciais, divulgada ontem, confirmou o quadro de indefinição que marcará a última semana de campanha. O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, subiu de 37,7% para 40,6%, comparando-se essa pesquisa, dos dias 27 a 29 de setembro, com o levantamento feito na primeira semana do mês. Com esta votação, o candidato atinge 46,2% dos votos válidos (excluídos brancos e nulos), e fica a menos de quatro
pontos de uma vitória no primeiro turno.
Já o candidato da coligação Grande Aliança (PSDB-PMDB), José Serra, sustentou o segundo lugar subindo de 17,1% para 18,8%. Mas continuou em empate técnico com o terceiro colocado na disputa pelo Planalto, Anthony Garotinho, do PSB, que subiu de 13,3% para 15,1%. O candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, foi o único que caiu, de 18,3% para 12,7.
BC gasta US$ 400 milhões para conter alta do dólar
Mesmo com a atuação forte do Banco Central, o mercado conseguiu garantir um valor alto para a Ptax (cotação média), que corrige os títulos do Governo e deve fazer disparar a dívida pública. O dólar comercial fechou a R$ 3,76
SÃO PAULO – O Banco Central lançou uma torrente de dólares na praça e reduziu o preço de venda do dólar no início da tarde. A quantidade de dólares vendida só será conhecida daqui a dois dias, com a verificação das reservas, mas segundo as estimativas do mercado, o BC teria vendido entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões.
A cotação do dia fechou em baixa de 3,09%, com a moeda sendo negociada a R$ 3,76 para a venda, mesmo valor da quinta-feira passada. O risco-Brasil, medido pelo JP Morgan, caiu 1,76%, para 2.397 pontos.
A medida, no entanto, não impediu que o mercado mais uma vez ganhasse o dia. O
valor do dólar que interessa para o fechamento dos negócios com a dívida e papéis do Governo fechou a um nível ainda maior que o de terça-feira passada. Trata-se do Ptax (cotação média do dólar), que fechou ontem a R$ 3,8949, contra R$ 3,6216 na terça-feira passada – a diferença foi de 7,54%. O Ptax corrige o preço da dívida do Governo atrelada à variação do dólar e os contratos no mercado futuro. No caso da dívida pública, interessa pois, ao mercado, que tal valor seja alto. O número é relevante também por influenciar o tamanho da dívida do Governo (que em parte varia com o preço do dólar).
Quanto mais alta a dívida, maior a incerteza dos investidores em relação ao pagamento desses débitos. Tal desconfiança tende a fazer crescer o risco-país e, portanto, os juros que se cobram em empréstimos internacionais ao Brasil.
O péssimo dia nas Bolsas da Europa e dos Estados Unidos não afetou o mercado de câmbio, mas ajudou a derrubar ainda mais a combalida Bolsa de Valores de São Paulo, que fechou o mês em queda de 16,9%.
O fechamento do dólar não espelhou o nervosismo da abertura dos negócios, quando as tesourarias dos bancos se articulavam para influenciar a formação do Ptax de modo a elevar seus ganhos. Somente depois de segurar uma média alta para a cotação é que os investidores começaram a deixar suas posições.
BC prevê inflação de 6,7% em 2002
Índice estabelecido inicialmente como meta anual era de 5,5%. Alta do dólar obrigou o Governo a alterar a previsão. Maior pressão virá dos reajustes de tarifas públicas
BRASÍLIA – O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá fechar o ano em 6,7%, acima portanto do limite máximo da meta de inflação do Governo para 2002, que é de 5,5%. A previsão consta do Relatório de Inflação do terceiro trimestre, divulgado ontem pelo Banco Central. No relatório de junho, a previsão para inflação neste ano era justamente de 5,5%.
Segundo o documento, a maior pressão inflacionária advém dos preços administrados por contrato e monitorados (tarifas públicas). A projeção do BC é de que esses preços subam 9,3% neste ano, contra uma previsão de 8,1% feita em junho. A contribuição desses reajustes para o IPCA deverá ser de 2,9 pontos percentuais.
O BC destaca que 7,6% do total de reajustes previstos para 2002 já ocorreram até agosto. Esse aumento das projeções é justificado pela alta do dólar, dos preços do petróleo e de um maior reajuste das tarifas de energia elétrica e telefone fixo.
A inflação acumulada em 12 meses, ao final do terceiro trimestre, é de 7,7%, mas, a expectativa do BC é de que a trajetória continue em queda, até os 6,7% previstos para dezembro. A meta de inflação deste ano é de 3,5% mais dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Isso significa que o limite máximo da meta é de 5,5%.
A meta com Fundo Monetário Internacional (FMI), no entanto, é mais flexível. A meta central prevê um IPCA de 6,5% ao final de 2002, com intervalo de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Ou seja, a inflação pode atingir o limite máximo de 9% neste ano, sem que haja necessidade de uma consulta formal à diretoria do FMI.
As projeções feitas pelo Relatório de Inflação ainda levam em conta um câmbio de R$ 3,20, que era o vigente na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A volatilidade da taxa de câmbio e de outros mercados é o principal foco de incerteza
para as projeções de inflação em 2003.
PIB – As incertezas do momento atual fizeram com o que o BC também reduzisse a projeção de crescimento do PIB deste ano, de 2% para 1,4%. Segundo o documento, essa redução deve-se, principalmente, aos efeitos do aumento do grau de incerteza ocorrido no período.
O relatório compara o momento atual aos que precederam as crise russa (1998),
asiática (1997) e de energia (2001).
“A aproximação das eleições e a deterioração da conjuntura internacional refletiram-se em nervosismo no mercado cambial, com desdobramentos desfavoráveis sobre as expectativas internas, cujos indicadores situaram-se em patamar equivalente ao de momentos que precederam as crises russa, asiática e de energia”, afirma o documento.
Artigos
Que mudança?
Sérgio C. Buarque
A julgar pelos programas de governo dos candidatos a presidente com chances reais de vitória, não se pode esperar nenhuma grande virada ou saída heróica da crise brasileira, a partir de 2003, independentemente de quem venha a merecer a confiança do eleitorado. Pode-se argumentar, em defesa da proximidade das propostas, que nenhum destes candidatos representa, diretamente, a velha direita brasileira, o que se reflete na clara divisão do PFL, mas, mesmo que haja uma eventual aproximação dos candidatos a um projeto de centro-esquerda, cada um deles reflete, de fato, um espectro de alianças e compromissos políticos e sociais diferenciado. Mesmo assim, o candidato do governo se comporta como se nada tivesse a ver com o passado recente, e as oposições (principalmente a mais à esquerda) parece ignorar tudo que vinha defendendo e propondo nos últimos oito anos.
Tudo indica que, passada a fase dos ataques ao governo de FHC e na hora de definir as alternativas políticas, a criatividade e a ousadia das oposições declinaram fortemente, devido a dois fatores relativamente independentes: as expectativas do eleitorado e a forte rigidez estrutural à mudança. Orientados pelos marqueteiros, os candidatos tendem a falar apenas o que os eleitores gostariam de ouvir, raramente o que efetivamente pensam e quase nunca o que pode ser realmente feito. Se as pesquisas refletem o verdadeiro pensamento dominante no eleitorado brasileiro, pode-se até comemorar o amadurecimento político da sociedade que não parece mais iludir-se com soluções mágicas e populistas, parece, efetivamente, ter se formado uma importante convergência política na sociedade brasileira em torno de três aspectos centrais: a estabilidade da economia, a redução das desigualdades e da pobreza (destacando a necessidade de empregos), e a inserção e presença do Brasil no contexto internacional. Todos os candidatos reproduzem esta visão, embora concordem também em acrescentar uma certa presença do Estado na economia e leves toques de protecionismo.
Mesmo que a expectativa dominante no eleitorado seja a causa principal dos discursos semelhantes, a convergência programática dos candidatos também reflete as dificuldades que terão para governar o país e implementar mudanças econômicas e sociais, particularmente no horizonte de um mandato presidencial, o que talvez seja também um sintoma da maturidade política do Brasil. Entretanto, embora as promessas de campanha ainda sejam bastante modestas e convencionais, em vários aspectos todos estão prometendo muito mais do que podem, efetivamente, realizar. O fato é que, sejam quais forem as diferenças reais dos candidatos, o futuro governo tenderá a ser muito parecido independente de qual será eleito (e não muito diferente mesmo da orientação geral do governo de Fernando Henrique). Se os programas são semelhantes, as práticas dos governos deverão ser mais parecidas ainda, na media em que a maior parte das propostas não poderá ser realizada facilmente devido às reais condições políticas e econômicas que vão encontrar a partir de 2003.
Para começar, as restrições externas e as limitações das finanças públicas deixam muito pouca liberdade para mudança e limitados espaços para políticas e iniciativas arrojadas de crescimento e investimento social, a não ser que estejam dispostos a arriscar a estabilidade econômica (o que tem sido rejeitado, veementemente, por todos), a política macro-econômica não será muito diferente da atual, especialmente nos primeiros anos, com leves pitadas de renegociação e alguma liberalidade fiscal e monetária (nem sempre muito seguras). Ao contrário do que estão todos prometendo com entusiasmo, ao longo do seu mandato, dificilmente o Brasil poderá crescer a taxas superiores aos 3-4% ao ano se não houver uma recuperação da economia mundial. E sem crescimento, o desemprego não declina e o governo não terá recursos para ampliar os gastos e políticas sociais. Embora tenha todas as condições para um dinamismo econômico no médio prazo, no horizonte do próximo governo, a economia brasileira ainda irá enfrentar fortes limitações ao crescimento.
Por outro lado, muito provavelmente, o futuro presidente vai governar com um Congresso conservador e ainda com grande influência corporativista e fisiológica, o que dificulta a implementação das poucas reformas prometidas. Além disso, o presidente eleito não começará a governar com um base política forte como a que, de alguma forma, deu sustentação a Fernando Henrique Cardoso. Lula e Serra, e talvez mais ainda Ciro e Garotinho, teriam que construir uma aliança difícil num Congresso bastante influenciado pelo FPL e por interesses eleitoreiros e imediatistas, e vão ter que lidar com uma enorme expectativa na sociedade (principalmente se for eleito um candidato da oposição) difícil de realizar no curto prazo.
Colunistas
PINGA FOGO – Inaldo Sampaio
Final infeliz
O ex-ministro Ciro Gomes teve consigo a faca e o queijo para vencer essas eleições.
Chegou a 27% numa das pesquisas do Datafolha em que Lula apareceu com 32%.
Montou palanques fortes no país inteiro e recebeu apoio de líderes políticos importantes, como Antonio Carlos Magalhães (BA), Leonel Brizola (RJ), Antonio Brito (RS), Álvaro Dias (PR), Jorge Bornhausen (SC), Tasso Jereissati (CE), José Agripino (RN), João Alves (SE), Joaquim Francisco (PE) e o PFL mineiro.
Como fala mais do que deveria, acabou dizendo uma porção de bobagens, e despencou de vez. Como disse um matuto de Sertânia, “o cavalo passou selado mas ele esporou demais”. Hoje, sem qualquer perspectiva de ir para o segundo turno, dado que está na quarta colocação na grande maioria dos estados, ele começa a ser abandonado. O PFL de Minas já correu, o senador paranaense Álvaro Dias, idem, ACM não vai correr mas já disse para os jornais de todo o país que não acredita mais na recuperação dele, e vai por aí.
Para completar o inferno astral, Mangabeira Unger, um dos ideólogos da candidatura, propôs sua renúncia em favor de Lula, coisa que Brizola também já admite. Quem não vai correr é Roberto Freire, para quem o ex-ministro, custe o que custar, irá até o fim.
Senador-ministro
Derrotado para o governo de Brasília na eleição de 98, o pernambucano Cristóvam Buarque, do Partido dos Trabalhadores, lidera as intenções de voto, no Distrito Federal, para o Senado, segundo pesquisa do Ibope. É o 1º colocado com 48% das preferências, contra 45% do pefelista Paulo Octávio. Quem deve estar feliz é o suplente, pois se Lula for eleito presidente o homem que criou o “bolsa-escola” deverá ser o ministro da educação.
Pressão total
Na tentativa desesperada de eleger Sérgio Guerra de qualquer jeito, o Palácio do Governo multiplicou por dois as pressões sobre os líderes políticos do interior que ainda estão fechados com Carlos Wilson (PTB). Quem não apóia Marco Maciel, como Fernando Bezerra Coelho (Petrolina) e Marcantônio Dourado (Lajedo), serão poupados.
Cardápio curto
Como diria Drayton Nejaim, em Belo Jardim não há meio termo: “ou se come charque ou carne de sol” - ou seja, ou se é José Mendonça (PFL) ou Cintra Galvão (PTB). O 1º diz ter reunido, sábado, no comício a que Jarbas compareceu, cerca de 10 mil pessoas.
E o 2º garante qu e, sozinho, levou um público bem maior para uma caminhada de 4 km.
Deputado pede votos para o seu padrinho político
Gilberto Marques Paulo (PSDB), que não é candidato à reeleição, reunirá hoje na Blue Angel (Praça da Bandeira), a partir das 19h, seus ex-assessores na prefeitura do Recife a fim de recomendar o voto no candidato Roberto Magalhães.
Robalinho ainda crê na ida de Serra ao segundo turno
Desanimados com a campanha de Serra, os partidos da “aliança” entregaram os pontos. Só quem não se entrega é Guilherme Robalinho (saúde), que fez distribuir mais de 500 bandeiras do tucano na passeata do último domingo.
Porção aventureira
Joaquim Francisco (PFL) sempre teve um lado aventureiro. Visitou ontem Raul Henry no Hospital Esperança e, na conversa, comunicou ao peemedebista que irá hoje, num Sêneca, ao município sertanejo de Tuparetama, para participar de um comício. Se correr tudo bem, estará de volta amanhã de manhã.
No peito e na raça
Diniz Cavalcanti (PMDB) não conta mais com nenhum prefeito na região do São Francisco. Está-se cosendo com os “ex” Edgar Caldas (Cabrobó) e Bosco Bione (Orocó), além da fatia com que sempre contou na “poeira” de Petrolina, para tentar garantir o seu retorno à Assembléia Legislativa.
Depois de conversar ontem com meio mundo de gente, Liberato Costa Júnior fez uma reformulação nas suas previsões eleitorais. Inclui Marcantônio Dourado entre os eleitos pelo PMDB e rebaixa Claudiano Martins, ex-prefeito de Itaíba e irmão do prefeito de Águas Belas, para a listagem dos que estão disputando.
Gilvan Costa ficou insatisfeito - o que era bastante previsível - com o prognóstico de Liberato Costa Júnior segundo o qual o seu partido (PTN) não elegerá ninguém para a Assembléia Legislativa. Diz que os candidatos do partido, juntos, somarão, no mínimo, 80 mil votos, o que é o suficiente para assegurar uma cadeira.
Lula (PT), Jarbas (PMDB), Carlos Wilson (PTB), João Arraes (PSB), Piauhylino (PSDB) e Ana Cavalcanti (PSC) formam a chapa, ecletíssima, que está sendo apoiada em Canhotinho pelo prefeito Carlos Amorim. O prefeito elegeu-se pelo PSB, com o apoio de Arraes, mas não resistiu ao cerco palaciano.
O médico e candidato a deputado estadual Raimundo Pimentel (PSL de Araripina) atribui à “desinformação” de Liberato o fato de não ter sido incluído por ele entre os futuros eleitos pela Frente Trabalhista. Em Araripina, diz, conta com o apoio do ex-prefeito Valmir Lacerda e do ex-deputado José Ramos. E, em Ouricuri, do prefeito Biu Ramos.
Editorial
PRODUÇÃO DE ENERGIA
Os prognósticos econômicos para 2003 podem ser afetados pela oscilação da tendência do eleitorado, até 6 de outubro próximo. Mas, vamos esperar que se cumpram os referentes à energia elétrica, seja qual for o resultado do pleito.
No ano vindouro, estaríamos livres de qualquer tipo de racionamento, segundo garantiu ao governador Jarbas Vasconcelos o presidente do colegiado conhecido como Operador Nacional do Sistema Elétrico, engenheiro pernambucano Mário Santos. A notícia chega a ser tranqüilizadora, dentro de um clima em que os bancos e os especuladores, temendo a vitória de um candidato da oposição, partiram para uma compra desenfreada de dólares, fazendo a moeda norte-americana ficar mais valorizada aqui do que na vizinha Argentina, que decretou a moratória no pagamento de sua dívida externa.
O presidente do colegiado lembrou ao governador, candidato à reeleição, que as térmicas emergenciais estão prontas para compensar um período de chuvas insuficientes, entre novembro deste ano e abril do próximo. Das 54 usinas previstas para a Região, 47 já estarão aptas a operar - garantiu. Certamente, o fenômeno El Niño é um complicador que não deve ser subestimado. Na verdade, esse acontecimento meteorológico não atinge as cabeceiras do Rio São Francisco, em Minas Gerais, mas pela sua atuação de amplo espectro no semi-árido nordestino poderá ocasionar falta de chuvas em grande parte do Polígono das Secas. Em decorrência dela, teremos maior insolação, provocando evaporação exagerada das lâminas d’água dos grandes lagos formados com as barragens construídas para aproveitamento hidrelétrico do grande rio inteiramente brasileiro. E aumentará a necessidade de água, nos projetos irrigados do Vale.
Dizem alguns especialistas que se os níveis de precipitação pluviométrica ficarem abaixo dos 52% da média histórica, isso afetará de forma implacável a produção das turbinas da Chesf. Resta saber se tal fato meteorológico poderá mesmo ser compensado pelos 1,5 mil megawatts (MW) de energia emergencial das termelétricas, para cobrir toda a demanda regional, presente e futura.
Caso o efeito El Niño não se apresente tão calamitoso quanto prevêem certos estudiosos de assunto, então o sistema de energia emergencial já montado será suficiente para cobrir as necessidades. Assim, o próximo governante do País poderá respirar aliviado, quanto a essa questão, pelo menos nos seus primeiros meses de mandato. Mas, o consumidor final nordestino certamente não terá muita coisa a comemorar, mesmo nessa hipótese, pois em 2003, sendo acionadas as usinas termelétricas em caráter emergencial, diante de uma seca, ele vai ter de pagar pelas energia térmica quase o dobro do que é cobrado pela produção hidráulica. Sem contar que seu bolso já está ameaçado com o anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) de uma próxima majoração nos custos da energia elétrica, da ordem de 20,7%.
De quando em quando, a nostalgia do macroplanejamento toca nossos homens públicos. E, sem dúvida, há problemas que não devem ser considerados sob a pressão do momento, ou para atender a interesses eleitorais. Um país que marcha para os 200 milhões de habitantes vai precisar de muita energia, se pretende se reerguer economicamente e gerar a riqueza que garanta uma vida digna para seus cidadãos.
Diante de tais perspectivas, saudamos o projeto federal, com um alcance de cinco anos, que sugere novos investimentos no setor, num total de US$ 7 bilhões, até 2006, sendo US$ 6 bilhões na geração e US$ 1 bilhão na transmissão de energia elétrica.
Mesmo que projetado para ser cumprido pelo futuro governante, que certamente terá idéias próprias sobre o assunto. Fala-se principalmente da energia eólica (dos ventos) e até do bagaço da cana-de-açúcar, que é sempre citada mas não aplicado em grande escala.
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10/01/2002
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