Ciro dispara em Brasília e se aproxima de Lula









Ciro dispara em Brasília e se aproxima de Lula
Pesquisa da Soma aponta queda do petista, que ainda lidera, e do tucano José Serra, que está em terceiro

O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, subiu nada menos do que 12 pontos percentuais e chegou a 31% das intenções de voto em Brasília. Agora, ele está a apenas cinco pontos do líder Luís Inácio Lula da Silva, do PT, que caiu de 38% para 36%.

É o que revela uma pesquisa estimulada do Instituto Soma – Opinião & Mercado, feita nos últimos dias 8 e 9 com 983 questionários em todo o Distrito Federal. O levantamento anterior da Soma havia sido divulgado em 14 de junho.

Um dos pontos mais importantes dessa pesquisa, segundo o diretor da Soma, Ricardo Pinheiro Penna, é que os resultados de Brasília costumam antecipar as tendências nacionais.

De fato, o trabalho da Soma foi concluído poucos dias antes das últimas pesquisas dos grandes institutos nacionais, como o Ibope e Vox Populi, que revelaram a ultrapassagem de Ciro sobre o senador paulista José Serra (PSDB), ex-ministro da Saúde do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Penna lembra que o ex-presidente Fernando Collor começou a crescer primeiro em Brasília e depois no resto do País, na eleição de 1989.

A queda de popularidade de Collor também foi registrada antes no DF, assim como a disparada de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na campanha de 1994, quando o candidato tucano venceu no primeiro turno.

Na pesquisa divulgada agora pela Soma, quem aparece em terceiro lugar é Serra, que caiu de 16% para 13%. Depois, vem o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), que também caiu três pontos, de 11% para 8%.

A pesquisa mostra que Ciro vem subindo desde maio, quando estava com 17% em Brasília, contra 36% de Lula. Em junho, Ciro pulou para 19% e Lula foi para 38%, mas agora a diferença entre eles é mínima, e aponta para um segundo turno.

O número total de indecisos, votos nulos e brancos caiu de 14% para 11%.

Na pesquisa espontânea, a diferença entre Lula e Ciro também ficou bem menor do que antes. Lula passou de 29% para 28%, e Ciro pulou de 11% para 22%. Serra caiu de 8% para 7%, e Garotinho desceu de 7% para 5%.

A margem de erro da pesquisa da Soma é de 3,1 pontos percentuais, com um intervalo de confiança de 95%. Isso significa que se os questionários fossem aplicados infinitamente, com a mesma metodologia, as diferenças máximas entre os resultados seriam de no máximo 3,1 pontos em 95% das vezes.

Para realizar o levantamento, foram ouvidos moradores do Plano Piloto, Cruzeiro, Guará, Taguatinga, Sobradinho, Gama, Samambaia, Santa Maria, Riacho Fundo e São Sebastião.


Patrícia vira estrela em comício
O candidato da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB) à Presidência da República, Ciro Gomes, apelou para o charme e o talento de sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, e lhe pediu para que discursasse num comício, quarta-feira à noite, em Rio Branco, capital do Estado do Acre, para cerca de quatro mil pessoas, entre eleitores e fãs.

Encantada com a boa fase de Ciro na campanha eleitoral, Patrícia mostrou que está tomando gosto pela política e, em rápidas palavras, pediu votos para Ciro. O candidato assumiu o segundo lugar nas pesquisas do Ibope e do Vox Populi, colocando quatro a seis pontos de diferença sobre José Serra, do PSDB, que ficou em terceiro lugar.

Ao começar a falar, Ciro Gomes percebeu a empolgação do público por causa da presença de Patrícia e lhe cedeu o microfone. "O avô da Patrícia também morou no Acre. Todo mundo quer ouvir o boa noite da Patrícia", disse Ciro do alto de um carro de som.

"Não sou da política, não sou muito de discursar. Mas vim aqui porque me disseram que o Acre é pé quente. Sou um pouco daqui, já que meus avós saíram do Ceará e vieram para cá lutar pela vida. Estou aqui, porque eu acredito que o Ciro pode fazer a vida de cada um de nós um pouco melhor", afirmou Patrícia, sendo ovacionada pela platéia.

Patrícia devolveu o microfone para o marido-candidato, que comemorou o bom desempenho da atriz durante o discurso. Ela decidiu acompanhar Ciro Gomes em pelo menos sete comícios em cidades de seis estados do Norte do País, entre elas Manaus (AM), Belém (PA) e Imperatriz (MA).
"Para quem não tem jeito de falar, ela tem melhorado", comemorou Ciro. Em seguida, o presidenciável deu continuidade ao discurso.

Em Rio Branco, Ciro não perdeu a chance de criticar o governo de Fernando Henrique, condenando o "modelo econômico perverso", e não poupou o presidenciável do PT Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista antes do comício, disse que não fará um pacto de não agressão com o governo, mas garantiu que não atacará pessoalmente nenhum adversário.

No final do comício em Rio Branco, Patrícia Pillar concedeu muitos autógrafos aos fãs que a cercaram.


Serra admite dividir palanque em Minas
O candidato do PSDB/PMDB à Presidência da República, senador José Serra, afirmou ontem, em Belo Horizonte, que todo apoio para Aécio Neves, candidato tucano ao governo de Minas, é bem-vindo. A declaração foi feita ao ser perguntado sobre se não ficaria constrangido com o fato de Aécio receber o apoio do candidato à Presidência pela Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB), Ciro Gomes.

Serra disse também que respeita decisão do governador mineiro, Itamar Franco, de apoiar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

Em encontro com líderes políticos de Minas, Serra prometeu liberar R$ 1 bilhão, no próximo ano, se eleito, para recuperar estradas no estado. Ele disse que o governo federal terá, em 2003, de R$ 4 bilhões para esta finalidade, em todo o País.

Ele confirmou que convidou o atual secretário de Comunicação Social do governo, João Roberto Vieira da Costa, para integrar sua equipe de campanha. João Roberto trabalhou com Serra durante quatro anos no Ministério da Saúde.

Serra chegou às 14h45 em Belo Horizonte, acompanhada da candidata a vice em sua chapa, deputada Rita Camata (PMDB-ES). Ontem à noite, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Serra iria participar de um grande comício com Aécio. A expectativa era de que cerca de 100 mil pessoas participassem do comício, que seria seguido de show da dupla Chitãozinho & Xororó e do grupo KLB.


Ameaça leva tucana a tirar voto a Collor
O PSDB decidiu ontem de manhã expulsar a prefeita de Arapiraca (AL), Célia Rocha, por ter declarado apoio à candidatura do ex-presidente Fernando Collor de Mello ao governo de Alagoas. Horas depois, voltou atrás. Em nota oficial, a Executiva tucana condenou a atitude da prefeita, que é casada com o ministro da Integração Nacional, Luciano Barbosa, definindo-o como "infidelidade partidária". A cúpula tucana reconsiderou o caso depois que Célia recuou na sua disposição de apoiar Collor.

Quarta-feira, em Arapiraca, no sertão alagoano, Célia Rocha disse ter tido o aval do senador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL) para apoiar Collor. Na ocasião, seu marido, o ministro Luciano Barbosa, afirmou que não conhecia detalhes sobre a decisão da mulher. Mas ontem, por meio de sua assessoria, informou que o assunto se tratava de "um problema partidário do PSDB", lembrando que é integrante do PMDB – o outro partido que apóia a candidatura do tucano José Serra à Presidência.

Após a ameaça de expulsão do PSDB, a prefeita recuou. De acordo com o presidente do partido, Célia Rocha manteve uma série de conversas com o presidente regional do PSDB, Teotônio Vilela, e ao final, ficou acertado que ela não iria mais desobedecer às orientações da cúpula tucana.


PPS recebe o apoio da família Sarney
A família Sarney anunciou oficialmente ontem o apoio à candid atura presidencial de Ciro Gomes (PPS), tendência que era defendida principalmente pela ex-governadora Roseana Sarney.
O anúncio foi feito por meio do candidato da família Sarney ao governo do Estado, José Reinaldo Tavares (PFL).

Com isso, Ciro terá, no Maranhão, dois palanques eleitorais: o dos Sarney e o de Jackson Lago (PDT), candidato da Frente Trabalhista.

A decisão oficial da família, deixando de apoiar o candidato do PSDB, José Serra, era esperada desde que Roseana renunciou à sua candidatura à Presidência, depois de denúncias de irregularidades em projetos da extinta Sudam e da operação da Polícia Federal que apreendeu R$ 1,3 milhão em espécie na empresa da governadora e de seu marido, Jorge Murad.

A família e o PFL responsabilizaram o governo pelas denúncias, provocando a saída do partido da aliança governista.


Malha fina libera 50 mil contribuintes
A Receita Federal libera hoje lotes residuais do Imposto de Renda Pessoa Física referentes aos anos-base de 1996, 1998 e 2000. São declarações que ficaram retidas na malha fina. Ao todo, pouco mais de 50 mil pessoas serão beneficiadas com R$ 80,4 milhões. Outras 69 mil pessoas terão que pagar quase R$ 40 milhões ao Leão.

Os primeiros a receber são os contribuintes que declararam em 1999 tendo como base o ano de 1998. São 6.443 pessoas que hoje terão à disposição R$ 8,99 milhões.

Na terça-feira, 23, é a vez do sétimo lote residual de 2001 (ano-base 2000). É o lote que beneficiará o maior número de contribuintes: 42.215, que receberão R$ 65 milhões. Por fim, no dia 25, R$ 6,5 milhões estarão disponíveis para 2.395 pessoas que fizeram a declaração em 1997.

Para as declarações do ano-base 2000, o contribuinte pode saber se está nesse lote consultando o site da Receita (www.receita.fazenda.gov.br). As informações referentes aos demais anos não estão na homepage porque a quantidade de pessoas a receber é pequena.

Quem tiver que pagar imposto, pode dividir o valor (atualizado com juros de multa e mora) em 30 vezes. O número de parcelas depende do saldo devedor; o contribuinte deve procurar uma delegacia da Receita para negociar o débito.

A Receita Federal informa apenas que restam poucas pessoas na malha fina. Em 2002, por exemplo, serão liberados os últimos resíduos de 1997, uma vez que a Receita tem até cinco anos para processar as declarações retidas. Por ano, cerca de 500 mil declarações caem na malha fina.


Artigos

Para ler sem pensar
Marcelo Moura

Apesar de sempre ter tido uma certa resistência a livros de auto-ajuda, por achar que eles só ajudam mesmo aos autores (que ganham dinheiro e adquirem notoriedade), não pude ignorar o título do engraçadíssimo Ria da minha vida antes que eu ria da sua, de autoria do paulista Evandro Daolio. Aí, depois de um amigo falar maravilhas sobre a obra, acabei me rendendo. Comprei o livro e fui lê-lo.

O livro não tem nada, absolutamente nada, de mais. Trata-se, apenas, das aventuras e, muito mais, das desventuras de seu genitor. A partir delas, ele cria teorias de como lidar com a vida e, principalmente, com as mulheres, que, aliás, entre namoradas e musas do rapaz, ocupam a maioria das páginas. Para quem não tem compromisso com a literatura (que me perdoem meus ex-colegas da faculdade de Letras), a surpresa não poderia ser melhor. Primeiro, porque o autor concluiu o trabalho com 27 anos, fase na qual, exceto as loucas precocidades como os Álvares de Azevedo da vida, não é nada comum alguém ter disciplina para se dedicar a escrever um livro e, mais ainda, conseguir publicá-lo. Sobretudo de auto-ajuda, porque, nessa idade, mais se precisa de ajuda do que se pode oferecer.

Mas o que pega, mesmo, na inocente história do rapaz, é o humor e o quanto são corriqueiras as situações que o cara viveu. Quem, por exemplo, nunca ficou na mão com um carro ou ônibus num momento em que, de jeito nenhum, isso podia acontecer? Ou, ainda, fez de tudo para conquistar alguém e, se não quebrou a cara, por não ter êxito, quebrou por descobrir que o esforço era muito maior que o merecido?

Se não há qualquer traço de erudição ou apuro técnico em Ria da minha vida antes que eu ria da sua, existem vitalidade e espontaneidade de sobra, o que faz com que o trabalho, que não traz consigo qualquer pretensão de se tornar best-seller, acabe por levar a pecha. É como nos clássicos seriados japoneses, nos quais a atitude e o quanto eles são capazes de fazer rir é que devem ser considerados.

Para quem, como eu, tem o que chamo de depressão pós-livro, o alívio veio com a parte dois, já anunciada no do fim do número um, à qual o autor chamou Ria da minha vida 2 antes que eu volte a rir da sua. Neste, publicado este ano, Evandro Daolio continua sua pequena saga urbano-contemporânea, e inclui a epopéia que viveu para fazer chegar ao leitor o primeiro.

Apesar de faltar aos livros novos o tão propalado crivo do tempo, que é o maior selo de qualidade de qualquer trabalho artístico, uma leitura diet de vez em quando, bem como uma boa e escrachada comédia ou uma música nonsense, não faz mal a ninguém. Valeu a atitude.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Daniel fez remessas ao exterior
O deputado Celso Russomano (PPB-SP) garante que o médico Francisco Daniel, irmão do prefeito assassinado de Santo André (SP), fez remessas de dólares para Miami (EUA), por meio do paraíso fiscal das Ilhas Virgens. Russomano diz ter documentos que comprovam a remessa de pelo menos US$ 90.000. Sua denúncia provocou o depoimento do médico ao Ministério Público, quando foi revelado o propinoduto do PT. Russomano ignora se o dinheiro era mesmo de Francisco ou se pertencia a seu irmão, Celso Daniel.

Olha a fila...
ACM, família Sarney, Bornhausen, todos com Ciro Gomes. Isso não é apoio, é perseguição.

Bené degola Duda
O marqueteiro Duda Mendonça começou a operação desmonte da estrutura que atendia no Rio a governadora Benedita da Silva. Chefe do marketing das campanhas de Lula, Genoíno e Mercadante, o baiano perdeu a guerra para correntes internas do PT insatisfeitas com a estratégia que ele traçou. Sua queda é o primeiro efeito prático da queda de Bené nas pesquisas.

À maneira de Glorinha
Por trás da desenvoltura de Ciro Gomes na TV há uma profissional competente que já fez o sucesso de muito jornalista, ator e atriz no Brasil: a fonoaudióloga Glorinha Beutmuller, que também dá aulas de postura eleitoral. Ciro ficou menos agressivo e mais bem-humorado.

Deus lhe pague
Se com a queda de Serra, FhC não votar em Lula, votará em Ciro. Até por gratidão ao coordenador de campanha da Frente Trabalhista. É do deputado José Carlos Martinez (PTB-PR) a proposta de emenda constitucional criando o cargo de senador vitalício para ex-presidentes que cumpriram o mandato. No caso de FhC, dois, docemente constrangido.

Deus lhe pegue
Os cariocas estão fazendo a maior força para descobrir a tarefa de combate ao crime.

Pulando fora
Hostilizado pelo candidato, que o desqualifica diariamente, o coordenador da campanha de José Serra, ex-ministro Pimenta da Veiga, é aguardado na campanha de Ciro Gomes. A adesão, se confirmada, será festiva.

O Belo Antônio é nosso
Os ingleses esperam arrecadar até sábado £300 mil para comprar o porta-aviões Minas Gerais, antes que vire sucata após 38 anos no porto do Rio. A campanha nacional quer de volta o ex-HMS Vengeance, onde os japoneses devolveram Hong-Kong à Grã-Bretanha, em 1946. Vai virar museu multimídia, com restaurantes e outras atrações no cais de Southampton.
Conta outra

Se o ministro Pedro Malan continuar dizendo que vai votar em José Serra, mesmo da boca para fora, corre o risco de tomar uma bronca em casa.
PP, a base de Ciro
A base de sustentação de Ciro Gomes não é PTB, PDT ou PPS. É PP, iniciais de Patrícia Pillar, sua mulher. "Ela dá palpites em tudo", conta um assessor de Ciro, "e sempre acerta". Foi Patrícia quem sugeriu o maridão o "sorriso de Monalisa", na foto oficial da campanha. Ela sabe das coisas.

Technotráfico
Não demora muito, os traficantes de Bangu I vão usar aquela voz distorcida das reportagens na TV quando usarem o celular.

Onde há fumaça...
Depois das denúncias contra o concurso público e da liminar não cumprida, agora é que o Teatro Municipal do Rio literalmente pega fogo. O anexo funciona sem habite-se do Corpo de Bombeiros, de forma ilegal e perigosa.

Limbo profissional
A brasileira Nadia Taleb pedirá ao chanceler Celso Láfer uma solução para o "limbo" profissional imposto pelo embaixador na Argélia, Isnard Penha Brasil. Licenciada verbalmente após 25 anos de trabalho, não recebeu indenização ou documento oficial, sem o que não consegue novo emprego.

Vingança bancária
O Tribunal de Justiça de Três Rios (RJ) condenou o Banerj a indenizar em R$ 8 mil e multa diária o ex-deputado Francisco Veloso (PSDB), que presidiu a abafada CPI na Assembléia. Teve o nome incluído no SPC por uma falsa dívida de R$ 508. Semana que vem ele lança um livro documentando a compra do banco estatal pelo Itaú.

Jantar rentável
Antônio Pedreira, ex-candidato a presidente em 1989, organizava sem autorização um jantar em homenagem a Ciro Gomes, no Restaurante Casa de Fazenda, do Morumbi, em São Paulo. Quando o golpe foi descoberto, Pedreira oferecia "adesões" a 300 empresários, ao preço de R$ 2 mil cada.

Como o diabo gosta
O presidente da Assembléia do Espírito Santo, José Carlos Gratz, acusado até de chefiar o crime organizado, recebe dia 23, em Apiacá, o título de "cidadão". (ou persona Gratz?). Na comovente cerimônia estarão o deputado tucano Feu Rosa, o conselheiro do TCU, Umberto Messias, e corregedor-geral de Justiça, José Alberto Dazzi. Muito justo.

Poder sem Pudor

A "peste" da campanha
O ex-ministro Aloísio Alves ouviu as ruas e está convencido de que Ciro Gomes será eleito presidente. Para ilustrar sua convicção, ele lembra um diálogo do então governador Dinarte Mariz com o coronel José Lúcio, líder do agreste do Rio Grande do Norte, sobre as chances dele, Aloísio Alves, na disputa pelo governo estadual. Mesmo sendo inimigo, Mariz admitiu:
- Aloísio é como a febre aftosa: onde passa, deixa a peste.
De fato, a "peste" Aloísio venceu uma eleição empolgante. E agora, para o ex-ministro, a "peste" da vez no Brasil atende pelo nome de Ciro Gomes.


Editorial

AÇÃO PROLONGADA NOS JUROS

Assim como pegou o mercado de surpresa, a queda dos juros básicos promovida pelo Banco Central – que baixou a taxa Selic de 18,5% para 18% – deu um sopro de otimismo sobre a classe empresarial e a população em geral, sufocados pelo alto custo do dinheiro.

Com taxas mais baixas, fica mais fácil captar recursos para investir na produção, abrir pequenas empresas ou simplesmente consumir. Quaisquer dessas ações servem para ativar a economia, movimentar produtos e criar empregos.

Espera-se, portanto, que o sinal dado pelo Banco Central não seja apenas uma aposta de momento contra os movimentos especulativos do mercado financeiro. É preciso que as reduções de juros tornem-se uma tendência consolidada, indicando que o governo vai seguir a estratégia de promover o crescimento. Um recuo do BC com elevação da taxa pode ser desastroso. Tudo que investidores e empresários não querem é incerteza e instabilidade.

Taxas mais baixas são boas também para o governo, porque barateiam sua dívida – que chegou ao recorde de R$ 653 bilhões. Cada brasileiro tem uma parcela desse débito pendendo sobre a cabeça, e é importante que seja administrada com responsabilidade.

Junto com a redução dos juros, são necessárias ações coordenadas para que os benefícios do dinheiro mais barato cheguem ao cidadão comum. Chega a ser estranho dizer que os juros caíram e o crédito pessoal chega a absurdos 168% ao ano. Há pessoas ganhando dinheiro com o desespero financeiro dos cidadãos, e as autoridades monetárias não podem fechar os olhos para essas situações, que se configuram uma agiotagem oficializada.

É consenso que ainda há muita gordura para cortar nas taxas de financiamento e crédito ao cidadão comum. E é ele quem precisa urgentemente de um desafogo. Só vai conseguir se quem empresta o dinheiro acreditar que a tendência será a queda do seu custo, que é medida pela expectativa de juros para daqui a três ou seis meses.

O Jornal de Brasília confia na responsabilidade com que o governo rege sua política monetária, e espera que a redução de juros anunciada na quarta-feira não seja, como dizem pelas ruas, fogo de palha.


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07/19/2002


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