Ciro e ACM anunciam apoio a Lula?










Ciro e ACM anunciam apoio a Lula?
O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, também anuncia formalmente o apoio ao petista. Antônio Carlos Magalhães, em entrevista, pede voto abertamente para Lula

FORTALEZA – O candidato derrotado Ciro Gomes, do PPS, anunciou ontem formalmente que apóia a candidatura à Presidência da República do petista Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno das eleições. O anúncio foi feito ontem, durante reunião da Executiva Nacional do PPS, em Fortaleza. Ciro deverá se reunir ainda esta semana com Lula para acertar como será sua participação na campanha do presidenciável do PT. O PPS, não descartou a possibilidade de vir a participar de um eventual Governo petista. “O apoio é eleitoral. Depois se discute se vamos assumir responsabilidades num eventual Governo”, afirmou, ao lado de Ciro, o presidente da sigla, Roberto Freire.

Mas nos Estados com eleições de segundo turno para governador, o partido terá liberdade para apoiar candidatos que não sejam do PT. É o caso, por exemplo, do Ceará, onde o PPS vai trabalhar para eleger o tucano Lúcio Alcântara, que disputa o segundo turno contra o petista José Airton.

“O apoio é irrestrito e entusiástico à candidatura de Lula, a despeito de termos tido diferenças no primeiro turno. Agora não é hora de ressaltar as divergências que tivermos com Lula”, afirmou Ciro Gomes.

Pela primeira vez na campanha, Ciro e seu padrinho político, Tasso Jereissati (PSDB), ficam em lados opostos. Mas só na disputa pela Presidência. O senador eleito Tasso Jereissati anunciou ontem seu apoio à candidatura de José Serra no segundo turno das eleições.

O ex-governador do Rio e presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, também anunciou ontem apoio pleno à candidatura de Lula. “O PDT apoiará incondicionalmente o candidato Lula porque cultiva a esperança que a vitória do petista represente melhores dias para o povo e a superação definitiva de políticas neoliberais, como estas postas em prática por Fernando Henrique”, declarou. “E não estamos pedindo nada.

Queremos apenas ajudar”, acrescentou.

ACM – A campanha de segundo turno da eleição presidencial foi aberta ontem na capital baiana pelo senador eleito Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Em entrevista no noticiário BA-TV, 1ª Edição da TV Bahia (Globo), ao meio-dia, ACM recomendou abertamente o voto em Lula. “Minha posição será de votar (em Lula) e pedir àqueles que me acompanham que votem neste candidato, respeitando alguns colegas que tem posição diferente em certos municípios, mas aí não haverá problema, não vai haver morticínio por causa disso”, afirmou. Magalhães obteve 2.995.025 na eleição de domingo passado para o Senado e não acha que o PFL deve fechar o apoio a um dos candidatos.


COLLOR CULPA FHC
O candidato derrotado ao Governo de Alagoas Fernando Collor de Mello (PRTB) afirmou ontem que o Governo Federal foi um dos responsáveis pela derrota dele. Collor, que perdeu para o governador reeleito Ronaldo Lessa (PSB), disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso ligou para o presidente da Assembléia Legislativa do Estado, Antônio Albuquerque (PTB), pedindo que apoiasse o socialista. A assessoria de Albuquerque confirmou a informação. Collor afirmou que a votação dele, pouco mais de 400 mil votos, confirmou a determinação de continuar na vida pública e que pretende ser candidato a presidente, mas só depois de 2006.


OPOSIÇÃO É MAIORIA NA CÂMARA FEDERAL
O PT aumentou em mais de 55% o número de deputados federais e terá a maior bancada da Câmara na próxima legislatura. Os partidos que hoje fazem oposição ao presidente Fernando Henrique aumentaram suas bancadas, na média, em 40%. Os principais partidos de oposição vão crescer de 134 para 188 deputados federais. Hoje, o PT tem a quarta maior bancada da Câmara, com 58 integrantes. Na próxima legislatura, o partido terá 90 deputados federais (aumento de 55,2%).


Parte da dívida de US$ 3,6 bi é renovada antecipadamente
BRASÍLIA – Para tentar diluir as pressões do mercado sobre o dólar na próxima semana, o Banco Central conseguiu renovar antecipadamente 16,4%, o equivalente a US$ 592 milhões, da dívida cambial de US$ 3,6 bilhões que vence no próximo dia 17.

A concentração elevada de vencimentos na próxima semana é considerada um dos principais pretextos do mercado para especular e aumentar as cotações do dólar nos próximos dias. O BC também recomprou US$ 10 milhões em títulos cambiais (NTN-D) que também venceriam na próxima semana. Essa foi a primeira etapa de renovação do maior vencimento da dívida cambial em único dia deste ano. Restam ainda cerca de US$ 3 bilhões a serem renovados até a próxima quarta-feira.

A intenção do BC é diluir a pressão sobre a moeda norte-americana nesse período em que o mercado financeiro já está agitado em razão do segundo turno das eleições presidenciais. A parte da dívida renovada ontem foi trocada por novos contratos de câmbio no mercado futuro (swaps) que têm prazos de vencimentos entre maio de 2003 e dezembro de 2004. A maior parte vence em outubro de 2004. O BC pretende nessa semana continuar as operações de rolagem do vencimento do dia 17.

“Não houve interesse dos bancos em vender antecipadamente para o BC mais títulos além dos US$ 10 milhões comprados”, disse o chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC, João Henrique Simão. O diretor da corretora Novação, Mário Battistel, afirmou que é bom o BC tentar negociar parceladamente essa dívida cambial pois, com isso, diminuirá o estresse ao longo dos dias que antecedem o vencimento dos papéis.

O Tesouro Nacional também conseguiu vender, pela primeira vez desde 6 de agosto, R$ 500 milhões em Letras Financeiras do Tesouro (LFT), papéis pós-fixados, que não vinham sendo oferecidos ao mercado desde que os fundos de investimentos, seus maiores compradores começaram a ter rentabilidade negativa.


Vendas no País cresceram 2% no último final de semana
As vendas no varejo em todo o território cresceram 2,2% no final de semana passado, que antecede o Dia das Crianças (em 12 de outubro), na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Indicador Serasa do Nível de Atividade do Comércio.

Na mesma comparação, as vendas à vista cresceram 1,9%, enquanto que, em relação aos negócios com cheques pré-datados, que é indicador de vendas a prazo, o avanço foi de 44,1%.

A Serasa lembra, porém, que, apesar dos avanços verificados, a base do Dia das Crianças de 2001 foi muito fraca em termos de demanda, por conta do racionamento de energia e dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos.

Assim, o crescimento de vendas apresentado neste período de 2002 não reflete um incremento nas vendas na mesma intensidade.

Além disso, a entidade lembra que o fim de semana passado também esteve sob os efeitos da votação em primeiro turno das eleições, o que reduziu o movimento sazonal para a data no varejo, diante do fechamento da maior parte do comércio no dia da votação, domingo.

A Serasa prevê que o Dia das Crianças de 2002 deve ser bem melhor que o do ano passado, isto também porque o consumidor está regularizando suas pendências financeiras com os recursos extraordinários recebidos do acordo de correção do FGTS relativo aos planos Verão e Collor 1.

O desempenho do comércio em torno de 12 de outubro é tido como termômetro para as vendas de final de ano, segundo a entidade.


Artigos

Desenvolvimento profissional
Fernando Antônio Gonçalves

Ando preocupado, ultimamente, com o desenvolvimento profissional da mocidade brasileira. Numa época de grande apelo às exterioridades e aos efeitos especiais, o "parece ser" sufocando o "realmente ser", o primeiro valorizado em detrimento de um segundo levado ao ridículo pela "galera" dos desapercebidos, desatrelados de uma complexidade histórica, miméticos por fragilidade conjuntural, eufóricos num hoje muito atabalhoado. O alerta de um autor respeitado, André Comte-Sponville, ratifica as preocupações sentidas: "Nós somos prisioneiros do futuro e de nossos sonhos: de tanto esperar amanhãs que cantam, perdemos o único caminho real, que é o de hoje.

No entanto, é preciso viver e lutar, partir para o assalto ao céu, mesmo que esse céu não exista. Precisamos inventar uma sabedoria para o nosso tempo".

Para os profissionais recém-egressos das universidades brasileiras, vinte e pouco anos de ainda quase adolescência, o pensar do Comte-Sponville pode ser questionado sob outra vertente: será que a universidade brasileira, relegando as Humanidades para escaninhos técnico-burocráticos de madeirame carcomido, não estará aviltando a sua própria formação em Ciência & Tecnologia, reduzindo todos a talentos miméticos, sem movimento próprio, dinamismo e energia criadora? Sem minimamente proporcionar, a cada um dos seus concluintes, uma postura epistemológica capaz de definir, delimitar, esclarecer, demonstrar, argumentar, duvidar, desconfiar, estabelecer e refutar teorias emergentes, muitas delas atreladas a interesses puramente mercadológicos, sem qualquer respaldo ético?

O poeta Fernando Pessoa, talento luso cada vez mais estudado, em 1917, num Ultimatum lucidamente colérico, nos dá boas vergastadas para melhor compreender o grito de Comte-Sponville, indispensável neste século atual, também outro milênio: “Passai, frouxos, que tendes a necessidade de serdes os istas de todos os ismos, passai, radicais do Pouco, incultos do Avanço, que tendes a ignorância por coluna da audácia, passai, gigantes de formigueiro, ébrios da vossa personalidade de filhos de burguês, com a mania da grande-vida roubada na despensa paterna e a hereditariedade indesentranhada dos nervos, passai, bolor do Novo, mercadorias em mau estado desde o cérebro de origem, passai, decigramas da Ambição, passai, cerebrais de arrabalde, passai, senhores feudais do Castelo de Papelão, passai, cabeças ocas que fazem barulho porque vão bater com elas nas paredes, passai, absolutamente passai, porque o que aí está não pode durar, porque não é nada!!”.

Percebia Pessoa, com seu faro premonitório, que somente algo bem mais “solto” que a razão abriria as portas da criatividade, inventando futuros, construindo efeitos diferenciados dos até então moldados, ampliando utopias e assegurando um “gerenciamento” mais eficaz dos riscos assumidos: “Só uma grande intuição pode ser bússola nos descampados da alma”. E mais declarou: “Frutos, dão-os as árvores que vivem, não a iludida mente que só se orna das flores lívidas do íntimo abismo”.

Seguramente, o sempre lembrado companheiro de Caeiros, Campos e Reis, viveu muito além do seu próprio derredor. Percebia que a indecisão é um insulto ao progresso e que uma pessoa é jovem na razão diretíssima e perfeita da sua idéia mais nova. Ele percebia que o sucesso só acontece para as pessoas que dão mais do que recebem, somente tolos caindo no conto da varinha mágica.

Para quem deseja ser mais profissional e menos vítima das receitas prontas e apenas fórmulas matemáticas, a leitura de A Companhia dos Filósofos, de Roger-Pol Droit, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França e articulista do Le Monde, pode ser um excelente começo. Um lúcido anteparo para quem não se inclui no setor “pessoas de mínima categoria”.

PS. Para ACMCO, com toda torcida de um coroa sempre do seu lado.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Voto metropolitano
Em relação a 98, a Assembléia Legislativa de Pernambuco, a partir de fevereiro de 2003, estará mais interiorizada. Salvo Raul Henry, que foi o candidato do Palácio, os petistas Sérgio Leite, Isaltino Nascimento, Roberto Leandro e Teresa Leitão, os evangélicos Cleiton Collins, Manoel Ferreira e Dilma Lins, o soldado PM Moisés Pimentel e o professor Sílvio Costa, o Recife não elegeu mais ninguém para o legislativo estadual. Candidatos de perfil urbano como Augusto Coutinho, Bruno Rodrigues, Pedro Eurico, João Braga, André Campos e Marco Aurélio Medeiros tiveram uma votação muito aquém do esperado.

Dos vereadores ou ex-vereadores que concorreram às eleições apenas dois se elegeram: Isaltino Nascimento e Sílvio Costa. Perderam a eleição Jorge Chacrinha, Francismar Pontes, Cleurinaldo Lima, José Alves, Murilo Mendonça, Luiz Vidal, Clóvis Corrêa, João Arraes, Fred Oliveira, Rogério de Lucca, João Alberto, Vicente André Gomes e Djalma Seixas. Dílson Peixoto foi um caso à parte, pois mesmo não tendo sido eleito senador saiu dessas eleições com mais de 1 milhão de votos.

Pedro Eurico, esperto, procurou garantir-se nos “grotões” com o apoio de Sérgio Guerra e assegurou a reeleição. No Recife, onde já foi forte quando militava nos palanques de esquerda, obteve apenas 5.675 votos.

À sombra do poder
Os Coelho perderam a eleição mas não o poder. Sob a proteção do senador eleito, Sérgio Guerra, o deputado federal não reeleito, Clementino Coelho (PPS), deverá ser convidado para o secretariado de Jarbas Vasconcelos. Já o deputado Geraldo Coelho (PFL), que ficou na 2ª suplência da “União por Pernambuco”, deverá permanecer na Assembléia Legislativa com a provável convocação de Raul Henry (PMDB) e Pedro Eurico para o 1º escalão.

Empenho total
Segundo suplente na chapa de Carlos Wilson, o coordenador da campanha dele em Caruarru, Douglas Cintra, nega a versão de que Jorge Gomes, José Queiroz e João Lyra Filho não teriam se empenhado na campanha do senador. “Dou o meu testemunho como coordenador da campanha de que o empenho deles foi absoluto”, disse Cintra.

Meia surpresa
A eleição do pastor Cleiton Collins (PSB) para a Assembléia Legislativa foi supresa para muita gente. Ele, de fato, nunca figurou em nenhuma lista como tendo chance de se eleger. Já a do pastor Francisco Olímpio (PSB) para a Câmara Federal, não. Vinte dias antes do pleito ele disse a este JC que só perderia para Arraes e Eduardo Campos.

Magalhães viajou na aeronave que se acidentou
Pouca gente em Pernambuco sabe que Roberto Magalhães, nesta campanha eleitoral, fez três viagens ao sertão no mesmo avião sêneca que se acidentou com Raul Henry
(PMDB). Uma delas, em 12/09, para São José do Egito.

Arraes vai de Lula mas quer discutir o programa do PT
Arraes estará com Lula no 2º turno. Mas antes de oficializar o apoio do PSB, nesta 5ª feira, quer que o PT clarifique seus conceitos sobre certos temas econômicos. Para ele, Lula, nesse particular, flexibilizou muito suas posições.

Grande injustiça
Nílton Carneiro (PST) é um ganhador de eleições mas escolheu o partido errado e ficará de fora da Assembléia Legislativa. Obteve mais de 32 mil votos para deputado estadual, dos quais 24 mil só em Jaboatão (o mais votado), mas o partido a que se filiou não atingiu o quociente eleitoral para preencher uma cadeira.

Quase deputado
O ex-deputado Wôlney Queiroz (PDT) registrou sua candidatura à Câmara Federal só para ajudar a Frente Trabalhista. Obteve 12.234 votos. Os três partidos da Frente, juntos, conseguiram reunir 138 mil votos de legenda. Com mais uns 15 mil ele teria sido eleito deputado sem ter pedido um voto a ninguém.

O PSB poderia ter ampliado a sua representação política em Pernambuco se tivesse colado mais em Garotinho. Quem se beneficiou dessa “cola” foi o deputado Manoel Ferreira (PPB), que nem do PSB é. Dado por muitos como em “zona de risco”, ele pedia votos para Gar otinho e foi o 4º mais votado para a Assembléia Legislativa: 53 mil votos.

O prefeito Fernando Bezerra Coelho (Petrolina) e seu grupo político ainda não decidiram com quem irão ficar na eleição presidencial. Uma parte do grupo defende Serra, para “afagar” Jarbas Vasconcelos, que não deve ter gostado nada de ter perdido a eleição lá. E outra advoga que se siga Ciro e Roberto Freire: Lula.

Montado em 58.277 votos, o soldado PM e deputado estadual eleito, Moisés Pimentel (PL), deve colocar logo as barbas de molho para não acontecer com ele o que ocorreu em Minas com o Cabo Júlio (PL): teve um caminhão de votos em 98 por ter liderado, um ano antes, a greve da PM lá. E agora perdeu a eleição.

Um leitor lembra à coluna que o “quantitativo” de votos obtido por determinado candidato não pode ser o único referencial para chancelar uma candidatura à prefeitura do Recife. Arraes, diz o leitor, quando foi candidato a prefeito do Recife em 1959, e ganhou a eleição, era suplente de deputado estadual.


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10/09/2002


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