Ciro e Garotinho indicam apoio a Lula










Ciro e Garotinho indicam apoio a Lula
Petista procurar manter ânimo da militância enquanto tucano perde seu coordenador

FORTALEZA - O candidato derrotado a presidente Ciro Gomes (PPS) reúne-se hoje com a cúpula de seu partido para decidir sobre seu apoio ao presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem à noite, Lula e o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), telefonaram para Ciro para começar as articulações para o segundo turno. Na conversa, ele teria mostrado disposição de apoiar Lula, mas para isso terá de enfrentar um problema regional: seu padrinho político e aliado, o ex-governador tucano Tasso Jereissati, já iniciou conversas com o PSDB para apoiar José Serra.

"O fato de o Ciro apoiar o Lula não garante que ele vai conseguir transferir seus votos para o petista", afirmou ontem o senador eleito Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que conversou por telefone com Tasso. O ex-governador apostou na candidatura de Ciro à Presidência, não se envolvendo na campanha do presidenciável de seu partido. Acabou se afastando da cúpula do PSDB, que agora tenta reaproximar-se. "Mas isso é que nem namoro: tem de ir aos poucos",disse Azeredo.

Ciro pretendia formalizar o apoio a Lula hoje à tarde. Mas decidiu antes ouvir o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE). A reunião de amanhã em Fortaleza definirá o rumo do partido. A idéia é apoiar nacionalmente a candidatura de Lula, mas deixar o partido livre nos Estados onde há dificuldades para concretizar esse apoio.

Além de Ciro e Freire, participam do encontro o líder do PPS na Câmara, João Herrmann (SP), e o secretário-geral do partido, Francisco Inácio Almeida.

O segundo turno para a Presidência vai rachar a Frente Trabalhista, que inclui, além do PPS, o PDT e o PTB. A tendência no PTB é apoiar Serra e o PDT já avisou que fará campanha para o petista. "Agora todo mundo vai na campanha do Lula com alegria", afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ). Ele conversou hoje com o presidente do PDT, Leonel Brizola, para acertar o apoio ao PT. No fim do primeiro turno, Brizola chegou a defender a renúncia de Ciro para tentar garantir a eleição imediata de Lula.

Tasso e seus aliados vão apoiar Serra e se empenhar na eleição de Alcântara. No entanto, ele terá dificuldades de montar palanque para o presidenciável tucano, que enfrenta grande rejeição no Estado. Ciro, por sua vez, fará campanha para Lula, mas terá problemas de palanque no Ceará, por causa de sua ligação com Tasso.

PSB - Por outro lado, o PSB decide numa reunião amanhã, se apóia ou não a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência. O presidente do partido, Miguel Arraes, vem ao Rio para a reunião. O ex-governador Anthony Garotinho, candidato derrotado à Presidência, no entanto, afirmou que hoje teria dificuldades de apoiar o PT, por causa das alianças que o partido fez no primeiro turno. Garotinho disse que recebeu ontem ligações de Lula e do presidente do partido, José Dirceu. Os dois, segundo ele, deram parabéns pelos seus votos e disseram que gostariam de estar juntos com ele no segundo turno.

"Disse a eles que isso não depende de mim. Tenho muita dificuldade de votar no Lula nas condições atuais, emfunção dessa direitização do PT. O PT quer o poder a qualquer custo. E isso nós já vimos no Brasil no que dá. O presidente Fernando Henrique era um homem de esquerda, que fez tantas concessões e quem governou foi o programa do PFL. Seria impossível apoiar José Serra. Somos oposição ao modelo econômico e Serra é a continuidade. Mas para nós hoje os dois projetos representam continuidade".

Em caminhada na Central para comemorar a eleição da mulher, Rosinha Matheus, para o governo, Garotinho deu uma demonstração de como deve ser sua relação com o PT no segundo turno. "Já coloquei minhas condições. Lula, para receber nosso apoio, tem que se livrar dessas alianças de direita. Somos um partido que tem compromisso com o povo. Lula está com o ex-presidente José Sarney, com esses políticos que afundaram o Brasil. Se quiser nosso apoio, vai ter de escolher com quem quer andar", afirmou.

Apesar das críticas a Lula, Garotinho descartou qualquer apoio a Serra. Ele não quis adiantar se tomaria a posição de liberar seus eleitores. "Estou aqui externando minha posição. Se for derrotado, acato a decisão do partido.

Garotinho não quis dizer se libera os eleitores ou se sobe no palanque de Lula. "Ele precisa entender que, para o bem do país, precisava que ele agora dissesse que é outra eleição. Vamos rever nossas alianças". O ex-governador afirmou que se sente vitorioso, porque teve mais de 15 milhões de votos numa eleição em que gastou R$ 2 milhões.

tucaNOS - Por sua vez, a campanha do segundo turno do candidato tucano José Serra começou ontem com uma baixa no comando politico. Depois de ser acusado de erros durante a primeira fase da campanha e de bater de frente com o próprio candidato e a equipe de marketing, o coordenador político Pimenta da Veiga convocou uma coletiva, logo cedo, para anunciar que estava abandonando a campanha de Serra, para dar lugar á criação de um conselho político formado pelos governadores e tucanos eleitos.

Sua saída marca o início da recomposição do comando da campanha para essa nova fase da disputa com Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. A nova equipe vai ser comandada por Serra, o publicitário João Roberto Vieira da Costa e o presidente do partido, José Aníbal (PSDB/SP), derrotado na disputa pelo Senado.

No comunicado aos jornalistas, Pimenta anunciou que deixará sua coordenação para que os candidatos do PSDB vitoriosos nas eleições de domingo assumam seu controle.

Ele citou como exemplos de políticos que podem ajudar nesse papel o governador reeleito de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, o governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves, o governador reeleito de Goiás, Marconi Perillo, e os senadores Eduardo Azeredo (MG) e Marco Maciel (PE).


FHC quer mais debates entre candidatos no segundo turno
Presidente da República faz primeira avaliação dos resultados da eleição no primeiro turno

BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso considerou positiva a diversidade política que foi observada com os resultados já divulgados da eleição, o que vai propiciar a divisão de forças político-partidárias no País. Ele disse que, no segundo turno, os dois candidatos à presidência - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) - deverão mostrar "com mais clareza as propostas".

Em pronunciamento no final da tarde de ontem, ele disse esperar um segundo turno com debates de propostas entre os candidatos. "O importante é que nós mantenhamos o nível democrático, a nossa capacidade de, ao discordar, ao termos embates partidiários, nunca percamos de vista o interesse público e a compostura.

Fernando Henrique disse também que não cabe ao presidente da República julgar o resultado da eleição, e sim respeitar. "Não podemos pensar que jogo eleitoral seja um jogo de escolha entre as pessoas, entre as qualidades das pessoas. Elas (as pessoas) representam forças sociais, políticas, econômicas e têm projetos para essas forças: o que vão fazer com o nosso País, qual é o caminho", disse.

O eleitor, segundo o presidente, tem que saber, quando vota, o que vai acontecer com ele próprio no futuro. "Tenho certeza que os dois candidatos, Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra, têm capacidade de expor as suas idéias."

Monopólio - Fernando Henrique disse que os resultados apontam que "não há monopólio de poder político por parte de qualquer partido" no País, ao fazer fez uma análise dos resultados da eleição para o Congresso Nacional e para os governos estaduais. Ele avaliou que houve uma relativa divisão de forças entre os p artidos e um crescimento das bancadas de partidos pequenos.

A distribuição dos partidos em vários estados, e o equilíbrio de forças no Senado e na Câmara, segundo o presidente, são dados que refletem a diversidade do País. Ele disse que se orgulha, durante seu mandato, de ter sido um dos maiores defensores da formação de alianças para garantir a governabilidade, independente de questões ideológicas.

"No caso brasileiro, essa diversidade não se restringe à questão das siglas partidárias", disse o presidente, lembrando que, "infelizmente, as pessoas mudam de siglas com muita facilidade".

A campanha eleitoral, segundo ele, foi feita a contento. O presidente acredita que a votação eletrônica mostra a capacidade técnica do Brasil e é bastante positiva, apesar dos problemas apresentados nessa eleição, com as longas filas. "

Sobre o desempenho dos principais líderes de sua base parlamentar, ele lamentou apenas o fato de que o senador Arthur da Távola, do PSDB, e atual líder do governo no Senado não tenha conseguido se reeleger. "Com exceção Artur da Távola,todos os líderes foram reeleitos.


Novo Congresso exigirá alianças
SÃO PAULO E BRASÍLIA - As bancadas do PT vão crescer na Câmara e no Senado, mas o crescimento não será suficiente para que o partido alcance números que viabilizem as votações no Congresso. As previsões para composição das bancadas na Câmara e a apuração no Senado indicam que as forças que atualmente apóiam o governo de FHC continuem majoritárias, embora diminuam de tamanho. Com isso, o PT deverá buscar a formação de blocos partidários e até mesmo tentar atrair dissidentes nas legendas que atualmente formam a base de apoio a FHC no Congresso.

O tucano José Serra, se for eleito presidente, também terá de agregar outros partidos à sua base parlamentar além de PSDB e PMDB, que formam a Grande Aliança e deverão ter as bancadas reduzidas. O PSDB deverá cair dos atuais 94 deputados para cerca de 81. O PMDB, que tem 87 deputados, deverá ficar com 74. O PPB, que apóia informalmente Serra, deverá se manter em torno de 50 deputados. Para ter maioria na Câmara, Serra terá de conquistar o apoio do PFL, que deverá eleger em torno de 80 deputados.

No Senado, os dois partidos aliados de Serra serão menores na próxima legislatura, que se inicia em fevereiro. O PSDB cairá dos atuais 14 senadores para 11 e o PMDB, de 23 para 19. O PFL - que se reúne na quarta-feira para decidir qual a posição vai tomar no segundo turno da eleição presidencial - ganhou um senador, ficando com uma bancada de 19.

Se ficarem juntos, os três terão 49 senadores - o mínimo necessário para aprovar uma emenda constitucional. Ou seja, podem facilitar a vida de Serra, se ele for o vitorioso no dia 27 de outubro, ou criar dificuldades para um eventual governo Lula.

A bancada do PT no Senado será a que mais vai crescer após as eleições deste domingo.

O partido ganhou seis cadeiras e pulou de oito para 14 senadores, registrando o melhor desempenho de sua história. Com o crescimento, os petistas ultrapassaram o PSDB e vão formar a terceira maior bancada do Senado. Os tucanos, que tinham direito a 14 vagas, vão ocupar apenas 11 cadeiras a partir do ano que vem.

As maiores bancadas da Casa, no entanto, continuam pertencendo ao PMDB e ao PFL.

Cada uma das duas legendas terá direito a 19 vagas. Isso deverá fazer com que os dois partidos disputem a presidência do Senado. Apesar de manter uma bancada forte, os peemedebistas perderam espaço. Até hoje, eles mantinham a lideranças isolada no ranking de cadeiras, com direito a 23 votos no Senado.

Partidos que tendem a se aliar ao PT na formação de blocos parlamentares também aumentaram sua votação, como o PL, que passou de um para três senadores, e o PDT, que terá cinco cadeiras. O número exato de cada bancada ainda poderá sofrer pequenas alterações, já que alguns senadores são candidatos a governador e vão disputar o segundo turno em seus estados de origem.

batom - Na Câmara, projeções feitas por analistas políticos indicam que o PT, hoje com 58 deputados, pode ter 93 (de um total de 513). Apesar do crescimento da bancada petista, se Lula for eleito presidente, ele será obrigado a fazer alianças para ter maioriano Congresso. Os atuais aliados do PT (PC do B, PL e PMN) não vão colaborar em muito para o reforço da bancada de Lula. Na Câmara, os três partidos deverão ter cerca de 35 deputados. A bancada do PPS na Câmara deverá se manter com 12 deputados.

Os dados da eleição para deputado federal não são definitivos porque a contagem dos votos prossegue em alguns Estados, o que deverá alterar as bancadas. Para calcular quantos deputados cada partido elegerá por Estado é necessária a totalização dos votos.

Entre os eleitos para o Senado estão dez ex-governadores e 12 deputados federais. No entanto, o que mais chama a atenção na nova composição do Senado é o crescimento da bancada feminina: serão dez senadoras, o dobro do número atual. "A bancada do batom vai ficar com camada dupla", afirmou a deputada estadual de Santa Catarina Ideli Salvatti (PT), uma das eleitas. Também se elegeram senadoras, entre outras, Roseana Sarney (PFL-MA) e Patrícia Gomes (PPS-CE), ex-mulher de Ciro Gomes.

Em 2003, não retornam ao Senado importantes aliados de FHC, como os atuais líderes do governo, Artur da Távola (PSDB-RJ), e do PSDB, Geraldo Melo (RN), que não conseguiram se reeleger. O peemedebista Sérgio Machado (CE), ex-líder do PSDB no Senado e um dos principais aliados do presidenciável tucano José Serra, também não retorna. Foi derrotado nas eleições para o governo do Ceará pelo PMDB.


Propaganda começa na segunda
BRASÍLIA - O plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou na noite desta segunda-feira uma resolução com a proclamação dos resultados parciais das eleições presidenciais. A apuração dos votos ainda não foi totalizada, mas os ministros resolveram proclamar o resultado, mesmo parcial, para que a propaganda eleitoral gratuita possa começar 48h após essa medida, conforme prevê a lei eleitoral.

A coordenações de campanha do PSDB e do PT, no entanto, decidiram não começar o programa eleitoral gratuito na quinta-feira. Eles fizeram um acordo para veicular os programas apenas a partir de segunda-feira. Com isso, os partidos teriam mais tempo para elaborar os programas dos dois candidatos à presidência que disputam o segundo turno - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB).

Os ministros do TSE explicaram que não haveria nenhum problema em antecipar a proclamação do resultado porque, matematicamente, não há mais possibilidade de o quadro ser revertido, ou seja, Lula não venceria no primeiro turno e nem Anthony Garotinho (PSB) ultrapassaria Serra.

No segundo turno, cada candidato à presidência terá sete minutos e trinta segundos de inserções diárias além de dez minutos da tarde e dez à noite nos programas de blocos.

Segundo o ministro José Gerardo Grossi, se fosse respeitada toda a burocracia formal para a proclamação do resultado da eleição, a campanha eleitoral no rádio e na televisão só poderia começar no próximo dia 16.


Dólar sobe e fecha em R$ 3,725
Eleições ainda são um dos fatores que geram especulação no mercado, elevando cotação

SÃO PAULO- O dólar comercial fechou em alta de 3,17%, cotado a R$ 3,725 na compra e R$ 3,735 na venda. O que se viu foi uma segunda-feira de depreciação dos ativos brasileiros. Os títulos da dívida externa brasileira operaram em queda por todo o dia e o risco-país brasileiro, em alta. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o pregão viva-voz em queda de 3,90%, com o Índice Bovespa em 8.897 pontos. O volume financeiro era de R$ 243,6 milhões.

O quadro eleitoral continuou como grande font e de especulação, com os investidores analisando as possibilidades de alianças dos candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do PSDB, José Serra, que agora polarizam a disputa à Presidência. O vencimento de uma dívida de US$ 3,6 bilhões no dia 17 também foi gerador de especulação. Além disso, o cenário internacional foi de perdas, o que influenciou diretamente os títulos da dívida externa de países emergentes.

Além disso, segundo Fernando Leite, analista da corretora Quality, muitos investidores acreditavamque o dólar cairia e por isso adiaram suas compras, de sexta-feira para ontem. Como vários deles tiveram a mesma idéia, o dólar não teve outro caminho senão a alta.

O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou em alta de 2,89%, cotado a R$ 3,45 na compra e R$ 3,55 na venda. No Rio, o paralelo ficou estável, valendo R$ 3,25 na compra e R$ 3,45 na venda. O dólar turismo de São Paulo subiu 0,56% no fechamento, cotado a R$ 3,30 e R$ 3,55 na compra e na venda, respectivamente.

As mesas de operações já foram invadidas por especulações em torno das alianças para o segundo turno e projeções de votos para os dois candidatos que agora polarizam a corrida presidencial.

"O investidor estrangeiro continuou apreensivo e derrubou o C-Bond, que havia subido na semana passada. Não precisa mais que isso para que o dólar suba", disse Carlos Alberto Abdala, diretor de câmbio da corretora Souza Barros.

Os dois principais indicadores de confiança externa na economia brasileira pioram ontem. Segundo levantamento feito pelo banco JP Morgan Chase, por volta das 15h o risco-Brasil apontava subida de 3,85% e operava aos 2.048 pontos. Na máxima do dia, o índice atingiu 2.177 pontos.

Já o principal título da dívida externa brasileira opera em firme queda. O C-Bond cai 2,26% nos mercados internacionais e é negociado a 53% de seu valor de face, ou US$ 0,5300.

Na Bovespa, Telemar PN e Petrobras PN, as duas ações mais importantes da bolsa, têm queda de 4,20% e 3,56%, respectivamente, ambas acima da média do mercado. Das 56 ações que fazem parte do Ibovespa, somente duas operam em alta: Siderúrgica Tubarão PN e VCP PN, ambas com 0,9%. Já as quedas mais significativas são de Embratel participações ON (-6,4%) e Usiminas PNA (-6,1%).


Preço deve aumentar logo após as eleições
SÃO PAULO- O reajuste dos preços dos combustíveis deve ser anunciado tão logo seja definida a sucessão presidencial no segundo turno. Analistas do setor de petróleo estimam que, no caso da gasolina, o repasse varie entre 7% e 20%.

Há ainda estimativas de técnicos do setor de que a alta da moeda norte-americana e do barril do petróleo no mercado internacional nos últimos meses já provoque uma pressão superior a 40% nos preços da gasolina e do diesel em relação ao último reajuste, concedido no fim de junho.

No caso do gás de cozinha (GLP), o represamento dos repasses desses aumentos já supera 60%, provocado principalmente pela determinação do Governo de reduzir em 12,4% o preço na refinaria e devido ao fato de a estatal importar cerca de 35% do produto. O último reajuste da gasolina e do diesel foi calculado tomando como referência uma cotação do dólar de R$ 2,80. A moeda americana encerrou a R$ 3,735.

Luiz Paulo Foggetti, analista de petróleo da corretora Fator Dória Atherino, acredita num reajuste deaté 7% nos combustíveis logo após a conclusão das eleições.

Segundo Fogetti, a situação do mercado internacional de petróleo não é boa para a Petrobras, que sofre com a atual pressão nos preços do petróleo diante do risco de uma guerra entre EUA e Iraque.


Artigos

Apesar de todos, havemos de amanhecer
Darcy Ribeiro

Estou me cansando de ouvir falar de Lula com descaso. Qualquer advogadinho idiota, porque formado,se acha melhor que ele, mais preparado para governar. Um intelectual desses que leu meia dúzia de livros ou escreveu qualquer bobagem, um tecnocrata que desempenhou bem ou mal algum cargo, todos se acham melhores que Lula e falam dele sem sombra de respeito. Por que? Essa gente pensa que o exercício do poder em postos de alta responsabilidade, cabe a uma categoria particularíssima de pessoas, na qual não incluiriam jamais um ex-operário ou um líder sindical, ainda que muito bem-sucedido. Para eles, o exercício da Presidência se dá naturalmente, é quando um figurão sucede a outro ou entrega o poder a um militar golpista.

Nesses casos nunca se pergunta por competência para governar, nem se alega incompatibilidades.

Não devia ser assim, mesmo porque foi esta gente que nos governou até hoje, quase sempre da forma mais desastrosa para o povo. Quando se fala da necessidade de reformas ou renovações, devia-se estar falando de afastar esses protagonistas fracassados, para chamar ao poder presidencial personagens novos que, ao menos, não tenham demonstrado sua inépcia para compor e reger governos democráticos capazes de promover uma prosperidade generalizável a toda a população. Vale dizer, gente como Lula, descomprometida com a ordem vigente tão privilegiadora da minoria rica que enriquece cada vez mais, quanto perversa para com o grosso da população brasileira que se miserabiliza cada vez mais.

O povo, ao contrário, percebeu que nada pode esperar desses poderosos que ocuparam a arena política desde sempre ou nela querem ingressar pelo controle de máquinas partidárias e de mídias. Todos eles falam exaustivamente de seus méritos. Seja uma larguíssima experiência no trato da coisa pública, como governantes ou parlamentares. Seja a astúcia de intelectuais coniventes, mas dispostos a pôr a serviço do povo sua suposta capacidade de governar com sabedoria. Seja ainda o tipo de empresários bem-sucedidos que, sabendo ganhar dinheiro nos seus negócios, se acham também bons para reger os bens públicos. Seja até, outra vez, um general mandão com talento para pôr ordem na baderna nacional.

O eleitorado rejeitou a todos eles e consagrou a Lula colocando-o na segunda rodada. Pode até errar, elegendo mal, amanhã, o novo presidente, induzido que foi a ver como bom para o povo aquele que os donos das máquinas publicitárias de vender refrigerantes ou sabonetes nos querem impingir. Mesmo nesse caso, porém, vota pela renovação. Que renovação maior pode haver do que a de colocar Lula na Presidência do Brasil? Pela primeira vez na História lá estaria um homem que veio do fundo dos fundos. Lula é o flagelado que deu certo. Teve êxito, mas permaneceu fiel às suas origens. Assim foi porque Lula se construiu na luta de toda uma vida admirável de líder sindical e de político popular pelos direitos dos trabalhadores e dos cidadãos.

Hoje, Lula é tão operário como foi criança, um dia. É de assinalar, entretanto, que sua formação ele não alcançou nas universidades, nos Parlamentos ou nos quartéis que são os úteros de gestação de nossas precárias classes dirigentes. Ele se fez foi nos movimentos sociais que são um ambiente melhor para fazer o governantes apto e leal de um país que não deu certo, por culpa, não do seu povo, mas das elites. Minha vivência com o poder, aqui e lá fora, é que dita esse testemunho. (...).

(...) Dele, tenho certeza de que não ouviremos mais falar do tolo orgulho de sermos a segunda economia do Mundo - produzindo soja para engordar porcos no Japão, mas indiferente à fome do povo. Com Lula no poder ninguém alegará mais que somos a sétima ou oitava economia do Mundo, esquecendo que nossos salários são dos mais baixos da Terra. Nos livraremos também da balela de que o Brasil é um País em desenvolvimento porque se tornará evidente que estamos é sendo afundados no poço do atraso. O diabo é que nossa opção no dia 17 não se dará nem entre Lula, como o novo, e qualquer vetusta figura tradicional.

Se dará, isto sim, é entre Lula e Collor, que é muitíssimo pior do que todos eles. Pior porque ainda mais servil à nossa velha elite, feita de filhos e netos de senhores de escravos calejados na maldade; de ricaços descendentes de imigrantes que olham de cima, com desprezo, a quem não enricou também; e, sobretudo, desta casta de gerentes das multinacionais, só leais a seus patrões.

Velha e infecunda elite que sempre detestou o povo brasileiro, que o manteve sempre atrasado e faminto, usando-o como mero carvão de se queimar na produção, mas que defende de unhas e dentes sua hegemonia que uma vez mais ameaça perpetuar-se.

Apesar de todos eles, havemos de amanhecer.

Aos 67 anos de idade, o professor Darcy Ribeiro escreveu este desabafo, dias antes de ocorrerem as votações do 2º turno das eleições de 1989, das quais saiu vitorioso Fernando Collor. Mostra-se tão atual quanto verdadeiro. Pela cessão do espaço, André Resende, jornalista.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - Divane Carvalho

Caminho do Interior
Humberto Costa (PT) foi derrotado por Jarbas Vasconcelos mas pode se orgulhar de ter matado não dois mas três Coelho, de uma cajadada só, em Petrolina. A maior zebra da eleição onde nada do que estava previsto aconteceu. Favorito no município mais importante do Sertão do São Francisco, com apoio do prefeito Fernando Bezerra Coelho, (PPS), o governador perdeu para Humberto por mais de nove pontos percentuais, contrariando todas as previsões políticas dos aliados, adversários e dos institutos de pesquisas. E mais, Bezerra Coelho não conseguiu renovar o mandato federal do irmão, Clementino Coelho, o que ninguém nunca imaginou. Pelo contrário, quando se falava em Clementino se dizia até que ele seria convocado para o secretariado do próximo governo de Jarbas Vasconcelos para que Roberto Freire pudesse assumir, como suplente, seu mandato na Câmara dos Deputados. Tão sombrias eram as previsões para o senador que se elegeu deputado federal. E Ranilson Ramos, ligado a Bezerra Coelho, não volta para a Assembléia assim como Geraldo Coelho, do PFL, que os pefelistas consideravam reeleito. Ou seja, a tal onda vermelha fez estragos em Petrolina e em outros municípios tradicionalmente controlados pelos aliancistas.

Como Garanhuns, onde o governador também perdeu, e em Belo Jardim, terra dos Mendonça. Lá Jarbas Vasconcelos venceu com 52,2% dos votos, mas Humberto Costa ficou perto dele, com 45,7%. Como em outros municípios o PT teve desempenho semelhante, isso significa que os petistas aprenderam o caminho do Interior, para desespero de muita gente.

Jarbas Vasconcelos acha que o segundo turno da eleição presidencial entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) será uma bela batalha:" São dois candidatos qualificados, honestos, capazes e com serviços prestados ao Brasil

Nova
Raul Jungmann, do PMDB, é a única cara nova da União por Pernambuco na Câmara dos Deputados. O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário se elegeu para seu primeiro mandato federal contrariando todas as previsões.

Apoio 1
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ligou para Arraes (PSB), ontem, parabenizando o ex-governador por sua eleição a deputado federal. Depois, claro, disse que precisavam conversar sobre o apoio do PSB no segundo turno da eleição.

Apoio 2
Arraes ficou satisfeito com o telefonema de Lula e disse ao presidenciável que vai discutir com as pessoas do partido amanhã, quando reúne a Executiva em Brasília. Hoje ele se encontra com Garotinho, no Rio.

Procissão
Pedro Eurico (PSDB) acompanhou a procissão de Nossa Senhora do Rosário, ontem, em Goiana, para agradecer a renovação do seu mandato para a Assembléia Legislativa na eleição de domingo. E diz que rezou muito, apesar do cansaço da campanha.

Lista
O Diário Político retira a Polícia Federal da lista dos órgãos passíveis de indicações políticas, publicada aqui, ontem. Porque seus cargos são preenchidos por critérios técnicos, por indicação do Departamento de Polícia Federal e referendados pelo Ministro da Justiça.

Feliz
Tony Gel, do PFL, ainda comemora porque José Serra (PSDB) ganhou em Caruaru com 40.9% dos votos, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve 36.8%, e Jarbas Vasconcelos conseguiu o seu maior percentual no município, 64.2% O prefeito diz que já está pronto para enfrentar o segundo turno.


Editorial

TOMADA DE INICIATIVA

O Iraque mostra-se disposto a considerar uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre as inspeções de seus arsenais. A única condição imposta por Bagdá se refere sobre quais serão as tomadas de posição do Conselho. O governo iraquiano já adiantou que desejar terminar logo com esse problema para que o bloqueio e as sanções econômicas sejam levantadas.

Em relação aos complexos presidenciais de Saddam Hussein, o posicionamento iraquiano está sendo mais maleável. O jornal The Washington Post publicou notícia dando conta que o país estaria disposto a retirar as restrições aos inspetores da ONU. Locais "sensíveis" poderão receber visitações a qualquer lugar e a qualquer tempo.

A ameaça dos Estados Unidos de iniciar uma guerra está levando o Iraque a agir, assumindo a iniciativa. Com esse comportamento o país mostra que não está sendo forçado pela ONU. O histórico da polêmica de Bagdá com as Nações Unidas vem de dezembro de 1998, quando os inspetores da ONU foram retirados do país depois que os serviços de inteligência e os grupos de segurança de Saddam os impediram de entrar nas instalações ou conseguiram informações antecipadas a respeito dos locais para onde eles estavam indo e retiravam os equipamentos e materiais antes que eles chegassem.

Um dos motivos para que os inspetores desejassem visitar os palácios presidenciais era obter documentos sobre o programa iraquiano de ocultação de material estratégico, administrado pela Organização de Segurança Especial de Saddam, que tinha sua sede central em um dos complexos. Essa organização desempenhou papel importante seguindo os passos e vigiando os inspetores da ONU, segundo Charles Duelfer, ex-vice-diretor executivo do grupo de inspeção, que liderou a equipe encarregada de realizar a pesquisa inicial, de dez dias, nos oito complexos presidenciais, entre março e abril de 1998.

Agora, Saddam Hussein, caminhando sob o fio da navalha de George W. Bush resolve tomar a iniciativa. Na reunião preliminar realizada em Viena, na semana passada, a delegação iraquiana disse que os inspetores poderiam fiscalizar os complexos presidenciais de Saddam que em ocasião anterior foram ocultados. O temor de uma guerra é o fator preponderante dessa tomada de posição, ainda que não se saiba se isso possa ser um fato estratégico novo, coisa muito comum nas tomadas de decisões do ditador iraquiano.


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10/08/2002


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