Lula, Serra e Garotinho crescem. Ciro cai 1 ponto










Lula, Serra e Garotinho crescem. Ciro cai 1 ponto
Pesquisa do Ibope revela que petista, com 48% dos votos válidos, está a 2 pontos da vitória no primeiro turno

Todos os candidatos à Presidência, com exceção de Ciro Gomes (PPS), apresentaram uma oscilação positiva nas intenções de votos, segundo a última pesquisa do Ibope, divulgada ontem no Jornal Nacional, da Rede Globo. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou 2 pontos e chegou a 43%. José Serra (PSDB) oscilou 1 ponto para cima e tem 19%. Anthony Garotinho (PSB) passou de 15% para 16%, enquanto Ciro caiu de 12% para 11%.

Houve uma queda de votos em branco, nulos e de eleitores indecisos. Os votos em branco e nulos somam 3% (eram 4% na semana passada) e 7% dos eleitores ainda não sabem em quem vão votar (eram 10%).

Embora tenha subido 2 pontos percentuais, Lula permanece com 48% dos votos válidos (soma de todos os votos menos os em branco e nulos). Para se eleger no primeiro turno, o candidato precisa atingir 50% dos votos válidos mais um voto. O índice de votos válidos de Lula ficou inalterado porque seus concorrentes também subiram na pesquisa, aumentando a base para o cálculo de votos válidos. Serra tem 21% dos votos válidos; Garotinho, 16%; e Ciro, 12%.

Como a margem de erro é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos, Garotinho está empatado tecnicamente com Serra em segundo lugar.

Nas simulações para o segundo turno, Lula venceria todos os seus adversários. Se a disputa fosse com Serra, ele ganharia por 55% a 35%. Com Garotinho, o candidato petista seria eleito por 54% a 35%. Caso concorresse com Ciro, teria 57% a 31%. A pesquisa foi feita entre os dias 28 e 30 de setembro. Foram entrevistados 3 mil eleitores em 203 municípios de todo o País.

O resultado confirma a tendência de crescimento de Lula indicado pela última pesquisa Datafolha, divulgada no sábado. Segundo o Datafolha, Lula oscilou 1 ponto para cima e chegou a 41% das intenções de votos (49% dos votos válidos). Serra e Garotinho se mantiveram estáveis: o tucano tem 19% e o ex-governador do Rio, 15%. Ciro caiu de 13% para 11%.

PDT recua e fica na Frente
O PDT decidiu que não fará mais esforços para apoiar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda no primeiro turno. A decisão do presidente nacional do partido, Leonel Brizola, foi de manter a aliança com o candidato da Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB), Ciro Gomes.

"Ciro se mantém candidato, e vamos com ele até o fim", declarou o vice-presidente do PDT, Carlos Lupi.

No final de semana, Brizola defendeu que o PDT avaliasse a possibilidade de apoiar Lula, numa tentativa de garantir a eleição do petista já em 6 de outubro, no primeiro turno.

A Frente Trabalhista ainda respira e "Ciro não vai renunciar". É o que garante o candidato a vice-presidente pela coligação, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que afirma estar realizando, diariamente, "três assembléias nas portas de fábrica: manhã, tarde e noite". Paulinho acredita que Ciro tem grandes chances de chegar ao segundo turno da eleição.

Nessas assembléias, Paulinho diz que tem pedido aos eleitores do petista Luiz Inácio Lula da Silva para votarem em Ciro e, assim, evitarem a chegada do tucano José Serra ao segundo turno. "Se o Serra chegar ao segundo turno, ele destruirá Lula, como fez com Paulo Renato de Souza, Tasso Jereissati e Roseana Sarney. O Ciro vai apenas discutir idéias, sem atacar a honra do Lula", garantiu.

Parente vai comandar a transição
O ministro-chefe da Casa Civil da Presidência, Pedro Parente, será o representante do governo no processo de transição para o próximo presidente. A notícia foi divulgada, ontem à noite, pelo porta-voz do Palácio do Planalto, Alexandre Parola.

Assessores da Presidência confirmaram que, logo após o primeiro turno das eleições, o presidente Fernando Henrique deverá assinar a medida provisória criando os 51 cargos especiais que serão ocupados pela equipe do presidente eleito durante o período de transição.

Inicialmente, a medida provisória seria editada após o segundo turno das eleições. No entanto, o governo decidiu antecipar a assinatura da MP para a próxima semana, independentemente de haver ou não segundo turno.

A equipe de transição terá à disposição salas no Centro de Formação do Banco do Brasil, localizado no Setor de Clubes Sul, cuja reforma está sendo concluída. O prédio deverá estar pronto até o próximo dia 10.

Eleitor só pode ser preso em flagrante
Desde ontem e até 48 horas após a realização das eleições gerais do próximo domingo, nenhum eleitor poderá ser preso, salvo em flagrante delito ou por motivo de sentença criminal.

De acordo com o calendário eleitoral estabelecido pela legislação que regulamenta as eleições, ontem foi também o último dia do prazo para os partidos políticos e coligações indicarem aos juízes eleitorais, Tribunais Regionais Eleitorais e Tribunal Superior Eleitoral representantes para o comitê interpartidário de fiscalização, bem como os nomes das pessoas autorizadas a expedir as credenciais para fiscais e delegados.

Além do salvo-conduto para os eleitores, a legislação prevê que os candidatos também gozem do mesmo benefício legal. No entanto, o prazo para os políticos que tentam se eleger é maior. Eles não podem ser presos a partir de 15 dias antes das eleições e até 48 horas após o pleito.
As exceções para os candidatos são as mesmas dos eleitores. Eles só podem ser presos durante o período do salvo-conduto no caso de flagrante ou de sentença condenatória.

PT terá oito minutos no programa de Serra
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, conquistou sua maior vitória no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Amanhã, último dia da propaganda política no rádio e na televisão, o petista terá o direito de usar 8 minutos do horário eleitoral destinado a seu adversário do PSDB, José Serra. Isto, além dos 10 minutos já reservados ao PT.

O PSDB de Serra, que viu seu tempo minguar dos 20 minutos diários para 12 minutos no encerramento da propaganda eleitoral, acusou o golpe. "Uma penalidade destas no último dia é dura demais e até desproporcional, porque prejudica o fecho da campanha ", queixou-se o coordenador político da candidatura tucana, Pimenta da Veiga (PSDB-MG).

O advogado de Lula, José Antônio Dias Toffoli, garante não haver espaço para contestar a decisão final do TSE. Os oito minutos concedidos ao PT referem-se às críticas de Serra a Lula por não ter diploma de nível superior e às denúncias de que o presidente do partido, José Dirceu, teria incitado professores em greve a agredirem o então governador Mário Covas.

Lula fala em 1º turno
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva admitiu ontem, pela primeira vez em público, em seu último compromisso de campanha antes do debate de amanhã na Rede Globo, que quer vencer as eleições, domingo, no primeiro turno.

No comício para 10 mil pessoas, segundo a organização do evento, ocorrido na praça da Matriz, em São Bernardo do Campo, Grande São Paulo, o petista disse que se "Deus quiser", o Brasil terá a partir de domingo, "um metalúrgico, torneiro mecânico, como presidente do País".
Muito emocionado, Lula chorou, no comício, ao lembrar sua atuação como sindicalista.

Ministério Público investiga candidato
O Ministério Público recebeu uma série de denúncias contra o ex-prefeito de Balneário Camboriú (SC), Leonel Arcangelo Pavan, acusado de operações fraudulentas e até de envolvimento com o tráfico de drogas.
Leonel Pavan foi vereador, prefeito por três vezes de Camboriú, e deputado federal. Atualmente é candidato ao Senado pelo PSDB.
De acordo com a denúncia encaminhada por um cidadão de Balneário Camboriú e que e stá com o procurador Luiz Francisco de Souza, as ações de Pavan começaram quando ele ocupou a Prefeitura de Camboriú, pela primeira vez, entre 1989 e 1992. Nessa época, Camboriú passava por uma explosão imobiliária.
Segundo a denúncia, a oportunidade de negócios milionários, como a construção da Rodovia Interpraias, o Teleférico e a Terceira Avenida, renderam a Leonel Pavan os dividendos com os quais banca, hoje, a mais cara campanha eleitoral da história política de Santa Catarina, calculada em R$ 6 milhões.


Em busca do eleitor indeciso
Entre palavras de afago e declarações sinceras à companheira de 28 anos, o candidato do PT, Lula, deixou de lado as promessas eleitorais e os projetos e encarou de frente o eleitor indeciso. Convocando as mulheres e os homens que ainda não se decidiram, Lula lembrou que o brasileiro tem que "enfrentar uma crise e não uma quase crise. E vocês precisam de um emprego e não de um quase emprego. No dia da eleição não existe na maquininha o botão do quase", sentenciou Lula, numa quase súplica pelo voto do indeciso: "Eu preciso do seu voto. Eu mereço essa oportunidade para a qual eu tanto me preparei".

Para Garotinho, justiça será feita aos aposentados e funcionários públicos, mas ele, também, precisa do apoio de todos os brasileiros livres que querem mudar esse País.

Zé Maria, do PSTU, diz que seu partido não aceita alianças nem acordo com o FMI e pede o voto útil.

Nessa reta final de campanha só resta a quem sempre bateu e distribuiu promessas, pedir.
Serra, porém, ainda aposta no poder de conscientização popular e acrescenta mais algumas idéias ao seu vasto programa de governo. Para ele, são os prefeitos que sabem o que pode ser feito primeiro. Fazer mudanças e gerar empregos, controlar os gastos públicos e ter mais eficiência administrativa é o que importa. O futuro dos municípios será muito grande a partir do próximo governo, prega um eleitor do candidato.

Ciro Gomes tem propostas para tirar as crianças da rua e colocar na escola; tirar os bandidos da rua e colocá-los nas prisões; tirar as armas da população; melhorar a polícia.

Cabe ao eleitor definir que País quer: o do medo ou o da cabeça erguida; o do desenvolvimento ou o da recessão e da violência.

Ciro garante que são propostas simples, com o pé no chão.

Mas não resiste e reclama daqueles que o atacam de todas as formas, porém, não conseguirão abalar sua honestidade ou sua competência.


Quem ganha menos pagará só meia conta do telefone
Oito milhões de famílias consideradas de baixa renda terão metade da conta telefônica paga pelo governo federal. Para ter direito ao benefício, cada pessoa da família não pode ter renda superior a meio salário mínimo.

Essa meta, que deverá ser atingida até 2006, faz parte do Programa de Telecomunicações, um dos sete programas que serão financiados com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust).

A informação foi divulgada ontem pelo Ministério das Comunicações, que publicará hoje no Diário Oficial da União portaria que define os projetos básicos do Programa de Telecomunicações. A principal fonte deste fundo é uma taxa paga pelas operadoras de telecomunicações de 1% da receita operacional bruta. No ano passado, foi recolhido ao Fust R$ 1,045 bilhão e neste ano, até setembro, a taxa rendeu R$ 991 milhões.

O Congresso está analisando autorização para o uso de R$ 444,3 milhões no projeto de atendimento às famílias carentes, de R$ 299,1 para áreas rurais e R$ 28,2 milhões para pequenas localidades. No caso das famílias de baixa renda, o Fust pagará metade da assinatura básica do telefone fixo. A outra metade e o valor das ligações efetuadas serão pagas pela família.

As propriedades rurais isoladas e as comunidades com menos de 100 habitantes também serão beneficiadas. As 284 mil propriedades rurais que devem ser beneficiadas até 2006 terão tratamento semelhante ao que será dispensado à população urbana de baixa renda.

Se o rendimento da propriedade for, em média, de meio salário mínimo por pessoa, o governo pagará metade da assinatura básica do telefone fixo instalada na propriedade. Nas comunidades com menos de 100 habitantes, será financiada a instalação de 12,8 mil orelhões.


Servidores têm acesso à pontuação da Gdata
No entanto, ainda não sabem quantos pontos correspondem a cada critério de avaliação

Os servidores civis do Executivo Federal que recebem a Gratificação de Desempenho por Atividade Técnico-Administrativa (Gdata) – paga, desde o último mês de janeiro, a 594 mil funcionários do antigo Plano de Classificação de Cargos – já começaram a ter acesso à pontuação do benefício, mas continuam sem saber como estão sendo avaliados e quantos pontos terão a partir do próximo mês, quando a Gdata corresponderá ao resultado do primeiro ciclo de sabatina.
De acordo com o artigo 10 do Decreto 4.247, que regulamentou a gratificação no último dia 22 de maio, todos os órgãos deverão processar o benefício, conforme a avaliação individual e institucional, no segundo mês subseqüente ao término do primeiro ciclo de avaliação, que terminou em 31 de agosto. Contudo, muitos servidores já foram informados sobre os pontos concedidos à Gdata.

É o caso do agente administrativo Jordelino Serafim, servidor do Ministério da Fazenda. No início de setembro, ele recebeu um termo com um total de 52 pontos de gratificação. "O documento não discriminava quantos pontos foram dados à cada critério de avaliação", contou ele. "O funcionário que me entregou o termo pediu para que eu mesmo distribuísse os pontos pelos quesitos. Com medo de represálias e de ser taxado como funcionário-problema, assinei o documento".

No mês passado, Jordelino recebeu R$ 66 de Gdata, o que equivale a cerca de 45 pontos (cada ponto da gratificação para nível intermediário vale R$ 1,48), cinco a menos do que o determinado pelo decreto entre junho e setembro.

Média pode ser menor
Nova dúvida dos servidores é a pontuação da Gdata que receberão conforme o cumprimento das metas de cada órgão, que pode chegar a 15 pontos. De acordo com a Lei 10.404, que criou a gratificação em janeiro, a avaliação de desempenho institucional visa aferir "o alcance coletivo dos objetivos organizacionais, podendo considerar projetos e atividades prioritárias e condições especiais de trabalho".

"Essa avaliação será subjetiva, já que não houve tempo para se medir o desempenho do órgão em apenas três meses", apostou Josemilton Costa, presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), referindo-se ao primeiro ciclo de avaliação, realizado nos meses de junho, julho e agosto.

Pelo Decreto 4.247, excepcionalmente no primeiro processo de avaliação, poderão ser atribuídos cinco pontos de Gdata a título de desempenho institucional. "É o que deverá acontecer em todos os órgãos. A Marinha, por exemplo, já estipulou esta pontuação como resultado do cumprimento das metas institucionais", disse Josemilton.

Conforme o decreto, somente no próximo mês (quando serão pagos os salários de outubro) é que os servidores receberão a Gdata referente à primeira sabatina. Pela lei, o benefício poderá chegar a 100 pontos: até 85 pontos pelo desempenho individual e até 15 pelos resultados institucionais. "Mas o Ministério do Planejamento já definiu uma média de 75 pontos e a pontuação máxima é um engano", afirmou Costa.


Versão on-line do Diário Oficial terá validade legal
Certificação, que sai até o final do mês, abre novas opções ao usuário do Diário, que completa 140 anos

Até o final deste mês, o a versão on-line do Diário Oficial da União terá valor legal, graças à certif icação digital que ganhará. Assim, o leitor terá opção de comprar ou apenas consultar o conteúdo do DOU na Internet.

A revelação foi feita ontem, dia em que o Diário completou 140 anos, pelo diretor-geral da Imprensa Nacional, Carlos Alberto Guimarães. Desde 1997, o diário é publicado no site www.in.gov.br, porém sem validade legal.

Para o próximo mês, o DOU estará on-line para acesso mundial. Isso significa que, assim que as decisões forem assinadas, a Imprensa Nacional poderá publicá-las no site.

De acordo com Guimarães, o objetivo é que mais pessoas tenham acesso ao Diário. "Muitas regiões do País que recebiam a publicação depois de vários dias agora vão agilizar esse processo", afirmou. Segundo ele, há dois anos a tiragem diária do DOU era 51 mil e atualmente são 37 mil. Ele disse que a causa da redução é a opção da consulta via Internet.

Guimarães afirmou que, segundo uma pesquisa feita no inicio deste ano em todo país, 90% dos leitores do DOU tem interesse em passar a ler a publicação no site. O levantamento mostra também que 1% das consultas feitas pela Internet é de pessoas que moram no exterior.

O 140º aniversário foi comemorado com o lançamento de um carimbo produzido pelos Correios e Telégrafos. Nele, o desenho de uma página do Diário com um CD-Rom no meio mostra a tradição da publicação com a modernidade de hoje por causa da Internet.

Criado em 1862, com apenas quatro páginas, o Diário Oficial, é responsável pela publicação dos atos oficiais da administração pública federal. "Essa publicação é tão importante que sem ela o país entra em colapso", disse Guimarães. Atualmente, o DOU possui registro no Guinness Book como o maior jornal tablóide do mundo graças às 2.112 páginas do exemplar de 19 de dezembro de 1997, que pesa 5,5 quilos.


Comando Vermelho assume ação no Rio
Gravação feita no presídio de Bangu I mostra que os traficantes já planejavam fechar todo o comércio

Um comunicado com a assinatura da facção criminosa Comando Vermelho, dizendo que o fechamento do comércio do Rio na segunda-feira foi um protesto contra o tratamento dado a traficantes presos, foi divulgado ontem. O texto também ameaça repetir a dose, caso não sejam tomadas providências.

Para o secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar, a nota não é do Comando Vermelho. O chefe de Polícia Civil, Zaqueu Teixeira, considera o texto "um manifesto de cunho político, que visa jogar a polícia contra a população".

"O fato de os comércios terem que fechar nesta segunda-feira, dia 30 de setembro de 2002, não foi por terrorismo nem tampouco ato político, foi um manifesto contra o tratamento arbitrário sofrido pelos presos de Bangu 1, do Batalhão de Choque, e de todo o estado", diz a nota do Comando.
O texto ameaça fechar o comércio novamente. "Caso não haja nenhuma providência nesse sentido, voltaremos sim a fechar todo o comércio no Rio de Janeiro e, caso venham a abrir suas portas, verão do que somos capazes". O comunicado foi distribuído por um rapaz que disse ter sido forçado pelos traficantes.

Na verdade, uma fita com a conversa entre bandidos mostra que tudo foi planejado por presos de Bangu I que foram levados para o Batalhão de Choque da Polícia Militar. A fita era de conhecimento da secretaria de Segurança Pública. Essa gravação foi feita no dia 15 de setembro, pelo Ministério Público com autorização judicial.

Ontem, o comércio voltou a funcionar, após um dia de pânico, quando ameaças e boatos atribuídos a traficantes paralisaram a cidade e a região metropolitana. Ônibus circularam normalmente, de manhã e à tarde, e escolas e universidades reabriram suas portas. Segundo o governo local, todo o efetivo policial, cerca de 45 mil homens, estão nas ruas para garantir a segurança.

A gente tem a força, diz bandido
Agora nós vai fazer um outro protesto pra mostrar pra eles que a gente tem a força. Que eles não têm não. A frase, gravada quatro dias depois da rebelião em Bangu I, é de Marquinho Niterói, da quadrilha de Fernandinho Beira-Mar, que se mostra irritado com a notícia de que será transferido para o Batalhão, no qual se refere como calabouço e indica a ação.

Só faltou dizer dia e hora. Vai ter uma situação aí que você vai ficar ligado, que todas as firmas vão fechar, pra mandar parar tudo. Dar blecaute na zona sul. Tem que parar tudo, comércio geral. Parar tudo, diz Marquinho.

O material foi encaminhado no dia 16 setembro para o secretário de Segurança Pública, Roberto Aguiar. Ele admitiu ontem que tinha conhecimento da fita. "Não dizia nem onde, nem quando ia acontecer", disse.

Três culpados em Bangu I
O inquérito da Polícia Civil que apura as responsabilidades pela rebelião no presídio Bangu 1, no Rio, ocorrida em 11 de setembro, aponta como autores da morte de quatro presos os traficantes Cláudio José Fontarigo, o Claudinho da Mineira, Carlos Braz Victor da Silva, o Fiote, e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP. Fernandinho Beira-Mar é acusado como co-autor dos homicídios.

Apesar de Fiote e Claudinho terem confessado a autoria da chacina, o delegado Leonilson Ribeiro, que presidiu o inquérito, diz que eles estão protegendo o verdadeiro culpado. Segundo ele, Marcinho VP era o principal inimigo de Ernaldo Medeiros, o Uê, e também responderá pelos homicídios. Uê foi um dos mortos.


Artigos

Feriado vermelho
Lauro aires

Era muito otimismo esperar que o tráfico de drogas, como entidade organizada que é, não quisesse dar pitaco nas eleições. Fica difícil determinar e afirmar quem é o preferido dos comandos dos morros cariocas, mas sabe-se que não é a Benedita. A da Silva, do PT, que também nasceu no morro, mas tomou outro caminho.

Daqui do Planalto Central faltam elementos para avaliar se Bené tem condições de fazer um bom governo. Conhece-se apenas o secretário de Segurança, Roberto Aguiar – pouco íntimo da vida prática das ruas, ladeiras e becos cariocas. O que dá para interpretar daqui, de longe, é a mudança de conceito na abordagem dos criminosos. Percebe-se vontade e empenho para combater o crime organizado de frente. Se há competência para levar o projeto adiante, não se sabe, mas os traficantes certamente não gostaram da nova postura do governo.

Não havia motivos aparentes para um "feriado vermelho" no Rio. Nenhum bandido morrera, nem fora preso recentemente. Os cidadãos se viram cercados por ondas de boatos e ameaças que cruzaram os túneis e foram aportar na Zona Sul. Percebeu-se então que uma dobradinha entre bandidos e políticos oportunistas renderia benefícios para os dois lados. Com os cariocas acuados pelo medo, o poder de traficantes e defensores da repressão irrestrita como estratégia de governo foi amplificado, via satélite, por vídeos e fotos digitais, para o mundo inteiro. Neste momento, o estrago estava feito.

Grupos de traficantes acuados partiram para atentados covardes, tirando vida de inocentes e garantindo a eles a falsa sensação de poder que lhes sobe pelas narinas nas cafungadas de pó. Ganharam o dia, os bandidos. Contaram com a ajuda da prefeitura local, que fechou escolas (em nome da segurança dos alunos) não sem antes curtir um sorrisinho maroto.

E os urubus partiram para o ataque. Garotinho, de bate-pronto, culpou o governo federal, querendo atingir José Serra. O tucano atribuiu o conflito à fraqueza de Garotinho, que governou o Rio de Janeiro nos últimos anos. O pefelista César Maia, prefeito do Rio, e sua candidata ao governo, Solange Amaral, deitaram e rolaram em cima de Benedita, que disputa uma vaga no 2º turno contra Rosinha, mulher de Garotinho. Os carniceiros voaram em círculos sobre a carcaça do povo do Rio de Janeiro.

O poder deve ser mesmo muito bom. Faz-se de tudo para chegar lá. Mentir é fichinha. Chute na canela, dedo no olho, vale tudo. É confortante ver a preocupação que a classe política brasileira tem com a democracia. Dá a certeza de que o futuro está em boas mãos. Com a ajuda de Deus, é claro.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Tasso quer que Ciro renuncie
Ao chegar em Fortaleza, ontem, Ciro Gomes ouviu do amigo e guru Tasso Jereissati o pedido para que renuncie à candidatura logo após o debate na TV Globo, quinta-feira. Primeiro para se livrar do ônus de impedir a vitória de Lula já no primeiro turno, por três ou quatro pontos, ajudando José Serra (inimigo pessoal dos dois) a chegar ao segundo turno. Depois porque Tasso não quer Ciro pagando o mico de acabar a campanha menor que começou.

Onda vermelha
Ciro já perde para Lula, nas pesquisas, em todas as grandes cidades do Ceará, exceto Sobral. A "onda vermelha" faz o candidato do PT ao governo estadual José Ailton ameaçar um segundo turno, antes impensável, com Lúcio Alcântara, do grupo de Tasso. É isso o que incomoda o guru de Ciro.

Pensando bem...
...o carioca já não morre de amores pelo Rio. Morre de medo.

Balão furado
E o dirigível contra o crime, que registra os mínimos movimentos a quilômetros de distância? Estava longe da polícia ou desconectado para prevenir o arrastão de boatos?

Medo e mistério
As primeiras investigações sobre o terrorismo promovido por traficantes concluem: no Rio, todo boato tem um voto de verdade.

Libera, ministro
O ministro Paulo Ribeiro (Justiça) ligou para Benedita da Silva jurando solidariedade contra a exibição de poder do tráfico. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) lembra que o ministro seria mais útil na luta contra o crime se liberasse a parte que lhe cabe no convênio com o governo do Rio, de R$ 5,5 milhões, para equipar a polícia com viaturas, armas, munição etc.

Teatro de direitos
O Ministério da Justiça pode não ser sensível aos programas destinados a equipar e treinar a polícia do Rio, mas não esquece dos direitos dos detentos do sistema carcerário do Rio: acaba de liberar R$ 78.117,00 para o Centro de Teatro do Oprimido, que desenvolve um programa destinado a realçar a defesa dos direitos humanos nos presídios.

Sem resposta
Continua o mistério da morte de Gilberto da Silva Rosa, responsável pelos vistos na embaixada em Berlim. Queixava-se de estresse e do ambiente de trabalho. Um mês depois, a irmã Elisabete ainda não sabe a causa mortis.

Barbabás
Depois que Lula se comparou a Cristo, não custa lembrar que Jesus não era o candidato dos judeus. E foi crucificado com um ladrão.

Fumaça suspeita
A juíza presidente do TRT-RJ, Ana Maria Passos Cossermelli, baixou portaria (Ato n° 1496/2002) proibindo nas dependências dos órgãos da Justiça do Trabalho "o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco". Fumígeno não derivado do tabaco, excelência? Só se for um baseado...

Rede liberada
Caiu no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) a proibição de os servidores navegarem na Internet, após revelação do caso na coluna.

Baixaria de última hora
A bomba que o comitê tucano ameaça para os últimos dias seria a exibição de um vídeo gravado em Manaus nos anos 80, por arapongas do ex-SNI, de uma suposta farra de Lula com amigos, no Hotel Amazonas. A intenção foi revelada nesta coluna, em junho. O comando da campanha do PT paga para ver: acha que é uma tentativa de desestabilizar Lula emocionalmente.

Vale tudo na rede
Depois de usar o núcleo de informática Datasus para descarregar votos em José Serra, fraudando uma enquete do jornal Correio Braziliense, o Ministério da Saúde fez outra: seus servidores receberam, pela Intranet, um texto do exilado cubano nos EUA Armando Valladares acusando Lula de sandices como ligação com o narcotráfico.

Merreca ativa
D. Ruth Cardoso não foi para a oposição porque é pessoa compreensiva. O Programa Comunidade Ativa, que substituiu o seu antigo "Comunidade Solidária", até agora, a 90 dias do final do governo do maridão, só viu a cor de 14,8% da merreca R$ 64,9 milhões previstos para o ano de 2002.

Argüição negada
O TSE rejeitou a argüição de suspeição de ilustres juristas de São Paulo contra o presidente do tribunal, Nelson Jobim, para chefiar as eleições, alegando sua íntima amizade com o candidato José Serra, que também é padrinho do seu casamento. Por que será que ninguém se surpreendeu?

Paulo toc, toc
O deputado cearense Paulo Linhares levou o troféu "Tremendo Pé Frio", concedido pelos colegas de comitê do PPS. Ciro Gomes não parou mais de cair depois que o marqueteiro amador chegou à campanha. Exatamente como quando ingressou na campanha de Patrícia Gomes à Prefeitura de Fortaleza, em 2000: de líder absoluta, a musa acabou em quarto lugar.

Poder sem pudor

A origem dos charutos
Deputado da UDN gaúcha, o general Flores da Cunha escandalizou a Câmara ao defender o presidente Getúlio Vargas da acusação do líder da bancada, Carlos Lacerda, de ser conivente com a corrupção. Getúlio ficou encantado e mandou uns charutos para o general, mesmo temendo sua reação. O funcionário do Catete encontrou-o numa roda de parlamentares:
- Trago uns charutos que o presidente mandou.
- Que presidente, meu filho? - respondeu, fazendo-se de desentendido.
- O presidente do Flamengo - inventou o cuidadoso portador.
- Ah, bom. Então me dê os charutos.


Editorial

CRIME ANUNCIADO

As estatísticas policiais confirmam que a maior parte dos crimes é cometida por pessoas que já passaram pela polícia ou têm condenações anteriores. O dado é suficiente para que se peça a revisão do modelo brasileiro de abrandamento das penas. As punições no Brasil já são muito tímidas – sendo a pena máxima 30 anos de prisão, com direito a descontos por bom comportamento e recursos como a liberdade condicional. Não é justo que criminosos em potencial sejam colocados em liberdade, em um claro atentado contra a segurança de cidadãos de bem.
Não é a primeira vez que este jornal manifesta sua preocupação com este tema, mas a história teima em se repetir e exigir providências. O último caso aconteceu na última semana, quando o um ex-presidiário, que gozava de prisão semi-aberta em Goiânia e havia fugido para Brasília foi preso por violentar um menor. Depois de divulgada a notícia, mais dois jovens, um de nove e outro de doze anos, também o denunciaram.

O criminoso em questão se diz portador do virus da Aids e pode ter contaminado as crianças, que agora vivem a dúvida e os efeitos colaterais dos coquetéis de prevenção da doença. Se a Justiça percebe que as autoridades de segurança não têm como fiscalizar os presos beneficiados por condicional ou regime semi-aberto, que os mantenha trancados.


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10/02/2002


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