Ciro volta a distribuir críticas e só poupa Roseana
Ciro volta a distribuir críticas e só poupa Roseana
Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência pelo PPS, rompeu o silêncio que manteve por quatro semanas e disparou sua metralhadora giratória contra o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e contra seus adversários políticos. Somente a governadora Roseana Sarney (PFL-MA) foi poupada de seus ataques.
As manifestações de Ciro colocaram um ponto final na estratégia adotada pelo partido de evitar confrontos com os adversários. O objetivo era preservar sua imagem, já que ele havia se transformado em principal alvo do ministro tucano José Serra (Saúde).
Com a língua afiada, Ciro acusou o presidente de articular a candidatura do ministro Raul Jungmann (PMDB) para promover Serra e desqualificar o processo eleitoral. "Isso é uma coisa da usina de maluquices que há no subsolo do Planalto."
Ciro disse se sentir "envergonhado" com a atitude de Jungmann. "O que me choca é o ministro se prestar a esse papel de bobo, de quase palhaço. Eu tinha estima e respeito por Jungmann, mas ele se prestou a um papel subalterno. Ele pensa que o PMDB é um ajuntamento de imbecis?"
"Ditadura"
Na avaliação do pré-candidato, o Brasil corre o risco de entrar em uma "ditadura de um partido único". "O país quer evitar aquilo que ocorreu no México, que foi quase uma ditadura, com um partido único eternamente no poder. O presidente botava o dedo e garantia a manipulação."
Sem poupar críticas aos tucanos, Ciro disse que a candidatura de Serra deve ser "derrubada". "Ele é o candidato que o povo não quer, não por desmerecimento pessoal, mas porque o povo não quer mais oito anos de descalabro social, econômico e moral."
Ele disse duvidar de um bom desempenho do tucano nas pesquisas. "O homem pendurou melancia no pescoço nos programas populares e não cresceu. Usou a máquina de propaganda do governo desesperadamente e não cresceu. Roseana nunca disse que era candidata e subiu."
Ciro só dá uma pausa em suas críticas para falar de Roseana, cuja entrada na disputa é "bem-vinda", segundo ele. "Não vou desqualificá-la ou desmerecê-la. Vamos discutir nossas idéias", disse.
O líder petista, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem Ciro chegou a discutir a construção de uma frente ampla da esquerda, foi classificado por ele de "fetiche da situação". "Falo isso com muita dor. Lula é o escolhido para perder e para perpetuar o sistema. Ele é totalmente conhecido pela população, preferido por um terço e rejeitado pelo resto."
O economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega, que o antecedeu em uma palestra de abertura do 6º Congresso Brasileiro do Calçado, foi classificado por Ciro de "canalhocrata". Em seu discurso, Maílson afirmou que Ciro estaria caminhando para a "insignificância política".
"Essa foi mais uma nota de R$ 3 que ele passou para vocês", disse Ciro, dirigindo-se à platéia. "Ele aluga a voz para o Palácio do Planalto há muito tempo."
Jungmann foi procurado ontem à noite pela Folha, mas não foi encontrado. A assessoria de Lula informou que o líder petista permanece em férias. A assessoria de Serra foi procurada, mas não se manifestou.
Jungmann diz ter "ressonância" em partido de Ciro
Para o ministro Raul Jungmann, Ciro o critica porque sabe que seu nome "tem ressonância" dentro do PPS, partido ao qual esteve ligado até meados de outubro de 2001. O ministro confirmou sua candidatura pelo PMDB e afirmou ter interesse em buscar apoio no próprio partido de Ciro.
Segundo a assessoria de Lula, o candidato do PT continua de férias e deve retornar na próxima semana.
A assessoria de Serra também não respondeu aos ataques de Ciro.
A Folha deixou recados para o ex-ministro Mailson da Nóbrega em seu celular e no trabalho, mas não conseguiu encontrá-lo.
Aliança de PPS e PDT ainda esbarra em Brizola
O líder do PDT, Leonel Brizola, reluta em fechar acordo com o PPS de Ciro Gomes e ainda faz acenos à candidatura de Itamar Franco (PMDB-MG) à Presidência da República.
Brizola teve ontem uma reunião de mais de duas horas com o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE). No encontro, o pedetista disse que vai procurar o governador de Minas, a quem quer consultar sobre a disputa.
Freire afirmou que respeita a atitude de Brizola e que espera que a conversa do pedetista com Itamar acabe sendo um elemento que também atraía o governador mineiro para a campanha de Ciro.
O presidenciável do PPS reuniu-se ontem, no final da tarde, com o líder do PTB, Campos Machado. O objetivo era discutir a divisão de tempo no horário político gratuito e planejar o calendário de campanha.
Na reunião de quase uma hora, Campos Machado colocou à disposição de Ciro o tempo do PTB no horário eleitoral gratuito. Os dois definiram ainda o primeiro calendário para a campanha, que começa, após o Carnaval, com viagens pelo interior.
Serra vai evitar ataques ao sair candidato
Crítico reconhecido da política do ministro Pedro Malan (Fazenda), o ministro José Serra (Saúde) deve evitar qualquer tipo de polêmica com a área econômica no lançamento de sua candidatura presidencial pelo PSDB, marcada para quinta, em Brasília.
Serra passou boa parte do domingo trabalhando no discurso, em São Paulo. O texto ainda passará por modificações antes da versão definitiva. Na versão preliminar é abrangente, sem estar centrado em algum aspecto específico, como a política econômica.
O ministro fala de sua biografia, dos desafios que enfrentou em sua vida pública e pessoal e de sua disposição de fazer coisas. A fala de Serra deve durar cerca de 20 minutos e não deve detalhar seus programas de governo.
Serra e seus aliados avaliam que o lançamento da candidatura não é a hora para o detalhamento de planos. Isso virá em outra etapa. A versão preliminar trata de questões gerais, mas tem um texto difícil, intelectualizado.
No domingo, um dia depois de o governador do Ceará, Tasso Jereissati, haver declarado à Folha que vai apoiá-lo, Serra disse a interlocutores que está absolutamente convencido de que se entenderá com o governador cearense. "Eu e o Tasso vamos nos acertar", comentou com amigos.
"A candidatura de Serra é quase consensual, o que é raro de acontecer em qualquer lugar, sobretudo em se tratando de uma candidatura de um partido que está no poder", afirmou o deputado federal Alberto Goldman (PSDB-SP).
Sem atacar Roseana
Serra também freou o ânimo belicoso de alguns de seus aliados mais próximos em relação à candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). Ele teve uma dura conversa a esse respeito com o prefeito de Vitória (ES), Luiz Paulo Vellozo Lucas, que na semana passada deu entrevista atacando a pefelista.
Vellozo Lucas é amigo de Serra e deve ter papel importante na campanha, embora não na condição de coordenador de programa, e em um eventual governo do tucano paulista. Mas avançou o sinal ao atacar Roseana, algo que nem Serra nem o presidente Fernando Henrique Cardoso pretendem incentivar.
Serra e o presidente consultam-se com frequência, e o entendimento entre eles talvez nunca tenha sido tão bom.
A interlocutores, o ministro da Saúde chegou a comentar que, em 38 anos de amizade, Fernando Henrique Cardoso nunca o havia ajudado tanto quanto agora.
Embora Serra já tenha uma versão de seu discurso pronta e já tenha começado a compor sua equipe de campanha, o PSDB até o final da tarde de ontem não conseguia confirmar data, hora e local da reunião da Executiva Nacional na qual o ministro Serra assumirá a candidatura tucana.
A reunião está prevista para quinta, em um auditório da Câmara dos Deputados, embora inicialmente estivesse marcada para amanhã. A alegação apresentada é a de que faltam ser resolvidos alguns problemas operacionais.
Os tucanos estão organizando com c uidado a reunião da Executiva Nacional do partido. É preciso compatibilizar várias agendas, entre as quais as dos governadores que a integram.
A ausência de Tasso Jereissati, que é integrante da Executiva Nacional, por exemplo, não teria maior repercussão. Mas a eventual ausência de vários de seus integrantes permitiria interpretações sobre divisão interna e até mesmo sobre o sucesso do ato.
Eleitores de Roseana são alvo de Serra
Na disputa pela Presidência, o alvo número um do ministro José Serra (Saúde) será mesmo Roseana Sarney (PFL). A prioridade: tentar atrair simpatizantes do PSDB que planejam votar na governadora do Maranhão. Na última pesquisa Datafolha, 34% dos eleitores tucanos mostraram intenção de votar nela para o Planalto.
A Folha apurou que Serra avalia que, retomando parte desses eleitores, obterá dois ou três pontos percentuais nas pesquisas, dará uma respirada e afastará o carimbo que mais o incomoda, o de que tem dificuldade para decolar.
O bombardeio a Roseana, porém, deverá ser diferente do que tem sido feito pelos colaboradores mais próximos do ministro, que a chamam de despreparada. A avaliação é que esses ataques tornam Roseana vítima e transmitem imagem de arrogância.
Segundo o presidente FHC, Serra não deve se dizer o mais preparado, mas mostrar isso discutindo temas práticos, como a flexibilização da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e a negociação com os EUA sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
O presidente considera um erro atacar Roseana diretamente e acredita que o suposto despreparo da governadora ficará claro no debate. "Sabiamente, o presidente diz que ganhará o que apresentar o melhor projeto ao país e não o que atacar mais", diz o ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral).
O alvo número dois do começo da campanha de Serra deverá ser o eleitorado do ex-tucano Ciro Gomes (PPS), presidenciável que, como Roseana, está pescando votos "no público que não cria resistência a um candidato do governo e que rejeita o PT", diz o publicitário Nelson Biondi, cotado para fazer a campanha do ministro.
Biondi julga que o voto de Lula (PT) está cristalizado, num patamar de 30%, e que isso deverá dar ao petista uma das vagas no segundo turno. Logo, a briga seria com Roseana, Ciro e, em menor grau, Anthony Garotinho (PSB), governador do Rio. No principal cenário da última pesquisa Datafolha, Lula liderou com 30%. Roseana veio em segundo (21%). Garotinho marcou 11%, Ciro, 10%, e Serra, 7%.
Segundo Biondi, o grosso do voto de Garotinho está no Rio. O tucano estuda criar um grande comitê carioca, além de um em Brasília e outro em Salvador. A Bahia é dominada pelo PFL do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, que já disse preferir Lula a Serra.
Antes de apoio, Brizola pretende ouvir Itamar
O líder do PDT, Leonel Brizola, reluta em fechar acordo com o PPS de Ciro Gomes e ainda faz acenos à candidatura de Itamar Franco (PMDB) à Presidência da República.
Brizola teve ontem uma reunião de mais de duas horas com o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE). Durante o encontro, o pedetista afirmou que pretende procurar o governador de Minas Gerais, a quem quer consultar sobre a disputa eleitoral.
Freire, ao final da reunião, disse respeitar a atitude de Brizola e que espera que a conversa do pedetista com Itamar acabe sendo um elemento que também atraia o governador mineiro para a campanha de Ciro. "Esse seria nosso cenário ideal", afirmou o senador.
Além da fidelidade a Itamar, Brizola coloca outro obstáculo à aliança: continua rejeitando uma possível candidatura de Antônio Britto ao governo gaúcho, pois o considera um inimigo político regional.
A filiação do ex-governador Britto ao PPS estremeceu as relações entre Brizola e Ciro, em outubro. Anteontem, indagado se isso ainda seria um problema, Brizola respondeu: "É uma questão de causa e efeito. Entendam como quiserem".
Ministro vai propor permanência de Fraga
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann (PMDB), vai propor a manutenção do atual presidente do Banco Central, Armínio Fraga, no cargo nos primeiros seis meses após a posse do futuro presidente da República para diminuir os riscos de instabilidade financeira durante a campanha eleitoral.
Pré-candidato à Presidência da República, ele planeja se licenciar do cargo no dia 17 de fevereiro para buscar o voto dos convencionais peemedebistas que vão decidir se o partido vai participar da sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso com ou sem candidato próprio.
No fim de janeiro, Jungmann pretende concluir um pré-programa de governo com quatro eixos básicos: combate à pobreza, promoção do desenvolvimento com a manutenção da estabilidade financeira, inserção "soberana" do Brasil na comunidade internacional e a "radicalização democrática e ética".
A coincidência do pensamento econômico entre candidatos de todos os vieses ideológicos explica-se, de acordo com o ministro, pela globalização. "Esse processo [globalização" estabeleceu regras universais, tirando o poder que os Estados tinham de gerir políticas locais", afirma.
O peemedebista pretende criar uma secretária de Comércio Exterior para estimular as exportações brasileiras, vinculada ao gabinete da Presidência. Jungmann vai propor a substituição do ICMS pelo IVA (Imposto sobre Valor Agregado), cobrado diretamente do consumidor final.
Parlamentarismo
O pré-candidato vai defender a implantação do parlamentarismo, regime de governo que, no seu entender, permitiria coalizões mais à esquerda. "Num regime parlamentarista, a expressão de posições à esquerda não levaria a reações negativas, semelhantes à de Mario Amato", afirma.
Em 1989, Amato, então presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), declarou que uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais provocaria a fuga de 800 mil empresários brasileiros para o exterior. Fernando Collor ganhou a disputa.
Jungmann reconhece uma tentativa recente de integrantes do governo FHC de comparar Lula ao ex-presidente da Argentina, Fernando de La Rúa, que renunciou ao cargo no final de 2001 em meio a uma das maiores crises institucionais da história do país vizinho.
Roseana visita SP e diz que vê com normalidade a candidatura Serra
Pela primeira vez, a governadora e presidenciável pelo PFL, Roseana Sarney, comentou a candidatura do ministro José Serra (Saúde). "Eu vejo com normalidade. Estamos num regime democrático e todo cidadão brasileiro pode se lançar candidato."
A pefelista chega hoje para uma visita a São Paulo e afirmou que não pretende se encontrar com empresários. "Não preciso fazer testes com empresários. Meu teste é com o povo", disse a governadora do Maranhão.
Os rumores de que poderia se encontrar com figuras do empresariado paulista surgiram após as críticas que o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horácio Lafer Piva, havia feito à sua suposta falta de propostas para o país.
Roseana também voltou a negar que vá candidatar-se à Presidência. Segundo ela, a viagem tem três objetivos: resolver questões administrativas relacionadas a seu Estado, fazer exames de saúde de rotina e encerrar a gravação do programa do PFL -que irá ao ar no final deste mês e, novamente, terá Roseana como estrela.
Questionada sobre o texto em que os bispos maranhenses manifestam preocupação com índices sociais e de corrupção no Estado, Roseana disse que concorda com alguns pontos.
"Agora, acho que não sou responsável pela pobreza no Maranhão, por coisa que não fiz. [Responsáveis] somos todos nós, inclusive os bispos. Nossos indicadores sociais melhoraram muito nos últimos anos", rebateu.
Artigos
Oito quilos a mai s
CARLOS HEITOR CONY
RIO DE JANEIRO - Do alto de seus 30 e tantos por cento na preferência do eleitorado, Lula passou férias em Búzios, balneário de chiques, famosos e deslumbrados de vários tamanhos, feitios e origens.
Nada contra o merecido repouso de um guerreiro do porte e do histórico dele. Mas a impressão que me dá é que deixou de ser um candidato de carne e osso para ser uma idéia, um conjunto de idéias formadas ao longo de sua militância sindical e política -das mais notáveis, sem dúvida.
Dono de um lugar garantido no segundo turno, ele parece desdenhar as futricas dos demais candidatos que representam as forças com as quais terá de se bater na luta decisiva. Desdenha educadamente a quixotesca pretensão de seu companheiro Eduardo Suplicy, que pretende questionar a possibilidade de uma candidatura alternativa do PT.
Deve estar se divertindo com as agruras de Serra e de Tasso. Não está levando a sério a candidatura de Garotinho. E, como o grosso de seus partidários, considera Roseana Sarney uma espécie de "Collor de saias", expressão sem apoio na realidade -sobrando apenas a realidade que o Collor de calças o derrotou em 89.
Na última eleição que disputou, Lula fez um calvário pelo interior do Brasil, visitou milhões de municípios, apertou trilhões de mãos calejadas, andou de canoa pelos rios e de carro de boi pelos campos. Não deu.
Parece tentar, agora, um caminho menos agreste para se tornar aquilo que os entendidos chamam de ""palatável" para as classes A e B.
Não sei não. Serra está às voltas com um ministério de grande visibilidade. Tasso, Roseana e Garotinho governam Estados, enfrentam problemas e manobram orçamentos. Bem ou mal, estão mergulhados na coisa pública, em contato com as asperezas da administração.
Lula engordou oito quilos em Búzios. Li isso nos jornais.
Colunistas
PAINEL
Para cearense ver
O PSDB planeja promover em Fortaleza a pré-convenção que formalizará, em fevereiro, a candidatura de José Serra à Presidência. Para tentar amarrar Tasso Jereissati (CE) à campanha do ministro e dar uma demonstração, ainda que pro forma, de que o tucanato está pacificado.
Nem tanto
Tasso resiste à idéia de sediar a pré-convenção do PSDB em Fortaleza. Diz que a agenda está lotada. O governador declarou apoio a Serra para que não questionem sua fidelidade ao partido, mas não pretende se envolver na campanha do "colega".
Palco de sempre
A intenção inicial da cúpula do PSDB era fazer em Fortaleza, amanhã, o lançamento da candidatura de Serra à sucessão de FHC. Mas não houve tempo hábil para dobrar Tasso e o ato ficou para Brasília, quinta-feira.
Disque 085
Serra telefonou para Tasso no final de semana. O ministro agradeceu a declaração pública dada pelo governador do Ceará em favor de sua candidatura.
Recado ao PSDB
Em um dos comerciais de TV do PFL que vai ao ar hoje, Roseana Sarney diz que os políticos devem parar de brigar entre si e cuidar mais do bem-estar da população. A governadora cita o exemplo da Argentina, "que entrou em colapso pela desunião dos políticos".
Controle remoto
O PFL levará ao ar seis comerciais diferentes de 30 segundos. Roseana será a única atração em todos eles. Mas não dirá em nenhum momento que é candidata nem atacará adversários.
Elenco de peso
O PRTB enviou aos institutos de opinião pedido para que incluam seus candidatos nas pesquisas. Os principais nomes são o de Fernando Collor, que concorrerá ao Senado em Alagoas, e o de Ernandes Amorim, processado pelo TSE, que disputará o governo de Rondônia.
Por exclusão
Com o desgaste do PFL paranaense, o candidato ao governo deverá ser Beto Richa, do PSDB. Alceni Guerra e Rafael Greca, que pretendiam disputar a sucessão de Jaime Lerner, vão ter de concorrer ao Senado e olhe lá.
Relações públicas
Geraldo Alckmin e Ciro Gomes conversaram ontem por telefone. O governador tucano tem procurado agradar o presidenciável e desafeto de FHC porque quer o apoio do PPS na eleição em São Paulo.
Homem ao mar
O ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), que se diz pré-candidato a presidente pelo PMDB, mandou confeccionar material de campanha com o lema "Navegar é preciso". A frase era usada como símbolo pelo antigo MDB.
Honras de chefe
Ao receberem ligações de Luis Favre, namorado de Marta Suplicy, assessores da prefeita de SP o atendem com um bem-humorado "Mon général".
Pressão externa
O escritório da Anistia Internacional em Londres despachou comunicado para a rede de ativistas de direitos humanos de todo o mundo relatando as ameaças e assassinatos de políticos do PT no Brasil. Pede que todos pressionem o governo a achar os culpados pelos crimes.
Dissidência potiguar
A prefeita de Natal, Wilma Maia (PSB), rompeu ontem com o grupo político do governador Garibaldi Alves (PMDB) e lançou sua candidatura ao governo do Rio Grande do Norte.
Teoria ministerial
Ney Suassuna (Integração Nacional) nega que tenha feito propaganda eleitoral antecipada, ao contrário do que alega o PSDB-PB em processo na Justiça Eleitoral. O ministro diz que tucanos usaram camisas "Ney governador" só para prejudicá-lo.
TIROTEIO
Do físico José Goldemberg, sobre as mudanças na política energética do governo:
- Nada acrescentam ao essencial: precisamos construir novas usinas hidrelétricas, termelétricas, expandir o sistema. Não podemos ficar todo ano no sufoco, vendo se chove.
CONTRAPONTO
Servidor "hors-concours"
Dinarte Mariz foi senador pelo Rio Grande do Norte durante 29 anos. Segundo seus adversários no Estado, nos sete anos em que ocupou um cargo de secretário no Senado, admitiu "centenas" de conterrâneos.
Ao encontrar-se casualmente com Dinarte no Senado, o advogado e poeta Diógenes da Cunha Lima o provocou:
- Eu vi aqui umas 300 pessoas com sotaque da região do Seridó [uma das mais pobres do RN e reduto eleitoral de Dinarte". O senhor não acha que é gente demais?
Dinarte respondeu:
- É pouco para servir ao país.
O advogado insistiu:
- Mas, sem concurso público, senador?
Dinarte foi rápido:
- Meu amigo, o seridoense que chega até aqui, ultrapassando os limites do Rio Grande do Norte, já foi concursado. Concursado pela vida.
Editorial
ACENO RUSSO
A visita oficial do presidente Fernando Henrique Cardoso à Rússia rendeu uma promessa de apoio ao pleito brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no órgão executivo máximo das Nações Unidas, o Conselho de Segurança (CS). É um fato com certa relevância diplomática. Mas o caminho até que seja efetuada a reforma do organismo multilateral tal como desejada pelo Brasil ainda é longo e tortuoso.
Há três fases ao longo do governo FHC no que tange a pretensões geoestratégicas. No bojo do sucesso dos primeiros anos do Real, Brasília sonhou tornar-se peça importante no tabuleiro de transações políticas internacionais. Esse período teve seu fim simbólico com uma entrevista do então chanceler Luiz Felipe Lampreia a esta Folha, em abril de 2000.
O argumento de Lampreia para o recuo brasileiro era o de que, com tantas demandas sociais para atender, o país não poderia dar-se ao luxo de despender vultosas somas de dinheiro público para constituir Forças Armadas compatíveis com os requisitos de uma potência global.
O pêndulo voltou a movimentar-se depois dos atentados ao World Trade Center e ao Pentágono. O governo brasileiro enxergou na alteração radical da agenda das relações internacionais uma nova oportunidade para antigos pleitos. Destaca-se, nessa fase, uma série de discursos do presidente Fernando Henrique Cardoso pregando reformas democratizadoras nas instâncias globais de tomada de decisões, entre elas a do CS.
Nesse sentido, foi importante o Brasil ter conquistado o endosso, restrito ainda ao campo da retórica, da Rússia. Mas o compasso dos acontecimentos mudou do 11 de setembro até aqui. O desempenho diplomático e militar dos EUA foi impressionante. Costuraram aliança sem precedentes e aniquilaram o Taleban. Para isso não precisaram negociar reforma de organismo multilateral nenhum. Resta saber se, no momento em que os EUA, ao que parece, migram para atitudes mais conservadoras, ainda resta espaço para as mudanças preconizadas por FHC.
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01/15/2002
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