Ilo Jorge ataca PPS, mas PDT poupa Ciro









Ilo Jorge ataca PPS, mas PDT poupa Ciro
Ignorado durante a passagem de Ciro Gomes por Pernambuco, o candidato a governador da Frente Trabalhista joga farpas no PPS pernambucano, mas poupa o presidenciável

O candidato da Frente Trabalhista (PDT/PTB/PSL) ao Governo do Estado, Ilo Jorge, classificou de “grande estupidez” a postura do PPS de não fazer qualquer referência à sua presença, sábado, no Spettus, durante o jantar em homenagem a Ciro Gomes. O PPS decidiu, em convenção, apoiar a reeleição do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), mas está coligado com o PDT de Ilo na sucessão presidencial. No jantar, o coordenador da campanha de Ciro, vereador Waldemar Borges, decidiu não fazer citações dos presentes para, segundo explicou, evitar problemas no caso de algum esquecimento.

O pedetista lançou críticas ao “esquecimento” do seu nome – já que é candidato majoritário –, mas poupou o presidenciável Ciro Gomes e entendeu que “ele precisou sair pela tangente para não constranger o seu partido”. Ciro não se posicionou sobre a sucessão estadual em Pernambuco em nenhuma das ocasiões em que foi abordado.
Ilo Jorge esteve no jantar com mais 15 candidatos proporcionais do PDT e desabafou em nome do partido. “O PDT não gostou. Se soubéssemos que era um evento exclusivamente do PPS não teríamos ido. Só faltou a presença de Jarbas Vasconcelos.

Foi um ato de grande estupidez do PPS, de muita deselegância”, lamentou.

O pedetista entendeu, porém, que o projeto Ciro Gomes está se revelando maior do que a Frente Trabalhista. “Está transbordando os partidos da coligação e ganhando adesão até do PFL, PMDB, e PSDB. É preciso entender isso e nós, do PDT, mantemos o mesmo desprendimento para trabalhar pela eleição de Ciro Gomes”, compremeteu-se.

A omissão do PPS ficou restrita apenas à candidatura de Ilo Jorge. No comício no Cabo de Santo Agostinho, o prefeito da cidade, Elias Gomes (PPS), fez campanha aberta para o governador e candidato à reeleição Jarbas Vasconcelos (PMDB). Dadas as explicações, aos mais de 10 mil presentes, pela incapacidade de repetir a Frente Trabalhista nacional em Pernambuco, Elias disse que o PPS não poderia ficar omisso na sucessão estadual e entendeu Jarbas como o melhor projeto para o Estado.

Também foi possível conferir, durante o comício, a pluralidade de apoios às candidaturas ao Senado. Sem constrangimento de ninguém, Elias Gomes (PPS) pediu voto para Nelson Borges (candidato do PPS ao Senado) e Sérgio Guerra (candidato do PSDB), lado a lado com o presidenciável Ciro Gomes, que optou pelo candidato do PPS e o senador Carlos Wilson (PTB).

Não fosse o desabafo de Ilo Jorge, a estratégia da Frente Trabalhista – de abafar as divergências locais em nome do projeto nacional Ciro Gomes – teria sido um sucesso.

Em todos os eventos organizados para a passagem do presidenciável por Pernambuco, o “mea culpa” pelo rompimento da coligação – PDT e PTB de um lado e PPS do outro – foi incapaz de colocar em risco o compromisso de todos com a eleição de Ciro presidente.

O jantar oferecido ao presidenciável, no Spettus, com participação de muitos políticos e empresários, foi o momento mais emblemático dessa unidade pró-Ciro. Todos os discursos destacaram que as convergências locais não vão atrapalhar o projeto maior.

“Pouco importa se escondemos as divergências. Porque o nosso interesse e compromisso é com o projeto Ciro Gomes”, disse o deputado estadual José Queiroz (PDT). “Nós vamos mostrar que aqui as divergências serão menores que a convergência que é o apoio a Ciro”, completou Carlos Wilson.


Barradas leva campanha ao Sertão do Moxotó
SERTÂNIA - Com a ajuda do prefeito socialista Ângelo Ferreira, o PSB fez ontem uma grande festa neste município para apresentar à população o candidato a governador Humberto Barradas e o candidato a senador João Arraes. Junto com o prefeito, Barradas e João Arraes desfilaram pela cidade em uma carreata, distribuindo acenos e sorrisos até o Parque de Exposição Professor Renato Menezes.

Cerca de 50 veículos tomaram parte do ato político, além de aproximadamente 150
motos. Segundo os moto-taxistas, os organizadores da festa pagaram R$ 5,00 para que formassem a bateria de frente. Na entrada da festa, uma ruidosa e demorada salva de fogos anunciou a chegada dos socialistas, não lembrando em nada o fracasso do lançamento da campanha do presidenciável Anthony Garotinho (PSB), há duas semanas, no Recife. Como não era possível manifestações no parque de exposições, os organizadores preferiram percorrer demoradamente várias ruas da cidade antes de chegar à feira.

Com a proibição de realização de discursos, Barradas e João Arraes se limitaram a visitar os estandes dos criadores e abraçar os populares, em companhia de políticos com atuação na região, entre eles o deputado federal Gonzaga Patriota e o candidato à Assembléia Legislativa Totonho Valadares. Barradas não dispensou nem uma paradinha para tomar uma cerveja em um dos inúmeros bares improvisados em volta do pavilhão de exposições.

Embora não tenham ocorrido hostilidades, o ato soou como uma provocação aos jarbistas. Isso por causa da tomada do parque de exposição pelo Governo. Segundo informações, o Governo teria “tomado” o parque porque, no ano passado, o prefeito Ângelo Ferreira colocou uma placa alertando a população que a tradicional feira de caprinos e ovinos de Sertânia era um evento que se realizava sem nenhum apoio do Estado.

Este ano, a tradicional festa do Sertão do Moxotó reuniu, em cinco dias, um público entre 60 e 80 mil pessoas. E virou objeto de disputa política por conta das eleições.

Ontem, diversos candidatos a deputado circularam pela exposição, onde não faltaram acusações de uso da máquina. O prefeito, por exemplo, reclamou que o nome dos deputados Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) e Fernando Lupa (PSDB) teriam sido citados pelo sistema de som.


Ciro dança ciranda e ouve PPS indicar Jarbas
Presidenciável do PPS cumpre intensa programação no Grande Recife e consegue contornar, sem complicações, os problemas decorrentes da divisão do seu palanque no Estado

O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, cumpriu uma maratona de eventos políticos no Grande Recife, sábado, que culminou com um comício para cerca de 12 mil pessoas – segundo cálculos da Polícia Militar – no Cabo de Santo Agostinho. Apesar da forte chuva, Ciro e as atrações artísticas conseguiram lotar o pátio da estação ferroviária, onde ocorreu o evento. PDT e PTB não participaram do comício, promovido pelo prefeito Elias Gomes (PPS).

O presidenciável esteve acompanhado da namorada, a atriz Patrícia Pillar, que entusiasmou a platéia. Patrícia falou, pela primeira vez, em um comício. Recomendou o voto a Ciro, destacando o candidato como o seu companheiro e aquele em quem confia. Na pausa para o discurso, quando se comprometeu a retornar ao Cabo, se eleito, Ciro Gomes dançou ciranda, puxado pela lendária cirandeira pernambucana Lia de Itamaracá e posou no palanque ao lado de um menino de rua. Tudo para as gravações do Guia eleitoral que começa dia 20 de agosto.

Em entrevista coletiva, no sábado à tarde, Ciro afirmou, categoricamente, que não assumiu qualquer compromisso para indicação de ministérios, caso seja eleito, com os partidos que apóiam sua candidatura. Ele frisou que não há essa promessa nem mesmo com o seu partido, o PPS, porque os cargos ministeriais “não são lugar de acomodação política, mas ferramentas para pôr em prática projetos e planos que foram acertados com a sociedade.”

No dia seguinte à publicação, na semana passada, de pesquisas de intenção de voto que indicaram o empate técnico entre Ciro e o candidato do PSDB, José Serra, o pós-comunista anunciou que “as forças vitoriosas serão as forças de ocupação” de seu Governo. A manifestação do presidenciável coincidiu, ainda, com as declarações de apoio do presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, de mais de uma dezena de diretórios pefelistas à candidatura Ciro Gomes.

Ainda na entrevista, o presidenciável reconheceu que a verticalização provocou algumas incoerências nesta eleição, mas que “o fator social é muito maior do que a regra”.

“O que o eleitor vai recriminar são entendimentos espúrios, quando dois adversários de anos fazem conchavos para ganhar a disputa. Mas ele compreende quando os acordos são feitos com pessoas convergentes”, explicou, exemplificando, em seguida, com uma possível aliança com Jarbas Vasconcelos (PMDB). O governador pernambucano conta com o apoio do PPS à sua reeleição e já admitiu franquear seu palanque a Ciro, apesar da aliança formal com José Serra (PSDB).

“Há uma convergência antiga de posicionamentos de Jarbas comigo. Ele sempre foi um homem de centro-esquerda. Até mais à esquerda do que eu. Compreendeu a necessidade de uma aliança mais conservadora, porque a conjuntura pedia. Mas não deixa de ser convergente comigo, porque é meu adversário”, avaliou.

À noite, antes do comício, Ciro participou de um jantar no Spettus com empresários e intelectuais formadores de opinião que lotaram o salão com capacidade para 800 convidados. E ainda atraiu representantes dos partidos que integram nacionalmente a Frente Trabalhista (PPS/PDT/PTB), e de outros partidos, como o PSL, o PV e o PSD.


PT lança ofensiva para tentar acalmar o mercado financeiro
SÃO PAULO – O PT inicia hoje (15) uma nova ofensiva para acalmar o mercado financeiro. O presidente nacional do partido, deputado José Dirceu (PT-SP), viaja à noite para os Estados Unidos, onde se reunirá durante a semana com representantes de bancos, agências de risco e políticos americanos. Dirceu tentará explicar as intenções de um eventual Governo do candidato petista à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.

Inicialmente, era Lula quem deveria ir aos Estados Unidos. Mas, por causa do início da campanha e dos poucos dias que terá para visitar os Estados, o candidato petista foi substituído por Dirceu. “Não tenho tempo, a campanha está em um ritmo muito forte”, afirmou o presidenciável na noite de sábado (13), em jantar com cerca de cem empresários no Esporte Clube Sírio Libanês, em São Paulo.

Lula já havia sido convidado por investidores americanos a expor publicamente suas intenções e seu programa de governo, além de conhecer o funcionamento do sistema financeiro em Wall Street.

Dirceu, que também participou do jantar, afirmou que sua visita aos Estados Unidos não tem relação com suposto acordo de transição do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI). “Essa viagem não tem relação com o acordo com o FMI. Nós vamos expor as propostas do PT para os investidores e para a sociedade americana”, afirmou o dirigente nacional do PT.


Acordo de Lapa com Guerra deixa socialistas indignados
O acordo eleitoral entre o deputado estadual Carlos Lapa (PSB) - candidato a deputado federal – e o tucano Sérgio Guerra (PSDB), candidato ao Senado na chapa governista, causou indignação entre os socialistas e atiçou os ânimos dos políticos em campanha, ontem, na 30ª Exposição de Caprinos e Ovinos de Sertânia. Falando em nome da chapa majoritária do PSB, o candidato a vice-governador Dilton da Conti defendeu que Lapa entregue imediatamente o cargo de líder do partido na Assembléia Legislativa.
“Não há mais condições éticas e políticas para que Lapa continue na liderança do PSB.

Eu acredito até que ele deve providenciar o pedido de afastamento”, declarou Dilton, cobrando que o parlamentar abandone o cargo. O deputado Jorge Gomes recebeu ontem mesmo a missão de procurar Lapa para pedir que ele deixe a liderança.

O JC tentou um contato com Carlos Lapa, mas não conseguiu. Um advogado que atua na área da Justiça Eleitoral, contudo, analisou que a candidatura do socialista não corre perigo por conta do acordo com Sérgio Guerra. Isso porque a convenção do PSB só indicou o apoio a João Arraes para o Senado, deixando a segunda vaga em aberto.


Candidato aguarda decisão do PPS sobre “equívoco” de Alagoas
OSASCO – O presidenciável Ciro Gomes afirmou ontem à noite, num showmício em Osasco, na Grande São Paulo, que aguardará uma decisão da Executiva Nacional do PPS para decidir que providência tomar em relação ao apoio do partido e do PDT ao candidato a governador de Alagoas Fernando Collor de Mello (PRTB). “Sou membro da executiva nacional do partido. Quando ela entender que é necessário, eu apoiarei qualquer providência que reponha a coerência da nossa trajetória”, afirmou. Ciro classificou de erro político a decisão do PPS alagoano. “A direção do partido já está vendo o que se pode fazer para corrigir esse equívoco grosseiro”, disse.

De acordo com o candidato a vice-presidente de Ciro, Paulo Pereira da Silva (PTB), o Paulinho, é estudada uma intervenção nas executivas nacionais das duas siglas nos diretórios estaduais. O senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, entretanto, descarta essa possibilidade.

Sobre um possível encontro com o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, para discutir o período de transição ao próximo Governo, como farão representantes do PT e do PSDB, Ciro disse não ter sido convidado, mas que aceitaria.

“Estou pronto”, disse, ressaltando ser amigo de Fraga e respeitar o trabalho dele. “Mas discordo profunda e definitivamente da política econômica brasileira. Mas, se eu puder cooperar, estou disposto a dar o coração para ajudar o Brasil”.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

Pregando no deserto
Gostem ou não os seus críticos, o economista pernambucano Cristóvam Buarque é uma das melhores cabeças pensantes que existem hoje no país. Filiou-se ao PT em 94, disputou e venceu a eleição para o governo do DF, e criou programas revolucionários como o “bolsa-escola”, posteriormente copiados por governantes de outros partidos, inclusive Roberto Magalhães (PFL) na prefeitura do Recife.

Por ser independente demais para os padrões do PT, suas teses não são muito bem aceitas pela alta cúpula do partido. Ele defende, por exemplo, a aprovação de uma emenda à Constituição que torne o Banco Central independente e a indicação de um porta-voz econômico fora dos quadros do partido, para a campanha de Lula, tal como
fez Marta Suplicy ao convidar João Sayad para secretário de finanças.

Seus argumentos: “Estamos numa fase de transição de um governo de elite para um governo dos trabalhadores. Precisamos neutralizar os ‘generais’. Os donos do mercado não usam canhões, mas computadores, e podem fazer um estrago maior, destruir uma geração. Um ministro da fazenda e um presidente do Banco Central não podem ter lágrimas nos olhos. Precisam garantir a estabilidade monetária. O resto (políticas sociais) deixa conosco. É aí que está a nossa diferença”.

Da boca pra fora
Se Tasso já não tinha entusiasmo para fazer a campanha de Serra no Ceará, o seu ânimo ficou menor ainda depois que o ex-liderado Ciro Gomes passou a disputar com o tucano uma vaga no segundo turno. O próprio Serra, aliás, está consciente disto. Sabe que o apoio de Tasso à sua campanha é apenas “da boca para fora” porque todo o “staff” do ex-governador, com raríssimas exceções, engajou-se com gosto de gás na campanha do “cearense”.

Contas a ajustar
Se estiverem disputando mandato eletivo, poderão ser aporrinhados pe lo Ministério Público Eleitoral os ex-prefeitos Adelmo Duarte (Lajedo), Alberto Costa Filho (Ipojuca), Augusto César (Serra Talhada), Hernando Siqueira (Abreu e Lima) e João Lemos (Camaragibe). E os ex-vereadores Manoel Sátiro (Olinda) e Claudiano Martins (Itaíba).

Teses do governo
Crítico do PT, Roberto Freire passou a atacar também os economistas do partido por estarem defendendo num eventual governo de Lula “superávit primário” e “meta inflacionária”. Segundo o senador, Lula está fazendo o “jogo do mercado” porque esses são os “fundamentos” da política econômica da dupla Malan/Armínio Fraga.

“Verde” renuncia para apoiar um nome do PMDB
O Partido Verde, que tem como “carro-chefe” nessas eleições o deputado João Braga, perdeu importante reforço em Arcoverde. A vereadora Célia Cardoso desistiu da candidatura e está apoiando Claudiano Martins (PMDB).

Sobre o gosto musical dos presidenciáveis
Pelas atrações musicais, se conhece o perfil dos eleitores dos candidatos a presidente.

Serra fez campanha em Brasília com “Rio Negro e Solimões”, Garotinho em Recife com Mara Maravilha e Ciro no Ceará com “Asa de Águia”.

Contrariedade 1
Henrique Queiroz (PPB) e Fernando Lupa (PSDB) continuam inconformados com o “chapão” proporcional. O primeiro considera-se “traído” pela cúpula do seu partido, que lhe havia prometido uma aliança isolada com o PSDB. Já o segundo se diz “enganado” pela direção regional do partido dos tucanos.

Contrariedade 2
Como disse Frei Beto ao jornal O Globo, “no processo eleitoral é preciso engolir sapos esperando que do beijo nasça um príncipe encantado”. Ele disse essas palavras a propósito da aliança do PT com o PL. Defendia uma chapa “puro-sangue”, mas reconheceu que sem aliança Lula não venceria a eleição.

Já que Antonio Mariano e José Marcos não são candidatos à reeleição, Inocêncio Oliveira (PFL) poderá dar a “carga máxima” nos três candidatos do seu grupo à Assembléia Legislativa: Oliveira Júnior (PSD), que é o seu preferencial, o ex-prefeito de Triunfo Eduardo Melo (PSD) e o ex-deputado Vital Novaes (PSL).

Já que a campanha presidencial está começando, é bom os brasileiros prestarem atenção ao que os candidatos estão dizendo. Se bem que, no Brasil, promessa de político nunca foi levada a sério. Serra: “As políticas de saúde e educação (de FHC) foram certas. A de energia elétrica, errada. A de habitação e saneamento, insuficientes”.

Segundo Fernando Lyra, Tancredo costumava dizer que Itamar Franco é daquelo tipo de político que “guarda ódio” em geladeira. Daí, o ex-ministro José Aparecido ter declarado que ele não se reconciliou com FHC. “Mineiro não briga mas também não faz as pazes”, disse Aparecido, que é assessor de Itamar.

No frigir dos ovos, o pernambucano Geraldo Brindeiro, procurador-geral da República, foi quem mais se chamuscou no contexto do episódio do Espírito Santo que culminou com a saída de Miguel Reale Júnior do Ministério da Justiça. Só fez reforçar a versão, hoje corriqueira em Brasília, de que seria, na verdade, um “engavetador” de processos.


Editorial

CÃES FEROZES

Repetem-se, sem que se tomem providências eficazes, ataques de cães ferozes, ou não, contra pessoas. Dê-se feliz a vítima se escapar com vida, pois, até agora, o que se vê são retumbantes declarações de indignação de políticos e projetos de lei que ficam engavetados ou, se aprovados, irão aumentar a longa lista das leis que não ‘pegam’ (peculiaridade jurídica brasileira). Aliás, não precisaria nem lei. Basta educação, civilidade. Mas, como isso é cada vez mais raro, a sociedade continua aguardando que os criadores e proprietários desses animais sejam enquadrados, de alguma maneira, na legislação, e responsabilizados pelos graves estragos que seus cães estão causando. Ademais, o homem estabeleceu amizade com o cachorro, domesticando-o, nos primórdios da história. Não é justo fazê-lo voltar a suas origens, via mutações genéticas, tornando-o novamente animal feroz e bravio.

Cães comuns bem treinados podem guardar muito bem uma residência, uma indústria, seja o que for, sem pôr em perigo não-delinqüentes. Geralmente o cachorro não gosta de estranhos; late, avisando que gente suspeita se aproxima, ou até amigos de seu dono. Até os inocentes gansos do Capitólio salvaram Roma de inimigos se esgüelando nas caladas da noite. E hoje temos câmeras de TV, alarmes eletrônicos, vigilância computadorizada. Como não é fácil convencer de que não precisa de tanta ferocidade aqueles cinófilos que gostam de flertar com o perigo, ou pessoas mais agressivas, ou mais radicais em seu hobbies, ou que simplesmente querem garantir proteção, providências se impõem para defender pessoas que não não têm nada a ver com criminalidade, com opções extravagantes.

Independente de novas leis, específicas para a questão que abordamos, vale uma indagação: se um cão feroz, de raça dobermann, pittbull, rottweiler, fere ou mata um malfeitor, ou alguém inocente, seu dono não teria, por esse ferimento, essa morte, responsabilidade idêntica à cobrada daqueles que eletrificam as cercas de suas propriedades? Os casos de crianças e adultos atacados por esses cães, mutilados, freqüentemente mortos, se multiplicam por todo o País. Os responsáveis alegam que trata-se de casualidades, tipo ‘o portão estava aberto’ (portão não tem juízo). E fica tudo por isso mesmo. Os proprietários que têm mais consideração pela vida humana ficam mais cuidadosos. Os demais prosseguem sem mudar hábitos e sem controle adequado sobre seus perigosos animais.

A questão que tratamos ou, de um modo geral, o relacionamento entre cães e gente não se resumem à falta de controle sobre cachorros de raças mais agressivas e ferozes, que, às vezes, estranham seu próprio dono ou quem cuida deles, e até os atacam e matam. Em nossas vias públicas, passeiam e moram vira-latas e cães de grife, incomodando transeuntes, emporcalhando ruas, praças, praias, transmitindo doenças até mortais, como a hidrofobia. Sobretudo nas praias, quem quer fazer uma caminhada tem que driblar constantemente cachorros, soltos ou acompanhados, que, mesmo de raças mais pacíficas, também latem hostilmente, mordem (para isso têm dentes); e também precisa ter cuidado para não sujar os pés ou sapatos na sujeira de fezes caninas deixadas por aí a esmo, sob a supervisão de seus folgados acompanhantes.

E não é só isso. Bicicletas e até motos invadem os calçadões. Cavalos e cães passeiam pelas areias e tomam banho de mar. Como dizíamos, problema de educação, mais do que de legislação. Voltando à questão inicial, já está provado que o rottweiler, pelo menos, é fera mesmo, indomesticável. Se os responsáveis (ou irresponsáveis) pelas feras fossem julgados e condenados, cairia muito o número de suas vítimas.


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07/15/2002


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