Comissão aprova substitutivo sobre a nova lei antidrogas



A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, nesta quarta-feira (21), substitutivo da Comissão de Educação ao projeto de lei da Câmara que trata da prevenção, do tratamento, da fiscalização, do controle e da repressão ao tráfico ilícito e ao uso indevido de entorpecentes e drogas afins. Com 56 artigos, o substitutivo estabelece penas de oito a vinte anos de reclusão para os traficantes de drogas. A matéria segue agora para deliberação do Plenário do Senado.

Segundo o relator da matéria, senador Ricardo Santos (PSDB-ES), o texto aprovado pela CCJ permitirá que o usuário e o dependente das chamadas drogas ilícitas, como maconha e cocaína, não sejam presos, conforme determina a atual legislação que classifica como criminosos tanto o traficante quanto o usuário de drogas. Pela proposta aprovada, os viciados terá garantido tratamento médico, e, dependendo do grau da dependência, tratamento psiquiátrico.

De acordo com o projeto, os dependentes e usuários de drogas também serão encaminhados a programas de reeducação, curso ou atendimento psicológico. O projeto prevê ainda prestação de serviços à comunidade pelos viciados. Quem for flagrado drogado, dirigindo veículo poderá ter a carteira de motorista cassada.

O projeto, de autoria do deputado Elias Murad, que tramita no Congresso Nacional há dez anos, foi considerado pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP) como um novo instrumento destinado a apenar com maior rigor os traficantes, ao mesmo tempo em que abre caminho para que os dependentes sejam reconhecidos como doentes e não como criminosos. Para ele, a aprovação da matéria vem ao encontro do que é aplicado na maioria dos países desenvolvidos.

Antes de a comissão aprovar a matéria, foram acolhidas duas emendas do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), excluindo do rol das drogas ilícitas o álcool, o tabaco e outras substâncias, como cipós de santo-daime. Para o senador, a redação do art. 11 estava confusa e permitiria até que o consumo da cerveja fosse proibido.

Voto secreto

Os membros da CCJ decidiram adiar para a próxima quarta-feira (28) a votação da proposta de emenda à Constituição de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), com apoio de mais 28 senadores, que acaba com a votação secreta quando se tratar de perda de mandato parlamentar. O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) irá apresentar substitutivo para ampliar o alcance da proposta, suprimindo da Constituição as votações secretas.

Mas o senador Romero Jucá (PSDB-RR) anunciou que irá apresentar voto em separado contrário ao voto aberto sobre perda de mandato parlamentar. Para ele, é preciso que se garanta a liberdade de consciência do votante, "afastando-se riscos de constrangimentos que ele possa vir a sofrer".

21/11/2001

Agência Senado


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