CRE vai ouvir embaixadores e ministros sobre avião francês na Amazônia



A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quinta-feira (14) requerimentos do senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) de convite aos ministros da Defesa, José Viegas, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, além dos embaixadores da Colômbia, Jorge Enrique Garavito Duran, e da França, Alain Rouquié, para uma audiência sobre a presença de aeronave francesa no aeroporto de Manaus e o deslocamento de franceses em território brasileiro até a fronteira com a Colômbia.

Segundo a revista Carta Capital, franceses estiveram em território brasileiro para atingirem a fronteira com o país vizinho e negociar com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) a libertação da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt, refém da guerrilha, que tem cidadania francesa.

A CRE já ouviu o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sobre o assunto, mas Mozarildo disse que não se deu por satisfeito com as explicações do chanceler, nem com a atuação diplomática brasileira, apesar de acreditar que não há razões no episódio para desencadear uma crise diplomática com a França.

- Há fatos, que escapam à competência das Relações Exteriores, afetos às pastas da Justiça e da Defesa. A Polícia Federal apurou as circunstâncias do episódio. Os franceses atuaram em território nacional de maneira, no mínimo, suspeita. A CRE tem a obrigação de ouvir as autoridades sobre o caso detalhado pela revista Carta Capital - disse Mozarildo, com o apoio do senador Jefferson Péres (PDT-AM).

Da mesma forma, o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) considera que Amorim foi -até certo ponto- convincente pelo aspecto diplomático da questão. Porém, ele se disse preocupado acerca da violação do território nacional por avião estrangeiro, supostamente carregado de armas de guerra.

- De acordo com informações não oficiais, a troca da refém seria feita por armamento e, por isso, o avião estaria carregado de armas de alto calibre que seriam instrumento da troca. Precisamos ouvir o Ministério da Justiça e as Forças Armadas para saber quais providências foram tomadas - disse Mestrinho.

O presidente da CRE, senador Eduardo Suplicy (PT-SP), informou que o embaixador da França já se dispôs a dialogar com os membros da comissão, mas disse preferir que isso fosse feito em reunião reservada. Ele disse que vai negociar o horário adequado para a audiência com as autoridades e que Thomaz Bastos será o último a ser ouvido sobre o assunto.

Suplicy informou ainda que, após a audiência de Viegas, previamente marcado para a próxima quinta-feira (21), a CRE pode reavaliar a necessidade de ouvir o ministro da Justiça, transformando o convite em um requerimento de informações, idéia defendida pelo senador João Alberto Souza (PMDB-MA).



14/08/2003

Agência Senado


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