Garotinho investe no eleitor de Ciro
Garotinho investe no eleitor de Ciro
Candidato socialista faz campanha em Pernambuco e diz temer que Lula seja um novo FHC
O candidato a presidente pelo PSB, Anthony Garotinho, mostrou ontem em Pernambuco a sua tática para a reta final da campanha, quando tentará conquistar os votos necessários para ir ao segundo turno: ele vai investir no eleitorado de Ciro Gomes (PPS), cuja candidatura considerou "inviabilizada", e atacou duramente o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que afirmou ter-se tornado "docinho dos banqueiros". Nas pesquisas de institutos diversos, Lula aparece com chances de vencer no primeiro turno, e Anthony Garotinho está tecnicamente empatado no segundo lugar com José Serra (PSDB).
Para Garotinho, a candidatura de Ciro "degringolou" e não tem mais chances de vitória. "O que eu peço aos eleitores dele, então, é que façam uma reflexão e, num gesto de amor pelo Brasil, para impedir que o senhor Serra Malvadeza vá para o segundo turno, dêem um voto útil em minha candidatura", afirmou. Na hipótese de ir ao segundo turno, o presidenciável do PSB disse que aceitaria o apoio de Ciro, "mas sem as más companhias dele, como Antônio Carlos Magalhães e Collor".
Foi contra Lula, porém, que ele destinou suas maiores críticas. "Que mudança Lula representa hoje? O Lulinha Paz e Amor não critica mais o sistema, não critica mais a dependência econômica, concorda com todo o receituário do FMI, vai seguir tudo à risca. Ele capitulou, se entregou para ganhar a eleição", criticou Garotinho, apresentando-se como o único "candidato real" de oposição. "Com toda sinceridade, temo que Lula seja um novo Fernando Henrique Cardoso. Porque pelo arco de alianças que está fazendo, ele não representa nenhuma mudança. E pode provocar na população uma grande frustração", acrescentou.
Anthony Garotinho fez as declarações durante entrevista coletiva. Antes, ao discursar nos eventos de rua em que participou de manhã - caminhadas encerradas com mini-comício em Abreu e Lima e Jaboatão dos Guararapes - ele já havia feito críticas a Lula. "Não é mais Lula-lá, é Lulinha-lei , o Lulinha do Sarney", comparou, referindo-se ao apoio que o petistatem de José Sarney (PMDB-AP).
Depois dos atos o candidato teve encontro com lideranças evangélicas, na Associação Cristã (em Boa Viagem), e fez caminhadas em Camaragibe e Carpina. À noite ele iria participar de shows de cantores evangélicos em São Lourenço da Mata, Jaboatão e Escada.
Lula poderá vencer no primeiro turno
Apenas dois pontos percentuais separam o presidenciável petista da vitória no domingo
RIO - A mais recente pesquisa do Ibope, divulgada ontem pelo Jornal Nacional da Rede Globo, mostrou um crescimento dos candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB) e um quadro eleitoral estável, a quatro dias das eleições e na véspera do último debate na TV. Lula subiu dois pontos em uma semana e está com 43%. Serra ganhou um ponto, tem 19% e está empatado tecnicamente, em segundo lugar, com Garotinho, que também subiu um ponto e aparece com 16%. Ciro Gomes (PPS) foi o único a cair e passou de 12% para 11%, enquanto José Maria de Almeida (PSTU) tem 1%.
Lula tem quatro pontos a menos do que a soma de seus adversários (43% a 47%), a mesma diferença da consulta anterior (41% a 45%). Pelo critério dos votos válidos, excluindo-se os votos em branco, nulos e abstenções, o petista tem 48% e continua a dois pontos da vitória no primeiro turno. Considerando-se a margem de erro da pesquisa (de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos) Lula pode estar no intervalo entre 46% a 50%.
A pesquisa revela uma queda no número de indecisos, que passou de 10% para 7%, assim como os de votos em branco e nulos (4% para 3%). Também cresceu entre os eleitores a impressão de que o petista será o próximo presidente: 61% acreditam que Lula vencerá as eleições, três pontos a mais do que semana passada.
O candidato do PT aumentou sua vantagem entre os homens, crescendo de 48% para 51% e no eleitorado que tem da 5ªa 8ªsérie do ensino fundamental, segmento no qual subiu cinco pontos (de 39% para 44%). Nos municípios metropolitanos, excluindo-se as capitais, Lula também subiu cinco pontos (42% para 47%). No entanto, perdeu dois pontos entre o eleitores mais velho: foi para 42% na faixa entre 35 e 49 anos e para 38% no eleitorado com mais de 50 anos. Nesse último segmento, Serra registrou um crescimento de seis pontos, de 16% para 22%. O tucano também cresceu nas Regiões Norte e Centro-Oeste, passando de 21% para 26%. Já Garotinho cresceu no Nordeste (13% para 16%).
O Ibope entrevistou 3.000 eleitores em 203 municípios entre 28 e 30 de setembro. O índice de rejeição de todos os candidatos subiu um ponto, em relação à semana passada.
O mais rejeitado continua a ser Serra: 30% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum. Lula e Ciro estão empatados em segundo lugar, com 26%.
Garotinho é o menos rejeitado, com um índice de 22%.
Nas simulações para o segundo turno, Lula vence em todas: tem 55% a 35% contra Serra e 54% a 35% contra Garotinho, com a diferença caindo de 21 para 19 pontos, em relação a semana passada. Contra Ciro, o petista ganha de 57% a 31%.
Serra perde tempo no último guia
BRASÍLIA - A cinco dias do primeiro turno, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, foi condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a ceder 8 minutos e 6 segundos de sua propaganda na TV para direitos de resposta ao PT e ao candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva. Os advogados de Lula esperam usar todo o tempo na quinta-feira - último dia de programa eleitoral.
Lula, o PT e o presidente do partido, José Dirceu, obtiveram vitórias contra o tucano por ataques veiculados no horário gratuito, quando Serra ensaiou uma estratégia mais agressiva na tentativa de atrair o eleitorado do adversário. Ontem, o plenário do TSE examinou os processos e concedeu os direitos de respostas, considerando que os ataques de Serra a Lula extrapolaram a crítica política e ofenderam os petistas.
Eduardo Alckmin, advogado de Serra, disse que estuda pedir ao TSE a veiculação do direito de resposta do PT somente na sexta-feira, quando já terá terminado a propaganda gratuita. A medida diminuiria os prejuízos de Serra. Se formular esse pedido, o advogado deverá argumentar que o próprio TSE demorou a decidir sobre os processos.
Alckmin também pedirá ao tribunal que examine o conteúdo das respostas de Lula antes da sua veiculação para assegurar que não haja uso inadequado do direito e dano irreparável ao tucano, porque não haveria mais tempo para uma contra-resposta.
Dólar recua 3,98% e fecha a R$ 3,61
Queda foi provocada pela atuação do Banco Central e pela "aceitação" do candidato do PT
SÃO PAULO - A atuação do Banco Central e a "aceitação" do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo mercado fizeram com que o dólar recuasse 3,98%, para fechar ontem a R$ 3,60 na compra e a R$ 3,61 na venda. Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a ser negociada a R$ 3,590. Em dois dias, a queda é de 7%.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechou em alta de 4,34%. O risco-país brasileiro caiu 7,4%, para 2.219 pontos.
A intervenção do Banco Central pela manhã, vendendo dólares à vista, fez a moeda reverter uma alta que chegou a 1,06%. Além da venda direta de dólares, a autoridade monetária vendeu US$ 13,89 milhões ao mercado em linhas condicionadas ao financiamento de exportações.
Também colaborou a ação do BC, ainda não confirmada, no mercado externo de dívida comprando C-Bonds, o principal título da dívida brasileira. Com a compra, o título sub iu e passou a ser vendido por 51% do valor de face - na sexta, era vendido a 48%, o pior nível desde a crise mexicana, em 1998.
Naquele dia, segundo analistas do setor, o título estava absorvendo a crise de liquidez nos mercados globais, cujo efeito se manifesta primeiramente nos títulos de países emergentes, e também já embutia em seu preço a possibilidade de Lula vencer as eleições no primeiro turno.
Para melhorar a cotação do papel, o BC teria, na segunda e terça-feira, comprado títulos. Essa operação tem duplo efeito: primeiro, o BC consegue resgatar papéis da dívida a preços mais baixos e diminuir sua exposição ao mercado. Segundo, com menos papéis no mercado, as instituições que estão "vendidas" (se comprometeram com outras instituições a vender o título em um determinado prazo) mas "descobertas" (não têm os títulos em mãos) se vêem obrigadas a correr atrás dos papéis e aceitarem pagar preços mais altos para cumprirem seus compromissos.
APLICAÇÕES - O principal risco para as aplicações financeiras, nos próximos meses, é uma velha conhecida dos brasileiros: a inflação. "O aumento da taxa de câmbio, que já acumula alta de65% no ano, vai ter de ser repassada aos preços", diz Walter Mendes, diretor da Schroder Brasil.
Além do repasse do dólar, os analistas consideram que, para conter a explosão da dívida pública, o novo governo terá de promover uma queda acentuada da taxa de juros que, se não for acompanhada de forte arrocho fiscal, também pressionará a inflação. Em razão da provável pressão sobre os preços, alguns analistas estão recomendando investir em aplicações que protejam da inflação, como fundos e títulos atrelados ao IGP-M.
Artigos
Porque Lula é o favorito
Abelardo Baltar da Rocha
O favoritismo de Lula tem razões eminentemente sóciopolíticas. Tentar explicar esse favoritismo através de questões político-operacionais, como os erros cometidos por seus adversários durante a campanha, ou a falta de maior carisma de alguns desses adversários, não leva a muita coisa. Erros, eventuais, todos cometeram. E essa questão do carisma é muito relativa, pois o próprio Lula, com todo o carisma que possa ter, perdeu, anteriormente, três pleitos presidenciais. A verdade é que Lula deve ganhar porque a sociedade quer mudanças e ele e seu partido são quem encarnam, nesse momento, mais fortemente, no plano nacional, esse sentimento. O voto em Collor, por exemplo, foi, de certo modo, um voto na modernidade, na abertura da economia. Claro que a sociedade se iludiu, pois o candidato não merecia sua confiança. Entretanto, num certo nível quase "inconsciente", o voto naquele candidato foi um voto que tentava romper com idéias que foram muito úteis no passado, mas que já não serviam mais. Idéias que vinham do getulismo e que foram encampadas, de certo modo, pelo governos militares. Idéias que preconizavam uma economia relativamente fechada, funcionando na base da substituição das importações. Só que os novos tempos, tempos de globalização, não comportam mais esse modelo.
O voto em Fernando Henrique foi um voto que reafirmava o desejo de modernidade, da abertura da economia, acrescido ao desejo das "delícias" oriundas da estabilização dos preços. Foi um voto contra o tormento inflacionário que, até então, há décadas, "infernizava" a vida da sociedade brasileira. O segundo voto em Fernando Henrique teve o mesmo sentido do primeiro. Com esse voto a população procurava manter a abertura e a estabilização dos preços. Não queria, de forma alguma, ver ameaçada essas conquistas. Acontece que o modelo utilizado para manter as referidas conquistas, baseado numa supervalorização do real, deixou de ser competitivo em termos internacionais, obrigando as autoridades econômicas a realizar a maxidesvalorização da moeda brasileira. Maxidesvalorização realizada muito tardiamente, o que fez a economia do País se tornar ainda mais vulnerável às oscilações e "humores" da economia internacional. Aí as diversas crises da economia mundial, que ocorreram nos últimos tempos, foram fatais para a economia do País, que passou a crescer num ritmo muito lento, o que aguçou bastante a sempre complicada situação social. Essa situação adquiriu, nos últimos tempos, caráter quase catastrófico, mostrando que o atual modelo de extrema vulnerabilidade da economia, em relação ao setor externo, tornou-se completamente inviável.
O voto em Lula é, antes de tudo, um voto contra esse atual modelo econômico vigente e suas conseqüências desastrosas no campo social. É um voto por uma ação mais intervencionista do Estado no sentido de deixar menos vulnerável a economia do País às variações que ocorrem no setor externo. É um voto por uma intervenção ainda mais volumosa do Estado no campo social. Aliás, todos os candidatos propõem soluções relativamente semelhantes para os atuais graves problemas que afligem a sociedade brasileira. Todos propõem um maior intervencionismo governamental nos campos econômico e social. Nenhum deles aceita mais deixar a sociedade brasileira ficar ao sabor do jogo "espontâneo" da forças de mercado, como prega o radicalismo liberal Na verdade, no essencial, o conteúdo dos programas de todos os candidatos é muito parecido. Até o próprio candidato do Governo não defende soluções semelhantes às que o Governo vem pondo em prática. Serra sempre fez certa oposição à ortodoxia de Malan. Lula se diferenciou dos demais candidatos, e por isso tem muito maiores possibilidades de ganhar as eleições, não pelo seu discurso, e sim, justamente, por ter conseguido passar a idéia para os eleitores, aliás verdadeira, de que é menos comprometido, do que seus concorrentes, com as parcelas das elites que vem conduzindo, de forma equivocada, nos últimos tempos, as políticas econômicas vigentes no País.
Colunistas
DIARIO POLÍTICO - Divane Carvalho
Neutralizar as violências
Roberto Mangabeira Unger surpreendeu meio mundo, ontem, ao defender a renúncia de Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja eleito presidente no próximo domingo. Num artigo publicado no jornal Folha de S.
Paulo, o coordenador do programa de governo de Ciro e professor de Direito da Universidade de Harvard (EUA) disse que "é dever das oposições, diante do quadro que está aí, garantir ao candidato do PT os poucos votos que faltam para ele ganhar a eleição no primeiro turno". Na sua opinião, a eleição do dia 6 de outubro "oferece uma oportunidade sem precedentes para mudar o País e isso só será possível com a vitória das oposições". Mangabeira Unger faz questão de dizer que não considera Lula o melhor candidato mas confessa que sua convicção "é irrelevante porque o veredicto do País está claramente desenhado. Tratemos de fazê-lo executar". Depois de relacionar as várias razões para justificar sua tese, ele explica que, se a democracia no Brasil estivesse consolidada, não haveria por que temer o segundo turno "pois haveria tempo bastante para neutralizar as violências que se preparam para fazer triunfar o continuísmo e para mexicanizar o Brasil a pretexto de não argentinizá-lo". E afirma que não lutar para evitar o segundo turno "seria irresponsabilidade para com a República".
A sugestão de Mangabeira Unger pode desagradar Ciro Gomes e Anthony Garotinho.
Mas que faz sentido, faz, além de servir perfeitamente como discurso, se eles decidirem renunciar.
Os macielistas estão danados da vida. Porque Marco Maciel perdeu mais da metade do tempo que tinha no guia eleitoral para Sérgio Guerra (PSDB), desde o início dessa semana. Desunidos, esses candidatos da União por Pernambuco
Campanha
Inocêncio Oliveira (PFL) toma café da manhã em Olinda, hoje, com o vereador Carlito Machado e lideranças comunitárias no restaurante Samburá. Mas à noite estará em Serra Talhada, para participar de um comício.
Protesto
Os anistiados políticos anunciam que vão se concentrar em frente ao Palácio do Campo das Princesas, hoje, para protestar porque Jarbas Vasconcelos não pagou as 52 indenizações que faltam das 219 aprovadas no ano passado.
Apoio
José Chaves (PMDB) ganhou um reforço e tanto da Caixa Econômica na sua campanha por um novo mandato federal: as lotéricas estão distribuindo os bilhetes de apostas num envelope de plástico, com nome e número do candidato.
Relaxar 1
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passa o dia inteiro descansando, hoje, véspera do debate da TV Globo. Nada de treinar o que vai dizer nem telefonemas de trabalho, porque a ordem é relaxar.
Relaxar 2
A decisão de deixar Lula sem agenda foi do comando da campanha petista, que considera o candidato afinadíssimo para enfrentar os adversários, o clima global e tudo mais. Só resta aguardar pra conferir.
Vandalismo
Carlos Wilson, do PTB (foto), denuncia que um grupo de motoqueiros está destruindo suas peças de propaganda política no Recife: "Um vandalismo, estão queimando minhas bandeiras e faixas", diz o candidato a senador da Frente Trabalhista.
Prêmio 1
Raul Jungmann, do PMDB (foto), é o primeiro brasileiro a receber o prêmio Internacional Award for Conservation Achievement da entidade americana Wildlife Trust, concedido àqueles que se destacam na proteção dos primatas.
Prêmio 2
Quando ministro do Desenvolvimento Agrário, Jungmann doou parte das terras do Pontal do Paranapanema (SP) para criação da Estação Ecológica do Mico-Leão-Preto.
Depois das eleições, ele vai receber o prêmio em Washington.
Madrugada
Pedro Eurico (PSDB) começa a campanha de madrugada, hoje. A partir das 5h, ele faz panfletagem na Usina Nossa Senhora do Carmo, em Pombos, onde tem o apoio dos trabalhadores para se reeleger. Campanha insone, essa.
Editorial
DIPLOMACIA NECESSÁRIA
O Iraque e a ONU anunciam um acordo preliminar para o retorno dos inspetores internacionais ao país árabe.
Bagdá aceitou todos os termos dos direitos de inspeção previstos nas resoluções anteriores da ONU. Esta notícia bate fundo contra a guerra preconizada pelo presidente dos EUA, George W. Bush. Nos termos do acordo com a ONU procedimentos especiais serão tomados para o acesso a alguns locais presidenciais. As visitas a esses locais serão regulamentadas por um aviso prévio e com a presença de diplomatas internacionais.
O principal aliado de George Bush, o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, reitera por sua vez que uma coalizão internacional deve dar um ultimato ao Iraque, apoiado na ameaça do uso da força. O ultimato terá como ponto principal que Saddam Hussein se desfaça das armas de destruição em massa. Blair defende o uso da força ao lado dos EUA e quer apoio de outras nações, ainda que Bagdá tenha dado um aceno positivo para os inspetores internacionais do organismo das Nações Unidas.
Blair acha que a credibilidade da ONU está em jogo e que se a vontade coletiva não alcançar o ponto máximo toda a autoridade estará perdida. O que ele salienta, em particular, é que os EUA e a Grã-Bretanha não perderão essa autoridade, e que a disposição de utilizar a força contra Saddam é a única solução razoável.
O pensamento do primeiro-ministro é radical. Ele acredita que a maioria dos países do Mundo têm ressentimento com o poderio dos Estados Unidos e que consideram a Grã-Bretanha submissa demais aos desejos dos norte-americanos. A filosofia de Blair se irmana com a de Bush para quem a única esperança de paz no Mundo é a prontidão para a guerra ou só a guerra.
Considere-se que uma verdade tem que ser dita: é bastante difícil negociar com ditadores. No entanto, os países europeus não querem fugir dessa premissa. Antes negociar do que partir para uma aventura da qual ninguém pode saber o que ocasionará. O que a grande maioria dos europeus defende é uma moção apoiando o uso da força contra o Iraque apenasdepois que se esgotarem todos os esforços diplomáticos. Na realidade, ninguém deseja a guerra.
Os países árabes estão entrando em estado de alerta para que as conseqüências de um ataque ao Iraque não os alcancem desprevenidos. O Irã já reiterou sua neutralidade ativa, adiantando que a diplomacia deve agir imediatamente para evitar um conflito na região. O ministério iraniano de defesa pediu ao Iraque que respeite as resoluções das Nações Unidas, por considerar que um ataque possa vir a ser contrário à segurança regional.
O que está por vir ninguém sabe ou poucos têm acesso às informações vitais. Mas a posição dos EUA de utilizar a força contra Saddam Hussein está fazendo com que os principais países da Europa se posicionem a favor da diplomacia e não à guerra. Esta não é muito bem vista. Apoiado pelo Reino Unido, os EUA ganham força, mas têm que receber o aval das potências européias para ir adiante na sua aventura bélica.
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10/02/2002
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