Heloísa Helena quer que Senado investigue denúncias de corrupção



Citando o Sermão do Bom Ladrão, do Padre Antonio Vieira, publicado em 1655, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) afirmou nesta quinta-feira (dia 22) que as denúncias de corrupção no governo federal têm que ser apuradas, sob pena de comprometer o presidente Fernando Henrique Cardoso e até mesmo o Senado Federal.

Na opinião da senadora, se os ministros são corruptos, como denunciaram os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente Fernando Henrique também é corrupto, e se o Senado Federal não investigar o assunto, como é sua competência constitucional, também incide em corrupção.

Ela se referia aos discursos com que, na última terça-feira (dia 20), Antonio Carlos Magalhães lançou denúncias contra ministros do PMDB e Renan Calheiros (PMDB-AL) acusou ministros do PFL. E disse que o sermão do Padre Antonio Vieira, destinado aos membros da nobreza de sua época, trata de governantes cúmplices do roubo de seus subalternos.

Heloísa considerou o discurso atual, observando que bastaria transpor a imagem do príncipe e do rei para os atuais ocupantes do poder - presidente, ministros e parlamentares. "Roubar pouco é culpa, roubar muito é nobreza", citou lendo o sermão. "Roubar pouco dá Carandiru, muito dá poder", completou Heloísa Helena.

Ainda citando Vieira, ela disse que o rei que nomeia ladrões para cargos de seu reinado vai para o inferno com eles. E mais: se os nomeia sem saber que são ladrões, está nomeando mal seus ajudantes e, se sabe que roubam, é ladrão também.

Afirmando esperar que os ladrões acabem na cadeia, ela pediu que o Senado cumpra sua função constitucional. - As denúncias foram feitas e o Senado tem que dizer se os ministros são corruptos ou se as denúncias são mentirosas. Ou Antonio Carlos Magalhães e Renan Calheiros estão mentindo, ou estão agindo de má fé, ou estão desinformados. Mas se falarem a verdade, o presidente é corrupto. Se o Senado Federal não investigar, é corrupto também - acrescentou.

Na opinião de Heloísa Helena, as investigações do Senado sempre pararam na hora que tocaram no governo - a CPI do Judiciário parou quando chegou perto do ex-secretário geral da Presidência, Eduardo Jorge e a CPI dos Bancos encerrou os trabalhos ao se aproximar de indícios de corrupção no Banco Central.

Ela também afirmou que a base governista deu sustentação para não se investigar o caso Eduardo Jorge, quando todos sabiam das ligações dele com o ex-senador Luiz Estevão e com o ex-juiz Nicolau dos Santos Neto.

22/02/2001

Agência Senado


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