Heráclito Fortes pede "crédito de confiança"



O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), 1º secretário do Senado, afirmou há pouco que assume as responsabilidades sobre os atos que forem praticados pelos servidores indicados nesta terça-feira (23), que assumem as funções de diretor-geral, Haroldo Tájra, diretora de Recursos Humanos, Dóris Marize Peixoto, e diretor da secretaria de estágios do Senado, Petrus Elesbão.

- Peço crédito de confiança. A decisão de investigar atos secretos partiu desta Mesa - disse Heráclito.

Heráclito disse que existem "grupelhos" de servidores do Senado que querem manipular as decisões administrativas e que a investigação dos atos secretos determinada pela Mesa já está surtindo efeitos. Heráclito garantiu que esse é um "caminho sem volta". Em sua avaliação, a medida que mais feriu esses "grupelhos" foi a decisão do presidente José Sarney de reduzir para 1,6% os juros cobrados nos empréstimos consignados.

- Montou-se aqui uma quadrilha de agiotagem nos descontos mensais feitos nos salários dos servidores, que chegavam a 4,3%. Esses servidores não querem o bem desta Casa. Nós temos servidores contrariados porque perderam gratificações, poder e prestígio. Mas, também não vamos jogar a responsabilidade sobre esses servidores. A responsabilidade neste momento tem que ser nossa - afirmou.

Heráclito disse que o compromisso da atual Mesa é implementar um plano de cargos e salários que "não beneficie apenas quem tem acesso fácil à porta de senadores que estão no poder de plantão", mas que dê segurança e garantia a todos os servidores que passaram por mérito, através de concurso público.

O senador Renato Casagrande (PSB-ES) disse, em aparte, que as medidas decididas pela Mesa começaram a enfrentar o problema. Ele afirmou que a transparência é a melhor ferramenta de fiscalização para a população, e ressaltou que ainda está pendente a apuração do envolvimento de senadores e servidores.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) perguntou por que a comissão designada para investigar os atos secretos incluiu na mesma lista os atos publicados no Diário do Senado. Mercadante acredita que foi uma manobra para criar confusão ou esconder coisas na lista e pediu que os dados fossem revistos.

- Estão colocando informações imprecisas nos supostos atos secretos -alertou.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) concordou com Mercadante e disse que com ele aconteceu a mesma coisa. Para o senador, a comissão de investigação errou ao não checar "exaustivamente" as informações junto aos senadores, o que resultou na divulgação de informações imprecisas para a imprensa.

O senador Magno Malta (PR-ES) rebateu denúncia de que teria indicado alguém para atuar como seu "espião" no Conselho de Ética do Senado. Ele informou que em 2005 foi solicitado pelo líder do seu partido a indicar alguém para um cargo no Senado, tendo indicado um correligionário e disse não saber que esta pessoa havia sido lotada no Conselho de Ética. O senador explicou que solicitou a exoneração do indicado, mas soube agora que esta medida não havia sido levada adiante.

O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse que é preciso analisar a natureza dos atos secretos e avançar nas investigações. Ressaltou, no entanto, que a crise desencadeada pela divulgação da existência desses atos não pode impedir a instalação da CPI da Petrobras.

Heráclito ainda pediu aos senadores que se previnam contra intrigas. Ele relatou que a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) o procurou para saber se havia informado a um jornalista de Goiás que ela estava entre os senadores beneficiados com atos secretos. O senador pediu que os demais senadores o protegessem, porque agora vai ser alvo de pancadas.

- Me protejam e saibam diferenciar denúncia de fofoca e de calúnia - pediu.

O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) disse que a Mesa avançou nas investigações. A partir de agora, assinalou, nenhum ato será publicado sem que haja o referendo da Mesa e dos líderes. Ele disse também que na reunião da Mesa desta terça-feira ficou evidente que pode haver uma fraude ocorrendo há muitos anos e que consiste no preenchimento de cargos vagos nos gabinetes com funcionários fantasmas, a exemplo do que aconteceu no gabinete do senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que, ao verificar por que havia sido incluído na lista dos senadores beneficiados com atos secretos, descobriu que o ato em questão tratava da sua indicação para a comissão responsável pela organização de eventos comemorativos dos 180 anos do Senado.

- Descobri que foi um ato secreto - disse o senador, acrescentando que nunca soube de sua indicação para tal comissão.

O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) se solidarizou com os senadores listados pela imprensa "sem nenhuma razão de ser". Dornelles sugeriu a Sarney que aproveite o conhecimento e a experiência de alguns senadores na área de investigação, como Demóstenes Torres e Romeu Tuma (PTB-SP).

- Não entendo por qual motivo o Senado vai precisar recorrer ao Ministério Público e à Polícia Federal para investigar fatos ocorridos dentro do Senado. Vamos transmitir à sociedade que não temos condições de fazer essa investigação - argumentou.



23/06/2009

Agência Senado


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