Jarbas diz que Roseana não ganha só









Jarbas diz que Roseana não ganha só
Governador volta a insistir na necessidade da união PSDB/PFL para ganhar a eleição

O governador Jarbas Vasconcelos disse ontem que a pré-candidata à Presidência da República pelo PFL, Roseana Sarney, não ganhará a eleição sozinha. "Mesmo com os 21% nas pesquisas, isolada ela não será vitoriosa". O governador fez a afirmação para explicar a defesa da necessidade de o PSDB manter os canais de diálogo com os pefelistas. Ele disse que esta postura não significa descrédito em relação à candidatura do ex-ministro da Saúde, José Serra (PSDB). "Não acredito na vitória de ninguém isolado. A eleição já tá difícil. Se você separa para disputar individualmente, fica mais dificil".

Jarbas declarou que as críticas que sofreu por sugerir o diálogo em nível nacional entre os partidos são frutos de incompreensão. "Quando eu falei que não se agredisse o PFL, entenderam que eu queria dar o espaço da vice-presidência ao PFL. Não é verdade. Se eu me nego a discutir a questão da vice em torno do meu nome e dentro do PMDB, seria uma incoerência querer levar a vice-presidência para um outro partido. Não quero escolher vice nem quero dar vice a ninguém".

Para exemplificar a nocividade do isolamento ele citou o PMDB. "Adverti meu partido de que a candidatura própria era uma aventura. O PMDB tem prévia marcada para março com candidatos aquém de 5% e arrisca-se a repetir 89, com Dr. Ulisses Guimaraes, e 94, com Orestes Quércia. Então taí, um partido enorme, nacional, dimensionado, com história e tradição, mas arriscando a levar sua legenda a ter 3% ou 4%".

LAGOA DOS GATOS - Um dia depois de agendar conversa com deputados estaduais governistas insatisfeitos com o pouco espaço dado a eles em inaugurações, Jarbas teve de recorrer a muito jogo de cintura para não provocar o aumento das queixas. No palanque na cidade de Lagoa dos Gatos ele colocou lado a lado os pouco afinados deputados estaduais Fernando Lupa (PSDB) e Tereza Duere (PFL) e ainda o secretário de projetos Especiais (e deputado federal), Sérgio Guerra (PSDB). Candidatos à reeleição, todos puderam falar aos eleitores. O governador, porém, fez questão de citar, no seu discurso, o "importante apoio" que tem dos deputados federais José Múcio (PSDB) e José Mendonça (PFL), ambos ausentes, mas ligados à região.

Inimigos eleitorais declarados, Lupa e Tereza deram um show de diplomacia. Nos seus discursos, citaram o nome um do outro e Lupa chegou a salientar a importância de se superar picuinhas políticas em benefício da aliança governista. Nos bastidores da inauguração, no entanto, os parlamentares deram a entender que a briga por votos será acirrada. A rixa entre eles veio a público meses atrás, quando Tereza, mesmo sem citar nomes, criticou um deputado (com o perfil de Lupa) em uma rádio do Agreste.


TCE agiliza processo de dispensa de licitação
A pressão feita pelo prefeito do Recife, João Paulo (PT), junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) para agilizar o julgamento do processo de dispensa de licitação para a construção de 200 casas destinadas a desabrigados das chuvas de 2000 deu resultado. Na próxima quarta-feira o processo vai ser submetido ao crivo do Pleno do Tribunal. O relator, conselheiro em exercício Carlos Maurício Figueirêdo, diz que a questão é relevante e exige urgência. "Estou, inclusive, levando o processo para casa para dar uma estudada", comentou.

No último dia 14, o prefeito João Paulo, juntamente os secretários de Planejamento, Tânia Bacelar, e de Assuntos Jurídicos, Maurício Rands reuniu-se com o presidente do Tribunal, Roldão Joaquim, para explicar a necessidade da urgência do julgamento. Na ocasião, Tânia informou que a PCR tinha só mais quatro meses de prazo para empregar os recursos destinados pelo Governo Federal para as casas - caso contrário, a verba teria de ser devolvida. Ela disse ainda que não queria afrontaro TCE, dando a ordem de serviço antes do parecer do Tribunal.

Figueirêdo negou que tenha recebido recomendações da presidência do Tribunal para agilizar os trabalhos. Ele também não quis adiantar qual será seu voto. Porém, seja qual for o resultado, a PCR finalmente saberá se pode ou não erguer as 200 moradias. Recebendo o sim do TCE, o prefeito inaugura no Estado o uso de uma tecnologia revolucionária em habitações populares. Será usada uma tela argamassada, que mistura concreto e isopor deixando as estruturas leves e com isolamento térmico. As casas serão erguidas em mais de cem terrenos distribuídos em 23 localidades do Recife. Cada uma terá 30 metros quadrados e contará com dois quartos, sala, banheiro e cozinha.

A dispensa da licitação vem sendo questionada pelo TCE desde setembro do ano passado. O Tribunal resolveu abrir processo para investigar o caso após o vereador Roberto Andrade (PFL) ter levantado suspeitas e pedido esclarecimentos à PCR.


PT realiza debate mesmo sem o PSB
Humberto Costa diz que não retira nome porque não foi colocado como imposição

A estratégia do PSB em não participar dos debates promovidos pela Fundação Perseu Abramo, do PT, na intenção de pressionar o secretário de Saúde do Recife, Humberto Costa (PT), a abrir mão de sua candidatura ao Governo do Estado não funcionou. A Perseu Abramo está articulando com os partidos aliados um ciclo de debates para montar um programa de Governo em conjunto. Ontem, durante a inauguração do Projeto Academia da Cidade, na Praça de Jardim São Paulo, Humberto Costa avisou que seu nome não pode ser retirado porque não foi colocado como imposição, mas apenas para discussão entre as legendas de esquerda.

Na avaliação do secretário de Saúde, é impossível construir a unidade se não há confiança recíproca por parte do PSB. "Se o PT não é confiante para discutir nem sequer uma proposta de governo com eles, o que podemos fazer? Mesmo sem a participação do PSB, vamos ouvir a sociedade. Quem vai perder em não participar dos encontros são eles", avisou. O prefeito do Recife, João Paulo (PT), preferiu não se envolver na polêmica com os socialistas. "Não vou avaliar a decisão deles. Vou deixar que o partido analise e se posicione. Agora, não podemos impor a participação de ninguém", garantiu.

O PSB discorda do tipo de debate que inicie com os nomes de pré-candidatos para concorrer à eleição postos na mesa. Os socialistas defendem que se abra uma discussão sobre a situação do Estado, indicando áreas onde o Governo Jarbas não cumpriu as promessas de campanha. Somente após uma análise crítica é que a oposição deveria pensar em discutir nomes, segundo o PSB.

Segundo Humberto, é difícil decodificar o posicionamento dos aliados, pois qualquer iniciativa do PT é vista de maneira crítica pelas legendas de esquerda. "Não entendo o que eles estão querendo. Se a gente defende mais de uma candidatura, dizem que queremos dividir. Se vamos montar um ciclo de debates com os partidos de esquerda nos acusam de utilizar propostas dos outros", desabafou.

Na avaliação do petista, mesmo que a oposição não chegue a unidade eleitoral, épreciso construir uma unidade política. "Meu nome pode ser retirado a qualquer momento desde que tenha um candidato com chances comprovadas de vitória. Mas como posso tirar minha candidatura se nem sequer paramos para discutí-la? Acho que não haverá definição de nada antes de abril", comentou.

Humberto disse, ainda, que além de tratar de sucessão com os partidos maiores, as siglas nanicas também estão em fase de diálogo com o PT. "Conversamos com o PSN e PST. Vamos falar com o PCB e o PGT. As legendas menores não serão colocadas em segundo plano", afirmou. Em sua avaliação, fazer pesquisas de opinião agora como sugeriu o dirigente nacional do PT, Francisco Rocha da Silva, é prematuro. "A pesquisa é muito inespecífica sem termos a definição do quadro nacional e dos nossos adversários", afirmou.


Especialistas apontam os limites das estratégias eleitorais no Brasil
Grupo convidado pelo DIARIO avalia importância e papel dos marqueteiros nas campanhas nacionais

Acusado por uns de ser responsável pela despolitização das campanhas eleitorais, mas cobiçado por candidatos de esquerda, direita e centro, o marketing político tornou-se um dos focos do debate político nacional. O estopim dessa discussão foi a ascensão meteórica da pré-candidata do PFL à Presidência da República, Roseana Sarney, que sem apresentar nenhuma proposta específica de governo, mas graças a uma bem produzida propaganda de TV, conseguiu atingir o segundo lugar nas pesquisas eleitorais. Para discutir o tema, o DIARIO DE PERNAMBUCO reuniu quatro especialistas: o marqueteiro José Nivaldo Júnior, o cientista político Joanildo Burity, o PhD em sociologia Jorge Alexandre Barbosa Neves e o economista e sócio da Datamétrica (instituto pernambucano de pesquisas) Alexandre Rands. Convidado para a discussão, o marqueteiro Antonio Lavareda, que assessora Roseana Sarney, não compareceu porque precisou viajar ao Maranhão. O debate foi coordenado pelo diretor-superintendente do jornal, Luiz Otávio Cavalcanti, com aparticipação dos jornalistas César Rocha (editor de Política) e Vandeck Santiago (repórter especial).

Em meio a divergências sutis, os debatedores concordaram num ponto: o marketing político é fundamental para qualquer candidato, mas tem limites. Ele pode catapultar um candidato do semi-anonimato para a ribalta, mas, por si só, não garante a eleição de ninguém. De acordo com palavras de José Nivaldo Júnior, "quando o quadro está definido, não tem marketing que dê jeito". Ele admite, porém, que nos casos em que a disputa é muito equilibrada o marketing pode ser decisivo.

Para Alexandre Rands, a influência do marketing estaria sendo "excessiva", o que provocaria "distorções" de efeitos negativos na política nacional. Ao tratar de um dos principais instrumentos do marketing, as pesquisas eleitorais, Rands denuncia que em Pernambuco e no Brasil há muitas "pesquisas fraudulentas", realizadas por empresas que "fraudam por definição".

Joanildo Burity vê - como parte do processo em que o marketing assume papel de destaque nas campanhas - a tendência de "primazia da imagem como critério da verdade e da evidência". Nesse sentido, considera ele, "a eficiência retórica se torna mais importante do que a argumentação". Jorge Alexandre Neves trouxe à tona um aspecto raramente discutido: o de que as pesquisas são muito "imprecisas", sendo "aproximações relativamente grosseiras" dos resultados que aponta. Jorge sabe do que está falando: é professor de estatística aplicada do departamento de ciências administrativas da UFPE e também coordenador de pesquisas dessa natureza realizadas no Estado. A seguir, os principais trechos do debate:


Lula defende alianças para se eleger
Presidente de honra do PT alerta que partido precisa ampliar seu leque de coligações

SÃO PAULO - O presidente de honra do PT e pré-candidato do Partido à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem, ao comentar as reações contrárias às negociações com o Partido Liberal, que o partido precisa, dentro de seu amplo processo democrático, definir que tipo de desempenho espera obter na eleição deste ano.

Para Lula, o PT só sairá vitorioso se ampliar seu leque de coligações, mesmo que isso venha a se sobrepor à vontade de alguns segmentos do Partido. "Já aprendemos que uma campanha não pode ser eminentemente ideológica. A sociedade brasileira é pragmática e quer conhecer idéias e soluções. Se a soma dos partidários que aprovam a coligação for maior do que a dos que desaprovam, a vontade da maioria deve prevalecer", afirmou.

Ele disse que não considera as manifestações do governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT,) e do vice-prefeito de São Paulo, Hélio Bicudo (PT), contrárias a aproximação do partido ao PL como focos de resistência para a formação de uma coligação para a disputa do pleito eleitoral.

"Que bom que no PT as pessoas possam ser contrárias e manifestar publicamente. Se não fosse assim, não seria o PT", afirmou. Segundo Lula, as negociações mantidas com o PL e, principalmente "setores dissidentes do PMDB", estão balizadas nas definições consolidadas no Congresso Nacional do Partido, realizado em Recife.

"No Congresso, 85% dos votos aprovou a diretriz que nos autoriza a negociar com outros partidos, de grande expressão, e que não fazem parte do grupo que mantemos contato tradicionalmente", justificou.

IGREJA - Lula rechaçou as colocações de segmentos da Igreja Católica de que a aproximação do PT ao PL decorre de uma proximidade do partido com a Igreja Universal do Reino de Deus. "Sempre consideramos uma insanidade procurar igreja para fazer acordo. A igreja representa os cristãos de todo o País e nesse caso se incluem os petistas, pefelistas, peemedebistas e os tucanos", apontou Lula.

No entendimento de Lula, o PT possui debilidades regionais que, se nãoforem reduzidas pela via das coligações, dificilmente o Partido terá boa performance. "Há Estados que nós temos apenas um candidato a deputado federal, mas deveríamos ter 16. Algo está errado e nós entendemos ser necessário encontrar alguma saída, mesmo que pela via da parceria com outros partidos", destacou.

De qualquer maneira, Lula admitiu que o presidente nacional do PT, José Dirceu, deverá encontrar-se, na próxima semana, com Garotinho, no Rio. "Vamos conversar, mas qualquer tipo de apoio ou coligação será discutido somente com a direção do PSB", adiantou. Entre todos os partidos do País, Lula listou o PSDB, o PFL e o PPB como impossíveis de o PT formar coligação nacional.


Senado votará alteração da CLT em abril
BRASÍLIA - O projeto de lei que altera a Consolidação das Leis do Trabalho, para permitir que o negociado possa prevalecer sobre o legislado nas convenções e acordos coletivos, deve ser votado pelo Senado Federal no mês de abril.

"A posição do Governo é de votar", disse o vice-líder no Senado, Romero Jucá (PSDB-RR). Apesar de considerar o projeto o mais polêmico em votação neste semestre, ele está confiante na vitória.

"Os senadores já estão esclarecidos e, para não haver dúvidas, vamos realizar uma audiência pública para debater exaustivamente a proposta e depois levá-la ao plenário", disse.

A estratégia do Governo para vencer a resistência da oposição poderá contar até com o PPS, partido do candidato à Presidência da República, Ciro Gomes.

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, que apóia Ciro Gomes, disse que vai cobrar uma posição do partido na votação no Senado.

Paulinho, como é conhecido o dirigente sindical, é um dos convidados da audiência pública, marcada para terça-feira. Além dele, foram convidados o presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Almir Pazzianotto, e o presidente da Central Única dos Trabalhadores, João Felício.

O ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, explicou que a campanha que o Governo vem fazendo na mídia, com a utilização de declarações de sindicalistas favoráveis ao projeto, é de esclarecimento à população.

"Não é verdade que o projeto acaba com a CLT e que retira direitos dos trabalhadores como Fundo de Garantia, 13º salário, licença-maternidade e outros", argumentou o ministro.

Dornelles reafirmou que a CLT continuará existindo para quem não quiser negociar.


Artigos

Globalização e pobreza
Paulo Gustavo de Araújo Cunha

Recente trabalho elaborado pelo Banco Mundi al coloca, de maneira fundamentada e desapaixonada, a relação entre globalização e conseqüências sociais para pessoas e países, em 73 nações representando uma população de 5 bilhões, ou 82% do total mundial. Caracteriza a globalização como a interação entre economias e sociedades através de fluxos de comércio, de capitais e migratórios, distinguindo ainda, os seus efeitos nos níveis de pobreza (rendimento inferior a US$ 1 por dia) e nas desigualdades sociais entre nações e pessoas. Registra sucessivas "ondas de globalização", de 1870 a 1914, interrompida pela recessão dos anos 20 e guerras mundiais, sendo retomadas em 1950/1980 e 1980/2000.

No período de 1950/1980 os grandes beneficiários foram os países industrializados do Hemisfério Norte, apoiados pela liberalização do comércio de manufaturas e limitações impostas aos países agrícolas do Hemisfério Sul, através de elevadas tarifas e práticas protecionistas. Registraram-se reduções nos desníveis sociais e da pobreza, entre os países industrializados, permanecendo os países agrícolas em crescente distanciamento do nível de bem-estar alcançado por aqueles países.

Entre 1980 e 2000 ocorreu, segundo os mestres alemães Rosner e Paquê, profunda modificação neste quadro econômico pelo ingresso de 24 países "emergentes" no mercado mundial, representando 3 bilhões de pessoas, combinando vantagens comparativas e competitividade em produtos de uso intensivo de mão-de-obra, partilhando das "cadeias produtivas mundiais". Igualmente, atraindo crescentes volumes de investimentos estrangeiros, justificando constatação do Banco Mundial de que, cinco países alterarão a economia do Século XXI, como decorrência do potencial de seu mercado consumidor. São eles, Brasil, China, Índia, Rússia e Indonésia!

Em renda per capita, as taxas médias alcançadas nos anos 80 e 90 pelos chamados países "globalizados", de 3,5% e 5%, superaram às dos "ricos", de 2,3%e 2,2%, enquanto os "não globalizados" alcançavam taxas inferiores de 0,8% e 1,5%, respectivamente. Igualmente, os "salários" aumentaram nos mesmos períodos, em 30% nos paÍses "globalizados", 20% nos "ricos" e, tão somente, 14% nos "não globalizados".

Nas exportações, os países em desenvolvimento aumentaram as participações de produtos manufaturados de maior valor agregado, de 15% (1965) para 80% (1998), reduzindo as participações de produtos agrícolas e de minerais, de menores valores relativos. Na atração de investimentos estrangeiros, não especulativos, a UNCTAD comprova que a América Latina foi a região que mais recebeu recursos líquidos, de US$ 495 bilhões no período de 1985 a 2000. Por países, a China com US$ 319 bi ficou em primeiro lugar e o Brasil, com US$ 182 bi, em segundo lugar.

Comprova-se que os países em desenvolvimento que mais se integraram na economia globalizada, sobretudo no período de 1980 a 2000, obtiveram maiores ganhos em renda per capita, massa salarial e atração de investimentos,do que os registrados nos países ricos, beneficiando uma população de 3 bilhões de pessoas. Lamentavelmente, aqueles 49 países que não ingressaram na economia mundial, com 2 bilhões de habitantes da África Sub-Saariana, do Oriente Médio e da Ásia, registraram modestas taxas e perdas sociais.

Como conseqüência social, o número de "pobres" no mundo decresceu em 200 milhões de pessoas, nos anos 90! Após ter crescido de 900 milhões (1820) até 1,4 bilhão (1980), registrou rápida queda, pari-passu à maior integração da economia mundial, caindo para 1,2 bilhões, em 2000. A África constituiu a única região que aumentou o nível de pobreza de sua população, de 47,7% para 48,4%, aumentando também o índice de subnutrição de 27,3% para 28,5%.

A desigualdade social, medida por escolaridade, saúde pública, expectativa de vida e mortalidade infantil, foi bastante reduzida entre os países em desenvolvimento que ingressaram na economia mundial, quando relacionada aos países "ricos". Lamentavelmente, o mesmo não foi observadoem relação aos citados 49 países que não ingressaram na economia mundial, muitos submetidos a regimes ditatoriais, baixos níveis educacionais e sanitários, deficiente infra-estrutura e elevada corrupção.

No Brasil, a abertura de sua economia para o mercado mundial tem possibilitado grandes ganhos de competitividade empresarial, vantagens para os consumidores e positivos reflexos sociais. Alcançamos estabilidade política, liberdade democrática e competente política macro-econômica, com controle da inflação. Nossa indústria modernizou-se, com mais de 5000 certificadas na série ISO e trocas comerciais evoluindo de US$ 50 bi (1980) para US$ 100 bi (1998). A participação de "manufaturados" em nossas exportações evoluiu de 14,2% (1964) para 74,4% (2000). Nos produtos "primários" a redução foi de 85,4% para 25,4%, nos mesmos anos. Os reflexos sociais podem ser aferidos na redução do nível de "pobreza" de sua população, caindo de 42% nos anos 1990/94 para 33% no período 1995/2000. Na Educação, graças à bolsa-escola, temos hoje 97% das crianças com sete a quatorze anos na Escola, contra 20% em 1990! Na Saúde, melhoramos os índices de expectativa de vida e mortalidade infantil. Que reduziram as desigualdades sociais, ainda altas, sobretudo na relação campo/cidade!

Constata-se finalmente, que a globalização da economia só traduzirá ganhos sociais para países e pessoas se respaldada por reformas internas político-institucionais e econômicas, que possibilitem o crescimento auto-sustentado, maiores níveis de escolaridade e formação profissional, investimentos em saúde pública e sanitária, justiça ágil e eficaz no combate à corrupção e à violência, instituições democráticas e respeito à propriedade privada. Constituem requisitos indispensáveis, ao lado de crescimento econômico, para redução das "desigualdades sociais" e nível de "pobreza".


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho

Uma grande fogueira
João Paulo desistiu de ter um marqueteiro político como havia anunciado há pouco mais de um mês, quando convidou o publicitário José Nivaldo, da Makplan, para essa função, depois de ter culpado a comunicação da PCR pelos baixos índices de popularidade registrados nas pesquisas. Como já fez em várias outras ocasiões, o prefeito voltou atrás e, agora, toda a estratégia de comunicação da Prefeitura do Recife será de responsabilidade da Secretaria de Comunicação Social, ou seja, do secretário Paulo André Leitão. Na última quinta-feira, ele apresentou a João Paulo um plano de trabalho, que começará a ser implantado a partir da próxima semana, que inclui marketing, propaganda, mídia e comunicação alternativa. Assim, José Nivaldo passa da área estratégica para a de operação, isto é, ele vai apenas criar as peças de publicidade que sejam solicitadas pelo prefeito, deixando pra trás toda e qualquer idéia que tenha tido para melhorar a performance de João Paulo nas pesquisas. Na verdade, o publicitário pulou uma grande fogueira. Pois do jeito que o prefeito gosta de desfazer o que faz, quem sabe seria uma verdadeira tortura criar e desmanchar o que criou o tempo todo, pois essa está se transformando na marca registrada de João Paulo. E aí é impossível não concluir que o PT não sabe mesmo lidar com essa questão da comunicação, não tem o mínimo interesse em aprender e, pelo visto, deve ter raiva de quem sabe.

Joaquim Francisco (PFL-PE) reuniu um grupo de amigos, ontem, no Spettus, para dizer que continua querendo ser candidato a senador, mas não descarta a renovação do seu mandato. E que está agendando encontros semelhantes com outros amigos

Noronha 1 Liberato Costa Júnior (PMDB) não se conforma com a possibilidade de Fernando de Noronha voltar aos domínios da União, como prevê projeto de autoria de Fernando Gabeira (Pt-RJ). Principalmente porqu e ele batalhou muito para reanexar a ilha a Pernambuco, como foi feito na Constituição de 88.

Noronha 2 Por isso ele vai sugerir, segunda- feira, que a Câmara do Recife forme uma comissão de vereadores para conversar com o relator do projeto, Luciano Bivar (PSL-PE). Liberato lembra, inclusive, que os eleitores de lá são da 4ª Zona Eleitoral, da Boa Vista e assim deve continuar.

Atleta João Paulo está sempre querendo passar para os recifenses a imagem de que é um atleta. Tanto que, ontem, ao inaugurar o Núcleo de Ginástica, em Jardim São Paulo, o prefeito subiu nas barras na maior euforia, para delírio de alguns áulicos, lógico, que acharam o máximo.

Verde João Braga (PV) fez dois protestos, ontem. Porque o DIARIO DE PERNAMBUCO disse que Fernando Gabeira era do PV, quando ele é do PT do Rio de Janeiro, e porque o petista é autor do projeto que prevê o retorno de Fernando de Noronha aos domínios da União.

Livro O livro sobre Francisco Julião, escrito pelo jornalista Vandeck Santiago para o projeto Perfil Parlamentar Século XX, da Assembléia Legislativa, será lançado hoje, em Belo Jardim, terra natal do ex-líder das Ligas Camponesas.

Reforço Marco Aurélio Medeiros, do Centro de Solidariedade ao Trabalhador, vai sugerir às secretarias de Saúde do Estado que contratem trabalhadores desempregados para reforçar o combate à dengue, se colocando à disposição para selecioná-los e treiná-los. Taí uma boa idéia.

Talibã Graças a um decreto de Marco Maciel , presidente em exercício, a Ariana Afgan Airlines, do Afeganistão, poderá voar sem restrições no Brasil. Com isso, os escritórios da empresa vão reabrir e seus aviões voarão por todo território nacional. Muita gente não vai gostar nem um pouco dessa história.


Editorial

POLÍTICA GRADUALISTA

A decisão do Banco Central de reduzir de 19% para 18,75% a taxa básica de juros da economia Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) terá impacto na expansão do consumo, embora em escala pouco expressiva. Trata-se do primeiro sopro desde julho do ano passado, quando o patamar de 19% foi fixado, para estimular o reaquecimento econômico. A equação assente na oscilação dos indicadores mostra que juros elevados, seja para qual estratégia for, tende a à recessão. E, com a contração econômica, diminui-se de imediato a renda da população, fator agravante do processo recessivo.

Vale dizer que o controle do crédito por meio das taxas de juros é instrumento essencial para sinalizar os rumos da economia, entre outras funções críticas. Mas, com o corte de 0,25% no custo do dinheiro, ganha em primeiro lugar o próprio governo. Os juros sobre a dívida pública, hoje de R$ 635,11 bilhões, serão reduzidos este ano em R$ 820 milhões. Economia que deverá aumentar se o Banco Central decidir se reconciliar com a política de juros reais.

Precisa ficar claro que a redução aprovada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) guarda dimensão em certo sentido ilusória. Diz-se que resultou da tendência declinante da inflação este ano. Em 2001, a taxa inflacionária foi de 7,8%, segundo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme as projeções elaboradas pelo Banco Central, ao correr do atual exercício, o incremento inflacionário será de 3,5%, com margem de erro de dois pontos percentuais a mais ou a menos.

Se assim é, a inflação chegará ao fim de 2002 no patamar máximo de 5,5%, 2,3% abaixo da registrada em 2001. Logo, manda a lógica estabelecer que a prática de juros reais (na perspectiva da política em vigor) importaria calculá-los com base em redução mínima de 2,3% sobre o percentual de 19%. Então, a redução da taxa real de juros sinalizada pela inflação em perspectiva deveria situar-se em 16,7%. Daí por diante, caberia atualizá-la conforme as flutuações inflacionárias, para baixo ou para cima.

Há expectativas capazes de favorecer o afrouxamento da severidade adotada pelo Banco Central no tratamento da questão. Há melhor ajustamento nas contas do comércio exterior, os Estados Unidos dão sinais de retomada do crescimento, o Brasil descolou-se da crise argentina. O cenário convida ao menos para o exercício de política gradualista na redução da taxa de juros, um esforço sem o qual não se pode visualizar a retomada da expansão econômica na dimensão exigida pelas carências nacionais. Afinal, é indispensável romper o ciclo econômico perdido, iniciado na última década do século passado e ainda presente nos dois primeiros anos do novo tempo.


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02/23/2002


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