JEFFERSON PÉRES ACREDITA QUE TODOS BLEFAM EM NEGOCIAÇÃO COM FMI



O senador Jefferson Péres (PSDB-AM) comparou as negociações entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) a um jogo de pôquer onde todos blefam e sabem que não têm jogo nas mãos. Segundo ele, "o Brasil vai ao FMI achando que tem alternativa e não tem. O FMI finge que existe a alternativa de não conceder o empréstimo e o Senado Federal finge, blefa também, que pode rejeitar este acordo".Jefferson Péres perguntou ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, se este acordo com o FMI não tem uma carta de intenções do Brasil, como nos acordos anteriores; se no acordo existia a proibição expressa de que o Brasil faça controle de saída de capitais; se o ministro confirmava a notícia vazada pelo FMI de que o Brasil teria superávit de US$ 12,8 bilhões na balança comercial, dando a impressão de que haveria desvalorização do real; se existia o compromisso de não conceder subsídio à agricultura; e se haveria algum demérito em recorrer ao FMI, uma vez que, em sua explanação inicial, o ministro teria demonstrado um certo orgulho de ter feito o reescalonamento da dívida externa brasileira sem recorrer ao FMI.Pedro Malan explicou que este acordo com o FMI era de natureza preventiva e a carta de intenções foi substituída por um memorando de política econômica acompanhado de um memorando técnico. Em relação ao controle de saída de capitais, o ministro disse que esse tipo de controle "sabe-se como começa e não se sabe como termina", mas acaba sempre afugentando qualquer entrada de capitais, até mesmo os de investimento direto.Quanto ao vazamento do FMI, Malan disse que se trata de uma nota divulgada com tabela de estimativa de exportações e importações brasileiras. A imaginação de alguém, prosseguiu o ministro, levou a duas interpretações errôneas: primeiro, de que haveria um critério de desempenho na balança comercial e, segundo, de que houve um compromisso de desvalorização do real. Malan explicou que o governo pretende continuar com a política atual para o câmbio, sem desvalorização abrupta.O ministro negou haver qualquer cláusula no acordo com o FMI prevendo retirada ou a não concessão de subsídios à agricultura. Quanto a procurar o FMI, o ministro lembrou que a negociação da dívida externa coincidiu com o lançamento da URV e, posteriormente, do Real. Malan disse que os técnicos do FMI não estavam muito seguros quanto ao sucesso da implantação da URV e do Real, e que não procurou a instituição porque não achou necessário.

08/12/1998

Agência Senado


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