Lula promete cortar impostos









Lula promete cortar impostos
Petista diz que vai aumentar a arrecadação ao mesmo tempo em que vai liberar o setor produtivo

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que vai aumentar a arrecadação do governo federal ao mesmo tempo em que pretende cortar impostos para o setor produtivo.

A declaração foi feita durante entrevista ontem em São Paulo. Segundo Lula, é preciso desonerar o setor produtivo e as exportações, realizando uma reforma tributária, para gerar mais empregos e tornar os produtos nacionais mais competitivos no exterior.

A carga tributária no Brasil vem crescendo e em 1999, 2000 e 2001 superou os os 30% (veja quadro). Apesar de afirmar que a reforma vai cortar impostos para a produção, Lula disse que ao mesmo tempo que terá uma arrecadação maior do que a do atual governo. "No primeiro ano de governo, de qualquer governo, a arrecadação aumenta, porque as pessoas costumam acreditar em novas propostas".

Lula disse que haverá uma queda de sonegação automática caso ele vença as eleições e afirmou que esse dinheiro extra será usado para implantar as propostas do seu programa de governo.
Ele defendeu os investimentos para os pequenos empresários. "Precisamos redirecionar as prioridades de investimentos no Brasil. Nós achamos que o Brasil pode dar um salto de qualidade se a gente começar a investir na micro, pequena e média empresa".

Para o candidato do PT, a diminuição da taxas de juros é uma medida indispensável para a retomada do crescimento, mas Lula descartou a possibilidade de que isso venha a ocorrer no início de seu governo. "Só se eu pedir para o José Dirceu procurar o Mandrake para mim. Só um Mandrake poderia fazer isso" , ironizou.

Durante debate no auditório da Folha de São Paulo, Lula evitou qualquer tentativa de aprofundamento do debate sobre a crise econômica e garantiu que, depois de quatro anos de seu eventual governo, não haverá criança sem escola no Brasil.


Efeitos especiais mudam candidatos
Na história das eleições brasileiras, nunca os candidatos foram tão bonitos quanto agora. Eles não têm rugas, olheiras nem manchas na pele, e parecem muito mais jovens do que realmente são.
Mas nada disso é mera coincidência estética. Os políticos estão aproveitando todos os recursos dos modernos programas de computadores que permitem o tratamento de imagens, como o photoshop e o after-effect (pós-efeito). E o resultado pode ser visto nos outdoors espalhados pelas ruas.

Guardadas as devidas proporções, as técnicas são as mesmas usadas para tornar mais atraentes as fotos de modelos nas revistas masculinas.

"A fotografia de um candidato pode ser totalmente reconstruída", conta o publicitário Orlando Pacheco, um dos mais renomados profissionais da área de marketing político de Brasília.
Além da inevitável remoção das olheiras e sinais no rosto, é possível dar mais brilho aos olhos, retocar o sorriso e até mudar a cor do cabelo do candidato.

Pacheco, no entanto, costuma recomendar moderação aos políticos que vão usar esses artifícios. "Eu procuro mostrar os meus clientes da maneira mais autêntica possível. Caso contrário, há o risco de os eleitores acharem que eles já começam sendo falsos nas suas imagens pessoais", adverte.

"Só aconselho tirar aquilo que dá idéia de cansaço ou desânimo, como as olheiras", diz Pacheco. "Mas, como os recursos estão e à mão e a vaidade fala alto, há pessoas que pedem mais retoques", completa, sem citar nomes.

De qualquer maneira, basta andar pela cidade para constatar a nova moda. O candidato do PSDB à Presidência, o senador José Serra, aparece nos outdoors sem as olheiras que são a sua marca registrada, e com um tom de pele bem mais moreno do que o real.

O formato do rosto de Serra ficou tão diferente que, em alguns outdoors, ele pode ser confundido por alguns momentos com um dos seus principais adversários, o ex-ministro Ciro Gomes (PPS), com o uso dos efeitos .

Já o deputado Geraldo Magela (PT), que concorre ao governo do Distrito Federal, acabou ficando bem mais branco, como efeito colateral dos recursos usados para tornar mais jovem o aspecto da sua pele.

Além de capricharem nos outdoors, os candidatos fazem tudo o que é possível para ficarem com boa aparência quando vão a programas de TV.

Nesse aspecto, alguns políticos têm dificuldades. O ex-governador Cristovam Buarque (PT), hoje candidato ao Senado, dá trabalho aos assessores porque sua barba cresce rápido. "Não adianta cortar minutos antes de ir para o estúdio, porque logo ela cresce de novo", conta um ex-assessor.


Garotinho vai repor perdas de servidores
O candidato Anthony Garotinho (PSB), prometeu repor as perdas salariais dos servidores públicos federais. A declaração após o candidato chegar a Brasília.

"Nós achamos que a situação chegou ao fundo do poço. O funcionalismo hoje se encontra numa situação de humilhação e nós estamos assumindo o compromisso de repor as perdas salariais deste governo", disse.

Questionado como conseguiria reajustar os salários dos servidores federais sem prejudicar a meta de superávit primário de 3,75% do PIB fixada para o próximo ano, Garotinho afirmou que isso será possível com a redução das taxas de juros. "Tem de reduzir a taxa de juros para que se pague menos aos bancos e se pague aquilo que é devido ao funcionário público federal". Segundo Garotinho, só neste ano o governo vai pagar US$ 107 bilhões em serviços da dívida externa e interna.

A programação de Garotinho caravana pelas cidades-satélites de Taguatinga, Ceilândia e no Núcleo Bandeirante, além de participar, à noite, de um show evangélico no Estádio Nilson Nelson.
Na carreata, Garotinho estava acompanhado apenas de um candidato a deputado distrital. No carro de som, a filha de Garotinho Clarissa, de 21 anos, assumiu o papel de animadora.

Ignorado pelo partido no DF, uma vez que o candidato a governador Rodrigo Rollemberg (PSB) deixou de apoiá-lo, o ex-governador do Rio e conta com o apoio do candidato a governador Benedito Domingos (PPB), também um líder evangélico. Mas Domingos também não participou da caravana.


Dinheiro da Câmara paga capataz gaúcho
O deputado Luis Carlos Heinze (PPB-RS), que foi presidente da Comissão de Agricultura na Câmara dos Deputados, pagava os salários do capataz de sua Fazenda Três Pontas, no município gaúcho de São Borja, com dinheiro público.

Em 1999, Heinze contratou Jesus Salvador Santos Fraga por meio de seu gabinete como secretário parlamentar, com salários vinculados à Câmara dos Deputados. Este porém exercia a função de motorista e capataz.

Em maio deste ano, Fraga começou a sofrer de labirintite e tirou uma licença para tratamento. Quando ele foi renovar a licença, foi demitido pelo deputado. Por isso entrou como uma ação trabalhista contra o deputado e o acordo para pagamento foi feito no início do mês.


Cassado prefeito que comprou votos
A Justiça Eleitoral determinou a cassação dos mandatos do prefeito de Cajamar (SP), Antônio Carlos de Oliveira Ribas de Andrade, e de seu irmão, o vice-prefeito Álcio Ribas de Andrade, ambos do PTB e eleitos em 2000.

O processo está entre sete ações movidas pelo PPS contra o prefeito, acusando-o de compra de votos. A chapa do PTB venceu as eleições por 13 votos de diferença do então candidato Messias Cândido da Silva (PPS). Os irmãos ficam inelegíveis por três anos.


PM acha manual sobre mísseis em uma favela
A Polícia Militar do Rio apreendeu na manhã de ontem, na favela de Manguinhos, um manual com instruções sobre como utilizar um lança-míssil e três bombas de fabricação caseira com alto poder de des truição, segundo informou a Secretaria Estadual de Segurança Pública.

O manual e as bombas foram encontrados por policiais do 22º Batalhão, que realizavam uma operação na favela para reprimir a venda de drogas. Também foi apreendida uma carga de maconha e cocaína.

As apreensões foram feitas numa casa da favela que estava vazia quando os policiais chegaram ao local. Não houve confronto entre policiais e traficantes, que conseguiram fugir.
Lá perto, no morro do Borel, porém, uma troca de tiros entre PMs e supostos traficantes terminou com a morte de um bandido de 21 anos, conhecido como Fofo.


Artigos

Coisa de marqueteiro
Eduardo Brito

Está cheio de candidato apostando em que vai virar o jogo no horário eleitoral, a se iniciar em oito dias. Pode até acontecer, mas tanta expectativa é coisa de marqueteiros. Afinal, eles é que mais têm a ganhar com isso.

A experiência indica que não dá para jogar todas as fichas nesse jogo. Nas eleições brasileiras pós-ditadura ninguém teve mais tempo de TV que Aureliano Chaves, Ulysses Guimarães e Orestes Quércia, em eleições diferentes. Deu no que deu.

Programas longos, arrastados, chatíssimos. Mais chatos do que jogo de Croácia e México na Copa do Mundo. E tão importantes quanto.

O núcleo da questão está em que nenhum marqueteiro dá jeito em falta de assunto. E esse é o problema central para um grande número de candidatos, inclusive os principais.

Ganha uma caixa inteirinha de Sonhos de Valsa quem for capaz de reproduzir uma proposta palpitante ou mesmo uma simples declaração recente de José Serra. Ou de Geraldo Magela. Ou de Benedita da Silva. Ou de Geraldo Alckmin. São candidatos que até agora não encontraram seu tema e passam ao eleitor a dolorosa impressão de que nada têm a dizer.

Se isso chegar ao horário eleitoral, é naufrágio na certa. Vão se transformar em novos Aurelianos, com muito papo e pouco assunto.

Embora os candidatos se tenham digladiado por coligações destinadas a garantir tempo de rádio e de televisão, esse horário constitui uma faca de dois gumes. Só vale a pena contar com mais minutos caso se tenha com o que aproveitá-lo.

A mágica dos marqueteiros se parece muito com a de aprendizes de feiticeiro. Não se conhece caso de alguém eleito sem qualquer mensagem. Pode-se caprichar na embalagem, colocar ternos Armani em quem usava macacão ou enfiar em macacão quem usava ternos Armani. Se isso corresponder a um conteúdo compreensível pela população, funciona.

É evidente que candidatos com carisma ou com simples magnetismo conseguem apoios com mais facilidade. Citam-se sempre casos como os de Jânio Quadros, John Kennedy, Ronald Reagan, Felipe Gonzalez ou Tony Blair, que conseguiram resultados surpreendentes com esse tipo de atributo.

É próprio da televisão. Na primeira eleição com cobertura na telinha, registrou-se uma das maiores viradas na história. O presidente Harry Truman entrou derrotado e, à última hora, virou o jogo. Jornais importantes chegaram a dar seu adversário Tom Dewey como o vitorioso.

Truman hoje serve como inspiração para muito marqueteiro. Só que ele tinha magnetismo. E, principalmente, tinha o que dizer.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Zeca do PT: farra da verba secreta
O governador Zeca do PT (MS) gasta em média R$ 200 mil mensais em viagens e até em despesas de sua residência, utilizando "verba secreta" para evitar licitações e comprovantes. Documentos reservados, em poder da coluna, revelam como Zeca do PT torrou R$ 2 milhões em dez meses. Para o Tribunal de Contas, é injustificável: o Orçamento prevê qualquer despesa necessária, por isso é considerado suspeito o governante que recorre a "Fundos de Caráter Secreto e Reservado" regularmente.

Jantares salgados
Num só mês, despesas de R$ 14.793,00 da "verba secreta" do gabinete de Zeca do PT, no governo do Mato Grosso do Sul, foram atribuídas a três jantares – um deles oferecidos ao presidente nacional do PT, José Dirceu. Para fechar a conta de R$ 200 mil, o responsável pelas despesas diz que se gastou R$ 132.708 em "deslocamentos" e R$ 52.499 em "cerimonial".

Veto
A ordem na TV Globo, agora, é evitar imagens em que a atriz Patrícia Pillar aparece ao lado do marido, Ciro Gomes.

Matando de fome
O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso não se contentou em arrochar os salários dos servidores públicos. Nas Forças Armadas, ele conseguiu reduzir o salário-família para ridículos R$ 0,16 por dependente. Apesar disso, ainda espera que os milicos votem no candidato do governo.

O silêncio brasileiro
Enquanto aguarda um pronunciamento da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e do governo brasileiro, o físico cubano Juan López Linares, estudante em Recife, recebe apoio da Comunidade Européia. O presidente da CE, o italiano Romano Prodi, vai acionar a entidade no Caribe, para que Juan possa ver o filho de três anos, em Cuba. E voltar.

Pensando bem...
...o Brasil não está à beira do abismo. O abismo é que recuou.

Primeiro ministro
Para acalmar o tal mercado, Ciro Gomes insinua que Tasso Jereissati será seu ministro da Fazenda, caso vença. Em Minas, Luiz Guaritá Neto (PFL), suplente de senador de Eduardo Azeredo (PSDB), confirma os rumores. Cirista ferrenho, ele é dono das quatro carretas que circulam no Triângulo Mineiro com fotos de Aécio, Azeredo e a inscrição "Ciro presidente".

Português esfarrapado
Numa coisa os eleitores do Rio concordam: no debate da Rede Bandeirantes no domingo, as duas candidatas ao governo que mais discordam não chegam a um acordo com a concordância.

O troco do STJ
O Superior Tribunal de Justiça deu o troco ao presidente do TSE, Nelson Jobim, deixando de fora da lista tríplice para o STJ o seu amigo Luís Carlos Madeira. Os ministros não perdoam Jobim, que, ao amanhecer de sábado, cassou a liminar do corregedor-geral eleitoral, ministro Sálvio de Figueiredo (do STJ), concedida às 23h de sexta, no caso da convenção do PMDB.

Pule de dez
Os ministros do STJ não têm dúvidas: João Otávio Noronha, candidado do ministro Pedro Malan e de toda a área econômica, será nomeado por FhC para a vaga do ex-presidente do STJ, Paulo Costa Leite. Consultor jurídico do Banco do Brasil, Noronha é de Três Corações (MG), terra de Pelé.

Podres em terra e no ar
Mais turbulência para o chefão da Infraero, Orlando Boni, contraparente do ministro Parente. O dono da Proair, que movimenta cargas em Campinas (SP), é Marcelo Baptista de Oliveira, processado na 16ª Vara Criminal do Rio após a falência de sua empresa Seg. Venceu com o maior preço na licitação, contestada na Justiça e a caminho do Tribunal de Contas.

Obituário
A Souza Cruz cancelou o Free Jazz deste ano, no Rio, dizendo que é por causa da "crise". Seria o último, já que a partir de agora cigarro não pode patrocinar esse tipo de evento. Merece que no local onde seria realizado o festival seja colocada uma Cruz (sem Souza) com a inscrição "Aqui jazz".

Censura
Fritz Utzeri, colunista do JB, foi excluído de um livro do Sindicato dos Jornalistas do Rio sobre o caso Tim Lopes. Fritz integra a subscomissão que apura a morte do colega, e seu artigo foi considerado "politicamente incorreto" por achar que Tim minimizou o próprio risco. A pressão contra Fritz teria partido das Organizações Globo.

Turbulência
Não é só no Brasil que as empresas aéreas apertam o cinto. A US Airways, sexta maior empresa aérea dos EUA, pediu concordata. Deve US$ 7 bilhões e vai pagar aos poucos. Com cheques voadores, naturalmente.

Fino trato
Uma construtora do Rio descobriu a solução para a pindaíba da classe média: a venda de double flats, permitindo alugar uma suíte indep endente no apartamento. É a nova versão do velho "quarto para moça de fino trato" para pagar o condomínio, incluindo luxos de home office, home theatre etc.

Show desafinado
Confusão e desrespeito no show da dupla Sandy e Júnior, sexta-feira, em Belém. Deveria ser às 20h30, mas só começou às 22h. Crianças de cinco, seis anos, passaram mal, depois de esperar mais de sete horas ao relento, no maior tumulto. Mães ligaram para a PM, que nada fez. Nem o juizado.

Poder sem pudor

Compra e venda
José Maria Alkmin era ministro do presidente Juscelino Kubitschek quando iniciou uma campanha contra o crediário, que para ele causava inflação.
- Alkmin, a Associação Comercial diz que você está atrapalhando o comércio, com essa campanha contra venda a prestação - cobrou JK.
- Presidente, eu não estou contra a venda a prestação. Eu estou contra a compra à prestação.


Editorial

RESPEITO AO CIDADÃO

A venda ilegal de atestados de óbito, denunciada em reportagem deste Jornal de Brasília, ontem, e o drama de famílias que esperam horas pela liberação de um corpo no IML são pontas de um mesmo problema: o excesso de burocracia e a falta de comunicação de setores do serviço público com a sociedade. Muitas vezes o cidadão prefere burlar a lei e pedir a um médico que assine o atestado de óbito de um parente apenas para não passar pelo constrangimento de esperar várias horas pelo serviço do IML.

Todos sabem das dificuldades de pessoal de alguns órgãos públicos, mas se não puder ser célere, estes serviços têm a obrigação de explicar, de informar à população, porque e quando determinada ação vai demorar. Não é razoável que familiares passem até 10 horas no IML à espera da liberação de um corpo, tornando ainda mais dolorosa a morte de um parente.
Houvesse uma comunicação mais efetiva com a população, o instituto poderia minimizar as conseqüências imediatas de uma morte na famílias. Todos sabem esperar, todos sabem ser tolerantes, desde que informados das ações que estão sendo desenvolvidas e não sendo obrigados a esperar não se sabe por que e por quanto tempo. Tudo o que a sociedade pede é respeito. Só desta maneira o serviço público é realmente respeitado.


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08/13/2002


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