MAGOADO, SIMON PEDE TRÉGUA NO PMDB E DIZ QUE "SÓ HÁ PERDEDORES" COM A CRISE



Num discurso emocionado e se dizendo "magoado" com a convenção do PMDB de domingo, quando faltou quorum para o partido decidir se lançava candidato próprio à Presidência da República ou apoiava Fernando Henrique Cardoso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu ao seu partido "uma trégua para reflexão". Para ele, a situação criada no domingo "é mais um erro sem perdão do PMDB".

O primeiro erro do partido, conforme Simon,foi Ulysses Guimarães se candidatar à Presidência em 89, concorrendo com Lula e Fernando Collor. O segundo foi o lançamento de Orestes Quércia em 94, contra Fernando Henrique Cardoso e Lula. "Nessa história da convenção do PMDB não há ganhadores, mas apenas perdedores. Não sei se o resultado é bom ou não para Fernando Henrique."

- Estou magoado e atirando pedra em mim mesmo. Não tínhamos o direito de fazer o que fizemos. O PMDB é um partido que tem história. É um patrimônio. Por isso é que acredito ser a hora de baixar a bola - disse.

Pedro Simon afirmou que os partidos políticos brasileiros "vivem um de seus piores momentos", a seu ver causado principalmente pela infidelidade partidária. Depois de lembrar que apresentou proposta de emenda constitucional que determina a perda de mandato para o parlamentar que mudar de partido, o senador gaúcho defendeu uma reforma política com urgência, logo após as eleições deste ano. Ele acredita que, além da fidelidade partidária, a reforma deveria aprovar também o voto distrital no Brasil.

- É impossível ter partidos fortes num país onde, nos últimos três anos e meio, 230 deputados federais mudaram de partido. Na Inglaterra, em 100 anos apenas 30 parlamentares mudaram de partido. Com partidos frágeis, teremos este ano as eleições onde só aparecem nomes. É o Fernando Henrique contra o Lula. Em São Paulo, é o Maluf contra o Covas, o Rossi e a Marta Suplicy. No Rio, é o Garotinho contra o César Maia. Não se fala em partidos.

Na opinião de Simon, a divisãodo PMDB "não é pior do que aquilo que vem ocorrendo no PT, afetado por suas divisões internas. O PDT também não fica por menos e perdeu seu governador do Paraná para o PFL, além de ter demitido o governador Dante de Oliveira, do Mato Grosso".

Em aparte, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) afirmou que, mesmo em crise, o PMDB "deve eleger vários governadores e pelo menos 100 deputados federais, porque o partido tem marca registrada na história do país" . Disse ainda que não viu nos últimos meses "ninguém proclamar para valer que queria ser candidato à Presidência pelo PMDB". O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) disse que não compareceu à convenção do partido no último domingo porque "não queria ser mais insultado, como aconteceu da primeira vez".

29/06/1998

Agência Senado


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