MAURO MIRANDA PEDE APOIO PARA A AGRICULTURA
O senador Mauro Miranda (PMDB-GO) atribuiu à atual crise econômica a ausência de uma verdadeira política agrícola, capaz de estimular a produção em vez de incentivar a especulação. Ele contestou a idéia de que o produtor brasileiro beneficia-se de incentivos governamentais. "Ao contrário, o agricultor não dispõe de política que possa dar garantias suficientes para o enfrentamento dos produtores internacionais, nesse processo de concorrência mundial cada vez mais acirrada."Miranda afirmou que subsídios e vantagens concedidos por outros países à agricultura acabam prejudicando o produtor brasileiro, obrigado a suportar contínuas e sucessivas modificações nas leis e regulamentos, "verdadeiro ziguezague de normas em diferentes direções". Mesmo em condições climáticas favoráveis, argumentou, o agricultor brasileiro muitas vezes planta sob um regime tributário e colhe na vigência de outro, com alterações de alíquotas de importação, IPI, ICMS e taxas de juros, sem falar na concorrência.Na opinião do parlamentar, atualmente é quase impossível para o médio agricultor brasileiro aumentar sua produção e competitividade e contribuir para a geração de divisas, no momento de crise vivido por nossa balança de pagamentos. Ele explicou que, diferentemente da indústria, a agricultura é obrigada a enfrentar fatores adversos bem mais sérios, entre eles, problemas climáticos, secas prolongadas, irregularidade nos períodos de chuvas, pragas e geadas, entre outras dificuldades. Em sua opinião, isso torna a agricultura uma atividade de elevado risco.Mauro Miranda afirmou que o produtor brasileiro se encontra endividado, com grande dificuldade para saldar seus compromissos decorrentes do financiamento bancário, que opera a taxas de juros muito elevadas. "Não é exagero afirmar que as linhas de crédito agrícola existentes hoje no Brasil são incompatíveis com a própria natureza da atividade agrícola, que requer menores taxas de juros, prazos mais amplos e condições de financiamento mais adequadas."O senador reconheceu o compromisso do presidente Fernando Henrique Cardoso com o setor agrícola, mas disse que as medidas até agora tomadas não são suficientes para reverter o grave quadro de inadimplência de uma grande maioria de agricultores que utilizaram os recursos do crédito agrícola. Acrescentou que em Goiás e em toda a região do Centro-Oeste, muitos produtores não têm como honrar seus compromissos.
13/11/1998
Agência Senado
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