Mercadante acusa "falta de majestade" em FHC
"Sempre se espera de um ex-presidente a majestade do cargo", disse nesta terça-feira (30) o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), ao rebater críticas feitas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao atual governo, durante palestra em São Paulo na segunda-feira.
- Para quem conhece sua biografia, sua vida acadêmica, sua excelência universitária, seu apreço para as análises sociológicas mais qualificadas, é difícil reconhecer a figura do ex-presidente nas declarações que estão hoje nos jornais brasileiros - disse.
Mercadante disse que esperava mais do ex-presidente e continua esperando um debate qualificado, que compare os quase dois anos do governo Lula com os oito anos de governo de Fernando Henrique.
- Está na hora de descer do palanque. A campanha eleitoral já acabou. Não devemos antecipar 2006 - assinalou.
O senador ressaltou que estão no centro das críticas do PT ao governo Fernando Henrique a sua adesão a uma agenda neoliberal, a adoção de uma abertura comercial e financeira radical e de uma âncora cambial prolongada por quatro anos e meio, o financiamento dessa política com juros elevadíssimos (a taxa de juros chegou a 45% e ao final do governo era de 26%) e um brutal endividamento do setor público.
Segundo o senador, essa combinação de fatores desequilibrou as contas externas, agravou o passivo externo dolarizado e expôs o país a toda e qualquer turbulência que ocorra no cenário internacional. Ele lembrou também que, em oito anos, o governo Fernando Henrique dobrou a dívida pública, privatizou 76% do patrimônio público e aumentou em 8% a carga tributária.
- O governo Lula já produziu um superávit comercial de US$ 32,6 bilhões. Nas contas externas, o governo FHC deixou um déficit de US$ 186 bilhões nas transações correntes e nós já conseguimos um superávit de US$ 8 bilhões. Estamos desendividando o país - acrescentou.
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que Mercadante apresentou "números incontestes" sobre o esforço do governo Lula para retomar o crescimento econômico. Ela destacou que pessoas estão encontrando emprego e crédito para obter perspectivas concretas de vida para si e para suas famílias. O senador Tião Viana (PT-AC) disse que o ex-presidente Fernando Henrique sente "dor de cotovelo" toda vez que viaja ao exterior e ouve "tantos elogios" ao presidente Lula e, por isso, "tem que fazer uma crítica ácida" quando retorna ao Brasil.
O senador José Agripino (PFL-RN) discordou de Tião Viana e disse que as críticas do ex-presidente são observações e alertas de um homem maduro, patriota, reconhecido internacionalmente.
- Quando viaja ao exterior, o presidente Fernando Henrique percebe que o mundo todo está crescendo e fica preocupado que o Brasil pegue a mesma onda de crescimento que os países asiáticos pegaram. Com suas críticas o presidente quer que o governo acorde. No plano interno, aquilo que se esperava do governo Lula no plano social não está acontecendo. O Fome Zero, o Bolsa Família, o Primeiro Emprego, todos fracassaram - afirmou.
> Arthur Virgílio diz que FH continuará a opinar sobre a questão brasileira
30/11/2004
Agência Senado
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