Ministério da Cultura pede apoio para mudança na reforma tributária



O secretário-executivo do ministério da Cultura, Juca Ferreira, solicitou nesta terça-feira (9), durante audiência pública na Comissão de Educação (CE), que os senadores modifiquem a proposta de reforma tributária nos aspectos que interferem no financiamento à cultura. Ele pediu que os atuais mecanismos de isenção fiscal concedidos às empresas que investem em projetos culturais sejam mantidos, ao contrário do que define o texto da reforma, que prevê a manutenção dos incentivos por mais apenas três anos.

Juca Ferreira criticou o fato de o texto do governo ter tratado da mesma maneira a isenção fiscal concedida ao setor industrial e a que beneficia o setor cultural. No primeiro caso, observou, o mecanismo tem gerado a chamada guerra fiscal entre os estados. Já para a cultura, informou, a medida estimula o setor e a integração entre os estados.

Em sua opinião, a isenção fiscal não deve ser retirada, pois representou, até o momento, a destinação de R$ 170 milhões para o setor cultural. -A evolução dos mecanismos constitucionais tem que considerar a base de onde partimos, para ter realmente um avanço-, sugeriu o secretário-executivo, acrescentando que o ministério manteve entendimentos com a área econômica para mostrar essa distinção, mas não conseguiu implementá-las.

- A renúncia fiscal na área cultural não gera os impactos negativos que causa na área industrial. Nós defendemos, inclusive, a ampliação de sua aplicação para todos os estados do país, e não apenas aos 16 estados como ocorre hoje - avaliou Ferreira.

Juca contou que boa parte das manifestações culturais populares que podem dar retorno aos empresários são executadas apenas por causa dos incentivos fiscais. Ele sugeriu que o mecanismo de isenção seja complementar a outros adotados para montar uma política global de incentivo à cultura.

- O projeto de reforma tratou com o mesmo padrão, a mesma régua, a isenção fiscal para todos os setores, e isso foi um erro. Nos últimos dez anos os governos não conseguiram disponibilizar recursos para a área, e eliminar esse mecanismo será um erro histórico. Se o mecanismo não é capaz de suprir, ele é importante como instrumento complementar - afirmou ele.

Catástrofe

Também o presidente do Fórum Nacional de Secretários de Cultura, Sílvio Nucci, considerou negativa a possibilidade de aprovação de modificações tributárias que retirem do setor cultural as isenções fiscais hoje adotadas.

- Seria uma catástrofe se esse mecanismo fosse retirado, principalmente nos pequenos estados, pois sem ele não há como pressionar os governadores e prefeitos a investir em cultura - observou Nucci, para quem a manutenção do incentivo na reforma tributária só depende de convencer o governo.

Na opinião da presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, Assunção Hernandes, o fim da isenção fiscal -provocaria empobrecimento da cultura do país-. Ela afirmou, também, que os incentivos decorrentes da aplicação da Lei Rouanet não chegam às produções independentes e não democratizam a distribuição dos recursos.



09/09/2003

Agência Senado


Artigos Relacionados


Alvaro Dias pede apoio às reivindicações dos prefeitos na reforma tributária

Representante do Ministério da Cultura pede apoio do Congresso para estimular economia criativa

Hélio Costa defende mudança na reforma tributária

Sarney ouve pedido de mudança na reforma tributária

SARNEY DEFENDE MUDANÇA NA DISCUSSÃO DA REFORMA TRIBUTÁRIA

Tasso: não há reforma tributária profunda sem mudança no pacto federativo