Mozarildo prega mais discussão sobre a presença do Brasil na Alca



A eventual adesão do Brasil à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) deve ser discutida em profundidade, a fim de que o país não seja prejudicado pela diferença de produtividade que tem em relação aos Estados Unidos. Foi o que disse nesta quarta-feira (dia 20) em Plenário o senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR).

Citando economistas e políticos de diversas tendências, o senador alertou para a forma apressada com que o governo norte-americano vem tentando obter a adesão do Brasil àquele bloco comercial. Os Estados Unidos pretendem fechar todas as negociações em torno da Alca até 2003, embora a conclusão da montagem do bloco esteja prevista para 2005.

Em artigo publicado no Jornal dos Economistas, a ex-deputada Maria da Conceição Tavares e o deputado Aloízio Mercadante (PT-SP) advertem que a liberalização do comércio hemisférico, antes da eliminação total de tarifas e de outras barreiras não tarifárias, "teria um impacto altamente destrutivo sobre a nossa indústria". Para o deputado Delfim Netto (PPB-SP), também citado por Mozarildo, a urgência na criação da Alca é parte do processo de consolidação da influência dos Estados Unidos sobre toda a América Latina.

O senador chamou a atenção para o que diz a respeito do assunto o ex-ministro da Fazenda e atual secretário-geral da Unctad, órgão das Nações Unidas para a promoção do comércio e do desenvolvimento entre países periféricos. Segundo Ricupero, o Brasil deve defender a negociação em bloco, fugindo da estratégia dos norte-americanos de negociar com cada país em separado, sem considerar a entrada na Alca como inevitável. O ex-ministro sugere que o país estabeleça salvaguardas, condicionando a inserção na Alca aos resultados da sua política de desenvolvimento.

Em aparte, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), disse entender que há riscos na adesão à Alca, embora possa haver oportunidades. Para Alcântara, está claro que o Brasil não deve aderir gratuitamente à Área de Livre Comércio, assim como não deve negá-la em absoluto. Como seria prejudicial ficarmos isolados, quando países como o Chile negociam em separado com os Estados Unidos, a perspicácia e a sensatez seriam grandes armas a serem utilizadas pelo Brasil " em um jogo cheio de nuanças, avanços e recuos", de acordo com Alcântara.

Em outro aparte, o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) enfocou os efeitos da Alca na soberania do Brasil e o direcionamento da economia brasileira para o campo de influência da economia norte-americana, dada a menor competitividade da indústria nacional.

20/06/2001

Agência Senado


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