Orçamento impositivo provoca divergências entre senadores



A senadora Ana Júlia (PT-PA) disse que é preciso desmistificar a avaliação de que o orçamento impositivo irá acabar com a corrupção, pois já existem as vinculações constitucionais. Na sua visão, a corrupção só será efetivamente combatida quanto mais aperfeiçoado for o controle social sobre a execução orçamentária pelos entes da Federação. Defendeu, para tanto, mecanismos como orçamento participativo e comissão de fiscalização, entre outros, com a população tendo acesso aos editais e aos contratos. Os exemplos mostram, segundo a senadora, que onde as comunidades fiscalizam o risco de corrupção diminui.

O senador João Capiberibe (PSB-AP), que instituiu em seu estado, quando foi governador, um sistema de acompanhamento informatizado da execução orçamentária estadual, admitiu que o processo atual de elaboração e de realização do Orçamento da União permite a existência de -gafanhotos históricos-. Mas compartilhou da posição dos secretários do governo de que a maior parte do orçamento já é impositiva.

O líder do PDT, senador Jefferson Péres (PDT-AM), disse que não entende que possa haver qualquer empecilho por parte do governo de implantar em um prazo de três anos o orçamento impositivo. Na avaliação do senador, não há incompatibilidade entre orçamento impositivo e controle social, porque este último atuará na ponta da despesa, fiscalizando a execução das obras públicas.

- O orçamento impositivo reduz o fisiologismo do Congresso e do Executivo, que para mim é corrupção - afirmou, contando que foi procurado por uma espécie de -despachante- que ofereceu seus serviços para facilitar a liberação de verbas nos ministérios.

O senador Sérgio Cabral (PSDB-RJ) considerou que a Desvinculação de Receitas da União (DRU) -é uma vergonha- por funcionar como um -cheque em branco- que o Congresso emitiu para o governo. Classificou a vinculação de receitas nas áreas de saúde e educação como uma conquista.

O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Ferreira Levy, e o secretário do Orçamento Federal, João Bernardo de Azevedo Bringel, fizeram questão, ao final dos debates na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), de explicarem que não são contrários ao orçamento impositivo e defenderam a DRU, como forma de poder fazer a administração orçamentária.



03/12/2003

Agência Senado


Artigos Relacionados


CCJ supera divergências e aprova PEC do Orçamento Impositivo

Prejuízo da Petrobras com compra de refinaria provoca discussão entre senadores

Senadores debatem arbitragem do STJ em casos de divergências entre juizados de pequenas causas

Senadores apóiam proposta de ACM de orçamento impositivo

Senadores debatem com técnicos proposta de orçamento impositivo

Renan defende acordo entre Congresso e governo para aprovar orçamento impositivo