Osmar Dias denuncia contratos fraudulentos na Copel



O senador Osmar Dias (PDT-PR) denunciou em Plenário nesta quinta-feira (8) que a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) firmou, a partir de 1998, contratos suspeitos que estariam beneficiando pessoas ligadas ao governador do Paraná, Jayme Lerner. Segundo o senador, esses contratos causaram grandes prejuízos à empresa e, na sua opinião, levou os grupos interessados em comprar a Copel a desistirem de participar do leilão de privatização da estatal. Para Osmar Dias, os fatos, narrados em reportagem da Folha de S. Paulo, são graves e precisam ser investigados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pelo Ministério Público.

Um dos contratos suspeitos, segundo o senador, foi firmado para transferência de tecnologia com a empresa Escoeletric, constituída em 1998 com participação acionária de 40% da Copel. Osmar Dias estranhou o fato de essa empresa transferir tecnologia para a estatal, considerada uma das melhores companhias de eletricidade, tendo em vista que a Escoeletric tinha como sócios ex-funcionários da Copel e pessoas ligadas ao governo do estado que nunca haviam trabalhado no setor energético.

Em outro caso, o senador narrou que a empresa Tradener, aberta com capital social de R$ 10 mil e 45% de participação da Copel, foi contratada para comercializar o excedente da energia gerada pela estatal. Essa empresa, disse Osmar Dias, tem como sócios ex-diretores da estatal, integrantes do governo de Jayme Lerner e um empresário do setor de transportes de Curitiba, tradicional financiador das campanhas do governador, e ganha 2% de qualquer energia vendida pela Copel, com ou sem sua intermediação. Atualmente, o capital social da Tradener, de acordo com as informações do senador, é de R$ 1,35 milhão e o contrato, caso seja rescindido, implica pagamento de multa de R$ 20 milhões pela Copel.

- Esse contrato foi feito para que fosse ensejado o seu cancelamento e o pagamento de multas milionárias. É uma forma de retirar da Copel parte de seu lucro, de 430 milhões de reais em 2000, estimado em 800 milhões de reais em 2001. Não é porque a Copel não foi vendida que vamos deixar de querer investigar a fundo esses contratos firmados entre empresas do estado e amigos do poder. Espero que o Ministério Público do Paraná esteja me ouvindo e tome as providências necessárias - afirmou Osmar Dias.

08/11/2001

Agência Senado


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