Papaléo diz que a escravidão acabou apenas no papel



O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) disse nesta terça-feira (16) que a escravidão, no Brasil, acabou apenas no papel, pois casos de condições de trabalho semelhantes à escravidão são descobertos quase todos os dias. Na sua avaliação, o trabalho escravo no Brasil contemporâneo é resultado da crônica falta de soluções para os problemas sócias e morais mais graves, como a desigualdade social e a impunidade dos criminosos.

- Milhões de brasileiros pobres ou miseráveis, em sua busca por trabalho digno, são particularmente vulneráveis às promessas fraudulentas dos chamados "gatos", os agenciadores de mão-de-obra não qualificada. De ordinário, são motoristas de paus-de-arara que vão às regiões socialmente mais desassistidas, distantes das áreas de demanda de trabalhadores, oferecendo emprego e vantagens mirabolantes - assinalou.

Papaléo disse que os estados campeões da prática são Pará, Maranhão e Mato Grosso, especialmente na fronteira agrícola, e as vítimas são trabalhadores e trabalhadoras de todas as idades.

O senador lembrou que, em 1995, o governo federal criou o Grupo Móvel de Fiscalização para apurar as denúncias de trabalho escravo. O grupo é composto por voluntários de certas carreiras de Estado, como fiscais do trabalho, policiais federais, procuradores, fiscais do Ibama e outras. O senador informou que o grupo já libertou 34 mil trabalhadores em 15 anos de atuação.

No Senado, acrescentou Papaléo, a Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo, da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), acaba de se tornar permanente, tendo o senador José Nery (PSOL-PA) como presidente e ele próprio como vice-presidente.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse, em aparte, que os jornais do Amazonas estão cheios de notícias sobre trabalho escravo, inclusive de crianças. O senador João Tenório (PSDB-AL) disse que a prática da escravidão talvez já seja mais intensa nas periferias das grandes cidades do que no campo. Ele assinalou que, no Brasil, existe um preconceito muito grande contra as atividades rurais.

- Por exemplo, numa atividade agrícola é obrigatório transportar o trabalhador rural em ônibus e com lotação máxima de 40 pessoas. Se formos a São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife ou Maceió, veremos o transporte absolutamente desumano com 100 ou 90 pessoas dentro de um ônibus sem o menor conforto - relatou.



16/06/2009

Agência Senado


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