Para Agripino, falta de coerência leva à perda de comando do governo



O senador José Agripino (PFL-RN) alertou para a perda de coerência do governo federal que, na sua opinião, leva à perda de liderança no Congresso Nacional. Essa situação, afirmou nesta sexta-feira (6) o senador, pode causar inclusive conflitos entre os poderes, tendo em vista que o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Maurício Corrêa, manifestou posições diferentes das intenções que o Executivo tem para a reforma da Previdência.

- Isso me preocupa. O governo não pode perder o seu comando. A incoerência pode levar ao confronto de poderes, pois é a coerência que dá longevidade e respeitabilidade à liderança política. Antes que isso aconteça vamos assumir o legítimo papel de oposição cobrando coerência e os compromissos de campanha do governo - afirmou.

Como exemplo de coerência, Agripino citou o vice-presidente José Alencar, que voltou a defender esta semana a queda das altas taxas de juros. Desde sua passagem pelo Senado, lembrou Agripino, Alencar, como empresário bem-sucedido, entende que uma taxa de juros em níveis adequados pode ser o motor da economia, ampliando a possibilidade de compra da população, aquecendo a indústria e o comércio e gerando empregos.

Por outro lado, Agripino lembrou que Lula ganhou a eleição com a promessa de ruptura com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a retomada do crescimento. Porém, não houve o rompimento e sim o robustecimento das relações com o FMI.

- Não foi com esse discurso que o presidente ganhou a eleição. Daí a polêmica entre o que o vice fala em termos de taxas de juros e o que o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central defendem - avaliou Agripino.

Prova da coerência de Alencar, continuou Agripino, é que ele não é vaiado onde vai, ao contrário do que aconteceu com Lula no Congresso da CUT. -Foi vaiado por aqueles que até poucos dias o aplaudiam e faziam a sua campanha porque perdeu a coerência. Quem quer o respeito da opinião pública tem que trabalhar com coerência-, afirmou.

Agripino informou que, em nome da respeitabilidade do Senado, foi ao gabinete de senador Paulo Paim (PT-RS) na quinta-feira (5) para hipotecar solidariedade e apreço por sua coerência e coragem. O senador lamentou que, mesmo no exercício da Presidência do Senado, Paim não tenha sido recebido pelo ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, com quem tinha marcado audiência.

Na análise da medida provisória que está trancando a pauta do Senado, o senador afirmou, como líder do PFL, que não vai permitir que os tomadores de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) sejam prejudicados.

- Não adianta o governo dizer que não tem recursos. Nos quatro primeiros meses do ano, foi registrado um superávit de R$ 32 bilhões. O governo tem grande folga com relação ao compromisso acertado com o FMI, tem condição de baixar as taxas de juros e de aumentar o salário mínimo para R$ 260. Vamos fazer oposição com coerência - declarou.



06/06/2003

Agência Senado


Artigos Relacionados


Papaléo aponta falta de coerência no governo Lula

João Pedro critica governo de Israel e diz que falta coerência a discurso de Shimon Peres

José Agripino vê "perda de controle" do governo sobre questão agrária

Agripino critica falta de agilidade do governo para solucionar crise nos aeroportos

Aécio exalta coerência do avô e lamenta perda do sentido amplo da conciliação

Agripino: avaliação do governo cai por falta de cumprimento de promessas