Paulo Paim diz que é possível aprovar medida que beneficie os mais pobres, de qualquer cor
O senador Paulo Paim (PT-RS) afirmou nesta sexta-feira (04) que, sendo contra qualquer tipo de discriminação, está aberto ao entendimento de que é possível integrar o projeto de Estatuto da Igualdade Racial ao Projeto de Lei 73/99, ambos tramitando na Câmara, para que todos os brasileiros excluídos tenham acesso ao ensino superior. O projeto 73/99, de autoria da deputada Nice Lobão (PFL-MA), garante 50% das vagas nas universidades federais a estudantes que tenham cursado o Ensino Médio em escolas públicas.
- Se já existe o estatuto e se existe esse projeto, por que a gente não funde tudo numa única proposta e contempla efetivamente quem precisa? Porque ninguém vai negar que existe a discriminação contra o negro, contra o índio e contra o pobre. Portanto não há por que não caminharmos para fazer uma fusão entre aquilo que está no estatuto e aquilo que está no PL 73 - sugeriu Paim.
No entender do senador, a conseqüência principal dessa integração é levar efetivamente a universidade federal a contemplar os alunos de escolas públicas, onde estão negros, brancos e índios, a maioria pobre. Ele explicou que os dois projetos contemplam os pobres e, nessa parcela da sociedade, a maioria é de negros.
- Nós temos que analisar uma fórmula, de maneira muito equilibrada, capaz de construir o caminho para que brancos e negros pobres, na devida proporção, possam efetivamente ocupar esses 50% de vagas das universidades federais - enfatizou.
Paim explicou que, no Rio Grande do Sul, é comum as famílias pobres trabalharem de dia para que um dos filhos seja escolhido para freqüentar a faculdade particular à noite, visto que não conseguem garantir financeiramente a formação de nível superior para toda a prole.
- Na minha família, por exemplo, somos dez irmãos. Escolhemos o caçula para cursar a universidade e hoje ele é médico, psiquiatra. Graças a Deus, está fazendo um belíssimo trabalho, mas só ele conseguiu isso. Nós tivemos que fazer todo um esforço, cada um mandando um pouquinho por mês, e ele chegou lá. É claro que eu não queria que isso continuasse acontecendo no país. Eu queria efetivamente que todos os alunos do ensino público tivessem o acesso à universidade federal - ressaltou.
Policiais
No mesmo discurso, Paim afirmou que o Rio Grande do Sul está em dívida com os policiais civis, por não ter aplicado até agora a norma constitucional que os beneficia com aposentadoria especial.
- Não procede a argumentação de que faltaria a regulamentação de um artigo específico da PEC paralela da Previdência para conceder essas aposentadorias - argumentou.
O senador gaúcho disse que muitos policiais estão desesperados, sem expectativa de programar suas vidas, enquanto outros, já aposentados, tiveram que retornar a seus postos de trabalho, em razão dessa indefinição.
- Infelizmente, o estado do Rio Grande do Sul está em dívida com tão importante segmento da sociedade - lastimou.04/08/2006
Agência Senado
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