PMDB, um partido que destrói sua história
PMDB, um partido que destrói sua história
Simon e Itamar esqueceram que, no jogo de duplas, a sintonia é fundamental
Com dois respeitáveis candidatos: o senador Pedro Simon e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, o PMDB despediça a chance de concorrer à Presidência. O gaúcho e o mineiro teriam em tese dois importantes colégios eleitorais que já elegeram presidentes da República. Tudo em tese, porque a direção nacional do partido está disposta a destruir qualquer candidatura e garantir cargos e ministérios, apoiando José Serra, candidato do presidente Fernando Henrique Cardoso. O PMDB de Simon não existe mais. As sucessivas crises provocadas pelo exagero de tendências existentes no partido desfiguraram sua imagem. O PMDB de Jader Barbalho, de Orestes Quércia, de Maguito Vilela, de Michel Temer, definitivamente sepultou o PMDB que enfrentou os anos de chumbo. Simon tem habilidade e cacife para um enfrentamento com os governistas, mas precisa de um parceiro. Itamar está no mesmo jogo, mas falta sintonia aos dois. Eles preferem as jogadas isoladas e tentar o gol. Até agora este esquema não funcionou.
O PMDB realizará duas convenções extraordinárias. A convenção deste domingo, dia 3 de março, em São Paulo montada por Simon e Itamar, não será reconhecida pela Executiva Nacional. Os governistas mantêm a assembléia extraordinária de 8 de março, em Brasília, quando pretendem implodir a prévia presidencial do partido, marcada para 17 de março. Simon, Itamar e Raul Jungman, os três pré-candidatos à Presidência, terão que jogar como mestres no domingo para desmoralizar as manobras dos aliados de FHC.
PT já costura o apoio a quem vencer as prévias
Dia seguinte: para olivistas e tarsistas, o partido saiu unido do primeiro debate e não há racha. O consenso pára por aí
O rescaldo do primeiro debate entre os pré-candidatos do PT ao governo do Estado - promovido pelo diretório estadual na quarta-feira à noite - é positivo para lideranças de ambos os lados. Por conta disso, o apoio ao vencedor das prévias já está sendo articulado pelas lideranças. O assunto foi pauta da plenária realizada ontem à noite na faculdade de Economia da Ufrgs. "Quem vencer a prévia terá o apoio incondicional da militância na campanha eleitoral", diz o presidente estadual David Stival.
O deputado Elvino Bohn Gass avalia que o debate "foi qualificado" e evidenciou "a capacidade dos pré-candidatos". Ele diz que Olívio mostrou que as questões cobradas por Tarso já estão sendo contempladas pelo governo. "Mais do que o governador, quem saiu fortalecido do debate foi o partido", disse.
Para o secretário municipal da Fazenda, José Eduardo Utzig, o encontro cria condições para que o partido apóie o vencedor das prévias. “Mas a pluralidade, que é uma preocupação de base do Tarso, deve ser preservada em qualquer hipótese”, alerta. Utzig ressalta que a militância está atenta ao debate político, pois “não é secretária”.
Para o vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta, o debate foi importante para desmistificar a possibilidade de um racha. “Mostrou que o partido está tarimbado para uma disputa interna. Tarso apontou muito bem os pontos que devem ser melhorados. Só o PT é capaz de fazer um governo melhor que o PT.”
Maior a cobiça, maior a briga
A decisão do TSE sobre coligações deixou mortos e feridos. E em situação peculiar PMDB, que se tornou mais cobiçado e ao mesmo tempo mais rachado. Na teoria conspiratória alimentada pelas vítimas, a medida teria o objetivo de garantir seu apoio a PSDB e enfraquecer a candidatura do PFL, forçando a reunificação da aliança governista. No entanto, as contradições internas fortalecem hipótese de, repetindo 1998, o PMDB não apoiar ninguém para presidente, podendo assim coligar-se à vontade nas eleições estaduais.
Desemprego taxa caiu em 2001
A taxa média de desemprego na Região Metropolitana de Porto Alegre ficou em 14,9% em 2001. São 252 mil desempregados. Em 2000, a taxa havia ficado em 16,6%, com 279 mil desempregados. Os dados apurados pela PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) foram divulgados ontem.
Pelo segundo ano consecutivo, a PED registra uma queda no desemprego. "È importante ressaltar que a queda no desemprego no Estado não se apresenta em espasmos, mas numa tendência contínua de redução", disse o secretário do trabalho, Tarcísio Zimermann.
O principal setor a apresentar crescimento no número de ocupados foi o comércio (4,5%), seguido pela indústria (4,0%). Os serviços domésticos foram os únicos a ter retração.
Enfim, horário dos bancos volta ao normal
Situação dos caixas 24 horas ainda não está definida. Governo e bancos decidem se voltam a abrir durante todo o dia ou apenas das 6h às 22h, para evitar os seqüestros-relâmpagos.
Em duas semanas, a partir do próximo dia 11, os bancos voltam a ter liberdade para fixar o horário de atendimennto. No mínimo, o atendimento deve ser de cinco horas, sendo obrigatória a abertura entre 12h e 15h. Na prática, nas capitais, o horário de abertura fica fixado entre 10h e 16h. Os caixas eletrônicos também devem voltar a operar 24 horas.
Em Porto Alegre, embora a decisão não tenha sido confirmada, os bancos devem voltar a funcionar no horário antigo. Com o racionamento, os bancos foram obrigados a manter agências abertas apenas entre 9h e 15h. Os caixas eletrônicos só podiam funcionar das 6h às 22h.
Em alguns casos, o funcionamento de caixas eletrônicos localizados em regiões perigosas, por questão de segurança, será em horário restrito. A intenção é evitar a ocorrência de seqüestros-relâmpagos.
Segundo o presidente da Associação dos Bancos de Porto Alegre, José Luiz Peixoto, caso os caixas deixem de funcionar durante 24 horas no centro do país, no rio Grande do Sul a situação será a mesma. “São os mesmos grandes bancos em todo o Brasil e eles uniformizam as operações.”
A medida foi aprovada ontem pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), por causa do fim do racionamento de energia hoje.
Patrulheiro que multava mais ganhava folga
Uma sindicância foi aberta para investigar o procedimento que estaria sendo adotado no posto da PRE de Xangrilá
Multa por folga. O escândalo denunciado por um patrulheiro rodoviário estadual arranhou a imagem da, até então, inatingível PRE (Polícia Rodoviária Estadual). Ele afirmou que os soldados eram pressionados pelo sargento Paulo Machado Medeiros, um dos comandantes do patrulhamento na Estrada do Mar, no posto de Xangri-lá, a multar cada vez mais. A média seria de cinco multas por dia.
O comandante da PRE, tenente-coronel Aurélio Ferreira Rodrigues, acredita que a denúncia seja uma "revanche" de alguém que esteja para ser transferido. Ele afirmou que o sargento Medeiros é da inteira confiança do comando."Isso é um ato de uma pessoa leviana, que quer denegrir a imagem da instituição", acusou.
Colunistas
COISAS DA POLÍTICA
AINDA O CONSENSO
O pré-candidato ao Senado pelo PT, deputado federal Paulo Paim, tem encontro hoje com o governador Olívio Dutra. Na pauta, novamente, uma chapa de consenso para o Piratini.
MARIA PARA FEDERAL
A tendência petista Movimento de Construção Socialista lança amanhã a pré-candidatura da deputada estadual do PT Maria do Rosário para a Câmara Federal.
OBJETIVO DIVERSO
A decisão do TSE sobre as coligações é casuísta, na opinião do deputado federal do PT Henrique Fontana. Da tribuna, cobrou a reforma política que prevê a fidelidade partidária e o financiamento público de campanha. Lembrou que o objetivo da iniciativa é outro: travar dissidências na base governista.
TARSISTAS
O vice-prefeito de Santa Maria, Paulo Pimenta promove hoje um grande encontro de prefeitos e vices que apoiam a candidatura de Tarso Genro ao Piratini. O encontro, na terra de Pimenta, deverá receber 12 prefeitos, inclusive o próprio Tarso.
COOPERATIVAS
O diretório metropolitano do PPS, presidido por Luiz Carlos Mello, realizará nos dias 13, 14 e 15 Curso de Capacitação em Cooperativismo Habitacional Autogestionário. Regularização fundiária, contratos habitacionais e Sistema Financeiro da Habilitação são alguns dos temas. O curso gratuito é dirigido ao PPS.
SEGURANÇA MUNICIPAL
A criação da Secretaria Municipal de Segurança em Canoas foi festejada pelo deputado estadual do PPB Francisco Áppio. Ele entende que as Prefeituras podem auxiliar na prevenção e repressão ao crime.
COMENDA
O líder da bancada do PFL na Assembléia Legislativa, deputado estadual Germano Bonow, receberá hoje a Comenda Representativa do Corpo de Bombeiros. A entrega acontece durante a solenidade de instalação do Comando do Corpo de Bombeiros próximo ao IPE.
ESTÁGIOS
A deputada estadual do PT Luciana Genro protocolou projeto que regulamenta os estágios nos órgãos públicos. Ela quer evitar que o estágio substitua o concurso. O texto prevê ainda sorteio de vagas e melhores condições de trabalho, como carga horária máxima e descanso remunerado.
REELEIÇÃO
Nesta semana, o diretório estadual do PDT, presidido pelo deputado federa Airton Dipp, decidiu: todos os deputados do partido, os quatro federais e os sete estaduais irão concorrer à reeleição nas próximas eleições.
BOA HORA
O vereador do PTB de Porto Alegre, Cássia Carpes, elogiou a decisão do TSE sobre a verticalização das alianças. Para Carpes, a decisão “purifica e valoriza as linhas ideológicas. Por isso, diz ele, “veio em boa hora”.
Editorial
BENEVOLÊNCIA DO FISCO
A Receita Federal procura garantir sua arrecadação tributando recursos dos trabalhadores. Só depois de muita pressão o governo corrigiu a tabela do Imposto de Renda em 17,5%, que é apenas a metade da inflação verificada no período do congelamento. E decretou a incidência de impostos sobre os investimentos dos fundos de pensão, sendo o Brasil o único país do mundo a tomar essa decisão.
O apetite voraz da Receita contrasta com a benevolência que dedica a setores privilegiados - e o sistema financeiro é o melhor exemplo disso. A cada balanço publicado, os bancos mostram recordes sucessivos de lucro, sendo a principal fonte de receita o financiamento da dívida pública. A elevada taxa de juros garantiu 41% do lucro acumulado dos bancos no exercício de 2001.
O natural seria que empresas tão lucrativas respondessem por boa parte da arrecadação da
Receita Federal. Mas os bancos, em especial o grandes, não pagam impostos sobre seus
rendimentos. Em 2000, os 50 maiores bancos que operam país (dos quais 17 são
no estrangeiros) registraram lucro líquido de R$ 3,04 bilhões. Não pagaram um centavo de Imposto de Renda e Contribuição Social. Embora isso ocorra por artifícios legais, a situação é profundamente injusta. Porque aí quem paga a conta é o trabalhador. Primeiro, porque, ao combater a correção da tabela do Imposto de Renda pelos índices da inflação, o governo garantiu o crescimento da arrecadação, aumentando a massa de contribuintes e fazendo crescer, na prática, o percentual incidente sobre os salários. De outra parte, acabou com a imunidade tributária dos fundos de pensão, deixando apreensivos os trabalhadores que fazem suas contribuições mensais pensando garantir um futuro tranqüilo.
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03/01/2002
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