PPS sugere fusão com PDT e PTB









PPS sugere fusão com PDT e PTB
Formação da Frente Trabalhista em torno da candidatura de Ciro Gomes ganha força

O 13º Congresso Nacional do PPS, encerrado ontem em Niterói (RJ), consolidou a intenção do partido de fortalecer a aliança com o PDT e o PTB, para a formação da chamada Frente Trabalhista.

Defendendo a união dos partidos considerados de centro-esquerda, o encontro definiu que o acordo entre as siglas não deverá se limitar às eleições de outubro e propôs a fusão dos três partidos para a criação de uma nova legenda trabalhista.

Segundo o deputado estadual Cezar Busatto, o Congresso – que reuniu o presidente nacional da sigla, Roberto Freire, o presidente do PDT, Leonel Brizola, o presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez, e o candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes –, deliberou que a Frente Trabalhista deverá dar origem a um único partido de centro-esquerda no país, baseado “no resgate histórico nas doutrinas trabalhistas”.

– A nossa aliança é mais que uma aliança eleitoral. Ela inicia uma etapa segura para fundarmos um grande partido trabalhista nacional – afirmou o deputado.

O encontro do PPS, que reuniu os filiados para a eleição dos novos delegados e membros do diretório nacional, reconduziu Freire à presidência do partido e debateu a necessidade de fortalecer as negociações da Frente Trabalhista em todos os Estados. No sábado, Freire afirmou que o PPS não aceitará o apoio do PFL à candidatura de Ciro Gomes.

– Não vou procurar o PFL e não quero que o PFL nos procure – disse Freire.

Ciro não quis comentar o possível apoio do PFL a sua candidatura, mas criticou Roseana, que propôs mais transparência na prestação de contas das campanhas.

– Acho que tem de estar tudo transparente, sim, mas ela talvez não esteja na melhor posição para reclamar disso – afirmou.

Para chegar ao local do congresso, realizado no Clube Canto do Rio, em Niterói, Ciro e Brizola fizeram juntos a travessia na barca Rio-Niterói. A cidade foi escolhida para o encontro porque o prefeito de Niterói, Jorge Roberto Silveira (PDT), é o candidato da Frente Trabalhista à sucessão estadual.

Aliado de Ciro, Brizola pediu em seu discurso que os militantes sejam tolerantes com os partidos que integram a Frente Trabalhista.

– Temos de admitir a convivência com companheiros que não pensam como nós – disse Brizola, que se reúne esta semana com o ex-governador Antônio Britto, um dos nomes mais cotados para a disputa ao Piratini pelo PPS.

Britto e o presidente estadual do PPS, deputado federal Nelson Proença, não foram ao encontro nacional do partido. Contrariados com a última pesquisa CEPA-Ufrgs, publicada no final de semana, os dois ficaram em Porto Alegre, onde se reuniram com outros partidos de oposição ao governo e decidiram protestar contra a realização do levantamento imediatamente após a prévia que escolheu Tarso Genro como candidato do PT.


Dirceu assume coordenação
Durante a reunião do diretório nacional do PT que homologou no sábado o resultado da prévia, o presidente da sigla, José Dirceu (SP), assumiu a coordenação política da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da República.

Dirceu e Lula reafirmaram a intenção de fazer alianças, sem entrar em detalhes. Dirce anunciou duas visitas com o objetivo de reforçar a coligação: ao PC do B e ao PMN. O nanico PMN abriga a filiação de Anselmo Neves Maia, advogado dos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Na entrevista coletiva realizada durante o encontro, Lula deu a entender que caberá a Dirceu o papel de assumir as questões mais polêmicas que surgirem ao longo da campanha:
– Antes falava sobre tudo, agora vou falar só o que deve ser falado. Quem vai cuidar das alianças é o coordenador da campanha. Vou viajar pelo país e tentar convencer as pessoas.

Sobre o desafio feito na sexta-feira pela governadora e presidenciável Roseana Sarney (PFL-MA), para que todos os partidos abram suas contas, Lula afirmou não ser possível.
– Primeiro porque nem começamos a arrecadar e, depois, porque não temos empresa nem gavetas para guardar esse dinheiro – disse, referindo-se ao R$ 1,34 milhão encontrado na empresa de Roseana durante operação da Polícia Federal.


Estudantes têm dia de deputado
Alunas de cinco escolas das redes pública e privada do Estado participam hoje, na Assembléia Legislativa, do projeto Deputado por um Dia.

Por iniciativa da deputada Iara Wortmann (PPS), vice-presidente da Escola do Legislativo, a primeira das quatro edições do projeto neste ano será uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no início deste mês.

Durante a atividade, agrupados em bancadas fictícias, 55 estudantes – o mesmo número de deputados – exercem o papel de legisladores e vivem a experiência de apresentar, defender e votar propostas.

Cada escola apresenta um projeto de lei, que é defendido e votado. Formada só por meninas, a sessão de segunda-feira tem como temas “a mulher do século 21 e a educação”.

O trabalho preparatório com as alunas foi acompanhado pela Escola do Legislativo, que foi às instituições de ensino selecionadas para falar sobre o histórico e o trabalho realizado pela Assembléia.


Garrafas vazias e lixo no rastro do MST
Colonos entram pela primeira vez na fazenda da família de FH e são retirados pela Polícia Federal

Tratores e uma colheitadeira usados para erguer uma barricada. Fogões improvisados para cozinhar arroz e carne seca. Cerca de 15 garrafas abertas de vinho e uísque Chivas depositadas junto a uma árvore no jardim. Lixo e restos de comida jogados pelo assoalho.

Esse foi o cenário encontrado na manhã de ontem pelos agentes da Polícia Federal (PF) que promoveram a desocupação da fazenda Córrego da Ponte, de propriedade da família do presidente Fernando Henrique Cardoso, em Buritis, Minas Gerais.

A propriedade havia sido invadida às 8h10min de sábado por sem-terra. Dezesseis líderes da invasão foram presos.

Durante cerca de 24 horas, os sem-terra permaneceram na propriedade, utilizada como refúgio pelo presidente nos finais de semana e feriados. No sábado, eles estenderam bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pelo chão e sobre os móveis, subiram em mesas e refestelaram-se nos sofás e poltronas para assistir aos telejornais e à telenovela O Clone, da Rede Globo. Os invasores chegaram a divulgar à imprensa o número do telefone da fazenda, usado para conceder entrevistas. Aparentemente, os colonos não destruíram nada no imóvel.
– Não causamos nenhum dano – garantiu José dos Santos, 28 anos, assentado em Goiás e participante da invasão.

Foi a primeira invasão da fazenda. Em 1995 e 1998, o MST ameaçou invadir a propriedade, e em 1999 e 2000, integrantes do movimento acamparam ao seu redor.

A desocupação da fazenda foi negociada pela madrugada, com a participação dos ouvidores agrários Gersino José da Silva e Maria de Oliveira. Ambos haviam empenhado a palavra de que não haveria prisões. Eles pediram exoneração do cargo, que ocupam desde 1999, tão logo ocorreram as detenções.

– A prisão não era necessária, nem a presença do Exército. Fomos traídos – criticou Maria.
A reunião que selou o acordo sobre a saída dos invasores ocorreu por volta das 5h, com a presença de três delegados da PF. A negociação foi concluída no momento em que o Exército desembarcava na fazenda. Às 5h10min, um comboio de 20 caminhões, com cerca de 300 soldados da Guarda Presidencial e do Batalhão de Infantaria, cruzou as duas porteiras da fazenda.
Além dos caminhões (alguns transportavam contêineres), quatro ambulâncias e um carro de bombeiros ingressaram na área de mil hectares, um sinal de que a ordem era a de retirar imediatamente os sem-terra, que na noite anterior chegaram a ameaçar colocar fogo na sede da propriedade.

Eram 7h40min de ontem quando a área foi desocupada. A prisão dos líderes – entre eles Cledson Mendes e Jorge Almeida, o Jorjão, da direção do MST – foi ordenada pelo chefe do Comando de Operações Táticas (COT) da PF, Daniel Sampaio. Os sem-terra foram revistados, algemados e obrigados a deitar no chão, na sede da fazenda. A prisão ocorreu depois que a maioria dos sem-terra saiu da fazenda em quatro ônibus. A PF havia pedido que os líderes só deixassem o local depois que a propriedade fosse vistoriada.

– Fomos enganados. O governo está nos tratando como bandidos – queixou-se Rildo de Oliveira, 23 anos, do MST.


Retirada teve momentos de tensão
– Isso (a invasão) foi só para tirar o presidente da cama. Quando a esquerda ganhar (as eleições), vocês serão todos demitidos.

A declaração, em tom de ameaça, foi dirigida por um sem-terra a um patrulheiro da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao deixar a fazenda Córrego da Ponte, por volta de 7h40min da manhã de ontem.

A desocupação da fazenda começou duas horas e meia depois de o Exército chegar ao local, na madrugada de ontem. O momento foi de tensão. O primeiro ônibus a cruzar a porteira transportava somente crianças e mulheres, que entoavam frases contra FH, comparando-o ao ex-presidente Fernando Collor. Na porteira central da fazenda, os sem-terra também rabiscaram frases como “FHC é marginal”. O momento era de tensão.

A intenção dos sem-terra era a de se deslocar para Buritis, distante 60 quilômetros da fazenda Córrego da Ponte, onde se encontrariam o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann. Sem saber da prisão dos líderes, o grupo decidiu aguardá-los nas imediações dos silos da empresa de alimentação Ceval. A notícia da prisão chegou em seguida, revoltando os sem-terra.
– Devíamos ter colocado fogo na fazenda. Não dá para confiar no governo – gritou um colono.
Com a notícia, o grupo rumou para Buritis, mas não pôde se deslocar para o centro do município. A PRF e a Polícia Militar (PM) de Minas Gerais montaram uma barricada próximo à ponte sobre o Rio Urucuia, impedindo os colonos de passar. A movimentação e as declarações de integrantes do grupo foram filmadas pelos policiais. O ministro Jungmann, porém, sequer aguardou a chegada do grupo e retornou para Brasília, por volta das 8h30min. Os sem-terra foram escoltados até a fazenda Barriguda (que deverá ser desapropriada), situada a uma distância de sete quilômetros do município, onde há um acampamento do MST.

Os líderes da invasão, que foram detidos, deixaram a fazenda num ônibus blindado da PF, escoltado por outras duas viaturas. Não se ouvia uma única voz. Incomunicáveis, eles foram levados para a sede da Superintendência da PF, em Brasília, distante 200 quilômetros. Uma operação de varredura da área foi desencadeada pelo Exército.


MST usou a mesa de trabalho de FH
A facilidade com que os sem-terra ocuparam a fazenda Córrego da Ponte deixou surpresos os próprios líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

– Chegamos aqui, e o portão estava aberto à nossa espera – disse um dos coordenadores do acampamento de Buritis, Gilberto Júnior.

A decisão de invadir, segundo os dirigentes do movimento, havia sido tomada numa assembléia realizada na noite de sexta-feira, em Buritis. Com a área tomada, o clima era de ameaças:
– Não vamos sair para negociar. Estamos armados com foices e paus – disse Clédson Mendes, integrante da coordenação nacional do MST.

Os invasores prometiam atear fogo à fazenda caso tropas do Exército entrassem na área. Por volta do meio-dia de sábado, os sem-terra se reuniram em torno da mesa de trabalho de FH. Usaram a sala e a varanda do imóvel, a TV e o telefone. Enquanto tiveram condições, divulgaram o número para fazer contato com a imprensa nacional e internacional. Por volta das 14h, fizeram o almoço em fogões improvisados na varanda da casa. Uma bandeira do movimento foi estendida na sala. Depois, utilizaram quase todos os aposentos.

Na noite de sábado, disseram ao ouvidor-agrário nacional, Gersino José da Silva Filho, que não aceitavam a participação da Polícia Federal nas negociações. Sem êxito, Gersino foi embora, mas empenhou a palavra aos sem-terra de que não haveria prisões quando o grupo deixasse a fazenda. Ao presenciarem a ordem de prisão dada a 16 líderes, o ouvidor e a ouvidora-adjunta, Maria de Oliveira, resumiram a perplexidade:
– Fomos traídos.


Governo montou um “gabinete de crise”
A invasão da fazenda dos filhos de Fernando Henrique Cardoso causou nervosismo no governo.
Apanhado de surpresa, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, que estava em Recife (PE), teve de voltar às pressas para Brasília. Uma espécie de gabinete de crise passou a funcionar no Gabinete de Segurança Institucional, presidido pelo general Alberto Cardoso.

– Temos um problema grave. A residência do delegado da nação foi invadida. Ali estão objetos do presidente – disse o general após as reuniões no Planalto.

A primeira providência do governo foi enviar policiais federais e uma equipe de três técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para a fazenda. Desde o anoitecer de sábado, aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) passaram a sobrevoar a área ininterruptamente. Os vôos eram rasantes.

A desocupação começou a ser decidida numa reunião que teve início na noite de sábado e se estendeu até a madrugada. À mesa de negociação, sentaram-se os ministros da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, Raul Jungmann, general Alberto Cardoso, e o diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho.

Por volta das 5h, Monteiro Filho deu a ordem para o chefe do Comando de Operações Táticas (COT) da PF, Daniel Sampaio, entrar na fazenda. A propriedade foi cercada sem que os invasores percebessem. O intermediário era o delegado Daniel Sampaio, chefe do COT e especialista em gerenciar crises. Quando a negociação foi encerrada, a PF já tinha identificado os principais líderes do movimento, presos em seguida.


Serviços de inteligência falharam
Os serviços de inteligência policiais cometeram falhas técnicas e desvios institucionais no episódio da invasão da fazenda da família do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Essa é a opinião de especialistas consultados por Zero Hora. Do ponto de vista técnico, a maior lacuna foi ninguém ter previsto que a invasão ocorreria.

A Agência Brasileira de Segurança (Abin) foi informada de que, em assembléias, os sem-terra cogitaram em voz alta da possibilidade de invadir a fazenda da família de FH.

– A ameaça existia, mas não acreditávamos que fosse se tornar realidade. Nos últimos três anos o MST fez diversos ensaios, sem nunca passar a porteira da fazenda – confessou um delegado federal que agiu na região de Buritis em outras ocasiões.

Falhou também – ou, pelo menos, não informou a quem deveria – o serviço secreto da PM mineira. A antecipação de crimes, com relatórios sobre movimentação de suspeitos, é uma das atribuições da P-2, serviço de informações, na maioria dos Estados brasileiros – e isso inclui Minas e seus 30 mil PMs.

No plano institucional, a ação de retirada dos invasores pela Polícia Federal (PF) é criticada por Walter Maierovitch, juiz aposentado, ex-chefe da Agência Nacional Antidrogas e especialista em crime organizado. Maierovitch avalia que a retirada foi uma “aberração do ponto de vista jurídico”, mesmo que a invasão tenha sido ilegal.

– A fazenda


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