Proibição da compra da Garoto pela Nestlé é criticada na CAE pelo governador do Espírito Santo
O governador em exercício do Espírito Santo, Welington Coimbra, criticou duramente a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de interromper a operação de compra da Chocolates Garoto pela Nestlé, sob o argumento de que esse negócio fere a livre concorrência nesse segmento alimentício. Na sua avaliação, o resultado final dessa posição do Cade deve ser a "preservação de uma planta física sucateada", com um grande número de desempregados.
- O Cade optou pela excepcionalidade e pela assimetria nas suas decisões - criticou, lembrando que a expectativa predominante era de que a autarquia aprovaria o negócio com restrições, seguindo pareceres já emitidos pelos Ministérios da Fazenda e da Justiça, ao qual ela está vinculada. "Essa radicalização desmesurada pode prejudicar a tomada de decisão para investir no país", ressaltou.
Além de apontar o "ineditismo" da medida, lembrando que o Cade aprovou na mesma sessão o caso dos fertilizantes, onde houve uma reconhecida elevação da concentração de mercado, o governador questionou qual seria a real motivação do Cade para interromper o negócio de uma das mais tradicionais empresas capixabas, responsável por 12 mil empregos, dos quais três mil diretos.
Disse que a Nestlé está gerenciando a Garoto há 23 meses, controlando a cadeia de suprimentos da companhia capixaba, com ganhos de eficiência operacional de 12%, conforme informações da gigante suíça. Refutou o argumento de que a compra acarretaria monopólio, sustentando que desde 1990 o mercado de chocolates é dominado por multinacionais americanas e suíças (Lacta com 33%, Nestlé com 30%). A Garoto, segundo ele, ocupa a terceira posição, com 21,5%.
Lembrou que o próprio relator da matéria no Cade, conselheiro Thompson Andrade, admitiu que 70% da venda de chocolates é feita em rede de auto-serviço e de que há uma baixa fidelidade à marca - apenas 27% dos consumidores brasileiros - e que mesmo assim metade destes mudam de posição dependendo das condições oferecidas no ponto de venda. Com um potencial de consumo ainda expressivo, esse mercado, conforme o governador, ainda "está aberto e sujeito a novos entrantes".
O governador disse, ainda, que a Nestlé havia se comprometido a investir R$ 200 milhões na planta de uma unidade de produção de café solúvel, dentro de um programa de incentivos a novos investimentos do governo do Espírito Santo, e a comprar leite dos produtores capixabas depois da crise da Parmalat.
11/02/2004
Agência Senado
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