PSDB e PMDB se unem para consolidar Serra
PSDB e PMDB se unem para consolidar Serra
Aliança tenta isolar o PFL, que exige saída do candidato. Mas escolha do vice fica adiada .
Em resposta às pressões do PFL para que o senador José Serra (PSDB-SP) renuncie a candidatura à Presidência da República, o PSDB e o PMDB decidiram ontem apressar a formalização da aliança entre os dois partidos para consolidar a candidatura do tucano.
Além de acelerar as pendências regionais da aliança eleitoral, os partidários do PSDB e PMDB entendem ser necessário indicar logo o candidato a vice-presidente na chapa de Serra, pois a demora poderá fragilizar a candidatura do senador.
Além disso, eles não querem reforçar os argumentos do PFL segundo os quais Serra não tem viabilidade eleitoral e, por isso, deverá ser derrotado pelo candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesse encontro, realizado ontem na residência do presidente do PSDB, deputado José Aníbal, os tucanos cobraram do PMDB uma definição do nome do candidato à vice-presidência na chapa de Serra, que consideram importante para formalizar a aliança.
O presidente do PMDB, deputado Michel Temer, pediu mais tempo a fim de conciliar os problemas regionais que poderão ocorrer com o anúncio do nome. O tempo solicitado é para resolver questões regionais dentro do partido.
Como acham que qualquer erro poderá desgastar o candidato presidencial, o PMDB e PSDB pretendem resolver essa pendência na próxima semana para fazer o anúncio do nome com pompa para deflagrar a campanha da coligação.
"Já fizemos todos os gestos para trazer o PFL de volta ao governo. Agora o partido precisa decidir se quer ou não voltar. Se não quiser, que siga o seu caminho e pare de fazer marola", resumiu o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, que participou de almoço entre as cúpulas do PMDB e PSDB para discutir o quadro eleitoral.
Participam do almoço, além de Aníbal, Temer e Geddel, o coordenador de campanha de Serra, Pimenta da Veiga, o líder do governo no Senado, Arthur da Távola (PSDB-RJ), e o presidente da Fundação Ulisses Guimarães, do PMDB, Moreira Franco.
Fracassa a tentativa de FHC de refazer base aliada do governo
Falhou a tentativa do presidente Fernando Henrique Cardoso de reaproximar o PFL do PSDB, refazendo a base aliada do governo. Os dois partidos voltaram a se desentender ontem, publicamente, por meio de notas oficiais. No jantar de segunda feira à noite no Palácio da Alvorada, o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, disse a Fernando Henrique e ao presidente nacional do PSDB deputado José Aníbal, que a possibilidade de apoio a um nome da legenda só existe se o candidato a presidente José Serra renunciar à candidatura.
A sigla, como esperado, não concordou com o pedido. Ao deixar o Palácio da Alvorada, Aníbal afirmou que a agremiação usaria outra estratégia, formalizando alianças com o PFL nos estados. A direção pefelista se irritou com essa afirmação.
Bornhausen, em nota que redigiu sobre o encontro com Fernando Henrique, foi irônico, comparando o candidato do PSDB a Lionel Jospin, o candidato socialista francês a presidente derrotado no primeiro turno.
Esse comunicado irritou os tucanos, que logo reagiram. Aníbal deu o troco à legenda também com uma nota, afirmando que a candidatura de Serra não é um ato de vontade pessoal e não está sujeita a contestações ou ultimatos. "Nasceu do acordo político das forças que respaldam o rumo dado ao País pelo atual governo".
Enquanto isso, Serra fazia campanha em São Paulo, abraçando crianças após participar do almoço em homenagem ao banqueiro Olavo Setúbal. O almoço, por ser realizado em um restaurante com paredes de vidro, serviu para Serra acenar e mandar beijinhos para algumas das estudantes que estavam do lado de fora.
Serra disse que a nota do PFL é uma estratégia do partido para ganhar espaço nas negociações para formação de uma eventual chapa única à sucessão de FHC.
Ter vice que foi do SNI não desabona, diz PSB
A informação de que o ministro Paulo Costa Leite, ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e candidato a vice na chapa do ex-governador Anthony Garotinho (PSB), trabalhou durante 11 anos no extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), foi recebida com tranqüilidade pela assessoria dos candidatos do PSB.
"Se ele tivesse torturado alguém poderíamos ficar preocupados, mas qual a ilegalidade de trabalhar no SNI?", disse um dos coordenadores da campanha, Paulo Fona. Segundo ele, a notícia já era de conhecimento público e em nada desabona o currículo de Leite.
A notícia do envolvimento de Leite com o regime militar foi divulgada pela revista Época.
Garotinho esteve todo o dia fechado em estúdio para a gravação de programa partidário e não comentou o conteúdo da reportagem.
O ministro Costa Leite disse que não vê necessidade de comentar seu trabalho no SNI por não considerá-lo um fato relevante.
Lula assusta também o presidente
A preocupação com a eventual eleição do candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi manifestada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, em jantar segunda-feira no Palácio da Alvorada, com partidários do PSDB e do PFL.
Fernando Henrique disse que a vitória de Lula poderia pôr em risco a continuidade dos programas do governo, conforme relatou ontem o senador José Jorge (PFL-PE), que participou do encontro.
Ao pedir o apoio político do PFL para concluir o mandato, FHC destacou as dificuldades que o governo poderá ter ainda este ano, chamando atenção para a necessidade de aprovar, o quanto antes, a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) no Senado.
"Sem o PFL, a base do governo diminui e fica mais difícil no Congresso", ressaltou o presidente, ainda conforme Jorge.
Procurador pede devassa de ex-diretor
A devassa fiscal contra o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira vai atingir também outras 17 empresas e pessoas que tiveram ligação com o economista, incluindo dois ex-diretores da Previ, o fundo de pensão do banco. Relatório enviado à Receita Federal pela Procuradoria da República revela que pelo menos um dos escritórios de Ricardo Sérgio teria movimentado dinheiro de comissões. "Fatos reforçam a suspeita de que a RMC - corretora do economista - pode ter sido utilizada por meio de operações simuladas para lavar dinheiro da propina da Telebrás", afirma o procurador Luiz Francisco de Souza.
A auditoria fiscal foi pedida ontem pelo Ministério Público ao secretário da Receita, Everardo Maciel, mas no primeiro momento será para auxiliar nas investigações em torno do processo de privatização do sistema de telecomunicações. Entretanto, na próxima semana, procuradores devem pedir a ampliação da devassa para começar a apuração da denúncia de que Ricardo Sérgio teria cobrado propina de 15 milhões de dólares do empresário Benjamin Steinbruch, no processo de privatização da Vale.
No pedido enviado à Receita, o Ministério Público Federal faz um extenso relatório sobre as atividades de Ricardo Sérgio, destacando quatro empresas que pertenceriam ao ex-diretor do Banco do Brasil: Westchester Participações; RMC Corretora; Planefin SRV e Consultatum. A maior parte delas, teriam sido criadas durante ou após o processo de privatização do setor de telecomunicações.
No documento, o procurador Luiz Francisco de Souza relata também as estranhas transações ocorridas entre Ricardo Sérgio e o arquiteto Ronaldo de Souza, destacando a compra de prédios da Petros, o fundo de pensão da Petrobrás.
Mercadante nega ter feito denúncia
O deputado petista Aloizio Mer cadante rebateu ontem as insinuações de que teria sido a fonte de informação nas denúncias contra o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, dizendo que, na verdade, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, está sendo "apunhalado pelas costas" por integrantes do seu próprio partido.
Mercandante negou que tenha dado qualquer informação à revista Veja para reportagem sobre suposta cobrança de propina de 15 milhões de dólares no processo de privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).
A acusação teria sido insinuada pelo ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, que na reportagem da revista confirma ter tido conhecimento da cobrança. O ministro comentou, depois, que a última notícia que teve sobre Benjamim Steinbruch – controlador da Vale à época e autor da denúncia sobre o suposto pedido de propina – foi o fato de o empresário ter passado o réveillon no Hotel Praia do Forte, na Bahia, com Mercadante.
Ontem, em Nova York, Paulo Renato tentou esclarecer as declarações que havia feito. "Eu não levantei suspeita nenhuma. Eu disse: olha, a última vez em que eu vi notícia sobre o Benjamin (Steinbruch), ele tinha passado o fim do ano no Hotel Praia do Forte (Bahia) com o Mercadante. É só isso que eu falei", disse o ministro da Educação.
Comprador de imóvel ganha devolução
STJ determina que construtora devolva 75% das prestações pagas por comprador que desistiu do negócio.
O comprador de imóvel em construção que desistir do negócio tem direito à restituição de 75% do valor pago. O entendimento é da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com base no artigo 53 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), o ministro César Asfor Rocha afastou a possibilidade de o adquirente perder as prestações já pagas, em benefício do credor.
A decisão beneficia um casal de Belo Horizonte, Minas Gerais. Com isso, a Construtora Verde Grande terá que devolver 75% do valor de um imóvel pago pelos advogados Luzia Macedo Matias e Rogério Sequeira Costa.
Luzia e Rogério firmaram um contrato com a construtora para a compra de uma casa no Bloco 3 do Residencial Camboriú, em Belo Horizonte, em dezembro de 1995. O imóvel foi vendido por R$ 26,2 mil, com sinal de R$ 2,6 mil, e o restante financiado em 60 prestações mensais de R$ 262 e mais três parcelas intermediárias de R$ 2,6 mil.
Devido a atraso na entrega do imóvel e por estarem em dificuldade para pagar as prestações reajustadas, os compradores tentaram em vão rescindir o contrato com a construtora Verde Grande. Por isso, entraram na Justiça com uma ação para rescindir o contrato e receber de volta os valores pagos pela casa em construção. Os advogados já haviam pago R$ 7,4 mil, e gasto R$ 218 com melhoramento do piso.
O juiz de primeira instância rejeitou o pedido dos compradores e o Tribunal de Alçada manteve a sentença.
Inconformados, os compradores entraram com um recurso especial no STJ reiterando o pedido de rescisão do contrato e devolução integral dos valores pagos, alegando que estariam protegidos pelo Código de Defesa do Consumidor.
O relator do processo, ministro César Asfor Rocha, acolheu parte do recurso dos compradores determinando à construtora a devolução de 75% dos valores pagos pelo imóvel, ou seja, R$ 7,4 mil, devidamente corrigidos desde a data do recebimento, com acréscimo de 10% a título de honorários dos advogados dos compradores.
O relator destacou o artigo 53 do CDC, que afasta a possibilidade de perda total das prestações pagas em caso de desistência da compra. César Rocha lembrou decisões anteriores do STJ no mesmo sentido.
Restituição pode chegar a 90%
O promotor de Defesa dos Direitos do Consumidor, Leonardo Roscoe Bessa, disse que a decisão do Superior Tribunal de Justiça é baseada no princípio de que o imóvel em construção ainda será vendido pela empresa construtora. E, por isso, a devolução do dinheiro pago pelo promitente comprador que desiste do negócio não acarreta prejuízo à construtora.
"Já tivemos sentenças que determinaram a devolução de até 90% do valor pago", explica. A devolução, segundo Roscoe, é anterior à entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor.
"Os artigos 924 e 926 do Código Civil prevêem esta solução que é largamente aplicada pelo Judiciário", assegura o procurador.
No entanto, segundo o promotor, quando o imóvel já foi financiado e entregue, a situação muda. Ou o comprador vende o ágio e, em caso de atraso no pagamento das prestações, o banco financiador executa a dívida. Nestes casos não existe desistência.
Novo financiamento, com mais 18 meses, eleva custos em 18%
Optar pelo prazo máximo de 168 meses de financiamento da Caixa Econômica Federal para a aquisição de um imóvel novo pode fazer uma família de classe média desembolsar quase 18% a mais do que gastaria caso escolhesse o prazo máximo de 150 meses que vigorou até a quarta-feira passada.
Quem alerta é o diretor da Associação de Mutuários e Consumidores de Imóveis do DF (Asmut), Cleiton Pena Araújo. Ele aconselha o candidato a mutuário de um financiamento desta natureza, que utiliza recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), a calcular a relação entre o custo e o benefício antes de escolher um prazo maior.
"Com o alargamento do prazo, as prestações mensais ficam menores, é verdade, mas, por causa dos juros altos, o mutuário corre o risco de pagar muito mais pelo seu imóvel", afirma.
O diretor dá como exemplo (ver quadro) um financiamento de R$ 100 mil para a compra de um imóvel ainda na planta, a ser pago em 168 meses. Neste caso, seriam cobrados juros anuais de 4%, mais a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), atualmente em 9,5% ao ano. "O custo total desse financiamento iria a R$ 465.893,27, cerca de R$ 70 mil a mais do que se o imóvel tivesse sido financiado em 150 meses", calcula Araújo.
Outra mudança na carta de crédito FAT-Habitação diz respeito ao comprometimento máximo da renda familiar familiar com a prestação, que passou de 25% para 30%. Para o diretor da Asmut, "a CEF quer compensar o alargamento dos prazos com um comprometimento maior da renda do mutuário nas prestações mensais".
Enquanto Araújo considera as novas condições das linhas de crédito um mau negócio para a classe média, o gerente de mercado da Caixa, Luis Gustavo Pereira, só vê vantagens nas novas condições do FAT-Habitação. "O financiamento em até 168 meses vai tornar mais fácil o acesso ao crédito, priorizando as famílias que ganham mais de R$ 2 mil e não podem arcar com prestações maiores", explica.
Na opinião de Pereira, as taxas de juros da CEF são baixas, se comparadas às de outras linhas de crédito. Ele lembra ainda que os juros cobrados ao ano ficam inalterados: 4% para os imóveis na planta ou em construção, e 5,5% para os imóveis novos, prontos há até seis meses, além da TJLP.
"Cumulativamente, o mutuário acaba pagando mais, o que só acontece porque ele optou por um prazo dilatado de financiamento" admite. "Por outro lado, as prestações mensais são menores, o que permite que o orçamento doméstico não seja comprometido", conclui Pereira.
Quem pretender um financiamento do programa FAT-Habitação para adquirir um imóvel deve se dirigir a qualquer agência da Caixa, onde passará por uma avaliação de cadastro e risco.
Restituições retidas saem no dia 15
A Receita Federal vai liberar, no dia 15 deste mês, mais um lote residual de restituições do Imposto de Renda Pessoa Física do ano passado (ano-base 2000).
O valor da restituição estará corrigido em 17,97%, referentes à taxa Selic de maio de 2001 a abril deste ano, mais 1% de maio.
Para saber se sua declaração de 2001 foi processada neste lote, o contribui nte poderá, a partir de hoje, às 12h, consultar a lista no site da Receita na Internet ( www.receita.fazenda.gov.br ) ou pelo Receitafone (0300-78-0300).
Nesse lote, foram processadas 178,915 mil declarações, das quais 86,688 mil têm imposto a restituir, no valor de R$ 123,985 milhões. Outros 54,343 mil contribuintes têm imposto a pagar, no valor de R$ 20,696 milhões, e o restante não tem imposto a pagar nem a restituir.
O contribuinte que não informou na declaração o número da conta para o depósito da restituição deverá ir a uma agência do Banco do Brasil ou ligar para 0800-785678.
Artigos
Gigante preguiçoso
Lauro Aires
No último fim de semana peguei meu filho, na inocência de seus 5 anos, cantarolando "acorda, gigante brasileiro", que depois descobri ser o trecho de uma canção ensinada no colégio. Lembrei que eu também cantei algo parecido, e meu pai antes de mim, e meu avô antes dele. Só não consegui precisar desde quando estamos esperando o Brasil acordar, mas sei que faz tempo.
O gigante parece ter sido sedado com um coquetel de valium e lexotan – dose suficiente para deixar as próximas gerações órfãs de sua presença, que aliás nunca foi vista. A grandiosidade dormente do Brasil é um mito. Talvez só exista de fato nos anos de Copa do Mundo ou nos mapinhas do jogo de War. É como um Papai Noel que mantém viva a esperança dos brasileiros.
Nunca fizemos força para ser grandes. Não foi tampouco culpa de individualismo. Os norte-americanos, egoístas-mor, construíram uma sociedade que, mesmo cheia de imperfeições, funciona. Têm noções claras do direito e do espaço de cada um. Tudo fiscalizado por uma Justiça que pune, com rigor, seja rico ou pobre. O que falta ao Brasil é legalismo. Falta respeitar filas, seguir a ordem estabelecida e não passar a vida inteira maquinando a melhor maneira de se dar bem, sempre. A corrupção tem seu embrião nesse comportamento – aceito, praticado e estimulado.
O problema é que não dá para negar a história. Raízes são barra pesada. Entram pela terra e são difíceis de cortá-las. O Brasil já começou errado. Os portugueses chegaram para uma dar uma rapidinha e partir. Não havia pretensão de construir nada por aqui. E esse sentimento foi se perpetuando e contaminou nossa curta história com a cultura do predador – não com a do semeador, como ocorreu nos Estados Unidos.
Hoje, temos de driblar tudo isso e correr atrás. É até engraçada nossa megalomania. Políticos falam no Brasil como um global player (a melhor tradução é ator global) no mercado mundial. Que balela! Respondemos por apenas 1% do comércio internacional. O México, por sua vez, bate nos 3%. Como consolo, temos uma pequena parcela de tecnologia própria, coisa rara no Terceiro Mundo. E, justiça seja feita, devemos isso aos milicos, que, mesmo por vias tortas, cultivavam um pouco do legalismo.
O povo brasileiro é criativo, empreendedor, mas precisa urgentemente banir a mentalidade corrupa. O preço desse modo de agir é pago em várias frentes. Para se ter uma idéia, o déficit público norte-americano foi para as alturas, mas ninguém reclama. Continuam acreditando que os compromissos assumidos por Washigton serão honrados. No Brasil, o buraco é mais embaixo. Teremos de reverter uma desconfiança de cinco séculos. A notícia boa é que o cenário internacional praticamente obrigou os candidatos à Presidência a apostar na valorização do que é nosso. Na criação de riquezas sem depender tanto dos gringos. Mas sem uma grande corrente de educação formal e moral fica difícil acordar o gigante. E isso demora. Quem sabe nossos bisnetos não o verão levantar do berço esplêndido? Nós, com certeza, já estaremos mortos.
Colunistas
CLÁUDIO HUMBERTO
Coelba, o caminho das pedras
Adversários do candidato tucano José Serra vão desenterrar o processo de privatização da Companhia Energética da Bahia (Coelba), na esteira do escândalo Ricardo Sérgio "no limite da irresponsabilidade" Oliveira. O esquema também foi conduzido pelo ex-diretor do Banco do Brasil para atender a tucanos ilustres como Serra. O escândalo ainda não explodiu porque atinge na testa a turma de ACM. A Lunus vai virar trocado.
Três vezes FhC
No almoço de ontem ao presidente da Armênia, no Itamaraty, FhC só abriu o sorriso e entabulou papo animado quando um grupo de deputados puxou o seu assunto favorito: a possibilidade de ele disputar o terceiro mandato. É o que pretende a secretíssima "Operação Roosevelt", em curso no Planalto, numa alusão ao único presidente americano reeleito três vezes.
Óleo de Peroba 2002
O candidato tucano José Serra arrebatou das mãos de Paulo Maluf (aquele que nega ter dinheiro no exterior) o troféu Óleo de Peroba 2002, depois de dizer que há dez anos não fala com Ricardo Sérgio de Oliveira, seu tesoureiro de todas as campanhas. Imagine se eles se falassem.
Festa de Gros reforça...
O líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha (SP), ficou indignado, mas não se surpreendeu com a revelação desta coluna sobre o encontro, no Rio, dia 27, do alto tucanato, no aniversário de Francisco Gros, diretor licenciado do Morgan Stanley. Dois dias depois, esse banco de investimentos inaugurou a série de recomendações negativas do Brasil, alertando para o "risco Lula".
...suspeita de conspiração
O deputado petista João Paulo Cunha diz que tanto o aniversariante, Francisco Gros, quanto o ministro Pedro Malan e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, "são os principais suspeitos de alimentar o terrorismo anti-Lula". Ele lembrou que dias antes do primeiro relatório do Morgan Stanley, Malan e Fraga "foram homenageados em Wall Street".
Pimenta sai
José Serra não gosta do coordenador de sua campanha, ex-ministro Pimenta da Veiga, a quem só chama ironicamente de "gênio". E procura um substituto no Paraná: o tucano histórico José Richa e o governador Jaime Lerner, do PFL, são os mais cotados para o lugar de Pimenta.
Tsk, tsk
Só ontem caíram dois aviões. E a candidatura Serra não decola...
Tudo em casa
Defenestradas da Caixa Econômica Federal logo após a saída de Sérgio Amaral da chefia de comunicação do governo FhC para a embaixada do Brasil em Londres, as agências McCann Erickson e Agnelo Pacheco ganharam as gordas contas do Ministério do Desenvolvimento. Chefiado pelo amigo de sempre, o irmão camarada embaixador Sérgio Amaral.
Cultura útil
Aos estudantes de modo geral, um aviso: Benjamin Franklin foi quem inventou o pára-raios. Benjamin Steinbruch foi quem inventou o raio.
Dama de primeira
Falam tão bem, mas tão bem, do caráter da atriz Patrícia Pillar, que o namorado, Ciro Gomes, ao apresentá-la, não deveria dizer "esta é a minha mulher". Deveria dizer "eis a íntegra".
Disfarça, Parente
Dirigentes da Campanha "Por um Brasil Livre de Transgênicos" serão recebidos hoje pelo ministro Pedro Parente (Casa Civil). Eles querem maior isenção do governo na discussão do tema, principalmente em vista do lobby de fornecedores de sementes geneticamente modificadas.
Apuração dificultada
O juiz federal de Cachoeiro do Itapemirim (ES) negou à Polícia Federal a quebra de sigilo telefônico e o mandado de busca, para checagem de indícios de armação do "atentado a tiros" contra Cláudio, filho da juíza Maria Helena Cisne Cid, corregedora-geral do Tribunal Regional Federal do Rio. O juiz preferiu mandar o processo ao STJ. Pior: pela própria mãe do suspeito.
Carpintaria
Carpinteiros do PFL botam FhC na parede: com serra, não batem o martelo.
Proteção legal
Dirigentes da Organização Mundial da Propriedade Intelectual discutem com representantes das comunidades indígenas nesta quinta, no INPI, no Ri o, os mecanismos de proteção dos conhecimentos tradicionais e formas de inibir a biopirataria. O quadro começa a mudar: 13 advogados índios fizeram o curso sobre marcas, patentes e direitos autorais.
Poder sem pudor
Flamengo contra Getúlio
Opositor ferrenho de Getúlio Vargas, Carlos Lacerda estava em campanha por sua renúncia, em 1954, e foi pedir apoio ao general Canrobert Pereira da Costa, no Rio. O general negou fogo:
– Não vou ajudar a botar tanques na rua, para depois sermos chamados de fascistas, como em 45. Só se mandarem ao Exército moções de toda parte. Todo mundo, inclusive o Clube de Regatas do Flamengo!... – enfatizou.
– Não seja por isso! – exclamou Lacerda, animado.
Saiu dali e conseguiu no Flamengo a moção pedindo a renúncia de Getúlio.
Editorial
POLÍCIA MAIS ATIVA
Pode parecer estranho, à primeira vista, o fato de o comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, coronel Luiz Augusto Penna, oferecer folgas para os policiais que prenderem pessoas com drogas ou armas em flagrante, mas se os resultados forem positivos, não há porque não considerar seriamente a idéia e até estendê-la para outras regiões do Distrito Federal.
As recompensas são pouco usadas no Brasil, mas funcionam bem em outros países. Em Brasília, particularmente, os policiais militares não tinham o hábito de abordar os cidadãos, talvez até pelo passado de uma cidade muito ligada ao poder. Os policiais, humildes, tinham o receio de criar problemas com filhos ou parentes de figurões.
Mas felizmente, o perfil dos policiais mudou, e para melhor. São mais educados, bem-preparados e remunerados. Devem retomar o costume de abordagens, pois é para isso que fazem o policiamento ostensivo. Com educação, nenhuma pessoa de bem vai se sentir constrangida em mostrar seus documentos.
A idéia da recompensa é boa, pois vai estimular o trabalho dos policiais. Mas precisa também do apoio da população. A comunidade é a grande observadora do que acontece, e os cidadãos são os olhos da polícia. Se todos ajudarem, a segurança será cada vez melhor.
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05/08/2002
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