PSDB inicia superexposição para "desencalhar" Serra









PSDB inicia superexposição para "desencalhar" Serra
Tucano vai ocupar a metade dos programas do partido nos Estados

O PSDB decidiu ontem submeter o ministro José Serra (Saúde) a uma superexposição a fim de popularizar a imagem do pré-candidato tucano à Presidência da República e mostrar que ele é "capaz de falar para qualquer público".

Serra vai ocupar a metade dos programas eleitorais do PSDB nos Estados e participar de eventos populares em todo o país.

Entre os próprios tucanos, Serra, que atingiu 7% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha, no início de janeiro, é tido como um político competente, mas professoral, com dificuldade para se comunicar com o eleitor e até antipático.

O PSDB quer mostrar que essa é uma imagem falsa. Prova disso seria a atuação do ministro em eventos em quatro Estados na semana passada. "Vamos expor nosso candidato a todos os segmentos", resumiu o presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP).

A estréia de Serra nos programas estaduais de televisão do PSDB será hoje. Ele vai ocupar metade das inserções de 30 segundos, distribuídas ao longo da programação, do PSDB do Paraná. Segundo José Aníbal, "sem infringir a lei" [que proíbe campanha antes da homologação das candidaturas", Serra será apresentado aos eleitores, mostrando, por exemplo, seu passado de presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes).
Em reunião da Executiva Nacional com presidentes estaduais do PSDB, foi confirmada para o próximo dia 24 a realização de pré-convenção para confirmar a candidatura de Serra.

Ainda ontem, tucanos defendiam o cancelamento da pré-convenção -idealizada para escolha do candidato do partido à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso quando o governador Tasso Jereissati (PSDB-CE) ainda estava na disputa. A partir dessa data, quando Serra já deverá ter deixado o Ministério da Saúde, o candidato passará a viajar pelos Estados em campanha.

Dentro da estratégia de popularizar a candidatura de Serra, o PSDB vai preparar um programa de governo que incluirá obras e projetos regionais. A idéia é que o candidato tenha informações sobre as necessidades de cada município visitado e as soluções possíveis. Para discutir a elaboração de seu programa de segurança, por exemplo, Serra convidou a ex-juíza Denise Frossard, que é filiada ao PSDB e esteve ontem no encontro do partido em Brasília. Ela foi a responsável pela condenação de 14 banqueiros do jogo do bicho no Rio, em 1993.

Tasso
De volta a Fortaleza depois de passar duas semanas no exterior, Tasso afirmou ontem que, se não for mantida a aliança entre PSDB, PMDB e PFL na sucessão presidencial, será muito mais difícil vencer as próximas eleições. "Com a aliança mantida, nós temos uma possibilidade enorme, quase certa, de ganhar as eleições. "Sem a aliança, é muito mais difícil." Ele negou preferir a candidatura de Roseana à de Serra.
"Não estou defendendo ninguém na cabeça de chapa. Claro que prefiro alguém do meu partido. Mas acho que deve ser feito um esforço para manter a aliança. Para isso, é necessário negociar."

Tasso também voltou a elogiar Lula. "Nenhum empresário, nenhum investidor do Brasil teme o Lula", disse. "Vivemos numa sociedade muito mais madura e o Lula mudou, o Brasil mudou."


Governo não é curso de pós, diz ministro
O pré-candidato tucano à Presidência, o ministro José Serra (Saúde), disse ontem que não se pode governar o país como quem faz um curso de pós-graduação, no qual se aprende o trabalho para depois executá-lo. Afirmou que isso ocorreu durante o governo do ex-presidente Fernando Collor e provocou prejuízos.
"Governo no Brasil não pode ser curso de pós-graduação, em que a pessoa vai lá aprender a governar. Isso aconteceu no governo Collor, quando dezenas de pessoas foram aprender a governar. Depois, elas conseguiram ótimos empregos. Só que, enquanto aprendiam [a governar", estragaram o Brasil", disse o ministro.

A estocada é uma indireta aos pré-candidatos Roseana Sarney (PFL-MA) e Ciro Gomes (PPS-CE). A governadora tem aulas particulares de economia, e o ex-ministro da Fazenda faz um curso numa universidade dos EUA.

Serra ironizou as discussões em torno das pesquisas de opinião. Evitando particularizar situações, disse que pesquisas não definem resultado de eleição. "Se pesquisa decidisse, você cancelaria eleição", afirmou, em tom de desprezo. Em seguida, acrescentou: "Se pesquisa decidisse eleição, o Maluf teria sido duas vezes governador de São Paulo, e o Lula, [eleito" três vezes presidente".

Defendendo a participação de candidatos em debates, o presidenciável afirmou que vai "mergulhar" na sua campanha, viajando pelo país. De acordo com o ministro, os candidatos não podem "terceirizar" as discussões.

"Temos de levantar o nível do debate da campanha. Tirar do "tititi", se fulano ligou, se outro falou ou não. É necessário discutir propostas relevantes para o país", afirmou o tucano.


Manutenção da aliança facilita vitória, diz Tasso
De volta a Fortaleza depois de duas semanas no exterior, o governador Tasso Jereissati (PSDB) afirmou ontem que, se não for mantida a aliança entre PSDB, PMDB e PFL na sucessão presidencial, será muito mais difícil vencer as próximas eleições.

"Com a aliança mantida, nós temos uma possibilidade enorme, quase certa, de ganhar as eleições", afirmou. "Sem a aliança, é muito mais difícil."

"Não estou defendendo ninguém na cabeça de chapa. Claro que prefiro alguém do meu partido", disse.


Sem nomes, PFL deve apoiar Alckmin
O PFL deverá apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) para o governo do Estado. Apesar de o martelo ainda não ter sido batido oficialmente pelo partido, os pefelistas entendem que o senador Romeu Tuma, alternativa do PFL na disputa paulista, tem uma chance muito maior se concorrer novamente ao Senado.

A intenção é reforçada por uma pesquisa encomendada pelo partido e obtida pela Folha. No levantamento, realizado pelo Instituto GPP, ligado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Tuma aparece com 6,5% de intenções de voto para o governo e, em contrapartida, com 33,9% para o Senado Federal.
O Instituto GPP ouviu 1.616 pessoas em todo o Estado de São Paulo, nos dias 2 e 3 de fevereiro. A margem de erro do estudo é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos.

O principal desafio do PFL de São Paulo será costurar uma aliança com os tucanos sem prejudicar o projeto nacional do partido, que é a candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, para a Presidência.
O PFL paulista avalia que o governador Geraldo Alckmin, apesar de estar politicamente exposto com os escândalos de segurança pública no Estado, mantém ainda um bom potencial para a disputa.

Pelo levantamento do instituto, realizado após o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, Alckmin aparece com 22,7% dos votos, ficando atrás do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), que obtém 25,6%. Em seguida vêm o petista José Genoino (10,8%), a ex-prefeita Luiza Erundina (6,6%) e o senador Romeu Tuma, com 6,5%.

Em uma das perguntas, os entrevistados foram questionados sobre quem, entre os pré-candidatos ao governo, teria maiores condições, capacidade e coragem de resolver o problema da violência e falta de segurança em São Paulo. O ex-prefeito Paulo Maluf ficou em primeiro lugar, sendo citado por 30,2% dos entrevistados. Em seguida foram citados Romeu Tuma, (17,7%), Geraldo Alckmin (13%), José Genoino (7,4%) e Luíza Erundina (10%).

Presidência
Na disputa nacional, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência, aparece no levantamento em situação de empate técnico com Roseana: 24,6% e 22,7% respectivamente.

O ministro José Serra (Saúde), pré-candidato pelo PSDB, aparece em terceiro com 13,5%, em empate técnico com o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (12,5%).

Ciro Gomes (PPS) aparece com 8,6% e Itamar Franco (PMDB) com 3,6%.


Lula tem almoço secreto com Quércia e Medeiros
Na reunião, em janeiro, foi discutida aliança entre PT, PMDB e PL


O pré-candidato do PT à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva teve um almoço sigiloso em 23 de janeiro com dois grandes ex-adversários políticos: o deputado federal Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP) e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB).

O PT está preocupado com a necessidade de Lula fazer alianças com partidos de centro. Há na cúpula petista a crença de que sem uma coalizão mais moderada a candidatura presidencial de Lula fracassará. O problema é que agremiações como o PL e o PMDB vêm sendo assediadas por vários candidatos -sobretudo pelo governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB).

Por essa razão, Lula aceitou o encontro com os agora ex-adversários. Foi um almoço inédito. O petista nunca havia passado tanto tempo numa conversa amistosa com Quércia e Medeiros.

Organizado a pedido dos três comensais, o almoço só teve mais dois convidados: o anfitrião Tarcísio Tadeu, secretário-geral do PL em São Paulo, amigo de Medeiros e ex-militante do PT, e Paulo Frateschi, presidente do PT em São Paulo e um dos principais articuladores políticos de Lula.

O cardápio incluiu galinha caipira e vinho chileno. Na conversa, nada ficou decidido sobre a formalização da eventual aliança no Estado de São Paulo. Mas houve a explicitação dos interesses de cada parte. Depois de 23 de janeiro, já houve ao menos mais um contato de alto nível entre os participantes, segundo a Folha apurou.
No caso do PT, o sonho da direção é abrir uma grande dissidência no PMDB nacional a favor de Lula. Para viabilizar isso, o partido pretende fechar rapidamente pré-acordos em nível estadual.

Está nos planos do PT obter alianças formais com o PMDB para as disputas dos governos de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás, pelo menos. O partido cogita abrir mão da vaga de candidato ao governo desses Estados ou fazer uma composição com as vagas para o Senado.

"Nossa expectativa é fazer uma grande aliança convergindo para o centro. Qual é o nosso limite? Que os aliados sejam de oposição ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso", diz Paulo Frateschi. "E não é segredo para ninguém que em São Paulo o Orestes Quércia está contra o governo federal", complementa.
O desejo do PT é que Quércia seja candidato ao Senado, ao lado do deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP), que vai disputar a outra vaga. Se isso acontecer, haveria um palanque inusitado em São Paulo, com o ex-governador ocupando um espaço ao lado dos petistas durante os comícios.

Se acertos estaduais desse tipo entre o PT e o PMDB forem possíveis, os petistas acreditam que os dissidentes peemedebistas ficariam mais fortalecidos para enfrentar a cúpula do partido, que é a favor do apoio a candidatos ligados ao Palácio do Planalto.

Quércia ainda não se decidiu sobre o caminho a seguir. Gostaria de fechar o apoio do PMDB de São Paulo a favor de Lula. Mas quer ter certeza de vitória na eleição para o Senado. Para isso, acha necessário que o PT abra mão de concorrer a esse cargo, pavimentando o caminho para sua vitória.

Se não obtiver uma contrapartida que ache razoável do PT, Quércia não descarta apoiar a candidatura de Roseana Sarney (PFL). A única saída que o PMDB de São Paulo descarta, por enquanto, é seguir com o PSDB, que deve ter José Serra como candidato.


Simon critica colegas que negociam alianças
O senador Pedro Simon (RS), pré-candidato do PMDB à Presidência, enviou carta ontem ao presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), pedindo uma convenção extraordinária no próximo dia 3 para definir, em nova votação, se o PMDB terá ou não candidato próprio ao Palácio do Planalto. Ele criticou os colegas do partido que negociam alianças com tucanos e pefelistas.

Ele atacou os líderes do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e no Senado, Renan Calheiros (AL), por apoiarem os pré-candidatos do PSDB e do PFL. "É a negociação do "quem dá mais" e "quem oferece mais". É barganha."

Também criticou o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, por ter editado folhetos, nos quais insinua que o PMDB não possui nomes para disputar o Planalto. Sugeriu ainda que o senador José Sarney (AP) se licencie do PMDB, uma vez que declarou pertencer ao partido da sua filha, Roseana Sarney, pré-candidata do PFL à Presidência.

Simon disse que essas posições enfraquecem o PMDB, colocando o partido na posição de "segunda linha". "Se perder a disputa ou se não vencer a candidatura única, serei um grande derrotado e eu me recolherei à minha insignificância", disse Simon.

Na carta de quatro páginas a Temer, o senador disse que, em setembro de 2001, a convenção do partido decidiu (com 98,7% dos votos) pela candidatura única: "Estou magoado, acho que o PMDB merecia melhor sorte".

O senador Calheiros reagiu às críticas desqualificando a candidatura de Simon. "O PMDB é um partido pluralista que não pode servir de abrigo a egos, ainda mais ao do senador Simon", provocou. "A candidatura deve surgir naturalmente, mas a dele não tem nenhuma viabilidade eleitoral."


Reforma ministerial indica futuro da coalizão de FHC
Indicações devem definir viabilidade da aliança entre PSDB e PFL

O futuro da coalizão que elegeu e reelegeu Fernando Henrique Cardoso pode ser decidido já na reforma que o presidente terá de fazer até abril para substituir 14 ministros que devem disputar as eleições de outubro.
O desafio de FHC é o que fazer com os quatro ministérios da cota do PFL (Minas e Energia, Previdência, Esporte e Turismo e Meio Ambiente) caso a sigla insista na candidatura presidencial da governadora Roseana Sarney (MA).

Se mantiver os pefelistas no governo, FHC sinaliza que joga com duas candidaturas à sucessão, enfraquecendo o esforço do ministro tucano José Serra (Saúde) para fortalecer sua própria pré-candidatura, que ainda enfrenta resistências residuais no PSDB.

Se aceitar os cargos que o PFL prometeu entregar, no entanto, o presidente liquida as chances de reedição da aliança no primeiro turno e sai ele próprio enfraquecido para enfrentar votações no Congresso.

Articulações
FHC articula para manter a base aliada unida. E o PFL procura não fechar a porta para um entendimento. Os ministros da sigla devem entregar os cargos em março. Mas o presidente pefelista, Jorge Bornhausen (SC), depois de dizer que não indicaria substitutos, ontem afirmou que aguarda a decisão de FHC.

Bornhausen conversou ontem à noite com FHC e passou boa parte da tarde reunido com o senador José Sarney (PMDB-AP), pai de Roseana. O pefelista insiste que o critério para a escolha de um candidato da base sejam as pesquisas, nas quais Roseana leva ampla vantagem no momento.

"Não vejo outro [critério"", disse Bornhausen, antes de ir ao Planalto. Na conversa com FHC, Bornhausen defendeu a retomada, em maio, das conversas entre os cinco partidos que integram a aliança. "É importante tentar a convergência em maio, com base no critério do candidato em condições de vencer", disse.

O PFL espera ser informado no final de março da decisão de FHC. Na conversa de ontem com o presidente, Bornhausen disse que procurou estabelecer um "canal direto" para desfazer eventuais atritos que possam surgir no processo de fortalecimento das pré-candidaturas.


Artigos

Intolerância zero
Clóvis Rossi

NOVA YORK - Em muitas esqui nas de Nova York, há um pôster que anuncia prêmio de US$ 10 mil (quase R$ 25 mil) para quem der informações que levem à captura de quem tenha disparado contra um policial.
Só esse detalhe já basta para mostrar o abismo entre as possibilidades de Nova York e as de São Paulo para enfrentar problemas graves (no caso, o da criminalidade).

É óbvio que um policial nova-iorquino deve perceber o prêmio como um colete antibalas adicional. Com tanto dinheiro em jogo, crescem as chances de que seja denunciado (e preso) qualquer um que tente matar policiais.

São Paulo teria dinheiro suficiente para fazer a mesma coisa? Ainda que tivesse, faltaria tudo o mais.
Nos cinco dias de duração do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, desta vez realizado em Nova York, a polícia fez uma tremenda exibição de força -não para conter a criminalidade, mas para evitar que as manifestações de protesto causassem problemas graves.

Aos olhos de quem, como eu, vinha assustado de uma São Paulo sitiada não pela polícia, mas pelo crime, o esquema funcionou como uma espécie de exposição a céu aberto dos recursos aqui disponíveis.

Se alguém no Brasil resolver copiar a famosa "tolerância zero", que teria sido o motor para a redução da criminalidade em Nova York, pode se preparar para jogar no lixo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Não há termo de comparação entre os equipamentos do celebrado NYPD (Departamento de Polícia de Nova York) e o que pode ser posto à disposição dos vilipendiados policiais paulistas (e brasileiros em geral).
Sem contar salários, que são abissalmente diferentes.

O diabo é que, embora norte-americanos e brasileiros sejam igualmente mortais (e sequestráveis), só nos Estados Unidos o governo pode, como faz agora o presidente George W. Bush, desenhar um Orçamento com déficit de US$ 80 bilhões.


Colunistas

PAINEL

Data limite
Tasso Jereissati comunicou ontem a seus aliados que vai esperar a decolagem da candidatura José Serra somente até o fim de maio. Se continuar empacado nas pesquisas, o governador anunciará seu apoio a Roseana e tentará levar consigo o PSDB.

Sem volta
Tasso descarta tentar tomar o lugar de Serra como candidato do PSDB à Presidência. Argumenta que não haveria tempo hábil para se viabilizar eleitoralmente entre junho e outubro.

Trilha aberta
Tasso diz que o apoio dos tucanos para a candidatura Roseana ocorrerá naturalmente, caso ela continue a representar a melhor alternativa para a manutenção do poder. Segundo ele, empresários e banqueiros pularão do barco de Serra para o do PFL antes do que os políticos.

Febre cara
Sarney voltou ontem de Nova York reclamando do azar. O ex-presidente pegou um resfriado e acabou passando quase toda a viagem na cama do hotel: "Fiquei tendo febre em dólar".

Esforço de campanha
Serra telefonou para o publicitário Rui Rodrigues, sócio de Nizan Guanaes, e os convidou para trabalhar em sua campanha. A ligação, feita na sexta-feira, já rendeu um fruto: Rodrigues marcou um almoço entre os três para depois do Carnaval.

Mudança de posto
FHC deverá nomear o secretário da Receita, Everardo Maciel, para o Ministério da Previdência, no lugar de Roberto Brant (PFL). Para bater o martelo, falta ao presidente apenas achar um substituto para Maciel.

Palanque próprio
A saída de Brant do ministério está prevista para 6 de abril, junto com a de outros ministros que disputarão as eleições. Mas poderá ser antecipada em razão do lançamento de sua candidatura ao governo de Minas, hoje.

Aliança ampla
Para fortalecer o palanque presidencial de Ciro Gomes, as cúpulas do PPS, do PTB e do PDT decidiram lançar candidatos a governador em todos os Estados. Dificuldade: convencer os diretórios regionais a desfazer as alianças já negociadas com candidatos de outros partidos.

Barulho à vista
Em SP, por exemplo, o PTB apóia a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) e possui vários cargos na máquina estadual. Líderes paulistas do partido dizem que é mais fácil o PTB desistir da campanha de Ciro Gomes do que abandonar o tucano.

No fígado
Em resposta à reclamação da cúpula do PT sobre o gasto com as prévias (R$ 500 mil), Eduardo Suplicy (PT-SP) sugere a cobrança de R$ 1 dos votantes (cerca de 800 mil) e alfineta: "Para manter o colégio eleitoral, o regime militar também alegava que a democracia era cara".

Sindicalismo de resultados
A Força Sindical, articulada com o ministro Francisco Dornelles (Trabalho), prepara um ato em São Paulo para defender a flexibilização da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Operação abafa
A assembléia da Força Sindical será realizada em 17 de março. Quatro dias antes da greve nacional preparada pela CUT para protestar contra a mudança na legislação trabalhista.

Último da lista
Pedro Parente (Casa Civil) pediu ajuda das associações dos juízes federais (Ajufe) e dos magistrados (AMB) para mudar o funcionamento das agências reguladoras. "Descobriu" que o consumidor não tem participação nas agências -tendo de recorrer ao Judiciário.

Visita à Folha
O professor José Marques de Melo, diretor das Fiam (Faculdades Integradas Alcântara Machado) e presidente da Associação Ibero-Americana de Comunicação, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

Do deputado federal Vivaldo Barbosa (PDT-RJ), sobre o apoio de Leonel Brizola (PDT) à candidatura presidencial de Ciro Gomes (PPS):
- Ciro não é o caminho mais coerente para o PDT.

CONTRAPONTO

Vias de fato
O ex-governador do Rio Leonel Brizola (PDT) foi procurado em seu apartamento, há dez dias, pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e pelo prefeito do Rio, Cesar Maia.
O tema oficial da visita era a política nacional. Durante quase uma hora, porém, Brizola e Bornhausen ficaram falando sobre o apartamento do líder pedetista, comprado por ele de um irmão do senador catarinense.
Somente no final da conversa os pefelistas tocaram num dos principais motivos da visita. Ao comentar a disputa presidencial, pediram que Brizola "não batesse" na governadora Roseana Sarney (MA) durante a campanha. "Bater", no "politiquês", significa fazer críticas.
O ex-governador respondeu rápido:
- Podem ficar tranquilos. Eu sou um cavalheiro, jamais bateria numa mulher...


Editorial

SEQUESTRO DE “ESQUERDA”

O desdobramento do sequestro do publicitário Washington Olivetto será um teste para a maturidade da esquerda no Brasil. Está em jogo a superação ou não de velhas práticas políticas que não se coadunam com a ordem democrática. O Partido dos Trabalhadores, os seus satélites ideológicos e a assim chamada ala "progressista" da Igreja manterão o lamentável "script" da peça representada no caso da extradição dos sequestradores de Abílio Diniz? O eleitor que vai decidir como será seu voto em outubro tem o direito a uma resposta clara.

Faz pouco tempo que o último ato daquela farsa foi encenado. No dia 2 de julho de 1999, partiam para seus países os irmãos Humberto e Horacio Paz, sequestradores argentinos de Diniz que estavam presos no Brasil desde 1989. Encerravam um ciclo de repatriações que começara em novembro de 1998 com a saída de dois canadenses e prosseguira, em abril, com a transferência de cinco chilenos da mesma quadrilha.

Foi o resultado de uma pressão obsessiva de luminares do PT e da Cúria Metropolitana de São Paulo. A ação deu ressonância à tática chantagista dos sequestradores de empreender greve de fome, fato diante do qual o governo federal se acovardou e cedeu. Destacaram-se na cruzada "humanista" em favor de bandidos o senador Eduardo Suplicy, Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Luiz Greenhalgh. Os primeiros disput am, atualmente, a indicação para concorrer à Presidência pelo PT. O terceiro não perde oportunidade de aparecer sob holofotes no acompanhamento dos inquéritos sobre os assassínios brutais de dois prefeitos petistas.
A miséria argumentativa desses setores concebeu que o crime havia sido "político" e, portanto, merecia tratamento diferenciado. Mas foi um crime comum o sequestro de Diniz, segundo a correta interpretação do Judiciário brasileiro. Crime comum também cometeram os sequestradores de Olivetto, a despeito da ideologia, da nacionalidade dos bandidos e do propósito alegado para o destino que dariam ao dinheiro do resgate. Ambos os casos são fruto da transição, em estágio avançado na América Latina, de antigos grupos guerrilheiros para a criminalidade comum.

O que parece ter havido, sob o pretexto do "crime político", foi a manifestação tardia de um desejo recalcado: o da solidariedade internacional entre as esquerdas revolucionárias. O caso Olivetto está aí para testar se o petismo e os seus seguidores superaram de vez esse vício de origem.


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02/06/2002


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