PT decide exibir diferenças entre Tarso e Olívio
PT decide exibir diferenças entre Tarso e Olívio
Objetivo é mostrar candidato mais capaz de dialogar
O PT gaúcho decidiu ontem que vai explicitar as divergências entre seu candidato no segundo turno estadual, Tarso Genro, e o governador Olívio Dutra, também do partido. O PT, que governa o Estado desde 1998, ficou em segundo lugar no domingo.
O partido tem no Rio Grande do Sul uma de suas bases mais dividas em correntes internas. Tarso só foi escolhido candidato após derrotar Olívio, cujo governo enfrentava uma série de acusações, em prévias concorridas.
A reunião de ontem começou às 14h e reuniu cerca de 150 pessoas em assembléia. Ficou decidido que Tarso irá se apresentar como um candidato mais capaz de dialogar com as forças políticas do Estado do que foi Olívio. Uma das maiores críticas ao governador foi o fato de ele ter permitido a ruptura de sua base de apoio, perdendo peso na Assembléia Legislativa e, consequentemente, a possibilidade de negociar bem a aprovação de projetos do Executivo.
Facilitaria a Tarso, caso ganhasse, o fato de a bancada governista ter passado de 12 deputados (11 do PT e uma do PC do B) para 14 (13 do PT e uma do PC do B), além de dois do PSB, aliado regional que estava sem deputados.
Um dos focos dessa nova postura será tentar recuperar o apoio do PDT no Estado, que terá sete deputados estaduais. Hoje deverá haver a primeira conversa com o presidente nacional do partido, Leonel Brizola. De todo modo, o petista não faria maioria na Assembléia, que tem 55 cadeiras.
A resistência maior na reunião esteve com a DS (Democracia Socialista), do vice-governador Miguel Rossetto, que concorre para o mesmo cargo na chapa de Tarso. A DS, facção majoritária no Estado, quer mais visibilidade para as conquistas do governo.
A reivindicação deverá ser atendida, mas as autocríticas sobre os quatro anos de governo também terão seu espaço.
""Queremos unir o partido. O governo de Olívio foi muito bom, mas operou com dificuldades, inclusive em razão de um forte cerco político ao qual foi submetido. Não entro em pormenores quanto a posições de tendências, mas queremos o melhor para todo o PT e para o Estado", disse José Eduardo Utzig, coordenador da campanha de Tarso.
Tarso não deu entrevistas ontem, mas já havia deixado claro dois pontos que mudariam em relação ao governo Olívio: o ""governo mais amplo" e uma alteração na política macroeconômica, uma vez que o governador é acusado por adversários de afugentar empresas grandes do Estado.
Olívio, no discurso oficial, concorda com a tese de que haverá avanços com Tarso. Diz que ""colocou as estacas" e que já fizera isso na primeira administração petista em Porto Alegre. Quem o sucedeu na prefeitura foi o próprio Tarso, em 1992.
Nenhum dos dois lidera facções majoritárias no PT, mas são os nomes fortes do partido no Estado. Tarso pertence ao grupo Rede, e Olívio é independente.
Bernardi com Rigotto
Vencedor do primeiro turno com 41,17%, contra 37,25% de Tarso, Germano Rigotto (PMDB), recebeu ontem apoio de Celso Bernardi, candidato do PPB que ficou em quarto lugar com 6,2% dos votos.
O apoio já era esperado. Rigotto também conta com a declaração de voto e apoio de Antônio Britto, ex-governador que chegou a liderar a disputa pelo PPS, mas que acabou em terceiro lugar na corrida do primeiro turno, com 12,3%.
PSB se divide entre apoio a Lula e a Serra
Apesar da determinação da sigla de se aliar ao petista, 7 diretórios regionais preferem o tucano e outros estão divididos
O PSB chega ao segundo turno rachado. Mesmo com o apoio formal a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve ser anunciado amanhã, depois da reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília, sete diretórios regionais ainda preferem José Serra (PSDB). Segundo integrantes da campanha de Anthony Garotinho, estão neste caso Goiás, Santa Catarina, Paraíba, Espírito Santo, Piauí, Amazonas e Mato Grosso.
Outros onze diretórios estão fechados com o PT: Bahia, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Pernambuco, Ceará, Pará, Amapá, Tocantins, Acre, Alagoas e Distrito Federal. Nos três maiores colégios eleitorais do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio), os socialistas estão rachados. Nos seis Estados restantes, o partido ainda não tomou decisão.
Hoje no Rio o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, se reunirá com o candidato derrotado do partido a presidente e sua mulher, a governadora eleita Rosinha Matheus, para discutir a posição do partido no segundo turno.
O casal, principalmente Rosinha, tem se mostrado resistente a subir no palanque de Lula, embora declare seguir a decisão do partido. A governadora eleita tem dito que não se sente muito à vontade em defender uma aliança com Lula, principalmente por causa do PT do Rio, que, segundo ela, é "muito raivoso".
"Rosinha realmente tem dificuldade de apoiar o PT, até pela campanha eleitoral do Rio [disputada contra a governadora Benedita da Silva, do PT", que foi muito disputada. Mas isso é um processo que vamos superar", afirmou o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, responsável pelas negociações com o PT, ao lado de Arraes.
Garotinho, que no Rio teve no primeiro turno o apoio formal do PPB e, informalmente, do PL, tem condicionado a aliança com Lula ao abandono por parte do petista de parcerias feitas com políticos conservadores cita o senador José Sarney (PMDB-AP).
Prefeitos
Ele já anunciou a aliados no Rio que não irá se opor aos prefeitos que não seguirem a orientação do partido de apoio a Lula. Dos 75 prefeitos que apoiaram Rosinha, 42 são do PSB, 22 do PPB e o restante de outros partidos. A maioria é contra o apoio ao PT.
"Muitos prefeitos ficaram com ele Garotinho", mas muitos têm problemas com o PT nas cidades onde governam. Ele tem falado que não vai intervir", afirmou o prefeito de Piraí, Luiz Fernando Pezão (PSB).
Embora reconheça que seguirá a decisão nacional do PSB, Pezão critica a falta de diálogo com o PT.
"Eles [o PT" deveriam estar neste momento procurando os prefeitos, mas isso não está acontecendo. Está todo mundo se queixando. Enquanto isso, o pessoal do Serra está em cima. O ex-ministro Francisco" Dornelles está ligando para todo mundo, é um articulador que tem peso", disse.
Além de Piraí, Lula não deverá encontrar apoio dos prefeitos socialistas de Barra Mansa, Roosevelt Fonseca, e Angra dos Reis, Fernando Jordão, que derrotaram o PT nas eleições de 2000.
"Minha situação é difícil, porque o PT foi governo 12 anos em Angra e eu o tirei da prefeitura. Minha tendência é ficar neutro", disse Jordão. Em Miguel Pereira, o prefeito Fernando Pontes (PSB) quer distância de Lula. "Para eu ser PT, só na outra encarnação. Com Lula, não há hipótese. Mesmo que o partido mande apoiar, não apóio. Se o partido liberar, minha tendência é mesmo ir com o Dornelles e o Serra."
Bancada do PT cresce mais de 50% e será a maior da Câmara
O PT aumentou em mais de 55% o número de seus deputados federais e terá a maior bancada da Câmara na próxima legislatura.
Os partidos que hoje fazem oposição ao presidente Fernando Henrique Cardoso aumentaram suas bancadas, na média, em 40%. Os principais partidos de oposição (PT, PL, PC do B, PSB, PPS e PDT) vão crescer de 134 para 187 deputados federais.
Hoje, o PT tem a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados, com 58 integrantes é um partido médio, em termos de congressistas. Na próxima legislatura, o partido terá 90 deputados federais (aumento de 55,2%).
A eleição de 90 deputados federais superou as expectativas dos próprios petistas. No final de setembro, eles falavam na eleição de 70 a 75 parlamentares. Apenas os mais otimistas se arriscavam a dizer que , talvez, o partido conseguiria eleger uma bancada de 80 deputados federais.
Os outros partidos que apoiaram a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República também tiveram suas bancadas aumentadas.
O PL cresceu de 22 para 26 deputados e já é sondado por parlamentares de outros partidos, que pensam em se filiar à legenda no caso de Lula ser eleito presidente da República.
O PC do B, que hoje tem dez deputados federais, elegeu 12. Até o PMN, que também apoiou Lula, conseguiu eleger um deputado não tinha nenhum.
Ao todo, os quatro partidos terão 129 dos 513 deputados pouco mais de 25% do total da Casa.
Garotinho, Ciro e Serra
Outro partido que registrou crescimento foi o PSB, de Anthony Garotinho. Com 16 deputados na atual legislatura, o PSB elegeu 23 para a próxima.
Mas o partido corre o risco de perder pelo menos a deputada Luiza Erundina, eleita por São Paulo. Ela apoiou Lula já no primeiro turno e se recusou a pedir votos para Garotinho na televisão -por isso não teve acesso ao horário eleitoral gratuito.
A bancada da Frente Trabalhista, composta por PPS, PTB e PDT, que apoiou a candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência, praticamente não alterou sua bancada. Juntos, os três partidos têm 61 deputados e elegerão 62.
O PTB perdeu com a aliança, enquanto o PPS e o PDT ganharam. O partido que indicou Paulo Pereira da Silva (PTB-SP) para vice de Ciro terá sua bancada reduzida em sete deputados. Hoje, o partido tem 33 parlamentares, mas só elegeu 26. Por outro lado, o PPS vai crescer de 12 para 15 deputados e o PDT, de 16 para 21.
Os partidos que apoiaram a candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência sofreram redução de suas bancadas. O PSDB, que hoje tem 94 deputados federais, elegeu 71. E o PMDB vai passar dos atuais 87 para 74.
Juntos, os dois partidos têm hoje 181 deputados federais e somente irão eleger 145 -uma redução de quase 20%. Mesmo assim, eles ainda têm 28% da Casa.
Partidos neutros
Sem apoiar institucionalmente nenhum candidato à Presidência, o PFL e o PPB tiveram pequenas reduções em suas bancadas.
Os pefelistas, que compõem a maior bancada da Câmara na atual legislatura, com 98 deputados federais, elegeram 84 para o próximo quatriênio. Sozinho, o partido detém mais de 16% dos votos da Casa.
O PPB teve sua bancada reduzida dos atuais 53 deputados para 49 na próxima legislatura.
Três partidos que atualmente estão sem representação na Câmara conseguiram eleger um número significativo de parlamentares. O Prona elegeu seis, o PV, cinco, e o PSD, quatro.
Todos os eleitos do Prona se valeram da votação de Enéas Carneiro, que recebeu mais de 1,5 milhão de votos em São Paulo.
A eleição dos deputados do PV decorre principalmente da campanha que o partido fez no horário eleitoral gratuito pelo voto de legenda.
Além do PMN, PSC e PSDC conseguiram eleger um deputados hoje, eles não têm nenhum.
Entre os partidos nanicos, a maior redução de bancada é do PSL: dos atuais cinco deputados para apenas um: o mineiro Lincoln Portela.
PHS e PTN não estarão representados na Câmara dos Deputados no início do ano que vem. Os deputados Roberto Argenta (PHS-RS) e José de Abreu (PTN-SP) não foram reeleitos e são os únicos representantes de seus partidos na Câmara.
O deputado Fernando Zuppo, eleito em 1998 pelo PDT paulista, está atualmente sem partido e não concorreu às eleições.
O levantamento, feito pela Folha, de como ficará a distribuição das cadeiras na Câmara dos Deputados leva em conta resultados finais divulgados por TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) em 23 Estados.
Em Sergipe e Tocantins, os TREs ainda não haviam divulgado a relação dos deputados eleitos até o fechamento desta edição. Em São Paulo e no Distrito Federal, a apuração dos votos não havia terminado até as 20h de ontem. Nos dois casos, a reportagem calculou a provável bancada dos partidos, com base nos critérios definidos pela legislação eleitoral.
Rosinha deve usar nomes de Garotinho
Secretários que já fizeram parte do governo do marido podem compor futura administração
A tendência do governo de Rosinha Matheus (PSB) no Estado do Rio é aproveitar no secretariado muitos nomes que fizeram parte da administração de seu marido, Anthony Garotinho.
De acordo com o que pregou o tempo todo durante a campanha, Rosinha quer dar ao eleitorado a impressão de uma continuidade ao governo Garotinho. Ela mesma atribui sua vitória nas eleições a essa suposta vontade da população do Rio.
Como a idéia é dar continuidade ao governo Garotinho, os executivos que foram bem-sucedidos na antiga administração devem voltar, avalia um dos principais colaboradores das campanhas de Rosinha, ao governo, e de Garotinho, à Presidência da República.
Nomes como o de Wagner Victer, coordenador do programa de desenvolvimento econômico de Rosinha, e de Jayme Cardoso, principal coordenador da campanha da governadora eleita, são dois dos mais cogitados para compor o novo governo.
Victer, que foi secretário de Energia na administração de Garotinho, poderá voltar a ocupar a antiga pasta ou a de Desenvolvimento Econômico. Cardoso também deverá voltar para seu antigo cargo, o de secretário estadual do Trabalho.
Além deles, Christino Áureo, antigo secretário de Agricultura, e Rodrigo Silveirinha Corrêa, que ocupou a vaga de subsecretário de Administração Tributária, são dois antigos colaboradores de Garotinho que têm grandes chances de exercer cargos públicos na administração de Rosinha.
Segundo a Folha apurou, o destino dos dois seria a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Outros integrantes da equipe de Garotinho que não conseguiram se eleger deputados também estão cotados para ser chamados.
É o caso do antigo chefe da Polícia Civil, delegado Álvaro Lins, apontado para ocupar a Secretaria de Segurança Pública. "Ainda não fui convidado, mas eu sou soldado, estou aqui à disposição da nova governadora."
Luís Rogério Magalhães, ex-secretário executivo, e Hugo Leal, ex-secretário de Administração, também se encaixam nesse perfil, por serem considerados fiéis colaboradores da família Garotinho.
Outros, mesmo eleitos, também estão sendo sondados para compor o secretariado, como o coronel Josias Quintal, ex-secretário de Segurança Pública.
Quintal também é cogitado para a Secretaria de Segurança. O fato de ele ter sido eleito deputado federal significa, segundo colaboradores de Rosinha, que seu trabalho tem o aval da população.
Ainda não há uma definição quanto à participação do PMDB, que fez a maior bancada na Assembléia Legislativa (12 deputados), na nova administração, como aconteceu no governo de Garotinho. O PMDB apoiou a candidata do PFL, Solange Amaral, ao governo do Estado.
Se a base de apoio ao governo Rosinha na Assembléia ficar comprometida, poderá haver entendimentos, segundo a Folha apurou.
Rosinha visitou ontem o município de São José do Ubá, no noroeste fluminense, que fica a 280 km da capital. Ela cumpriu uma promessa feita no início da campanha: a de visitar a cidade onde obtivesse o maior percentual teve 89% dos votos válidos.
Aliados de governador pefelista conseguem maioria em bancadas
A coligação "União do Tocantins", comandada pelo governador Siqueira Campos (PFL-TO), elegeu quase toda a bancada federal do Estado -sete dos oito deputados- e 18 dos 24 deputados estaduais. A renovação na Assembléia Legislativa chegou a 50%, porém a divisão de forças políticas no Estado foi mantida.
A coligação elegeu ainda Marcelo Miranda (PFL-TO), afilhado político de Siqueira Campos, para o governo e os dois senadores, João Ribeiro (PFL) e Leomar Quintanilha (PFL).
O PMDB, que no Tocantins é oposição ao governador, elegeu apenas um deputado federal Osvaldo Reis-, que fez campanha ao lado dos candidatos da coligação governista e deve deixar o partido, e quatro deputados estaduais. Depois de 14 anos da criação do Tocantins, o PT elegeu seu primeiro deputado estadual, José Santana. A sexta vaga da oposição ficou com o PPS.
Segundo o presidente do PMDB no Estado, Igor Avelino, a sigla irá se manter na oposição.
Em 1998, o partido elegeu seis deputados, mas quatro deixaram a sigla durante o mandato e atualmente são aliados da coligação governista. Um deles, o deputado Júlio Resplandi, vota com a bancada governista. A única deputada que permaneceu na oposição, Josi Nunes (PMDB), foi reeleita.
O apoio de Siqueira Campos ao candidato governista à Presidência, José Serra (PSDB), deu ao tucano uma votação acima da média nacional no Estado, atingindo 33,82% dos votos, mas não foi suficiente para superar a votação do candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, que teve 225.291 votos ou 43,1%.
A apuração dos votos no Tocantins foi encerrada por volta das 3h de ontem, depois da recontagem dos votos de 40 urnas que tiveram problemas em zonas eleitorais de Palmas e Gurupi e precisaram usar cédulas de papel. No Estado, 543 seções tiveram voto impresso.
Segundo Francisco Martins, secretário de Informática do TRE-TO (Tribunal Regional Eleitoral), houve problemas na operação das urnas eletrônicas pelos mesários ao informar ao sistema os casos de votos em cédulas de papel.
Depois de 100% das urnas apuradas, Miranda teve 60,6% dos votos válidos e confirmou a eleição no primeiro turno. O deputado Freire Júnior (PMDB), seu adversário, teve 33,74%, Aldenor Lisboa (PT) recebeu 3,23% e Sargento Fernandes (PSB) teve 1,82%. A abstenção no Estado chegou a 20,60%.
Petista tenta repetir alianças de Lula para superar Joaquim Roriz
A estratégia do candidato do PT ao governo do Distrito Federal, Geraldo Magela, para tentar vencer o governador Joaquim Roriz (PMDB) no segundo turno é repetir a mesma aliança que está sendo planejada no plano nacional para o presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva.
Agora a campanha de Magela terá o reforço da direção nacional do PT e os programas do horário eleitoral gratuito terão ajuda de integrantes da equipe do marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula. Mendonça foi o responsável pela campanha de Roriz em 1998.
Roriz provavelmente não conseguirá trazer para o seu palanque o presidenciável José Serra, do PSDB, partido coligado ao PMDB. A Folha apurou que os tucanos não querem associar a imagem de Serra à de Roriz devido às acusações que envolvem o governador em um suposto esquema de grilagem de terras.
Magela obteve ontem o apoio formal do PPS e buscará uma aproximação com o PSB. Com 99,16% dos votos apurados, Magela obteve 40,89% dos votos válidos contra 42,94% de Roriz.
Já Roriz não deve conseguir ampliar a base de apoio para o segundo turno, que atualmente conta com PSDB e PFL. Ontem, ele se reuniu com assessores e candidatos eleitos em sua coligação para planejar a campanha para o segundo turno e tentar reverter o desânimo dos aliados, que esperavam vitória no primeiro turno.
Já Magela, além dos candidatos locais, disse que tentará trazer para seu palanque Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB). O candidato pretende reverter o bom desempenho de Ciro e Garotinho no DF em votos para sua candidatura. O candidato do PPS ao governo do DF, Carlos Alberto, que declarou apoio a Magela ontem, disse que convidará Ciro para participar de comícios juntamente com Magela.
Em 1998, Ciro apoiou Cristovam Buarque (PT) no segundo turno também contra Roriz.
A participação de Garotinho deverá ser costurada por Benedito Domingos, que disputou o governo pelo PPB e que também apoiará Magela. Garotinho e Domingos são evangélicos e fizeram campanha juntos em Brasília.
O Tribunal Superior Eleitoral negou ontem pedido de Roriz para que o voto impresso não seja usado no segundo turno no DF. Roriz diz que o voto impresso prejudicou sua votação porque confundiu as pessoas mais humildes, seus principais eleitores.
Artigos
Não é Suíça, mas melhorou
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - O governador reeleito de Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), tem razão: a derrota de Fernando Collor, já no primeiro turno, é uma medida profilática adotada pelo eleitorado, mas não significa que Alagoas tenha virado uma Suíça.
O Brasil tampouco virou uma Suíça depois das eleições de domingo, mas deu, sim, motivos para o entusiasmo expresso no "Painel do Leitor" de ontem por Homero Benedicto Ottoni Neto, Kendi Sakamoto, Rogério Mendonça de Andrade e Mauro Cezar Rodrigues.
Examinemos três Estados, justamente os mais importantes.
São Paulo mostra uma dupla mudança. Primeiro, parece ter cravado a estaca de madeira definitiva no peito dos remanescentes de um jeito de fazer política arraigado no Estado, que só variava de nome (janismo, adhemarismo, malufismo, quercismo).
Segundo, começa a entronizar uma nova geração no poder. Saem de cena (ou saíram, por morte) os nomes ligados a 1964 (contra ou a favor) e chegam os que eram então jovens demais para ter o regime militar como divisor de águas.
Geraldo Alckmin e José Genoino representam essa mudança. Eu sei que Genoino também é homem de 1964 (contra, claro), mas toda a sua vivência pós-luta armada fora no Parlamento até agora. Oferece-se, pela primeira vez, como gestor. É, pois, novidade também.
Minas Gerais estava órfã de um líder de dimensão nacional desde a morte de Tancredo Neves. Itamar Franco foi presidente, é verdade, mas murchou por inapetência ou por excesso de hesitação. Aécio Neves pode preencher o vazio, se governar direito, além de também representar mudança geracional.
O Rio é mais complicado, porque a nova geração (os Garotinho, marido e mulher) é herdeira da tradição populista. Mas desaparece um dos eixos principais (Leonel Brizola) em torno do qual girava a política eleitoral carioca (contra e a favor).
Colunistas
PAINEL
Palanque à direita
Lula telefonou ontem para Romeu Tuma (PFL), reeleito ao Senado em SP com 7,2 milhões de votos, e pediu seu apoio no segundo turno. José Alencar (PL) e Aloizio Mercadante (PT) também ligaram para o pefelista.
Meio caminho
Lula disse a Tuma que gostaria de tê-lo em seu palanque. O senador, descontente com a falta de apoio de Serra e de Alckmin em sua campanha, respondeu que aguardará a posição do PFL. Caso o partido não feche questão em favor do tucano, aceitará se reunir com o comitê de Lula.
Mito da esquerda
Lula obteve 83% dos 200 votos válidos em Cuba. Proporcionalmente, é maior do que a votação que o candidato petista obteve em todas as capitais do Brasil.
Tempo de sobra
Derrotado na eleição para o Senado em MT, Dante de Oliveira decidiu retomar o livro sobre as Diretas-Já que estava escrevendo com o ex-deputado Domingos Leonelli. O tucano, que chegou a se lançar para a Presidência, também pretende criar um centro de estudos políticos.
De raspão
Raul Jungmann (PMDB), outro que chegou a se dizer pré-candidato à Presidência, conseguiu por pouco uma vaga na Câmara. O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário foi o penúltimo mais votado em PE entre os 25 candidatos eleitos.
Cláusula de barreira
Brizola mandou o seguinte recado ao PTB: se o partido não apoiar Lula, não sairá a fusão com o PDT. Parte do PTB quer apoiar Serra. Outra, Lula. A tendência é que a sigla fique neutra.
A última profecia
Duda Mendonça teve de pagar ontem apostas que fizera com petistas sobre o resultado do segundo turno: o marqueteiro achava que Ciro, e não Serra, seria o adversário de Lula.
Medo tucano
Acionado por Serra, Francisco Dornelles (PPB) procurou Garotinho com a seguinte proposta: se não pode apoiar o candidato do PSDB, que ao menos fique neutro na disputa com Lula. Depois da conversa, o ex-governador fez chegar ao PT que deseja indicar dois ministros.
Derrota capital
Serra ficou em terceiro lugar nas capitais, que representam 24% do eleitorado nacional, O tucano teve uma média de 15,9% dos votos (contra 19,5% de Garotinho e 51,1% de Lula). Foi o interior do país que levou o senador ao segundo turno.
Mera coincidência
Lula ganhou em todas as capitais de Serra, mas as duas melhores votações do tucano foram obtidas em cidades administradas pelo PT: Porto Alegre (31,5%) e São Paulo (30,7%).
Vocação
Roberto Jefferson (PTB-RJ), que permaneceu fiel a Collor até o impeachment, também foi com Ciro até o fim. No ocaso da campanha, Ciro foi abandonado por PDT, parte do PPS e até por amigos, como Mangabeira Unger. Mas Jefferson ainda levou Ciro para caminhadas no Rio.
Onda fiel
A bancada evangélica na Assembléia do Rio de Janeiro já é o maior "partido" da Casa, com 17, dos 70 deputados estaduais.
Dores de cabeça
A certeza era tanta no comitê de Paulo Maluf de que ele passaria para o segundo turno em SP que os valores foram acordados com fornecedores e funcionários num planejamento só, para as duas fases. A campanha tenta agora renegociá-los.
A contragosto
O PSTU tende a declarar "voto crítico" a Lula. Não pedirá cargos nem aceitará integrar eventual gestão petista. O partido, que obteve 401 mil votos na sucessão de FHC (0,5%), acha que o PT fará um governo sem rupturas com o modelo econômico. O anúncio deve sair na segunda.
TIROTEIO
De Waldir Pires (PT-BA), sobre o apoio de ACM a Lula:
- O senador apenas mantém sua coerência política, a de aderir àqueles que têm amplas possibilidades de ganhar, só para tentar permanecer no poder.
CONTRAPONTO
Ao vivo
Dias atrás, o secretário do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Fernando Leça, concedeu uma entrevista, por telefone, a uma emissora de rádio do interior do Estado.
Leça falava sobre os quatro anos do programa Banco do Povo, que concedeu R$ 60 milhões em financiamentos para micro e pequenas empresas no período.
No meio da conversa, a jornalista quis saber se o fundo financiava também prostitutas.
Embaraçado com a pergunta, Leça respondeu que sim, desde que o projeto fosse aprovado.
E esclareceu:
- Só é preciso saber se o projeto se encaixa como atividade produtiva...
Logo depois, a entrevista acabou. Um assessor virou-se para o secretário e comentou, rindo:
- Secretário, o senhor me desculpe, mas eu acho que se encaixa mais como atividade reprodutiva...
Editorial
GUARDAR RESERVAS
É bem-vinda, embora tardia, a decisão do Banco Central de criar mais dificuldades para a especulação com o dólar. Anunciada na segunda-feira, a medida obriga os bancos a ampliar em até 50% o capital que garante suas operações com dólares. Para se enquadrar às novas normas, eles terão de combinar duas medidas: reforçar esse capital ou reduzir suas operações em dólar. Como essa segunda opção tende a ser mais cômoda, espera-se que a oferta de dólares aumente, atuando como fator de contenção do seu preço.
Ontem, no primeiro dia de vigência da nova norma, a cotação do dólar caiu apenas 0,13%. Alguns esperavam que a medida tivesse impacto mais forte. Mas cabe a ressalva de que o prazo para que os bancos se ajustem é de cinco dias úteis.
É possível, até, que a medida anunciada na segunda-feira acabe por se revelar pouco eficaz. Nem por isso ela é condenável. Pelo contrário: se for verificada sua ineficácia, o que caberia seria conceber e implementar novas medidas voltadas a restringir o raio de manobra dos investidores para especular com o dólar.
A atual conjuntura tem sido propícia a movimentos especulativos. A cotação do dólar nos dias que antecederam grandes resgates de títulos públicos atrelados ao câmbio definiu o valor pelo qual o BC os resgatou. Pois nesses dias o dólar teve alta forte, revertida logo a seguir. Lucraram, e muito, com a alta transitória os detentores dos títulos. Os cofres públicos sofreram sacrifício injustificável.
Conter a alta do dólar e limitar a volatilidade da sua cotação são importantes objetivos imediatos da política econômica. Mas o BC não deve recorrer à venda maciça de dólares no mercado à vista para alcançar esses objetivos, sob pena de reduzir em demasia seu estoque de reservas e colocar-se em situação ainda mais delicada caso a escassez de dólares se prolongue. Por isso deveriam ser reforçados os instrumentos que ajudem a disciplinar o mercado de câmbio sem sacrificar as reservas.
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10/09/2002
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