Tarso derrota Olívio por 983









Tarso derrota Olívio por 983
O partido deve oficializar no final da tarde de hoje o resultado das eleições internas que definiram o candidato ao Piratini

Com uma vantagem de 983 votos, o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, derrotou o governador Olívio Dutra na prévia do PT e será o candidato da situação ao governo do Estado em 6 de outubro. Às 3h25min de hoje, a apuração foi concluída e indicou a vitória de Tarso por 18.076 votos contra 17.093 de Olívio. Foram 205 votos nulos e 198 brancos.

Computados 35.572 votos, Tarso teve 51,4% dos votos válidos e Olívio, 48,6%. O resultado oficial será anunciado no final da tarde de hoje, com a presença dos dois candidatos, depois de avaliados os pedidos de impugnação. Os votos sub judice não alteram o resultado, anunciado às 3h37min pelo presidente do PT, David Stival.

Desde o final da noite de domingo, os militantes que apoiaram a candidatura de Tarso comemoravam a vitória. Passavam poucos minutos da meia-noite quando Tarso deixou a sede do diretório estadual do PT – que centralizava informações sobre a apuração no Estado – aclamado como vencedor. Pouco antes, sob os gritos de “Tarso, Tarso” e “Brasil urgente, Lula presidente”, o prefeito fez um breve discurso aos simpatizantes. – Esta prévia, que nossos adversários apostavam que ia nos desmantelar, demonstrou a maturidade de um partido forjado na luta – disse.

A partir de agora, o desafio do PT será cicatrizar as feridas da prévia, cuja campanha foi marcada por agressões entre os cabos eleitorais e coordenadores das campanhas dos dois candidatos. A preocupação com o risco de incidentes entre os militantes se revelou exagerada, já que nenhuma ocorrência significativa foi registrada, mas a adesão do grupo perdedor à campanha de Tarso depende de uma costura política a ser iniciada já nesta segunda-feira.

O deputado federal Henrique Fontana, que apoiou Olívio, sintetizou o discurso em busca da unidade: o adversário do PT está do outro lado, e contra ele todas as forças do PT devem se unir. Fontana disse que o PT gostaria de enfrentar o ex-governador Antônio Britto. Aliada de Tarso, a deputada estadual Maria do Rosário reconheceu que houve excesso de militantes e dirigentes partidários dos dois lados, mas os militantes se comportaram de forma exemplar.

O Piratini deverá avaliar a partir de hoje os efeitos da derrota do governador na administração estadual. A cúpula do governo manteve o otimismo até o final e tentou vender a idéia de que não havia razões objetivas para os petistas escolherem Tarso Genro. O vice-governador Miguel Rossetto, por exemplo, dizia que a renúncia de Tarso na prefeitura só se justificaria se o governador vivesse uma crise que indicasse sua derrota na eleição. Uma semana antes da prévia, Rossetto garantia que não haveria risco de café frio no Palácio Piratini porque o governo tem uma agenda administrativa a cumprir, que não será influenciada pelo resultado da prévia.

Os líderes petistas foram unânimes em rebater a tese de que a derrota na prévia significa o fim do governo Olívio Dutra. Todos citaram o caso do ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, que perdeu a prévia para Tarso em 2000, continuou no governo e ajudou a garantir a vitória de seu adversário interno. – A vitória de qualquer um de nós é a confirmação de nosso projeto. Nosso projeto está em boas mãos. Este governo é o melhor que o Rio Grande do Sul já teve – disse Tarso. Os líderes do PT que acompanhavam o prefeito também começaram a fazer previsões de um fechamento difícil, com pouca diferença entre os dois candidatos. Tarso aguardou o encerramento das votações no comitê, onde permaneceu por cerca de meia hora. Depois de descansar um pouco, despediu-se e foi para casa. Disse que pretendia “recarregar as baterias” para acompanhar a apuração na sede do partido. Às 21h, quando a totalização paralela promovida pela Rádio Gaúcha indicava 55,3% para Tarso, o secretário da Cultura, Luiz Marques, ainda não tinha perdido a esperança.


As cidades que definiram a eleição
Se confirmadas as projeções extra-oficiais, foram as grandes cidades que deram a vitória a Tarso Genro, mas foi em Gravataí que o prefeito de Porto Alegre obteve a vantagem mais importante.
Apoiado pelo prefeito Daniel Bordignon, Tarso teve uma vantagem de mil votos no maior colégio eleitoral depois de Porto Alegre. A vitória expressiva nessa cidade metropolitana era previsível desde o início da campanha.

A vitória de Tarso em Gravataí provocou uma reação irada do subchefe da Casa Civil, Gustavo de Mello, adepto da candidatura de Olívio. Em entrevista à Rádio Gaúcha, às 22h50min, Mello vociferou:
– O que eu vi hoje em Gravataí não é o PT que eu quero. Esse resultado deve servir para uma reflexão sobre o PT que queremos.

Em seguida, o prefeito Daniel Bordignon entrou no ar e reagiu. Disse que Mello é um nome inexpressivo no PT e não conhece a realidade de Gravataí. Lembrou que Mello passou o dia em Gravataí como fiscal e não registrou em ata qualquer reclamação.

A grande surpresa da prévia foi Caxias do Sul, cidade governada pelo PT, onde Tarso venceu por 16 votos de um total de 738. O prefeito Pepe Vargas e sua mulher, a deputada federal Ana Corso, estavam fechados com Olívio. Tarso contava com o apoio do deputado estadual Roque Grazziotin e da ex-vice-prefeita Marisa Formolo Dalla Vecchia.

Na Capital, Tarso venceu nas 10 zonais. A vantagem final, de 613 votos, foi inferior às previsões iniciais, por conta de uma participação menor do que se esperava inicialmente.

Uma das vitórias mais significativas obtidas por Tarso foi registrada em Santa Cruz do Sul, com 73%. No Vale do Rio Pardo, Tarso fez mais de 60%. Esse resultado pode ser creditado ao trabalho do vereador Ari Thessing, um dos mais entusiasmados defensores da candidatura do prefeito desde o ano passado.

Thessing foi um dos que mais trabalharam para que Tarso não desistisse da candidatura em favor de Olívio, no início de fevereiro. Na sexta-feira, enquanto a maioria dos apoiadores de Tarso se limitava a prever a vitória com uma vantagem escassa, Thessing calculava de 55% a 60% dos votos para o prefeito.

Em Pelotas, outra cidade administrada pelo PT, Tarso fez 481 votos contra 394 de Olívio, com apoio do prefeito Fernando Marroni. Olívio era apoiado pela deputada Cecilia Hypolito. Além de confirmar a vitória nos colégios eleitorais já seus redutos, Tarso derrotou Olívio em cidades que, teoricamente, seriam do governador. O caso mais expressivo é São Luiz Gonzaga, ao qual pertencia sua terra natal (Bossoroca), onde Tarso fez 115 votos, e Olívio, 101. Em Bossoroca, Olívio venceu (27 a 19).

Tarso venceu em São Borja, sua terra natal, mas perdeu por 28 votos em Santa Maria, cidade onde fez carreira política. Nessa cidade da Região Central governada pelo PT, Olívio teve o apoio do prefeito Valdeci Oliveira, e Tarso, do vice-prefeito Paulo Pimenta e do deputado federal Marcos Rolim.

A vitória também foi do prefeito em Bagé, por 423 votos a 77, contrariando expectativa do grupo do governador, e na região de Três Passos, reduto da secretária da Educação, Lucia Camini.


Lula garante vitória e promete não poupar Serra
Tido como anticandidato, Suplicy teve mais de 20% dos votos em alguns Estados e canalizou o voto descontente

Praticamente confirmada até as 22h30min de ontem, a vitória do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na prévia que indicará o candidato do partido à Presidência teve uma nota dissonante.

O adversário de Lula na prévia, senador Eduardo Suplicy (SP), tido como anticandidato, obteve índices superiores a 20% em alguns Estados, como Santa Catarina, mostrando que fermenta no PT o descontentamento com o l íder máximo.

A partir da oficialização dos resultados da prévia, prevista para quarta-feira, quando Lula deverá ser anunciado como candidato petista à Presidência, o PT vai declarar guerra ao candidato do PSDB, senador José Serra (SP). Ontem, Lula mudou o tom do discurso e partiu para o ataque, elegendo Serra como alvo.

– Estarei nas ruas e vamos fazer o enfrentamento de projetos com o governo federal – afirmou.
Lula acusou o Ministério da Saúde – comandado por Serra até o dia 21 de fevereiro – de estar “institucionalizando o grampo”, e disse estar assustado.

– É muito grave que, depois de acabarmos com o regime autoritário, um ministério contrate empresas de espionagem – disse, numa referência às denúncias feitas pelo PFL de que Serra teria mandado grampear os telefones da Lunus, empresa da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), e de seu marido, Jorge Murad.

Aliviados com o desfecho da prévia – que antes mesmo do fechamento das urnas já atingira o quórum de 100 mil dos 861.953 filiados aptos a participar da escolha –, tanto Lula como Suplicy e outros dirigentes admitiram que esta será a eleição mais difícil para o PT.

– O PSDB e o PFL teriam chegado a um melhor entendimento se fizessem uma prévia, como nós, sem precisar lançar um míssil da potência do que lançaram contra Roseana – ironizou Suplicy.

Em tom de brincadeira, Lula lembrou que havia definido o crescimento de Roseana nas pesquisas como “um problema de Serra” e provocou:
– Parece que Serra levou a coisa a sério e decidiu tomar providências para se livrar do problema.
Depois, ao anunciar que o PT partirá para a ofensiva, o presidente de honra ressalvou que o partido não fará uma campanha de “baixo nível”:

– Apresentaremos propostas – garantiu.

O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), disse que a campanha petista não poupará o governo e Serra das denúncias de irregularidades contra a extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Na mesma linha, candidato do PT ao governo de São Paulo, deputado José Genoino (SP), afirmou estar estarrecido com o que chamou de “táticas terroristas” dos tucanos. Genoino chegou a se referir ao país como uma “Grampolândia”.

– Há o grampo do grampo e o grampo terceirizado. Estamos na República do Grampo. Por essas e outras estou certo de que esta campanha será bastante conturbada – afirmou.

Na tentativa de demonstrar unidade, Lula e Suplicy votaram juntos, na sede nacional do PT, em São Paulo, faltando 20 minutos para o fechamento das urnas. Resultados parciais da prévia deverão ser divulgados hoje.


Suplicy diz que pensou em votar no adversário, mas voltou atrás
O senador Eduardo Suplicy (SP) aproveitou ontem a presença ao vivo e em cores de Luiz Inácio Lula da Silva, na sede do PT, para fazer desabafos e abrir o coração, como se estivesse num divã.
A cena provocou gargalhadas e constrangimento.

Sentado bem perto de Lula para uma entrevista, Suplicy não deixou por menos:
– Quando eu tinha sua idade, Lula, eu não estava completamente pronto para assumir a Presidência como estou hoje, aos 60 anos – disse o senador, lembrando que o companheiro tem 56 anos, quatro a menos do que ele.

Depois, completou:
– Eu gostaria de ter feito o debate com você, claro, mas fica para uma próxima vez.

Sem graça, Lula sorriu amarelo:
– Debate e disputa política devem existir quando duas pessoas pensam diferente e eu não entendi assim, Eduardo.

Sempre repetindo que, mesmo assim, estava “muito contente”, o senador voltou a provocar o “rival” na prévia.

– Sabe, Lula, vou fazer aqui uma revelação: eu votei em mim mesmo – disse.
À mesa, a prefeita Marta Suplicy, ex-mulher do senador, estava séria enquanto o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), ria sem parar.

Suplicy fez a afirmação ao recordar que, pouco antes, Lula mostrara seu voto para um amigo, ali mesmo.

– Quando você fez aquilo, pensei: será que faço um gesto de amizade, voto em Lula e mostro para todos? Só que aí eu pensei também: ora, eu acredito em mim, então, vou votar em mim, porque estou no meu melhor momento.

Não contente com a “revelação”, o senador foi além, para espanto de Marta.
– E olhem que passei por períodos difíceis no ano passado, mas tudo o que tive de dificuldade transformei em energia! – argumentou.

Suplicy criticou viagem de Lula em companhia de senador do PL
Suplicy não citou os problemas, mas todos entenderam como sendo a separação de Marta, com quem esteve casado por 36 anos. Ainda na linha divã, o senador disse que não gostou quando viu Lula viajando em companhia do senador José Alencar (PL-MG) para Minas Gerais.

– Sabe, Lula, tive a impressão de que não só você estava movendo o palheiro inteiro por sua candidatura como escolhendo o seu vice – comentou.

– Duvido, Eduardo, que você tenha visto eu pedir um voto nessa viagem que fiz com Alencar – respondeu Lula.

Perguntado sobre se gostaria de ser vice na chapa petista, Suplicy demonstrou que, se sua votação for boa, poderá haver pressão neste sentido. A cúpula petista, porém, não admite esta possibilidade.

– A partir do resultado das urnas, quem poderá pleitear isso são os filiados. Isso agora não depende mais de mim – finalizou Suplicy.


Diretórios rebeldes atacam aliança com PL
Diretórios do PT em São Paulo e no Pará contrariaram orientação da executiva nacional do partido e aproveitaram a realização das prévias de escolha do candidato à Presidência para consultar seus filiados sobre a aprovação de uma aliança com o PL.

Os diretórios zonais do centro da capital paulista e de Belém fizeram plebicitos formais sobre a coligação, e militantes do diretório municipal de São Caetano do Sul decidiram fazer levantamento paralelo.

O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu (SP), afirmou desconhecer a iniciativa dos diretórios rebeldes de São Paulo e Pará. A idéia do plebiscito foi apresentada pelas correntes mais radicais do partido e recusada na última reunião da executiva nacional. A proposta era para consultar os filiados sobre a aprovação da aliança com o PL e parte do PMDB.

– Nada está fechado e tudo o que fizemos até agora está dentro do que foi decidido pelo partido no Encontro Nacional, em dezembro – disse Dirceu.


Vaga de vice deve caber à ala que apoiou Olívio
Duas correntes do PT devem disputar a vaga de vice na chapa de Tarso Genro no encontro estadual do partido, marcado inicialmente para os dias 22 e 23.

O atual vice-governador Miguel Rossetto, o ex-prefeito da Capital Raul Pont e o prefeito de Caxias do Sul, Pepe Vargas, os três da Democracia Socialista (DS), e o deputado estadual Ivar Pavan, da Ação Democrática, são os mais cotados.

A disputa se dará entre as próprias correntes que apoiaram o governador Olívio Dutra, uma vez que Tarso, desde o início da campanha, defendeu que o vice fosse indicado pela ala derrotada na prévia. A DS é, isoladamente, a facção mais forte no partido, com maior número de delegados ao encontro estadual. Para indicar o vice, no entanto, necessitará dos votos das outras correntes que apoiaram o governador.

Rossetto seria o vice mais provável se Olívio fosse o vencedor. Com a vitória de Tarso, surge a possibilidade de Pont ser indicado, repetindo a chapa que comandou a prefeitura de Porto Alegre de 1993 a 1996.

Antes da prévia, Pont vinha sendo uma das principais apostas do PT para deputado estadual. Há uma expectativa de que o ex-prefeito se torne um puxador de votos entre os candidatos à Assembléia Legislativa. Entre as correntes que dão sustentação a Tarso, há um maior número de simpatizantes de Pont d o que de Rossetto.

Pepe tem simpatia entre os grupos pró-Tarso, inclusive do próprio candidato a governador. As posições do prefeito caxiense são consideradas mais próximas das de Tarso. Para ser vice, no entanto, Pepe terá de renunciar ao cargo de prefeito com apenas um ano e meio de mandato, a exemplo de Tarso.

Um dos fatores que poderão pesar contra a DS é o fato de que ficará com o comando da administração de Porto Alegre. Com a renúncia de Tarso nas próximas semanas, a Democracia Socialista passará a governar a Capital com João Verle, atual vice-prefeito.

A alternativa para dar menos poder à DS seria indicar um petista da segunda maior corrente que apóia Olívio, a Ação Democrática. Nesse caso, deputado Ivar Pavan é o nome mais forte.
Em 1998, a disputa pelo cargo de vice entre simpatizantes de Olívio e Tarso provocou seqüelas que ainda são sentidas no PT. Depois de marchas e contramarchas, Rossetto acabou sendo eleito por unanimidade.


Verle assumirá prefeitura da Capital
Porto Alegre terá um novo prefeito no dia 5 de abril.
Com a renúncia do prefeito Tarso Genro, que concorrerá à sucessão do governador Olívio Dutra pelo PT, o catarinense João Verle, 62 anos, natural de Caçador, deixará a condição de vice e será o novo chefe do Executivo da Capital. A idéia pode assustar uma parte de população que mal o conhece.

Para descrever Verle, amigos e companheiros de trabalho usam duas palavras: íntegro e respeitado. Em seu círculo mais próximo, Verle é a prova de que seriedade vale mais que um rosto popular. Um de seus admiradores é o próprio Tarso, que durante a campanha eleitoral não se cansava de elogiar o companheiro de chapa aos que não o conheciam.

– Verle vai ter um papel respeitável e importante como vice-prefeito – assegurava.

Se Verle é praticamente desconhecido, os efeitos de seu trabalho são de domínio público. Ele foi um dos implantadores da sistemática do Orçamento Participativo em 1989, comandou a Secretaria Municipal da Fazenda entre 1989 e 1992, na gestão de Olívio Dutra, e o Demhab em 1997, no governo Raul Pont. Com a vitória de Olívio para o governo do Estado, assumiu a presidência do Banrisul, em 1999. Integrante da Democracia Socialista, mesma corrente de Pont e do vice-governador Miguel Rossetto, foi indicado para a vaga de vice de Tarso num encontro municipal realizado depois da prévia vencida pelo atual prefeito da Capital, em 2000.

O futuro prefeito deixou sua cidade natal para prestar vestibular e tentar realizar o sonho de ser jornalista. A necessidade de conciliar estudo e trabalho levou-o a cursar a Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pela qual se formou em 1965. Segundo ele próprio, o cargo de auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE), exercido por 30 anos, transformou-o num perfeccionista. É pontual e jamais falta a um compromisso. Outro aspecto que chama a atenção dos conhecidos de Verle é a memória. A mesma que usa para tratar a todos com igualdade e ser lembrado como homem generoso.

Casado com Maria Nancy Verle, também funcionária aposentada do TCE, é pai de Eduardo, Cinara, Ivana, João e Luiz Edmundo. O lado humano se reflete no mais significativo projeto aprovado nos três mandatos como vereador: o Código de Ética da Cidadania.


Cartazes provocam polêmica em Pelotas
Caixas de som e cartazes em apoio à candidatura à reeleição do governador Olívio Dutra fixados em frente à sede do PT, em Pelotas, foram considerados irregulares pela direção municipal do PT. A polêmica foi registrada em ata pelo presidente do diretório, Paulo Oppa Ribeiro.

Para o coordenador da campanha de Olívio na região, Daniel Aquini, o fato foi supervalorizado pelos apoiadores da candidatura do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, e pela direção municipal.

– São os jingles do partido nas últimas eleições. Não é campanha para a prévia – argumentou.
À tarde, o coordenador da campanha de Tarso no município, Cristian Silva, também minimizou o episódio.

– Entramos em acordo para evitar excessos. Como essa é uma eleição interna, eles concordaram em baixar o volume – afirmou.


Koutzii reage com frieza a gesto de Tarso
Nada receptivo às tentativas do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, de dissipar a animosidade da última semana de campanha da prévia, o chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii, demonstrou frieza ao apertar a mão que o candidato tomou a iniciativa de estender na manhã de ontem no City Hotel, centro da Capital.

O elevador em que ambos entraram para subir ao salão em que foi servido o café da manhã, caiu cerca de 30 centímetros por excesso de peso. Descontraído, Olívio disse que a responsável era a “densidade eleitoral”.

Do fundo do elevador, onde também estavam a primeira-dama, Judite Dutra, e o secretário da Fazenda, Arno Augustin, Tarso gritou para Koutzii, o primeiro a sair:
– Te falei para não comer aquela sobremesa, Flávio.

Koutzii fez que não ouviu. Durante o café, sentou-se à extremidade da mesa mais afastada do lugar ocupado por Tarso.


Murad tentou nova Operação Uruguai
A estratégia para justificar o R$ 1,34 milhão apreendido pela PF teve sua participação

Ao dizer que as versões anteriores divulgadas para justificar o R$ 1,34 milhão apreendido pela Polícia Federal (PF) na empresa Lunus foram feitas por amigos, sem a sua autorização, Jorge Murad, marido da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), mentiu.

Conforme a edição desta semana da revista Veja, Murad participou de uma espécie de Operação Uruguai – como ficou conhecida a tentativa de Cláudio Vieira, ex-secretário do ex-presidente Fernando Collor de lavar dinheiro do chamado esquema PC no Uruguai – ao simular um empréstimo de R$ 650 mil para a Pousada dos Lençóis.

O contrato teria sido elaborado por Murad, Luís Carlos Cantanhede Fernandes e Severino Cabral, sócios no empreendimento lançado em dezembro. Como o suposto empréstimo não justificava o total de R$ 1,34 milhão apreendido pela PF na Lunus, os outros R$ 690 mil seriam da venda de 17 chalés. Para dar mais credibilidade à história, montaram uma versão pela qual teriam sido vendidos 20 chalés. A diferença seria justificada em razão de despesas para o início das obras no empreendimento. As operações de empréstimo e vendas foram registradas no balancete contábil de fevereiro da Pousada dos Lençóis.

Como a versão não convenceu nem o PFL, surgiu a da arrecadação para a campanha de Roseana. O texto lido na terça-feira por Murad teria sido redigido em Brasília pelo presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, com a assessoria de um advogado, na tentativa de salvar a candidatura presidencial de Roseana. Murad disse que não queria apresentar nomes dos supostos colaboradores. Seus advogados informaram então que isso poderia ser feito mais tarde, em juízo.
Além de caixa eleitoral e gerente de Planejamento do Maranhão – cargo do qual foi afastado na terça-feira –, Murad tem ramificações que avançam entre negócios públicos e privados. A construção do resort foi apenas um dos casos. O governo do Maranhão construiu uma estrada que liga São Luís a Barreirinhas, onde se localizará o resort. A parte final da estrada foi feita pela construtora Sucesso, do empresário piauiense João Claudino.

Na Lunus, a PF encontrou R$ 150 mil com uma tarja identificando que o dinheiro era da Sucesso, que tem um canteiro de obras de R$ 55 milhões no Estado. A empresa construiu um shopping center que, apesar dos entraves burocráticos, foi concluído depois que aceitou sociedade com Miguel Ethel, amigo de Murad. O prédio da Sucesso no bairro Ponta D’Areia teve Severino Cabral como engenheiro responsável e Murad como um dos compradores.


Roseana admite ter aprovado Usimar
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), admitiu no sábado que defendeu pessoalmente a aprovação do projeto da Usimar, investigado pelo Ministério Público por suspeita de desvio de R$ 44 milhões de verbas da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Roseana alegou, no entanto, que agiu como qualquer governador ao defender a implantação de uma nova empresa em seu Estado e transferiu para o presidente Fernando Henrique Cardoso a responsabilidade pela liberação dos recursos que acabaram sendo desviados:
– Pedi para que fosse aprovado o projeto. Não sou eu que analiso projeto, não sou eu que nomeio as pessoas que analisam e liberam o projeto. Pedi para aprovar, não pedi para liberar dinheiro. É uma diferença muito grande.

Roseana acrescentou lembrando que quem nomeia o superintendente da Sudam é o presidente da República:
– Não sou responsável por isso, e sim o presidente. É ele quem nomeia as pessoas que liberam o dinheiro. Se fosse eu, não liberaria. Se tivesse alguma dúvida, não liberaria.

A governadora negou que tivesse sido alertada pelo representante da Receita Federal no conselho da Sudam sobre irregularidades no projeto da Usimar. Roseana preferiu não falar sobre as suspeitas de grampo contra seu governo.

Ao sair para uma caminhada no centro histórico de São Luís, Roseana disse que está “na mão” do PFL a decisão sobre sua candidatura à Presidência.

– Minha vontade é ser – afirmou.
Ela considerou “natural” sua queda nas pesquisas de intenção de voto, diante do “bombardeio” que tem recebido:
– Avalio que era natural, porque eu não tive ainda a chance de me defender. Até hoje o processo ainda é sigiloso. Não sei do que estou sendo acusada.

Mais uma vez, porém, Roseana recusou-se a falar sobre o R$ 1,34 milhão apreendido num cofre da Lunus, empresa da qual é sócia majoritária, ao lado do marido Jorge Murad.
– Não vou falar sobre isso – disse, irritada.

A governadora afirmou que vai deixar o cargo no dia 5 de abril, prazo de desincompatilização para concorrer nas eleições. Mas deixou em aberto a possibilidade de disputar outra vaga que não a de presidente.

– Só posso dizer que sairei no dia 5. Se meu partido quiser a Presidência, estou à disposição – disse.


PT apura denúncia de irregularidades
Executiva estadual avalia amanhã trabalho feito pelo Labors

A executiva estadual do PT discute amanhã um dos episódios mais polêmicos da prévia do partido para governador: a pesquisa realizada entre os dias 6 e 8 de março pelo Laboratório de Observação Social (Labors), vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O levantamento foi feito a pedido do grupo do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro. Supostas irregularidades na pesquisa são apontadas pelo secretário-geral do PT, Francisco Vicente, simpatizante da candidatura do governador Olívio Dutra. Ele argumenta que o contrato para realização da pesquisa deveria ter sido feito via UFRGS e não diretamente com o Labors. E questiona a forma de pagamento do trabalho encomendado. O secretário-geral acredita ser irregular o pagamento de parte do trabalho ter sido feito diretamente ao professor Benedito Tadeu César, coordenador do laboratório.

– No serviço público, não é uma pessoa que deve receber o pagamento, e o Labors não tem personalidade jurídica que permita fazer um contrato – acusa Vicente.

O secretário municipal da Fazenda, José Eduardo Utzig, do comitê de Tarso, informa que não existem irregularidades na pesquisa. Acrescenta que a responsabilidade por averiguar as denúncias é da executiva do partido, que já solicitou, e recebeu, informações da UFRGS para realizar a investigação.


Presidente faz viagem de três dias ao Chile
O objetivo da visita é fortalecer comércio entre os dois países

O presidente Fernando Henrique Cardoso inicia hoje uma viagem oficial de três dias ao Chile para fortalecer a relação bilateral e o comércio entre os dois países e o Mercosul.

Antes de se reunir com o presidente chileno, Ricardo Lagos, no Palácio de La Moneda, FH depositará flores em homenagem a Bernardo O’Higins, libertador do Chile.

Na terça-feira, Fernando Henrique deverá ser recebido na Suprema Corte de Justiça, antes de visitar o Congresso Nacional do Chile, em Valparaíso. No mesmo dia, dará aula magna da cátedra Wilmar Faria na Casa Central da Universidade do Chile. Wilmar Faria morreu no final do ano passado e integrava o governo brasileiro como assessor especial da Presidência.

No último dia, o presidente visita a Sociedade de Fomentos Fabril e viaja para a cidade de Arica, onde inaugura com Lagos o marco dos corredores biooceânicos. FH está de volta a Brasília na noite de quarta-feira.


Artigos

A destruição da educação
Alceu Collares

Os desmandos governamentais estão impondo à sociedade gaúcha a penosa tarefa de assistir à destruição da educação pública. Algo sem qualquer precedente na história deste Estado. As decisões e atitudes político-partidárias dos que estão no poder causam prejuízos incalculáveis e irreparáveis a milhares de jovens rio-grandenses. As provas estão à disposição da comunidade escolar. Num dia, as notícias veiculadas em jornais informam que não haverá falta de professores na rede estadual de ensino e pretende transmitir a sensação de que tudo está às mil maravilhas. Vinte e quatro horas depois, as manchetes mostram alunos em carcaças de ônibus transformadas em minúsculas salas de aula.

O ano letivo, lamentavelmente, iniciou-se mal. Faltam professores, água, transporte escolar, e até escolas do Interior suspendem as aulas porque os últimos três meses foram insuficientes para o governo realizar pequenas reformas nos estabelecimentos de ensino. A maior preocupação, sem dúvida, foi com a organização do Fórum Social Mundial, no qual os recursos públicos bancaram um sem-número de hóspedes oficiais. Não é de hoje que o PT investe na destruição da educação. O ataque feroz aos Cieps – Centros Integrados de Educação Pública –, construídos pelo governo trabalhista, através da redução em 80% dos recursos, inclusive os destinados à merenda escolar, e o ensino por ciclos são apenas dois exemplos.

Estão completamente fora de controle as ações político-partidárias dos
que comandam o Palácio Piratini

As ações partidárias na pasta da educação estão incontroláveis. Em junho do ano passado, 87 servidores da educação tiveram seus pontos liberados pelo governo para viajarem a Brasília, a fim de participarem da marcha contra o apagão: um absurdo porque essa era uma atividade atribuída estritamente a cabos eleitorais. E o Executivo só deu ciência do fato à opinião pública três meses depois. Telefones da secretaria são colocados à disposição para receber doações de militantes partidários para recolher dinheiro destinado à compra de uma nova sede do PT.

Estão completamente fora de controle as ações político-partidárias dos que comandam o Palácio Piratini, envolvendo uma área tão sensível e importante como a da educação. É preciso esclarecer a opinião pública que, apesar de o governo pertencer a um determinado partido político, as atitudes de seus representantes, do menor ao mais alto posto, devem estar voltadas para o bem comum de toda a sociedade. Afinal de contas, o governador é do Estado e não só do PT. Não se admite que o Poder Executivo estadual eleja como único beneficiário das suas raríssimas ações o próprio partido, em detrimento de milhares de estudantes e milhões de cidadãos e cidadãs gaúchos.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Urgência para CPMF
O governo fez força para aprovar, na semana passada, em segundo turno, na Câmara Federal, a prorrogação da CPMF. Foi emparedado pelo PFL, que prometeu para amanhã votar a matéria considerada urgente e prioritária pelo Executivo. Os pefelistas, ainda irritados com a crise que abalou a candidatura Roseana Sarney, não se sensibilizaram com os apelos do Palácio do Planalto para que a prorrogação da CPMF fosse aprovada na semana passada. Um dos articuladores políticos do governo apresentou inúmeros argumentos. O primeiro foi de que o PFL seria muito criticado pela imprensa pela falta de coerência ante os interesses nacionais. Outro, de que a demora poderia colocar o Brasil em situação perigosa, na avaliação das agências internacionais que calculam riscos. “O Inocêncio pode fazer um discurso duro contra o governo, nós não reagiremos, mas, por favor, votem a CPMF”, apelou um emissário de Fernando Henrique nos diversos contatos com deputados e governadores do PFL.

De nada valeram os argumentos. O líder da bancada do PFL, Inocêncio Oliveira, garante que o partido não admite ser atropelado e votará a favor da prorrogação do imposto do cheque, que vai contar com os votos do PT porque o partido tem a convicção de que chegou sua vez de ocupar o Palácio do Planalto. No final da semana, o deputado Marcos Cintra (PFL-SP), especialista em questões tributárias e autor do projeto do imposto único, contestou a argumentação do governo. Disse que os ministros estão fazendo terrorismo nessa matéria, que não precisa da urgência invocada, simplesmente porque os superávits da arrecadação têm sido contínuos. Depois do acidente de percurso que destruiu a candidatura Roseana Sarney, o PFL parece não ter pressa e quer mostrar ao governo a sua decisiva parcela na governabilidade.

O governo não pode dispensar o apoio dos pefelistas. O presidente voltou a dizer que, sem a autorização do Congresso para prorrogar essa taxa, a Receita deixa de arrecadar, semanalmente, R$ 400 milhões. Enquanto a CPMF não for aprovada, o Congresso fica imobilizado e o governo não terá outra saída senão buscar os votos do PFL.


JOSÉ BARRIONUEVO

Prévia encerra dois governos do PT
Só o tempo permitirá avaliar os efeitos positivos (muitos) e negativos da prévia deste ano na caminhada vitoriosa do PT no RS desde 1988. Um aspecto já era usado como argumento pelo Piratini: a derrota de Olívio significaria uma desaprovação do governo estadual pelo próprio partido. A principal estrela do PT, que levou a sigla à prefeitura da capital dos gaúchos em 1988, numa espetacular virada, e que contrariou as previsões até dos mais ardorosos petistas ao derrotar Britto em 1998, sofre a mais amarga derrota de sua carreira, uma espécie de condenação. Olívio só se recupera no PT se Tarso perder a eleição de outubro.

Novo prefeito – Confirmados os resultados da prévia, pode-se dizer que acaba hoje o governo Olívio.

Também acaba o governo Tarso, assumindo dia 5 (dentro de 18 dias) um novo prefeito, que dificilmente teria sido sagrado nas urnas fosse ele o candidato. João Verle vai governar a cidade nos próximos 33 meses.

Pesquisa será avaliada
Tarso Genro cruzou por Miguel Rossetto em São Leopoldo, base eleitoral do vice-governador, do ex-líder do governo e deputado Ronaldo Zülke e do secretário da Habitação, Ary Vanazzi. Olívio colheu no município um resultado bem abaixo da expectativa.

O encontro foi rápido, Rossetto foi seco. O vice-governador já orientou companheiros da Democracia Socialista para que levem ao exame da executiva estadual a realização da pesquisa encomendada ao Labors. Independentemente do resultado da prévia, a pesquisa terá desdobramentos internos.

Decisiva para vitória
As correntes que apóiam Olívio identificam na pesquisa do Labors, com aval da UFRGS, divulgada segunda e terça na Página 10, um fator decisivo na vitória de Tarso. Considerados inflados pelos olivistas, os números davam a entender que o partido só teria chance de vitória com a candidatura do prefeito, que apareceu superior a todos os adversários no primeiro e segundo turnos (havia apenas um empate com Simon, considerado um adversário fácil).

Ao mesmo tempo, a pesquisa mostrou números contundentes de desaprovação e rejeição do governo jamais vistos em qualquer outra avaliação. É um aspecto que ainda vai provocar muito bate-boca.

Pepe Vargas para vice-governador
Vitória de Tarso em Caxias, cidade governada por um representante da DS de Rossetto, pode indicar, por um lado, falta de empenho do prefeito, lembrado para ser o candidato a vice (se for, terá que renunciar). Também representa uma vitória do padre Roque Grazziotin e da ex-vice Marisa Formolo, que romperam com a Articulação de Esquerda para apoiar o prefeito de Porto Alegre. Cabe também a leitura de que Padre Roque e Marisa (candidata a deputado federal) derrotaram Pepe e a deputada federal Ana Corso, primeira-dama do município.

Verle pode buscar novo líder na Câmara
Com maioria na Câmara, as correntes que apóiam Olívio podem buscar um novo líder do governo, com João Verle, da DS, na prefeitura. Estilac Xavier foi o principal coordenador da campanha de Tarso. A candidatura a deputado é uma boa justificativa para passar o cargo a um vereador que não dispute a eleição e que seja identificado com o novo prefeito, tanto pode ser Juarez Pinheiro como Helena Bonumá. A disposição no momento, na Câmara, é manter Estilac, que já não levou a presidência da Câmara no confronto com Fortunati.

Soberano
Bordignon acertou em cheio sua previsão de que abriria uma diferença de mil votos pró-Tarso. Olívio precisou somar as vantagens obtidas em uma centena de municípios para compensar a derrota na terra da GM.

Emília
A senadora Emília Fernandes não revelou sua preferência, até porque não tinha direito a voto. Paulo Paim, que também concorre ao Senado, entra em campo hoje como enfermeiro-chefe, curando feridas.

Vitorioso
O senador Eduardo Suplicy tem razões para comemorar. Além de valorizar a prévia e a vitória de Lula com sua participação, obteve um resultado acima do que imaginava o próprio PT. Fortalece seu nome no partido e mostra que a candidatura de Lula já não é mais unanimidade na quarta eleição do presidenciável.

Utzig corrige Sebastião Melo
Uma denúncia leviana e irresponsável. Assim o secretário da Fazenda de Porto Alegre, José Eduardo Utzig, definiu a manifestação do vereador Sebastião Melo (PMDB) dando a idéia de que a prefeitura estaria sendo complacente com os bancos no recolhimento de ISSQM. Utzig acredita que Melo pode estar se referindo às corretoras que operam na bolsa, que estão recorrendo administrativamente dos autos de infração e que vão terminar pagando porque, na sua avaliação, são autos perfeitos. Utzig acusa o vereador de “denuncismo sem fundamento”.
Fiscais – Presidente da Associação dos Agentes Fiscais da Receita Municipal, Mauro Hidalgo, também corrige Melo, lembrando que a arrecadação das instituições financeiras representa 10% do ISS, sendo a principal atividade na composição deste tributo.

Festa para Fortunati e Loureiro
Centenas de militantes do PDT foram ao lançamento da pré-candidatura de José Fortunati ao Piratini e do deputado estadual Adroaldo Loureiro à reeleição, no CTG 20 de setembro, em Santo Ângelo. Além de ser o primeiro lançamento regional de Fortunati, o jantar serviu também para festejar o aniversário de Loureiro.

Padilha quer Simon aqui
Em campanha pelo Interior, o ex-ministro Eliseu Padilha desmente que esteja participando de uma articulação para que o PMDB indique Simon como vice de José Serra.
– Desautorizo quem te informou que eu esteja participando de qualquer articulação política nacional que contrarie as posições do PMDB gaúcho, ao qual estou subordinado, e que, sem ter ou vido o senador Pedro Simon, hoje quer sua candidatura a governador.

Em defesa dos animais
A Câmara de Porto Alegre demonstra estar a cada dia mais envolvida com o problema dos maus-tratos aos animais. Os vereadores Beto Moesch (E), do PPB, e Adeli Sell (PT) estão elaborando uma legislação que contemple a esterilização de animais nas ruas, a proibição de animais em circo e instituindo o disque-denúncia dos maus-tratos aos animais. E realizam um fórum dia 3.

Mirante
• Mesmo tendo nascido em São Borja, Tarso construiu sua vida pública a partir de Santa Maria, onde residem seus pais. Olívio compensou a derrota em São Luiz Gonzaga com vitória na terra de Tarso e Pimenta.

• O resultado em São Leopoldo, anunciado às 22h, acabou com as esperanças dos olivistas. Na terra do vice Miguel Rossetto, do deputado Ronaldo Zülke e do secretário de Habitação, Ary Vanazzi, a expectativa de uma vantagem de 500 votos foi frustrada. Olívio venceu por 156 votos de diferença. Pior foi a situação em Canoas, onde o secretário da Administração, Marco Maia, esperava levar uma vantagem superior a 400 votos e ficou em minguados 79.

• O incidente envolvendo frei Sérgio e a Brigada foi visível em algumas bases do MST e do MPA, como Hulha Negra, pela grande abstenção.

• Com a saída de Tarso, José Fortunati será o primeiro na linha sucessória de João Verle. O presidente da Câmara não assume, como interino, para não incompatibilizar sua candidatura a governador.

• A vitória de Tarso leva Olívio a alterar alguns critérios na reforma do secretariado a ser anunciada no final do mês.

• João Verle deixou claro que mudará algumas posições na equipe da prefeitura.

• Maria do Rosário e o MCS foram categóricos desde o início no apoio a Tarso.

• Com a derrota de Olívio, Miguel Rossetto não assumirá o governo. Pode ser candidato a deputado. Ou a senador, se quiser.

• Vitória de Tarso reforça a candidatura de seu grupo, como Adão Villaverde, Estilac Xavier, Maria do Rosário, Paulo Pimenta, Fernando Schmidt, padre Roque, Luciana Genro, Marcos Rolim.

• O grupo derrotado pretende firmar posição na escolha do vice e de uma das vagas do Senado.

• Enfraquecido, Flávio Koutzii retorna na próxima semana à Assembléia. Se o partido negar uma vaga para concorrer ao Senado, encerra a carreira política como parlamentar.


ROSANE DE OLIVEIRA

O peso da vitória
A se confirmarem os dados extra-oficiais que apontavam sua vitória na prévia, nunca em sua bem-sucedida carreira o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, teve nas mãos tanta responsabilidade. Pela forma como transcorreu o processo de prévias, o prefeito ficará obrigado pelo PT a vencer a eleição, tarefa difícil em se tratando de um candidato da situação. Será difícil para o prefeito impedir que o desgaste do governo cole na sua candidatura, mas os militantes que votaram no governador Olívio Dutra não perdoarão uma eventual derrota.

A maioria petista votou em Tarso por pragmatismo. Identificou no prefeito o candidato com mais chances de enfrentar a oposição em 6 de outubro. Levou em conta que Tarso comanda uma administração bem-avaliada em Porto Alegre, em contraponto com o governo do Estado, cuja popularidade é baixa, de acordo com as pesquisas.

A pesquisa encomendada pelo grupo de Tarso, que apontou vantagem para o prefeito na disputa direta com Olívio, pode ter influenciado os militantes, mas não se pode dizer que tenha sido decisiva. O processo de convicção foi se firmando ao longo do mês de fevereiro, com uma soma de ingredientes.

Por mais que o Palácio Piratini não admita, é inegável que influenciou no bom desempenho de Tarso o desgaste do governador com a CPI da Segurança Pública. Mesmo que o Ministério Público no Rio Grande do Sul tenha arquivado as denúncias contra Olívio, no Ministério Público Federal o caso ainda está em aberto. A convicação do governo é de que será arquivado também, mas os militantes do PT devem ter pensado que seguro morreu de velho.

A avaliação dos adversários do PT é que com a derrota o governo Olívio Dutra acaba hoje. É cedo para sepultar o governo – até porque a reeleição é coisa nova na história da República. Em outras prévias, o PT se engalfinhou mas acabou superando as divergências e se unindo no palanque. Como o grupo de Olívio deverá indicar o candidato a vice, e Miguel Rossetto poderá ser confirmado no cargo, o governo tende a manter o mesmo ritmo. A avaliação racional sugere que é preferível trabalhar pela vitória de Tarso a perder o governo para um adversário de outro partido, que colocará por terra o projeto que o PT implantou a partir de 1999.

Tarso tem críticas à linha adotada pelo Palácio Piratini, mas nos palanques da campanha terá que defender o governo Olívio Dutra com unhas e dentes. O espaço da oposição será dos partidos que tentarão tirar o PT do governo. Olívio pretendia se licenciar do cargo durante a campanha. Perdendo a prévia, continuará no comando do Palácio Piratini.

Pouco antes da meia noite, com os dados extra-oficiais indicando sua vitória, Tarso preferiu adotar um tom cauteloso, mas foi até a frente da sede regional do PT e fez um discurso de vencedor. Insistiu na manutenção da unidade e deu a entender que curar as seqüelas da prévia será a sua prioridade.


Editorial

REVIRAVOLTA NO MERCOSUL

Justamente no momento em que deveria se mostrar fortalecido para negociar em melhores condições os acordos no âmbito da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o Mercosul nunca se mostrou tão frágil sob o ponto de vista do comércio exterior. Em contraste com os inéditos níveis de expansão das exportações que marcaram os anos 90, o ano de 2001 registrou uma queda de 10% em relação ao anterior. Tudo indica que a tendência se manterá em 2002, confirmando uma reviravolta comercial que, pelo seu impacto, precisa ser revertida.

Dados preliminares divulgados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) indicam que, em 1998, as exportações de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai no âmbito do próprio Mercosul corresponderam a um quarto do total. No ano passado, restringiram-se a 18%. A crise da Argentina fez com que o Brasil registrasse uma queda de 12,3% nas exportações dentro do bloco. O resultado foi parcialmente compensado por uma expansão de 7% para outros mercados. Mesmo assim, a retração no comércio entre os países do Cone Sul exige uma reação por parte de seus líderes.

A retração no comércio entre os países do Cone Sul exige reação por
parte de seus líderes

Infelizmente, os países da região estão presos a exigências como a de se fortalecer para negociar em melhores condições com outros blocos. O problema é que, nesse esforço, esbarram no recrudescimento do protecionismo em países como os Estados Unidos e na insistência da União Européia em proteger sua economia com base em mecanismos que impedem os países do Mercosul de se mostrarem rentáveis.

É imprescindível, portanto, que o Mercosul retome o mais breve possível sua trajetória ascendente – a começar pelas trocas dentro do bloco. Só assim será possível fazer com que a expansão econômica da região volte a se sustentar num ambiente de estabilidade política, assegurando ganhos consistentes como os registrados nos anos 90.


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03/18/2002


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