Relator da CPI acredita que há interesse empresarial nos jogos eletrônicos
Após o depoimento de duas testemunhas hoje (06/09) na CPI da Segurança Pública, o relator, deputado Vieira da Cunha (PDT) afirmou que “está claro que existe interesse empresarial nos jogos eletrônicos no Rio Grande do Sul. Sabendo-se que a atividade é considerada ilegal tanto pelo Ministério Público Federal como o Ministério Público Estadual, estamos diante de uma contravenção que deveria ser reprimida pelas autoridades policiais e a CPI irá investigar porque isso não está ocorrendo ”.
O empresário Eduardo Prada, proprietário da Tecnoturfe, informou aos deputados que compra máquinas de jogos eletrônicos de fornecedores gaúchos e paulistas, mas desde 1999 não adquire novos equipamentos. Possui em torno de 500 máquinas locadas em casas de jogos no Rio Grande do Sul, algumas de procedência espanhola e outras nacionais.
Ele não informou o nome da empresa fornecedora de Porto Alegre, que também é importadora. Segundo Prada, existe normativa da Receita Federal a respeito da compra de máquinas e também decisão judicial no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro autorizando a importação. Possui notas fiscais e guias de importação das compras que realiza.
Sócio de Miguel Mucillo, que já depôs na CPI, Eduardo Prada disse que fez um contato com o Secretário da Fazenda, Arno Augustin, depois da revogação do decreto sobre videoloterias, buscando informações a respeito da legislação.
Lavagem de dinheiro
O depoente confirmou conhecer Alejandro Ortiz, um dos proprietários da empresa Bingomatique, de São Paulo, que está com quebra de sigilo solicitada pela Procuradoria da República com base em carta rogatória do Tribunal Antimáfia de Roma por lavagem de dinheiro do narcotráfico.
Prada disse que em 98 comprou 48 máquinas dessa empresa, mas ressaltou que foi antes de a imprensa divulgar as denúncias de lavagem de dinheiro do narcotráfico. Também confirmou que Tiago Loureiro chegou a assessorá-lo em 98, quando foram liberadas as máquinas de jogos eletrônicos, mas sem vínculo com a Tecnoturfe.
Não reconheceu uma lista de nomes - inclusive de estrangeiros - apresentada pelo relator, deputado Vieira da Cunha, reconhecendo apenas Armando, que disse ter encontrado em uma feira de produtos eletrônicos em São Paulo.
Prada informou ao relator da CPI que as máquinas possuem um programa, que é o coração do equipamento, com um lacre de segurança do fabricante para resguardar o seu sigilo. Ao ingressar no país a máquina é submetida a uma perícia. Através de laudos, existe a garantia de que o apostador recebe retorno de 80 a 95% do que aplicou ao jogar, garantiu o depoente.
Segurança
O sócio-proprietário da empresa de vigilância particular Asseprosul, Édson Afonso da Rosa Cardoso, confirmou aos deputados que sua empresa é responsável pela segurança de duas casas de bingo na capital, a Bingo Roma e Mega Bingo.
A empresa também presta serviço, na área de eventos, a grupos privados e órgãos públicos. Não soube informar com exatidão a última licitação pública de que a empresa teria participado. Sobre a dupla-jornada de policiais , Cardoso assegurou ao relator da CPI, deputado Vieira da Cunha que não há policiais civis nem militares no corpo funcional da empresa.
No final da reunião de hoje, os deputados aprovaram requerimento de autoria do deputado Vieira da Cunha para que sejam convocadas a depor as pessoas que acompanharam o empresário italiano em audiência com o diretor da Lotergs, José Vicente Brizola. São eles, Guilherme Ribeiro, João Paulo Outeiro e Leonardo Ribeiro que deverão prestar depoimento nos próximos dias à CPI da Segurança Pública.
09/06/2001
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