Roseana Sarney oferece a vaga de vice ao PMDB









Roseana Sarney oferece a vaga de vice ao PMDB
Numa contra-ofensiva ao PSDB, depois que Serra convidou Jarbas para a vice, Roseana Sarney oferece vaga na sua chapa também ao PMDB

SÃO LUÍS – A pré-candidata do PFL à Presidência da República, Roseana Sarney, ofereceu ontem a vaga de vice em sua chapa ao PMDB, assim como já havia feito o presidenciável tucano, José Serra. O convite foi feito a Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado, que almoçou ontem com a governadora do Maranhão no Palácio dos Leões, em São Luís.

Roseana não usou a palavra vice, mas deixou clara a oferta ao dizer que o PMDB terá o lugar de maior destaque entre os partidos que a apoiarem. Calheiros disse que a conversa com Roseana teve o mesmo tom das que manteve com Serra na terça-feira, na visita do ministro a Alagoas, e com o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), há cerca de 40 dias. “Todo mundo diz que o PMDB é o candidato preferencial para a Vice-Presidência”, lembrou o líder do partido. “Mas acho cedo para aprofundar uma questão que só deve tomar um rumo no final de março ou início de abril.”

Roseana prometeu, ainda, apoiar candidatos do PMDB a governos estaduais e dar cargos de primeiro escalão aos peemedebistas em um eventual Governo pefelista. O PMDB, partido com o maior tempo na propaganda de TV e com estrutura partidária em todos os Estados, é a legenda mais cortejada pelos candidatos da base governista. Há duas semanas, Serra ofereceu a vaga de vice ao partido em conversa com o presidente da sigla, Michel Temer. No último fim de semana, telefonou ao governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, e disse que reserva para ele a Vice-Presidência.

O PFL reagiu imediatamente. Primeiro, congelou as negociações com o PSDB nos Estados onde costumava apoiar os tucanos. É o caso de São Paulo, onde a sigla ameaça lançar o senador Romeu Tuma ao Governo para concorrer com Geraldo Alckmin (PSDB).

Agora, Roseana e a cúpula do partido passaram a cortejar setores peemedebistas. Ontem, a presidenciável mostrou a Renan pesquisas que mostram que sua intenção de voto cresce em todo o País.

Outro sintoma de que o PFL partiu para ofensiva foi observado ontem. O ministro das Minas e Energia, José Jorge, um dos principais articuladores do PFL, afirmou que o partido pode lançar candidatura própria à Presidência da República e voltar a se aliar com o PSDB apenas no segundo turno. “Não podemos nos esquecer que a eleição é em dois turnos, e se tiver um determinado momento em que se torne inviável os partidos ficarem na mesma chapa, então certamente serão feitas coligações separadas”, disse.


Governador recebe apoio para levar PPB ao palanque de Serra
O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) iniciou ontem uma série de articulações para tentar atrair o apoio do PPB à pré-candidatura de José Serra. A primeira ação prática da estratégia, montada a pedido do ministro tucano, rendeu bons frutos. O presidente nacional (em exercício) do PPB, deputado federal Pedro Corrêa (PE), prometeu a Jarbas que levará à Executiva do partido a proposta de adesão ao nome tucano.

O compromisso foi firmado na manhã de ontem, em uma reunião a portas fechadas no Palácio do Campo das Princesas. A disposição do PPB de retirar a pré-candidatura do ministro Pratini de Morais (Agricultura) foi confirmada por Corrêa. “É evidente que não será o PPB e nem o ministro Pratini que dificultará o entendimento da aliança”, afirmou o parlamentar.

A sugestão de Jarbas será apresentada por Corrêa ao PPB nacional em uma reunião que ocorrerá em Brasília, no próximo dia 19. Durante entrevista, Corrêa reconheceu que a maior dificuldade para a consolidação do projeto proposto por Jarbas pode estar em São Paulo, onde o ex-governador Paulo Maluf tem como principais adversários o PSDB – partido de Serra – e o PT.
“Maluf é o maior líder eleitoral do partido, mas o PPB não é partido só dele. Ele (Maluf) não quer candidatura presidencial própria. Quer deixar que os deputados estaduais apóiem quem eles quiserem nos seus Estados. Mas a bancada federal não aceita esse tipo de coisa, e quer se engajar a um certo candidato. Não ter candidato é ruim para todos nós e para o partido. Em último caso, Maluf abre uma dissidência dentro do PPB”, afirmou Corrêa, ao reforçar a disposição do partido de encarar a possibilidade de um racha interno. “Respeitamos a opinião de Maluf, mas o entendimento dele não pode se sobrepor ao entendimento do partido. Se ele decidir polemizar, estaremos prontos para contornar qualquer situação”, afirmou o pepebista.

Cauteloso, o governador pernambucano prefere aguardar a decisão final do partido antes de comemorar. “O PPB tem as mesmas preocupações que nós, mas só após uma decisão geral do partido podemos ter mais definições”, concluiu.


Aliados procuram colocar “panos mornos” na crise
Pefelistas, peemedebistas e tucanos pernambucanos procuram, desde ontem, colocar “panos mornos” na irritação da direção nacional do PFL com o ministro da Saúde, José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência da República. O motivo é o convite de Serra para o governador Jarbas Vasconcelos ocupar a vice. “Não creio que ele tenha feito o convite no hotel. Politicamente, seria uma precipitação convidar agora. No Centro de Convenções, o comentário é que Serra estava fazendo muitas gentilezas a Jarbas. Eu faria a mesma coisa a um nome como o de Jarbas”, avalia o deputado federal Joaquim Francisco (PFL).

O secretário de Projetos Especiais do Estado, Sérgio Guerra (PSDB), diz que não faria sentido um convite quando ambos lutam pela unidade da atual aliança, pois significaria passar por cima dos partidos. “Há um erro de informação e de avaliação do PFL. Serra não discutiu com Jarbas a vice”, garante Guerra. Armando Monteiro Neto (PMDB) observa que o PFL já tem um caminho, o de Roseana Sarney, enquanto o PMDB não possui. E na falta de um candidato, uma parcela do partido procura se fortalecer na aliança. “O Serra, logicamente, não vai esperar que o PFL se defina em maio para iniciar as conversas. O PMDB precisa impedir a sua implosão e fragmentação”.

O presidente da Assembléia Legislativa, Romário Dias (PFL), afirma que, na política, “não existe precipitação”, por isso o PSDB e José Serra estão corretos. “Qualquer partido sairia atrás de aliados com peso político. Compete ao PFL decidir se está na hora de sair atrás dos seus.”


PT procura atingir Jarbas e FHC em novas inserções
Os novos filmetes do PT estadual serão veiculados a partir de hoje, reforçando a vinculação Lula/Humberto Costa e batendo na questão da violência e do desemprego em Pernambuco

A tônica da campanha do secretário municipal de Saúde, Humberto Costa (PT), ao Governo do Estado começa a ser ilustrada hoje à noite na televisão. Durante 18 dias, oito inserções, em média, de 30 segundos cada, recheadas de críticas ao Governo Jarbas Vasconcelos (PMDB), darão suporte para o candidato petista atacar a atual administração. Além disso, o secretário apresenta propostas para duas questões ‘espinhosas’ da gestão peemedebista: a segurança pública e os índices de desemprego em Pernambuco.

Ao usar como mote dois ‘calcanhares de Aquiles’ do governador, o diretório regional do PT aproveita o gancho para recriminar o que chama de “descaso” do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com a área “social” e, de quebra, reforçar a candidatura do presidente de honra do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, à Presidência da República. De uma forma que busca reforçar a vinculação Lula/Humberto.

A executiva do PT informou ontem que as inserções estaduais serão exibidas, alternadamente, com gr avações exclusivas do presidenciável petista, seguindo, claro, o mesmo formato do VT produzido para Humberto Costa .

“Nenhum pernambucano se conforma quando sabe que a violência aqui é bem maior do quem no Rio de Janeiro e São Paulo. O Governo do Estado desprezou o social e foi incapaz de dar segurança à população”, dispara Humberto Costa em uma das inserções. E completa, em tom de provocão: “Em Pernambuco são milhares de pessoas desempregadas e sem esperança, vítimas da política de Fernando Henrique Cardoso. Desemprego se ataca com decisão política”.
Protagonizando as três gravações, o secretário de Saúde teve espaço reservado, também, para destacar as realizações de sua pasta, durante o primeiro ano da gestão do prefeito do Recife, João Paulo (PT).

Ciente de que terá seu desempenho cobrado pelos adversários da aliança (PMDB/PFL/PSDB/PPB), Humberto adiantou o passo, apresentando dados positivos da Secretaria de Saúde, insinuando que a fórmula empregada na capital estará inclusa no seu programa de Governo.

Para embasar o discurso, Humberto destaca a inauguração de “40 novos postos de saúde” e a conseqüente ampliação do número de atendimentos.


TSE garante mais privacidade aos eleitores na hora do voto
BRASÍLIA – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Nelson Jobim, decidiu ontem aumentar o tamanho das cabines de votação para preservar a privacidade dos eleitores. Os novos compartimentos ocultarão todo o votante.

“Alguns mesários e os próprios eleitores ficavam controlando quanto tempo a pessoa demorava para votar, se estava copiando os números dos candidatos e chegavam a tentar adivinhar quem ela tinha escolhido, pela movimento do braço do eleitor na hora de votar”, contou Jobim, ao justiticar a decisão.

Com a ampliação da altura das cabines, ele acredita que os eleitores terão mais privacidade para votar.

Como serão muitos votos – a presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual –, a Justiça Eleitoral estimulará novamente os eleitores a levarem uma cola com o número dos escolhidos. “Eu mesmo, na eleição passada, não levei um papel; escrevi os números na palma da mão”, revelou o presidente do TSE.

Para Nelson Jobim, é praticamente impossível alguém decorar os números de todos os candidatos aos cinco cargos disputados neste ano. Ele citou um estudo feito com base na eleição ocorrida há quatro anos, segundo o qual muitos conseguiam votar nos primeiros cargos e anulavam ou votavam em branco nos restantes.

“No Distrito Federal - onde teve eleição eletrônica em 1998 -, a maioria dos votos brancos ou nulos ocorreu na periferia e isso decorria da pressa, pois o eleitor era pressionado pela fila e pela mesa a votar rapidamente. Por isso, estamos estimulando o papel de memória”, afirmou o presidente.
Neste ano, os eleitores dos 5.560 municípios brasileiros votarão em urna eletrônica. Em Cuiabá, Palmas, Maceió, Distrito Federal e Sergipe, será testada a impressão do voto. A medida, segundo os defensores, diminuirá as possibilidades de fraudes.


Depois do acordo com o PPS, socialistas procuram o PCdoB
Três dias após a divulgação do pacto firmado entre PSB e PPS para a eleição estadual, o deputado Jorge Gomes, presidente da executiva regional socialista, conversou ontem com o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB). Gomes insistiu que o PSB quer ampliar as conversas com outros partidos da frente de oposições no Estado. Apesar de tentar minimizar os motivos do encontro, ele reconheceu o interesse em fortalecer a união com os demais partidos de esquerda, em especial o PCdoB.

“Eu e o Luciano Siqueira somos amigos de mais de 40 anos. O encontro foi uma visita informal a um companheiro com quem há muito não conversava. Mas é evidente que acabamos falando um pouco de política e eleições. Mas garanto que não foi esse o foco do encontro”, desconversou Gomes.

Questionado sobre a candidatura do deputado federal Eduardo Campos (PSB) ao Governo do Estado, o dirigente socialista insistiu que a legenda está aberta a novas composições. “Não estamos querendo fechar nomes neste momento. É evidente que isso vai ocorrer em breve, mas não é esse o nosso maior interesse”, desconversou mais uma vez.

Fontes ligadas ao PCdoB, no entanto, informaram que as conversações entre os comunistas e os socialistas estão avançadas, embora o PCdoB, externamente, insista no discurso de unidade das esquerdas já no primeiro turno. Tese considerada descartada por muitos.

Antes da conversa com Jorge Gomes, Luciano Siqueira (PCdoB) se encontrou, no início da semana, com o senador Roberto Freire (PPS).


Colunistas

PINGA-FOGO - Inaldo Sampaio

O vice de Serra
Faz tempo que o debate sobre a escolha do companheiro de chapa do ministro José Serra está sendo pautado pela irracionalidade. Os jornais têm dito todos os dias que o governador Jarbas Vasconcelos seria o preferido do ministro mas nem um nem outro confirma esta versão. O próprio presidente do PMDB pernambucano, Dorany Sampaio, já teve oportunidade de declarar que não existiu convite algum, tornando aquela versão ainda mais improcedente.

Uma negociação política desta ordem transcende a vontade dos seus protagonistas. Serra pode até querer Jarbas como seu vice mas isso não somaria nada para a sua candidatura porque o “PMDB palaciano”, do qual o governador de Pernambuco faz parte, já está muito próximo de sua candidatura, com raras e honrosas exceções. Ademais, quem poderia garantir que esse partido pela maioria dos seus convencionais referendaria esta decisão?

É mais lógico acreditar, portanto, que o desejo sincero do ministro é ter um pefelista como seu vice, se não Roseana Sarney - que tem descartado esta possibilidade - pelo menos alguém que passe por ela. Ficaria sem ACM na Bahia mas, em compensação, teria o reforço eleitoral de um partido político forte, orgânico e disciplinado.

Fim do casamento
Desfez-se sem choro e sem vela uma aliança política e eleitoral que começou nos tempos da Arena, passou pelo PDS e o PMDB e teve os seus dias de glória no PSB. O ex-deputado Nílson Gibson, do PSB, e o ex-prefeito de Belo Jardim, Cintra Galvão, do PPS, que marcharam juntos na política por mais de duas décadas, estão definitivamente rompidos e irão se confrontar pela primeira vez nas eleições de outubro próximo. Os “Mendonça” estão rindo à toa.

Canal entupido
Possível candidato à reeleição na chapa encabeçada por Eduardo Campos (PSB), Roberto Freire (PPS) irá domingo ao Rio de Janeiro tentar reconciliar Brizola com o ex-governador Miguel Arraes. Brizola rompeu politicamente com o ex-governador de PE depois que ele acolheu no PSB o governador Anthony Garotinho (RJ).

Sob condições
Circulam versões no PMDB de Olinda de que o deputado estadual Hélio Urquisa já não faria mais tanta questão de ser substituído na chapa proporcional pela ex-prefeita Jacilda Urquisa. Mas só se Jarbas assumir com ele o compromisso de nomeá-lo para uma secretaria de estado na reforma administrativa prevista para abril.

Ou faz obras de “pedra e cal” ou fica impopular
João Paulo (PT) parece convencido de que para melhorar sua popularidade no Recife terá que investir pesadamente nas chamadas obras de “pedra e cal”. Uma ala do PT quer que ele inicie ainda este ano a construção de 5 viadutos.

Rodovia de incremento ao turismo religioso
Jarbas irá a Paudalho na 2ª feira para inaugurar com o prefeito José Pereira (PSDB) a pavimentação de mais uma rodovia: a que dá acesso ao Santuário de São Severino dos Ramos, um dos locais mais visitados pelos católicos do NE.

Sono dos justos
A Assembléia Legislativa tem procurado de diversas formas colab orar com o Governo do Estado na questão da insegurança mas o Palácio das Princesas não lhe escuta. O “relatório Braga” entregue ao governador há mais de 6 meses contendo sugestões para enfrentar o problema dorme o sono dos justos na SDS.

Mãos amigas
Se for candidato à reeleição, como tudo indica, Sérgio Guerra (PSDB) não pretende contar com o apoio de todos os prefeitos do seu grupo (cerca de 35). Alguns serão “dados” por ele a Ricardo Fiúza (PPB) e a Pedro Corrêa (PPB), que estão precisando de mais votos para permanecer em Brasília, sobretudo este último.

Deputados tucanos já disseram a Sérgio Guerra (PSDB): para ser candidato a senador na chapa de Jarbas terá que mudar o comportamento. Trocar os “feriadões” na Flórida (EUA) pelas feiras do interior e começar a botar a cara no Recife. Isso implica frequentar bares, clubes sociais e estádios de futebol. Ou seja, tudo o que ele detesta.

Candidato dele mesmo às prévias do PMDB, o ministro Raul Jungman (política fundiária) quer projeção para sua campanha à Câmara Federal mas ainda assim terá dificuldades. Se for para puxar alguém pelo braço, Jarbas prefere mandar para lá o secretário Guilherme Robalinho (saúde).

Uma coisa pode até não ter nada a ver com a outra. Mas antes de sofrer um “xilique” em Passira, na última segunda-feira, o ex-prefeito Roberto Magalhães (PSDB) teve uma grande contrariedade com o vereador Luiz Helvécio (PT), um de seus maiores desafetos na Câmara Municipal, hoje, ao lado de Carlos Alberto Gueiros (PTB).

Arma de que o PFL se utilizou para ampliar o seu cacife na sucessão presidencial, Roseana Sarney (MA) começou a falar. Já diz alguma coisa sobre o Brasil e os seus problemas e terá a partir de março o pernambucano Mauro Salles à frente de um movimento suprapartidário em prol de sua candidatura.


Editorial

LINHAS DE TRANSMISSÃO

Na edição de domingo último, este jornal, em seu caderno de Economia, noticiou a construção de mais seis linhas de transmissão de energia elétrica, ligando o Norte ao Nordeste, até o ano de 2003. Virão se somar à que já existe, e que ajudou a Chesf a suprir esta Região, quando os seus reservatórios desceram a níveis inquietadores.

Já havia sido anunciada a implantação, no próximo ano, de duas das novas linhas suplementares, a primeira com 800 quilômetros de extensão e a segunda com 900, provindas do Pará e de Goiás, respectivamente. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com a construção, aumentará em 50% o potencial energético disponível no Nordeste. Tal fato significará uma grande margem de segurança diante de futuras estiagens nas cabeceiras do Rio São Francisco, em Minas Gerais. O investimento anunciado para essa primeira fase, da ordem de R$ 900 milhões, representa na verdade uma pequena parcela do preço a ser pago pela imprevidência do Estado, num setor absolutamente estratégico para o crescimento econômico regional e nacional.

Pelas últimas informações da Aneel, o Complexo Tucuruí estará, em março do próximo ano, transmitindo a energia adicional para o Maranhão, que a retransmitirá para o Sistema da Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco (Chesf). E, quando pronta Tucuruí II, mais quatro linhas de transmissão estão previstas na nossa direção, uma vez que a região Norte não tem capacidade para absorver toda a produção do seu gigantesco complexo hidrelétrico, que passará a ser a maior usina completamente nacional, uma vez que Itaipu é binacional. As notícias são, portanto, animadoras, depois do susto e do prejuízo causado pelo racionamento imprevisto.


Não se sabe, até agora, se será a própria Aneel, ou a Companhia do Vale do São Francisco, quem repassará os recursos às empresas vencedoras da licitação para expandir as linhas trasmissivas. Mas, como o Governo Federal desistiu de estatizar a Chesf, por pressões políticas de caciques nordestinos, e, mais ainda, pelo fato de ser este um ano eleitoral, podemos torcer para que a burocracia estatal se intimide e facilite a realização do cronograma de construção das novas linhas.

A reportagem do domingo, 27 de janeiro, assinada por Jamildo Melo, acrescenta outros dados animadores para os que temiam pelo destino da Chesf, quando se sabe que esta, mesmo escapando da privatização, vai ser segmentada em três empresas públicas que administrarão os “recursos hídricos e geração de energia, além da transmissão de eletricidade entre os Estados nordestinos”.

Segundo o ministro de Minas e Energia, o pernambucano José Jorge (não esquecer que Pernambuco será um dos Estados mais beneficiados com a implantação das novas linhas), a manutenção da Chesf sob o controle da União não está ligado a imediatismos ou oportunismos político-eleitorais, como acusam alguns opositores. Seria, sim, o reconhecimento da necessidade de manter as águas do Velho Chico sob o planejamento da União, porque o Rio da Unidade Nacional, como o chamou Capistrano de Abreu, não só é atualmente o maior gerador da energia consumida da Nordeste: também é fonte de água potável para muitos municípios e cumpre um papel fundamental na irrigação de lavouras de frutos para exportação, que geram divisas para o País. Disso é que trata a reportagem citada.

O quase colapso dos reservatórios que alimentam as hidrelétricas do São Francisco foi uma dura lição, que não poderá mais ser esquecida pelo Governo e por toda a população nordestina. Seja inteira ou dividida em três pedaços, a Chesf é motivo de orgulho para nós, pelo muito que já representou para a Região e para o Estado, mas também por inspirar confiança como administradora da riqueza natural representada pelas águas do São Francisco.


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02/01/2002


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