Suspensa após nacionalização do gás, indicação de embaixador na Bolívia tem parecer favorável
Dezessete dias depois da nacionalização das reservas bolivianas de gás, recebeu nesta quinta-feira (18) parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) a indicação do novo embaixador brasileiro em La Paz, Frederico Cezar de Araújo (MSF 112/06). A votação da mensagem havia sido suspensa no início do mês, a pedido do relator da matéria, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), que aceitou apresentar seu parecer depois da audiência pública que contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, e do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
O senador disse ter ficado satisfeito com as explicações de Rondeau e de Gabrielli. A seu ver, a Petrobras estaria "cumprindo seu dever" ao proteger os interesses do Brasil e de seus acionistas. Além disso, observou, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, teria concordado com algumas das críticas feitas pela oposição ao processo de nacionalização das reservas de gás na Bolívia.
- Será fundamental que o ministro Celso Amorim chegue a La Paz, em sua próxima viagem, levando como demonstração de boa vontade a aprovação pela comissão do nome do novo embaixador brasileiro - disse Arthur Virgílio.
O gesto do senador foi elogiado pelo presidente da CRE, senador Roberto Saturnino (PT-RJ). Na sua opinião, a aprovação do nome do novo embaixador poderá reforçar a posição do Brasil no processo de negociação com a Bolívia a respeito dos interesses brasileiros envolvidos no processo de nacionalização.
Atual embaixador brasileiro na Austrália, Frederico Cezar disse já ter identificado uma redução no "clima antagônico" do relacionamento bilateral nas semanas posteriores à decisão anunciada em 1º de maio pelo presidente boliviano Evo Morales. Ele observou que já existem grupos de trabalho formados por técnicos dos dois países trabalhando em temas como a indenização pelos investimentos feitos na Bolívia pela Petrobras. Na sua opinião, a Bolívia é "fundamental" no processo mais amplo de integração da América do Sul.
Segundo o parecer apresentado por Arthur Virgílio, os dois países têm uma fronteira comum de 3.423 quilômetros. O Brasil é o principal parceiro comercial da Bolívia, além de maior investidor no país. Somente a Petrobras, de acordo com o texto, aplicou cerca de US$ 1,5 bilhão em suas operações bolivianas e contribui, atualmente, com 22% da arrecadação fiscal do Estado boliviano.
Divergências
Durante a mesma reunião, foi aprovado requerimento de autoria do senador Heráclito Fortes (PFL-PI) e outros senadores, de convite ao chefe da Assessoria Especial do Presidente da República, Marco Aurélio Garcia, para prestar à comissão esclarecimentos sobre a "crise" entre a Bolívia e o Brasil. Garcia deverá, segundo o requerimento, explicar divergências públicas que teria mantido com o ministro Celso Amorim.
- Existe uma inquietação com a desenvoltura do assessor, que chega a criticar uma posição do ministro das Relações Exteriores. Gostaríamos que ele explicasse melhor o que ele faz e como está seu entrosamento com o ministro Amorim - afirmou Arthur Virgílio, que também assinou o requerimento.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) concordou com o convite a Garcia. Para ele, será uma oportunidade de o assessor especial demonstrar que age em perfeito entrosamento com o ministro das Relações Exteriores.
18/05/2006
Agência Senado
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